Ciúmes escrita por shineonminho


Capítulo 1
Ciúmes


Notas iniciais do capítulo

Depois de mais de um ano sem sequer escrever uma one-shot, consegui escrever essa fanfic e me sinto realizada.
É minha primeira na categoria, espero sinceramente que gostem ♥

*A fanfic se passa no 5º ano dos Marauders em Hogwarts.



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Sirius não estava com ciúmes. Por que motivo mesmo ele havia sequer considerado aquela possibilidade? Sirius Black não estava com ciúmes daquela garota ao lado de Remus, claro que não.

De fato, seu peito se encheu de algo parecido com raiva ao ver os dois juntos, mas não era nada demais. Remus tinha todo o direito de ficar com aquelas ratas de biblioteca idiotas que ele encontrava por aí. Sirius não se importava.

Pela manhã, quando Sirius acordou – muito mais cedo do que de costume, por sinal – imediatamente começou a procurar pelo amigo, que lhe prometera uma ajudinha com as matérias em que estava tendo dificuldade. Sirius nunca acordava antes das onze da manhã num sábado, mas, ali estava ele, às nove em ponto, de pé e disposto.

Foi direto para a biblioteca, onde haviam combinado de se encontrar, imaginava que Lupin provavelmente estaria terminando o dever acumulado para ser entregue na semana seguinte enquanto o esperava.

De fato lá estava ele, sentado numa mesa ao canto, cheio de pergaminhos e livros ao seu redor, mas – para a surpresa de Padfoot – não estava sozinho.

Uma garota da Corvinal, que Sirius identificou como Lisa Davies, sentava ao seu lado. A garota ria de algo e Remus também o fazia, um clima agradável rodeava os dois e, Sirius reparou com irritação, a mão da garota logo se ocupou de alcançar a do grifinório.

Sirius não pensou duas vezes antes de ir embora, uma espécie de bolo lhe incomodava o estômago e seus olhos flamejavam com raiva. Não sabia a razão de estar se sentindo de tal forma, só sabia que queria distância de Remus e da tal garota idiota.

Pensou em voltar ao dormitório da Grifinória, mas sabia que, se Remus chegasse a procurá-lo, aquele seria o primeiro lugar em que o faria. Logo se dirigiu para fora do castelo, procurando o refúgio das margens do lago.

Deitou-se sobre a grama verde, a cabeça encostada no tronco da primeira árvore que encontrou, e fechou os olhos. O vento soprou seus cabelos negros para os olhos, mas ele não se importou. Sua mente estava um turbilhão de pensamentos, que não se resumiam apenas ao que presenciara minutos atrás, mas se estendiam há meses atrás, quando toda a confusão que sentia começou a se manifestar.

Cinco meses atrás, na casa de James – onde Sirius e Remus haviam ido passar o Natal – Sirius teve a primeira suspeita de que algo provavelmente estava muito errado com ele.

Como estavam em três e a casa de James só possuía uma cama além das dos integrantes da família, Sirius e Remus a estavam dividindo. Não havia desconforto nenhum nisso, afinal já o tinham feito antes, em outras visitas à casa do amigo.

Mas, Sirius não sabia por que, daquela vez seu corpo estava reagindo de maneira diferente à proximidade com Remus.

Quando se deitaram na cama de casal, Lupin virou para o outro lado e dormiu quase instantaneamente, diferentemente do moreno, que – enquanto o sono não o atingia – aproveitava para observar Moony.

Não que nunca tivesse feito aquilo antes, mas naquele momento um sentimento desconhecido o invadiu, tomando conta de sua mente e levando seu controle para longe. Sirius levou uma das mãos até os cabelos castanhos de Remus, os acariciando. O amigo continuava a dormir, e o Black aproveitou a sensação dos fios macios sob sua mão.

O carinho acabou por afastar os cabelos da nuca de Moony, deixando a pele branca exposta aos olhos famintos de Sirius, que num impulso aproximou o rosto daquela área e encostou o nariz na pele macia do outro, inalando o cheiro natural que emanava dali. Logo seus lábios tocaram a pele do outro num beijo suave.

De certa forma, Sirius sabia o que fazia ao mesmo tempo em que não sabia. Tinha consciência de seus atos, mas agia mais impulsiva do que racionalmente. Passou boa parte da noite assim, se aproveitando daquele estranho momento de irracionalidade e tomando o cuidado de não acordar Lupin. Na manhã seguinte, agiu como se nada houvesse acontecido, mas aquilo se repetiu várias vezes desde então, sempre que uma oportunidade surgia.

