Entrei no carro, fechando a porta. As lagrimas rolando insistente dos meus olhos e tudo estava parecendo dar tão errado ultimamente. Eu só precisava de alguém para conversar no momento e claro, recorri a quem sempre fazia.

Stiles. Mas ele não estava disponível no momento, Stilinski dissera que ele estava no quarto estudando com Malia e se eu não que ele o chamasse, eu disse que não é claro. Que não precisava e que... Não era nada de importante.

Tudo que eu queria no momento era me jogar nos braços de Stiles e receber seu abraço tão reconfortante. Haviam vozes em minha cabeça e eu não conseguia faze-las parar e eu sabia que se Stiles estivesse ali, se estivéssemos conversando se... Eu estivesse abraçada a ele aquelas vozes não estariam ali, elas já teriam sumido, pois era isso que acontecia quando eu estava com ele, minha mente encontrava paz. Eu me sentia tão bem com ele que... Era o único que me trazia novamente para a sanidade e não deixava que eu enlouquecesse com as vozes que me perturbavam constantemente.

Ultimamente elas tem ficado mais altas, mais frequentes, pois eu tenho que descobrir sobre a lista de alvos, tenho que escutar algo que ajude todos nós. Esses poderes malditos tem que ser úteis pelo menos uma vez. Eu não queria encontrar os corpos dessa vez, não queria.

As lagrimas desciam, queimando meu rosto, meu coração batia dolorido no peito. Me sentia tão sozinha ultimamente, finalmente tinha resolvido sair daquela casa do lago um pouco, esfriar a cabeça, pois não aguentava mais as vozes sem nenhuma utilidade em minha cabeça, ela não diziam nada coerente então eu só queria que elas parassem e me deixassem em paz!

Mas no momento eu não podia recorrer a Stiles, ele também tinha tirado uma folga dessa loucura toda e estava aproveitando com Malia, era obvio que eles não estavam estudando, eles tinham acabado e fazer as pazes então...

Talvez eu tivesse sendo egoísta, mas no momento eu não me importava, eu só queria ter Stiles ali para poder abraça-lo, fazer as vozes se calarem, escutar as palavras que ele diria a mim, as palavras que somente ele sabia dizer no momento certo para mim, as que eu precisava ouvir. Nos últimos dias eu realmente tentei não exigir tanto da atenção dele, para que pudesse se acertar com Malia depois dos dois terem brigado e ele com certeza não devia estar querendo ficar ao lado de uma louca que só ficava parada em frente a um toca disco esperando um milagre. Então apenas... Me afastei um pouco, mas naquele momento eu não aguentava mais, eu precisava dele e apenas ele poderia me acalmar naquele momento.

Ouvi batidas fortes no vidro e levantei a cabeça do volante ao qual eu havia me debruçado. Era... Ele. Mas o que estava fazendo ali? Desviei o olhar para o outro lado e sequei os olhos rapidamente, enquanto apertava o botão para que o vidro descesse.

-Lydia o que houve? Esta tudo bem? –Ele perguntou aparentemente preocupado.

-Sim. –Respondi, com raiva da minha voz traíra que saiu embargada por causa do choro, algumas lagrimas teimosas caíram. Meu coração doía por ele estar ali e eu não poder abraça-lo e chorar e ouvir as coisas boas que ele diria a mim. Eu apenas tinha que convence-lo de que estava tudo bem e ele voltaria para Malia. Só porque minha vida estava uma droga não significava que eu tinha que arrasta-lo comigo para o meu mundo de vozes, meu mundo sem paz e confuso. Amaldiçoei-me por ter ido lá, eu deveria ter ficado na casa do lago mesmo e aguentar a vozes, ele estava bem ali, curtindo um momento de paz em meio a toda a confusão que virou nossas vidas e eu fui lá para atrapalhar. Ele deve ter me visto parada em frente de sua casa já que eu não tive condições de ligar o carro e sair dali no momento.

-Esta tudo bem. –Eu disse.

-É claro que não esta, o que houve Lydia?

-Não houve nada, Okay. Eu vou embora, não devia ter vindo. –Eu disse, ligando o carro.

-Não! –Ele disse, parecendo com medo que eu saísse com o carro. –Espera, vamos conversar.

-Stiles, eu não tenho nada para dizer. –Eu disse, minha cabeça deu uma fisgada de dor, as vozes ainda falando sem parar em minha mente.

Novamente me preparei para sair com o carro.

