I'm With You escrita por And


Capítulo 1
Capítulo Único.


Notas iniciais do capítulo

Eu escrevi essa one há muito tempo, em um momento de tédio, mas só agora resolvi postar :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/547750/chapter/1

Acordei com o sol entrando pela fresta da cortina e tocando em meu rosto. Meu primeiro pensamento foi ele. E sorri ao notar que por algum milagre estava fazendo sol em Forks. Fechei os olhos novamente e me aconcheguei melhor naquela pequena cama que havia sido minha desde que eu me considerava gente. Depois de um ano e meio eu estava de volta a minha antiga casa. Não importava onde eu estivesse vivendo agora, eu sempre pensaria naquele lugar como meu verdadeiro lar.

Abri os olhos novamente ao sentir faltadele ao meu lado, na cama. E então sorri ao se invadida pelas lembranças de como eu havia conhecido Edward Cullen.

•••

Uma vez por semana eu acompanhava Leah, minha amiga de infância até a sua sessão de quimioterapia. Leah havia descoberto seu câncer há pouco tempo, e desde então eu a acompanhava em suas sessões. E como era de se esperar, Leah estava lidando muito bem com toda essa situação. Ela sempre havia sido uma pessoa otimista, daquelas que ao invésde chorar em momentos difíceis, ela ria. Ria muito! Então, todos – amigos, familiares - estavam confiantes em sua cura.

E um dia, enquanto Leah estava sendo medicada, e eu lia meu livro durante o processo, alguém me interrompeu.

– Tolstoi? – Escutei a voz masculina indagar. Parei de ler e olhei para Leah que estava de olhos fechados, escutando suas músicas com o fone de ouvido e então olhei para a pessoa que estava na poltrona ao lado. Tive que puxar um pouco a cortina que separava uma poltrona de outra, com o objetivo de dar um pouco de privacidade aos pacientes. Então, encontrei o homem que havia perguntado. Ele também estava sendo medicado e quando me viu, sorriu.

– Falou comigo? – Perguntei.

– Acho que sim. Afinal, só há você aqui lendo.

Ergui a sobrancelha surpresa com a sua resposta um pouco grosseira. Mas quando ele sorriu novamente, não me importei. Ele só estava puxando assunto.

– Sim. É Tolstoi. Por quê? Você já leu?

– Tenho cara de que ler esse tipo de livro? – Ele perguntou divertido. Então o encarei. Seu cabelo era bem curto, provavelmente estava crescendo depois de ter caído. Alto, magro e um pouco pálido. Mas seus olhos... Eram de uma verde brilhante, que nem mesmo o câncer havia conseguido tirar.

Ele era muito bonito.

Ele sorriu imensamente, obviamente por eu estar fitando-o tão intensamente.

– Não, você não tem cara de que ler esse tipo de livro. – Respondi envergonhada.

– Pois é. Mas eu li. – Ele riu e foi difícil não rir também. – Meu nome é Edward, e o seu?

– Isabella... Mas por favor, só Bella.

– Prazer, Só Bella. – Ele esticou a mão para me cumprimentar. Tive que levantar e ir até a sua poltrona. Acertei seu aperto sorrindo.

– Então? Qual é a sua história? – Edward perguntou quando eu novamente sentei na cadeira.

– Como assim?

– Você? Está apenas acompanhando?

– Sim. Estou com minha amiga – Indiquei Leah ao seu lado com o polegar. – Ela não gosta de conversar durante.

– Entendi. É um saco mesmo. Por isso vim sozinho.

– Você volta para casa, sozinho? – Arregalei os olhos quando me dei conta do que estava fazendo – Então eu estou te atrapalhando?Você que puxou assunto. Desculpe-me...

– Espera! – Ele riu quando me levantei para fechar a cortina e deixá-lo em paz – Estou abrindo uma exceção para você. Estou a fim de conversar hoje. E não, meu irmão vem me buscar.

– Ah. – Respirei fundo, um pouco aliviada. Deixe de ser dramática. Pensei. – E você? Qual é a sua história?

– Leucemia. – Respondeu sem um traço de tristeza na voz, ou algo parecido.

– Sinto muito. – Lamentei. Era realmente triste. Ele parecia ter no máximo uns 22 anos.