O real problema era que “os momentos de irracionalidade” não se limitavam apenas às noites em que acabavam dividindo uma cama. Desde a primeira vez em que aquilo acontecera, as coisas só foram cada vez mais fugindo ao controle do Black. Muitas vezes se pegou pensando em como seria a sensação de tocar seus lábios nos de Remus, e muitas outras acordou suado no meio da noite, com o coração batendo forte e um volume desconfortável entre as pernas, após ter algum sonho nada casto com o amigo.

Sirius achava que estava enlouquecendo.

Sabia o que tudo aquilo significava, mesmo que não tivesse sentido nada sequer parecido antes. Já havia lido livros e ouvido conversas alheias o suficiente para constatar por si mesmo que provavelmente estava apaixonado. Mas é claro que não admitiria. Ele era Sirius Black, no final das contas, o pegador de Hogwarts. Havia dezenas de garotas caindo aos seus pés. Ele as deixaria de lado de repente? Se tornaria gay? Claro que não. Não arriscaria tudo por um sentimento que certamente sequer era correspondido.

Foi então que – de forma súbita e inesperada – todo o desejo e interesse quase obsessivo que tinha por garotas simplesmente desapareceu.

Descobriu isso quando, numa das melhores oportunidades que tivera de perder a virgindade, seu pênis simplesmente se recusava a trabalhar enquanto havia uma garota em seu colo. Ficou ainda mais indignado quando – ao surpreender Lupin saindo de toalha do banheiro, minutos após a garota quase literalmente chutar sua bunda – uma ereção se formou sem nenhum esforço entre suas pernas, coisa que foi complicadíssima de esconder do outro.

Acabou admitindo seus sentimentos a si mesmo, mas sempre fazia questão de lembrar a si mesmo que não podia contar aquilo a ninguém, muito menos Remus. Não queria arruinar a amizade que tinham.

Apesar disso, obviamente James, Peter e Remus notaram uma drástica mudança em seu amigo nas semanas que se seguiram. Sirius já não saía com toda e qualquer garota que demonstrava algum interesse por ele – na verdade, ele já não saía mais com nenhuma.

Claro que Sirius recebeu uma enxurrada de perguntas. “O que está acontecendo?” “Cara, você tá doente?” e “Tem certeza de que nada aconteceu?” foram as mais frequentes. A única coisa que deixou Sirius um tanto intrigado foi que – apesar de também lhe fazer tais perguntas – Remus não parecia preocupado como os outros. Estava mais para zombeteiro. Talvez aliviado, mas Sirius não queria criar esperanças.

Cinco meses se passaram com Sirius sendo praticamente outra pessoa, mas – até aquele dia – Sirius jamais havia sentido ciúmes. Talvez porque uma das coisas mais raras de se ver em Hogwarts era Remus Lupin acompanhado de uma garota.

- Sirius? – a voz de Remus invadiu seus ouvidos, fazendo com que o moreno abrisse os olhos com surpresa.

O rosto de Lupin apareceu à sua frente, juntamente com o céu azulado. Percebeu, pela posição do sol, que algumas horas se passaram e ele mal se dera conta.

- Você não apareceu – Remus falou enquanto se sentava à frente do moreno, seu tom levava certa mágoa – o que houve?

- Esqueci – Sirius mentiu, a voz carregada de irritação.

Remus não pareceu engolir aquela.

- James disse que te viu indo para a biblioteca às nove horas – acusou.

Sirius corou levemente por ter sido pego na mentira. Queria mostrar indiferença com Lupin por estar magoado, mas estava falhando miseravelmente.

- Simplesmente resolvi não ir mais – tentou novamente.

Lupin fez cara feia.

- Não sei por que está mentindo pra mim, mas tudo bem. Quando quiser ser sincero me procure.

E foi embora. Sirius suspirou pesadamente.

Não gostava de brigar com Remus. O aperto que lhe tomava o peito era terrível, mas achava ser melhor assim. Sempre soube que não tinha chances com Lupin, e já era mais do que hora de se forçar a esquecer de seus sentimentos. Lupin estava com outra pessoa agora.