-Tem sim! Aconteceu algo e você vai me contar. Por favor, não fuja mais de mim. –Ele disse, colocando a mão no volante, como se quisesse se certificar que eu não sairia dali. Olhei em seus olhos castanhos mel, sentindo meu coração falhar uma batida e me fazendo reconsiderar a ideia de sair dali sem dizer nada a ele.

-Vai, vamos sair daqui, eu dirijo, pule para o outro banco. –Ele disse enquanto abria a porta esperando eu ir para o banco ao lado.

Tirei o cinto e fiz o que ele pediu. Stiles entrou no carro, fechou a porta e deu a partida. Eu não aguentava mais as vozes, fechei os olhos com força, a dor de cabeça fazendo meu estomago se embrulhar, principalmente quando senti o movimento do carro. As lagrimas ainda rolando pelos meus olhos, quentes e salgadas. Não andamos muito, senti o carro parar e abri os olhos para saber onde estávamos, não parecia ser um lugar em particular, haviam casas e sobrados em volta e uns dois prédios um pouco velhos. Stiles saiu do carro e eu saí também. Ele foi até mim e sem dizer nada entrelaçou seus dedos com os meus, me guiando para algum lugar. Fomos até um dos sobrados, na porta de trás. Não aprecia que alguém morava ali ha muito tempo. Stiles tirou algumas chaves do bolso e procurou uma em particular, depois abriu a porta. Fiz uma expressão interrogativa para ele, mas ele apenas sorriu e abriu a porta esperando que eu entrasse. Eu o fiz e logo ele veio atrás de mim, fechando a porta e ascendendo as luzes. Era uma grande sala e haviam vários espelhos por todas as parede, grandes espelhos, como... Uma sala de ballet ou outras danças.

-Stiles, que lugar...

-Depois eu explico, agora eu quero saber o que houve. –Ele disse sério, parando em minha frente.

Apesar do lado de fora parecer que o lugar estava abandonado, do lado de dentro estava bem limpo, até mesmo cheirava produto de limpeza.

-Eu... –Comecei.

Olhei em volta, observando os espelhos, aquela sala tão simétrica me fazia lembrar da sala na casa do lago, onde todas as paredes eram brancas e exatamente iguais, as vozes ainda me perturbando, perfurando minha mente e minha sanidade.

-Hey, Lydia... Me diz o que esta acontecendo. –Sussurrou Stiles, me olhando profundamente, esperando que eu começasse a falar.

Ao invés disso comecei a chorar estupidamente, me odiando por isso. Odiava que as pessoas me vissem chorar. Simplesmente senti tudo que estava engasgado em minha garganta nos últimos dias, tudo que eu estava escondendo de todos viessem a tona em um grande bola de informações e simplesmente disparei a falar em meio ao choro.

-Eu simplesmente não aguento mais, essas vozes falando na minha cabeça o tempo todo e eu não sei faze-las parar e eu fico naquela casa estupida, em frente a aquela coisa esperando elas fazerem sentido, mas tudo que eu consigo são todas elas falando ao mesmo tempo, alto na minha cabeça me fazendo enlouquecer e eu não aguento mais. Não aguento essa dor de cabeça constante, eu só queria ajuda-los, ser útil uma vez na vida, e eu estou com medo. Estou com medo de ser tarde demais e de que vou achar algum corpo no minuto seguinte, eu dirigi até sua casa morrendo de medo de parar em outro lugar por engano, tentando ao máximo me concentrar no caminho para não dirigir sem perceber a algum lugar onde eu encontraria algum corpo completamente mutilado e... Eu só queria te ver e eu nem deveria ter ido até lá. Você não tem nada a ver com as minhas loucuras de Banshee, mas eu precisava de você porque você é o único que consegue fazer elas pararem, fazer elas me deixarem em paz e não ficar gritando na minha cabeça a cada minuto e eu não sei porque. Eu só... Precisava estar com você.

Despejei tudo aquilo sem dar tempo de Stiles dizer alguma coisa e chorava quase que compulsivamente, tentando respirar em meio ás palavras rápidas e ao choro, talvez Stiles nem tivesse entendido tudo o que disse. Esfreguei os olhos fechados, tentando secar as lágrimas, o que foi inútil já que muitas delas voltaram a cair logo. Senti as mãos de Stiles em meus braços, me puxando delicadamente para perto dele e logo seus braços me envolverem em um abraço quente e reconfortante, foi então que percebi que as vozes haviam abaixado o tom, apenas... sussurrando. O abracei com uma urgência e sentir finalmente ele ali tão peto de mim, foi maravilhoso e isso fez com que eu chorasse mais, se é que era possível. Um soluço escapou dos meus lábios, impulsionando meu corpo, abraçado tão carinhosamente por ele. Senti seus dedos em meu cabelo e sua respiração um pouco ofegante. Ouvia seu coração batendo rápido já que minha cabeça estava encostada em seu peito.