– Eu também. Acredite. É muito injusto... Eu tenho um irmão. Então por que não ele? Eu sou mais bonito, afinal. – Apesar do seu tom sério, era obvio que ele estava de brincadeira.

– Não te avisaram? A vida não é justa.

– É verdade. – Ele sorriu. – Eu havia me esquecido disso.

Retribui seu sorriso. No momento que eu ia voltar para minha leitura, ele puxou assunto novamente:

– Então, me fale sobre você.

– Sobre mim? – Perguntei. Ajeite-me na cadeira, tentando pensar em algo - Não tenho nada de interessante para falar.

– Nada? Ah, vamos lá. Distraia-me.

Como ele podia me pedir isso? Tentei vasculhar minha mente a procura de algo útil para falar.

– Eu nem te conheço direito... - Tentei me safar.

– Sua vida é um segredo do Estado? – Ele riu, zombando da minha cara – Você sabe meu nome, sabe por que estou aqui. Já é muita coisa.

Suspirei diante da sua resposta.

– Sou Isabella Swan, faço faculdade de administração, tenho 21 anos... E é isso.

– Uau! Muito bom – Ele sorriu de forma zombeteira. Como um maldito sorriso podia ser tão bonito? – Sou Edward Cullen, não fiz faculdade, não pretendo e tenho 23 anos.

– Interessante – Elogiei – Por que não pretende fazer faculdade?

Ele ergueu uma sobrancelha, como se desacreditasse o que eu estava perguntando.

– Você ainda pergunta?

Voltei à atenção para o meu livro quando percebi que o assunto havia acabado. Li mais algumas poucas páginas, mas era complicado, já que eu podia sentir seus olhos sobre mim. Tentei ignorá-lo e olhei para Leah, que estava na mesma posição de antes, cantando as músicas, baixinho.

Assustei-me quando de repente Edward pegou o balde que estava ao seu lado e vomitou. Levantei-me desesperada e me pus ao seu lado. Eu sempre ficava de mãos atadas quando isso acontecia com Leah.

– Ai. Meu. Deus. Você está bem? – Perguntei tentando me manter calma.

– Não. – Ele gemeu virando o rosto para o lado. Tirou uma goma de mascar da jaqueta que usava e enfiou na boca.

– O que você ta sentindo? Quer que eu chame uma enfermeira?

– Não – Gemeu novamente.

– Ai, céus! O que você tem?

Ele riu e me olhou debochado.

– Câncer?

Ele riu alto, colocando o balde novamente no chão. Reprimi um suspiro, com um pouco de raiva.

– Estúpido! – O xinguei e voltei para o meu lugar. Quando o encarei novamente, ele tinha os olhos arregalados.

– Uau!

– O que foi? – Perguntei confusa.

– Você me xingou.

– E...?

– Nenhuma pessoa, ciente da minha doença me xinga.

– Bom, deveriam. Talvez assim você fosse menos estúpido.

– Tem razão. – Ele sorriu debochadamente, mas ainda sim lindamente – Talvez.

•••

Gargalhei baixinho com a minha lembrança. Edward e seu jeito debochado. Depois daquele dia não apenas nos tornamos grandes amigos, como também ele acabou se tornando de Leah.

•••

– Tudo bem. Como você está? – Edward perguntou educadamente sentando-se na poltrona ao nosso lado, em mais uma sessão de quimio.

– Estou bem. E você?

– Com câncer, ainda. – Riu divertido enquanto eu não consegui esboçar nenhuma reação. Tirou do bolso do moletom uma caixa de chiclete e esticou um para mim – Quer?

– Não. Obrigada. – Agradeci.

Comecei a finalizar meu trabalho da faculdade que eu havia trago quando a enfermeira chegou para medicá-lo. E em questão de minutos finalmente terminei. Fechei apostila, suspirando aliviada.

– Trabalho da faculdade? – Edward perguntou com curiosidade.

– É – Suspirei – Um milhão deles. Mas finalmente acabei.

– Até eles mandarem você fazer outro...

– Pois é. Essa é a vida.

– Vida de merda.

– Verdade – Concordei rindo. Suspirei novamente, morrendo de cansaço. Prendi meus cabelos em um coque e passei as mãos no rosto, tentando despachar o sono.