A tristeza que lhe assolou superou a raiva de antes. Sirius não queria desistir de Remus. Sirius queria Remus para si. Maldita garota idiota.

Agarrou os cabelos e mordeu o lábio inferior com força, se controlando para não gritar enquanto uma lágrima solitária deslizava suavemente por sua bochecha direita.

Uma semana se passou e, durante esse período, Sirius mal olhara Lupin nos olhos.

Sabia que os amigos estavam chateados com sua atitude, mas sabia que era como as coisas tinham que ser. Não podia levar a amizade com Remus adiante enquanto seu coração insistisse em bater violentamente toda vez que avistava o dono dos cabelos castanhos que tanto gostava de acariciar.

Sirius estava à beira de um colapso. Sentia-se como se estivesse sendo torturado a cada vez que desviava os olhos dos de Remus. Era terrível se afastar do castanho de tal forma, mas ele conseguiria. Era para o bem de ambos.

Estava deitado em sua cama no dormitório da Grifinória quando Remus entrou.

Mesmo de olhos fechados e estando virado para o outro lado, Sirius sabia quem era só de sentir seu perfume no ar. Logo seu colchão afundou sob o peso de outro corpo em cima dele.

Lupin tocou seu braço com cuidado, seus dedos roçando a pele de Sirius numa espécie de carinho. Sirius continuou com os olhos fechados.

- Sirius – a voz de Remus soou baixa – eu sei que está acordado e sei que provavelmente não quer falar comigo, mas eu preciso saber por que está me evitando.

O tom magoado de Moony fez Patfoot se lembrar de quando ele estava rindo com aquela garota na biblioteca, onde parecia tão feliz. A pontada de raiva de uma semana atrás retornou.

- Talvez sua adorada Lisa Davies saiba, por que não pergunta pra ela? – o tom raivoso de Sirius surpreendeu Lupin.

- Lisa? Do que está falando? – perguntou.

Sirius se virou para Remus, olhando-o nos olhos pela primeira vez em dias.

- Não se faça de desentendido, eu sei que está com ela. Eu vi, Remus. Na biblioteca, semana passada.

Os olhos castanhos se arregalaram.

- Sirius, você entendeu tudo err... Espere, isso é ciúmes, Black?

Sirius enrubesceu.

- Não! – gritou, mas logo um sorriso se abria no rosto de Lupin.

- Então por que está bravo comigo?

Black não sabia o que dizer e, inconscientemente, formou um bico com os lábios.

Lupin gargalhou.

- Foi por isso que não apareceu? Meu deus, Sirius. Sim, aquela garota deu em cima de mim, mas eu a dispensei.

- Sério?

- Sério.

Ficaram em silêncio por alguns minutos, se encarando. Sirius parecia estar circulando todo o sangue do corpo apenas nas bochechas, enquanto Remus sorria sem parar.

- Por que está rindo? – o moreno perguntou.

- Por que estava com ciúmes?

Sirius engoliu em seco e desviou o olhar.

- Eu...

Não sabia como terminar a frase, e isso nem chegou a ser necessário. Subitamente, Lupin venceu a distância entre seus rostos, tocando os lábios suavemente nos de Black.

Sirius não demorou muito a superar os segundos de surpresa, e logo levou as mãos até a cintura do outro, puxando-o pra mais perto e aprofundando o beijo.

Quando se separaram, Remus depositou um selinho na bochecha esquerda de Sirius e depois afastou os fios compridos que lhe cobriam os olhos.

- Sabe, Black, você acreditava mesmo que nunca me acordou com todos aqueles carinhos no meio da noite?

Sirius arregalou os olhos e encarou Lupin com vergonha.

- Você sabia?!

Remus riu.

- Claro, Black.

- Você é um sacana.

- Falou o cara que abusou do melhor amigo enquanto ele dormia.

- Eu não abusei!

- Sei.

Os dois se beijaram novamente no meio do riso, e Sirius sentiu que a perda de controle voltara quando deitou o outro sobre sua cama e lhe espalhou beijos por todo o pescoço, mas que aquilo não era ruim. Não queria mais conter o que sentia. A única coisa que queria era Remus Lupin.


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Notas finais do capítulo

Ficou bobinha e totalmente gay, sim.
Se gostar, deixe review, favorite, etc. Ficarei super feliz.
Obrigada por ler ♥