-Lydia eu... Não sabia que você... Eu sinto muito por ter deixado você tanto tempo sozinha naquela casa, devia ter percebido que isso estava te enlouquecendo e... Tanta coisa estava acontecendo que... Eu deixei passar, sinto muito, não tinha ideia que isso estava te perturbando tanto e que essas vozes estavam piores. Eu tinha que estar lá para você.

-Você não...

-Eu tinha sim, estamos nessa juntos a tanto tempo e eu não vou abandona-la agora, não vou abandona-la nunca, vou estar sempre aqui para você e você deveria sim ter ido até minha casa. Nunca hesite em me chamar, em me pedir ajudar, eu sempre vou fazer o que eu puder e o que eu não puder para ajuda-la. Sempre. E vamos dar um jeito nessas vozes, não vou deixar que você fique por horas naquela casa esperando alguém falar algo naquele toca-discos. E não diga que você nunca nos ajuda, Lydia, não teríamos resolvido metade das coisas que resolvemos se não tivéssemos você. A bomba que você fez que usamos para explodia Peter. Você salvou Jackson. Você desenhou o Nemeton, sem você nunca teríamos achado nossos pais. E você esteve lá comigo o tempo todo com o lance do Nogitsune, e descobriu o que faltava para darmos um jeito na questão de mudar o hospedeiro. E tudo isso não é nem a metade, você nos ajuda sim, e muito. Não acha só os corpos. Não precisa enlouquecer ficando trancada naquela casa sozinha, vamos dar um jeito nisso, como sempre damos. E eu vou estar com você, o tempo todo.

Me afastei um pouco, apenas para poder olhar em seus olhos. Ele levou o polegar até minha bochecha onde secou uma lagrima carinhosamente. Meus olhos passaram por todo seu rosto observando cada detalhe. Seus olhos me olhando tão perfeitamente, suas poucas pintinhas espalhadas, parei observando sua boca. Passei a língua entre os lábios me lembrando de quando minha boca sentiu o gosto da dele. Meu coração bateu disparado com a lembrança. Percebi que as vozes haviam sumido completamente, assim como a dor de cabeça que já não passava ha horas. Então eu finamente sorri.

-Obrigada... Eu... Estou bem melhor.

Ele sorriu.

-Então... Sem vozes? –Perguntou.

-Sumiram. Como sempre quando estou com você e quero que elas me deixem em paz.

-Sempre vou estar aqui para silencia-las quando você quiser, não importa a hora nem o lugar.

O abracei novamente, apreciando o quão bom era estar com ele. Então novamente percebi o lugar onde estávamos.

-Então... Que lugar é esse? –Perguntei.

-Ah- Ele disse parecendo se lembrar que disse que me explicaria que lugar era aquele. –Era da minha mãe... Ela era professora de dança –Ele riu como se lembrasse de algo. –Sabe, varias delas, principalmente ballet, ela adorava. Meu pai pediu para que uma mulher viesse limpar e eu peguei a chave com ela hoje mais cedo, então me lembrei e te trouxe aqui.

-Dança? –Eu ri. –Faz muito tempo que não danço. –Disse olhando o local com os vários espelhos enormes nas paredes.

-Sério? –Ele perguntou e eu o olhei. –Lydia Marin faz tempo que não dança com ninguém? –Ele disse com um sorriso travesso no rosto, pegando o celular do bolso e fazendo algo nele.

-O que vai fazer? –Perguntei.

-Acabar com sua abstinência com dança. –Ele disse, e clicou em algo no celular e uma musica começou a tocar, e colocou o celular no chão um pouco afastado de nós, mas com o volume alto. Ele veio até mim, colocando uma mão em minha cintura. –Me concede essa dança Lydia Marin? Afinal, você me deve pela ultima vez que fomos a um baile juntos.

Eu ri colocando a mão em seu ombro.

-Aquele baile foi um fiasco. –Eu disse.

-Concordo. –Ele disse.

A musica não era nem muito lenta, nem muito agitada e isso resultou em risadas dos passos desajeitados de Stiles e de sua dança maluca, alternando entre maluca e comportada com o corpo colado ao meu em alguns momentos nas partes lentas. Mas logo ele me levou para a parte maluca da coisa também e me soltei sem me preocupar com passos ou regras, apenas me deixei levar por ele. Rindo e pisando ás vezes nos pés um do outro, girando aqui e ali, quase escorregando no chão liso. Mas enfim o fim da musica era lenta e acabamos por juntar novamente nossos corpos, as respirações ofegantes e o coração batendo rápido como nunca.