– Você está acabada. – Ele me falou, me olhando atentamente.

– Ah. – Corei envergonhada. Por que ele tinha que ser tão direto? – Obrigada.

– O que você estão conversando? – Leah perguntou animada, tirando os fones de ouvidos que até então estava tocando uma música incrivelmente alta.

– Nada demais. – Respondi.

– Falei o quanto ela está acabada. – Edward respondeu sorrindo debochadamente. Sorriso maldito. Pensei. Ele virou a aba do boné para trás e encarou Leah. – Não é verdade?

– Com certeza! Digo isso sempre para ela... Mas quem disse que ela me ouve? Com 21 anos e essa cara! Toda acabada! Ela só estuda. Estuda. Estuda. Trabalha. Trabalha. Trabalha. Não saí. Não faz porr...

– Hey! Chega! – Impedi de ela continuar falando. Olhei para os dois sem acreditar – O que é isso? Todos contra a Bella?

– E olha esse estresse! Não é normal – Edward sussurrou para Leah, mas foi alto suficiente para eu poder ouvir.

– Vocês são insuportáveis...

– Só estamos dizendo que você precisa viver mais. Olha para nós dois – Leah apontou para ela mesma e para Edward. Ele sorrindo assentindo – A vida é curta, você precisa aproveitar...

– Chega desse papo! – Pedi. – E desde quando você virou filosófica?

– E se a gente saísse? Nós três? Que tal? – Leah sugeriu animada, me ignorando.

– Eu acho uma boa ideia – Edward concordou. Ele não parecia tão animado, mas sorriu mesmo assim.

– Para onde? – Perguntei sem animação nenhuma e ainda deixei isso bem explicito na minha voz cheia de tédio.

– Deixa comigo! Pode ser no sábado! Tudo bem para você, Edward?

– Claro!

•••

Leah acabou nos levando em uma boate. Algo que eu realmente odiava! Lugares lotados, música alta e bebida liberada? Não era comigo. E também não era muita a praia de Edward, mas eu não devia ter me surpreendido quando Leah nos levou lá. Ela só estava sendo ela mesma.

Sem noção. Como sempre.

Apesar de ter ficado um pouco (pouquíssimo mesmo) chateada com os dois naquela época, por terem me dito que eu estava acabada e todas as outras coisas, eu sabia que eles tinham razão. Hoje eu tenho certeza. Naquele tempo, eu estava estudando loucamente, querendo acabar meu curso tão desejado e ao mesmo tempo trabalhando até tarde. Não era fácil.

Então na minha folga, acabamos indo na boate de quinta categoria junto com Leah. Ao chegar lá, ela simplesmente nos deixou, indo se encontrar com um seu pretendente (Que no futuro tornaria seu marido) deixando eu e Edward sozinhos, totalmente encabulados e perdidos naquele lugar.

E hoje eu agradeço muito por isso.

Naquela noite, ficamos em um canto apenas bebendo refrigerante. Até que Edward sugeriu que bebêssemos alguma bebida forte. E então foi o que fizemos.

E acabou resultado em nosso primeiro beijo.

Apesar de todo o álcool que eu havia digerido, eu lembrava muito daquele momento.

•••

Edward gritava e pulava animadamente no ritmo da música a qual uma banda tocava ao vivo. Não demorou muito para que eu me animasse também e começasse a cantar junto com ele, a música tão conhecida por mim.

– Eu acho que eu quero te beijar. – Edward falou perto do meu rosto, com seu hálito quente e com cheiro de álcool. – E agora.

Ele colocou as mãos em meus ombros e me empurrou até a parede pressionando seu corpo contra ao meu. Ele realmente estava muito bêbado.

– Para que? – Perguntei risonha. Eu ainda não estava tão bêbada como ele. – Amanhã você não se lembrará.

– Eu duvido muito. – Colou sua testa na minha e se segurou na parede com uma mão – Mas se você não quiser, tudo bem. Eu entendo.

– E por que eu não ia querer?

Ele sorriu daquele seu jeito. Debochado.

– Você sabe. Eu estou doente, feio, com defeito...

Ofeguei diante de suas palavras. Como ele podia ser tão absurdo?

– Que pena. Você está totalmente errado.

Então o beijei.

O calor entrou em meu corpo, me enchendo com a sensação mais arrebatadora que eu já havia sentido. A boca dele se abriu e sua língua pediu passagem. Umas de suas mãos voaram para minha cintura me puxando para mais perto e a outra para a minha nuca, aprofundando o beijo.

Seus lábios tinham sabor de álcool e um pouco de remédio.

O melhor gosto do mundo. Pensei.

– Meu Deus. Como eu sonhei com isso... – Ele falou ofegante e sorrindo, ainda com o rosto perto do meu e de olhos fechados. Eu nunca ia me esquecer dessa sua expressão.

– Sonhou?

– Sim. – Abriu os olhos – É, eu estou apaixonado por você.

Então me beijou novamente.

No dia seguinte não nos falamos. E nem no outro. Quando chegou o dia para Leah ir à sessão de quimioterapia ela simplesmente me dispensou, dizendo que seu ficante colante – como ela mesma havia nomeado – a levaria. E meu mundo desabou. Como eu iria vê-lo? Eram as perguntas que se passavam na minha cabeça naquele dia. Ele não iria me procurar. Afinal, havia sido apenas um beijo! Ele estava bêbado. Eu não podia ter levado a serio.

Como eu estava enganada.

Uma hora depois, alguém bateu na porta. E quando fui abrir lá estava Edward. Usando sua jaqueta de sempre e seu boné com a aba para trás.

– Leah me deu seu endereço. – Sorriu colocando as mãos no bolso.

Depois daquele dia eu comecei a acompanhá-lo nas sessões de quimioterapia.

Começamos a namorar e não nos largávamos por um segundo. Conheci - e me apaixonei -pela sua família linda e doce. Esme e Carlisle eram uns amores de pessoa e Emmett seu irmão, era pessoa mais simpática, carinhosa e enorme, que alguém podia imaginar.

– Muito obrigada, querida. – Esme falou agarrando em minhas mãos e me olhando com doçura. Olhei para Edward que conversava com seu irmão e com seu pai sentados no sofá e olhei novamente para ela.

– Por que dona Esme? Não entendi.

– Por fazer meu filho feliz. – Ela esclareceu. Seus olhos se encheram de lágrimas, mas ela as espantou rapidamente com as costas das mãos. – Você não tem ideia do quão infeliz ele estava... Era como se meu filho já estivesse morto.

Por um momento eu não entendi o que Esme havia dito. Só mais tarde, naquele mesmo dia quando fui conhecer o quarto de Edward que eu pude entender.

Em seu quarto, havia uma parede completa de fotos da adolescência de Edward. E era difícil acreditar que aquele homem, era o menino baladeiro e popular nas fotos.

– Quem é essa, moça? – Perguntei apontando para uma bela moça loira na fotografia. Ela parecia em várias.

– Tanya. Uma ex namorada.

– E onde está ela?

– Não sei. – Deu de ombros.

– Por que terminaram?

– Ela terminou comigo, quando descobriu que eu estava doente. – Respondeu indiferente, sem um pingo de emoção ou tristeza na voz.

– Por quê? – Perguntei tentando entender.

– Achou melhor evitar o drama.

Nas fotografias eram Edward cercado de amigos, mulheres – muitas mulheres para minha infelicidade – em baladas de alta classe, bebendo, incrivelmente mais forte, saudável e sorrindo. Um sorriso que eu nunca havia visto em seu rosto.

De pura felicidade.

Depois, Edward decidiu conhecer meu pai.

Charlie era casado com Sue – mãe de Leah –. Ele havia começado a namorar Sue, quando eu tinha mais ou menos sete anos. Lembro-me que no começo eu não a suportava. Afinal, eu não havia aprendido a dividir meu pai com alguém. (Dizia Charlie que minha mãe havia morrido quando eu ainda era um bebê em um acidente de carro) Mas com o tempo eu fui acostumando e a conhecendo melhor. E hoje era difícil acreditar que havia alguém melhor e mais doce do que ela.

Todos o adoraram. É claro. Principalmente Sue que havia ficado encantada com seu jeito educado e cavalheiro de ser. Mas eu nunca vou esquecer-me da conversa que tive com Charlie naquela noite.