A musica acabou, mas não nos afastamos, eu não queria me afastar e parecia que ele também não. Senti uma vontade mais do que só ficar abraçada a ele, queria algo mais e minha mente viajou até aquele dia em que eu o ajudei a parar com o ataque de pânico, eu realmente queria sentir aquilo novamente, meu coração bater rápido como naquele dia e sentir aquele gosto tão magnifico e viciante novamente. Estávamos realmente muito perto, sentindo a respiração ofegante um do outro, os olhos mergulhados nos oceanos de cores e foi como se concordássemos silenciosamente com o que aconteceria, e estivéssemos admitindo que ansiávamos por aquilo. Sem conseguir mais esperar me coloquei nas pontas dos pés e grudei nossos lábios de forma urgente sentindo a explosão de emoções explodirem dentro de mim. Eu estava beijando Stiles, eu realmente estava beijando Stiles! E, Deus como aquilo era bom.

Não queria parar nunca mais, nossas línguas se exploravam e nossas bocas degustavam uma da outra, urgentes e buscando mais, roubando o oxigênio de ambos. Mas para que oxigênio, não se precisa respirar quando se estava em meio a um beijo tão bom. Meu corpo inteiro queimava buscando mais querendo mais, ansiando por mais. Minhas mãos arranharam levemente sua nuca e eu senti se arrepiar e emitir um gemido abafado. Nos beijávamos como se isso fosse a razão de existência de ambos, até Stiles se afastar lentamente, foi o suficiente para que o ar entrasse desesperado para dentro dos meus pulmões. Nossas respirações provavelmente nunca ficaram tão ofegantes, abri os olhos lentamente e nossos lábios estavam inchados e muito vermelhos. Stiles começou a abrir os olhos também e logo estávamos parados nos encarando, apenas ouvindo nossas respirações barulhentas.

-Eu...

Finalmente me toquei, o que diabos eu tinha feito? Beijado Stiles! Ele estava com Malia agora, ele tinha a ela, e não mais continha aquele sentimento que tinha por mim antes, ele estava apaixonado por outra.

-Eu sinto muito. –Me forcei a dizer aquelas palavras, eu queria beija-lo de novo e não me desculpar. Mas eu tinha de ser forte e deixa-lo livre de sentir alguma responsabilidade a mais por mim. E aquilo doía por que... Por que eu... Porque eu o amava! Droga, eu o amava e queria gritar isso para ele.

-Sente muito por quê?

-Eu... Olha você esta com Malia agora e eu não quero... Não quero estragar isso Okay.

-Lydia você não entende eu...

-Stiles, eu te amo e eu finalmente percebi isso, Okay. E isso foi bem assustador e confuso no começo, mas eu finalmente entendi, mas tudo bem. Eu entendo que agora você tem Malia e superou seus sentimento por mim e...

-Eu não superei coisa alguma. –Ele me interrompeu.

-O-O que?

-Lydia, você ouviu o que disse? Disse que... Di-Disse que me ama! Tem ideia de quanto tempo faz que estou esperando por isso? Uma década, literalmente, na verdade. Um pouco mais, eu nunca... como você disse: Superei meus sentimentos por você. Da onde você tirou isso, tem noção da felicidade que estou sentindo agora? Você disse... Meu Deus, você disse que me ama, eu mal posso acreditar nisso eu... Eu amo você Lydia... Nunca duvide disso eu... Sempre te amei e sempre vou amar, sempre vou estar aqui para você quando se sentir sozinha ou quando precisar calar vozes ou nos momentos bons. Em todos eles, vou sempre estar com você porque eu te amo e isso nunca vai mudar.

Eu sorri sem saber o que dizer exatamente, meu coração batia tão rápido e descompassado, algumas lágrimas se formado em meus olhos, mas diferente de antes, agora eram de felicidade. Me aproximei dele novamente o fazendo ficar quieto e me encarar.

-Obrigada por sempre estar comigo. Eu te amo, e sei que posso sempre contar com você. Não acredito que demorei tanto para perceber o quanto especial você é, e eu não posso perder você agora. Nunca, preciso de você e eu te amo Stiles Stilinski, e isso nunca vai mudar.

Não deixei que ele falasse nada, não era necessário, apenas me aproximei mais e o beijei. E novamente nos perdemos nos braços um do outro.