– Você tem certeza disso, Bella? – Ele me perguntou quando eu já estava pronta para dormir.

– Do que pai? – Perguntei confusa, tentando entender.

Ele suspirou, sentando-se ao meu lado na cama.

– Namorar esse garoto.

– Você não gostou dele? – Franzi o cenho – Ele é incrível e

– Não é isso. – Ele me interrompeu - Ele é ótimo, querida, mas...

– Mas...? – Tentei ajudá-lo a continuar.

Charlie suspirou novamente. Olhou para o chão. Para o teto. E finalmente me olhou nos olhos.

– Ele vai morrer.

Podia parecer mentira, mas eu nunca havia pensado naquilo. É claro que eu estava ciente que eu namorava um homem com câncer e que a qualquer momento ele poderia ficar muito mal. Mas morrer? Tão novo? Eu não tinha me dado conta.

E com o passar dos meses, nós apenas nos aproximamos mais. E ele pegou e se transformou na minha fonte de felicidade. Era impossível imaginar minha vida – o mundo – sem Edward nele.

E conseqüentemente veio a nossa primeira vez.

Eu nunca havia feito sexo, mas posso dizer que nenhum homem podia ter me tratado com toda delicadeza que Edward havia feito. No começo foi calmo, ele sussurrava coisas para me tranquilizar e quando me dei conta, eu já pertencia a ele.

Nossa primeira noite foi no seu quarto, quando seus pais viajaram em uma espécie de 2º lua de mel. Ele havia beijado e tocado lugares inimaginável, e me fazendo sentir sensações do mesmo estilo.

– Achei que eu nunca mais fosse fazer isso. – Ele comentou com o rosto colocado em meu peito. Sua respiração batia na minha pele, mas eu tentei não ficar tão envergonhada. Ele riu quando me olhou, percebendo meu rosto corado – Linda.

– Deixa de ser bobo.

– É sério. – Ele riu. Jogou seu corpo novamente para cima do meu, ficando entre as minhas pernas. – Ainda mais com você.

– Ai. Meu Deus. Você ficava pensando nessas coisas?

– É claro. – Ele sorriu maliciosamente e depois depositou um beijo na minha barriga, fazendo-me tremer levemente – Que homem não imagina?

– Meu Deus. Eu namoro um maníaco.

Ele riu e apoiou seu queixo entre meus seios.

– Vai dizer que você nunca pensou em abusar do meu corpinho sensual? – Perguntou mexendo as sobrancelhas de forma engraçada.

– Para com isso! – Implorei cobrindo o rosto com as mãos. – Eu vou embora.

– Nada disso! Vai dormir aqui hoje! – Ele se jogou para o meu lado. Com esse movimento, ele ofegou. Olhei rapidamente para ele e notei o quanto parecia fraco. Mas logo ele sorriu.

– Está tudo bem?

– Está sim. Só estou cansado. Sabe mulher, você me deu uma canseira...

Eu ri junto com ele, que me puxou para seus braços e nos cobriu.

– Você é tão bobo...

– Eu realmente estou cansado. – Falou parecendo um pouco triste, mas antes que eu pudesse dizer alguma coisa, ele mudou de assunto - Sabe o que eu estava pensando esses dias?

– Tenho até medo de saber. Depois da ultima descoberta.

Ele riu.

– É sério. Estava pensando se a gente pudesse ter filho como seria.

Não respondi de imediato. A visão de uma miniatura de Edward era linda e dolorosa.

Como Edward fazia quimioterapia, isso o tornava incapaz de ter filhos. Havia chance de ele voltar a ser fértil, mas isso só após a quimio e as chances ainda eram pequenas.

– Eu queria que ele ou ela tivessem seu cabelo – Respondi alegremente, tentando acabar com o clima ruim - E a cor dos seus olhos e...

– Ah não! – Ele me interrompeu parecendo indignado - Eles precisavam ter a cor dos seus olhos.

– Nada disso! Quero filhos de olhos verdes. Seria lindo! Os meus são sem graça.

– Eu não acho.

– ‘’Você’’não acha.

– Mas os filhos são meus.

– São meus também.

– Mas eu que tomaria as decisões.

– Por quê? – Perguntei indignada.

– Porque eu falei primeiro.

Eu ri

– Quem sabe um dia... – Falei imaginando como poderia ser.

Ele não disse mais nada. Quando achei que ele já estivesse dormindo, ele sussurrou:

– Seria legal né? Ser pai – Ele fez uma pausa. Abri os olhos e olhei para o seu rosto focado no teto do quarto, parecendo perdido em pensamentos - Eu nunca imaginei tendo essa vida boba... Como eu costumava chamar. – Riu - Mas eu daria qualquer coisa para ter essa vida com você. Filhos. Uma casa com um jardim... Essas coisas... Boas e bobas.

Quando Edward acabou dormindo, pela primeira vez, eu chorei por sua causa.

Edward estava lá quando me formei na faculdade. Seu sorriso na platéia me incentivando ao lado do meu pai, de Sue e de Leah – minha família - era tudo o que eu precisava. E quando subi na platéia para pegar meu diploma seu olhar cheio de orgulho e amor, me fez sentir que eu podia vencer qualquer coisa na vida.

E Edward estava lá quando descobri a verdadeira história sobre minha mãe: Ela não estava morta. Ela apenas havia me abandonado assim quando nasci.

Um dia, depois de deixar Edward em casa, encontrei Charlie discutindo com uma mulher em nossa garagem. Desci da minha caminhonete e fui até eles. Meu choque foi grande ao encarar a cópia fiel de mim mesma um pouco mais velha. Charlie não tinha para onde fugir. Precisava me contar a verdade.

Depois que a verdade foi dita (Renée havia me abandonado por ser nova demais e simplesmente ainda queria curtir a vida) ela se apresentou. Lembro-me que havia sido um momento muito desagradável. Nós duas estávamos desconfortáveis. Ela não fez muita questão de se aproximar e eu também não.

No mesmo dia corri até a casa de Edward. Eu precisava colocar para fora tudo o que eu estava pensando/sentindo.

Seja forte, meu amor. – Ele sussurrou várias vezes em meu ouvido, enquanto me embalava em seus braços – Você é forte. Sei que é. Você vai ficar bem. Eu estou com você, ok?

– Minha mãe... – choraminguei. – Como ela pôde? Tão fria... Tão...

– Eu sei amor. Eu sei. Mas quem perdeu tudo foi ela, sabe o por quê? – Ele levantou o meu rosto para que eu o encarasse – Não conheceu a filha incrível que tem. Forte. Trabalhadora. Determinada... Você teve um pai incrível. Dê valor a isso. Mas ela? Apenas a esqueça...

No dia seguinte eu já não tinha mais noticias dela.

Eu estava cansada, estressada e chateada. Com Charlie, com minha ‘’ mãe ‘’ e com a vida. Por parecer querer tirar Edward tão cedo de mim.

– Trouxe uma coisa. – Edward falou sentando-se ao meu lado, na minha cama. Fazia muito frio e chovia horrores naquele dia, mas mesmo assim Edward não deixou ir até a minha casa.

– Você não devia ter vindo. Está chovendo muito.

– Claro que eu precisava! Principalmente por causa disso – Ele tirou um pedaço de papel da mochila e balançou na frente do meu rosto – E Emmett não se importa de me trazer. Mas se quiser que eu vá embora...

– Claro que não! – Agarrei seu braço e o puxei para perto de mim. Ele estava tão magro que não foi algo difícil. – O que é isso?

– É A Lista – Respondeu em um tom misterioso, que me fez rir.

– O que é A Listaaaa? – Falei fazendo uma voz macabra. Ele sorriu animado.

– A Lista é simplesmente – Pigarreou – Coisas que eu escrevi e que você precisa fazer.

Franzi o cenho.

– Tipo o que?

Ele desdobrou o papel e leu o primeiroitem. Notei que haviadiversas coisas.

– Viajar.

– Viajar? – Indaguei surpresa e depois ri. – Está brincando né?

– É claro que não! – Respondeu parecendo ofendido. – E eu vou com você.

– Está maluco? Quer dizer... Eu adoraria. Mas eu não tenho dinheiro nem para pegar um táxi!

Edward revirou os olhos, como se ele tivesse que explicar algo várias vezes para uma criança.

– A parte do dinheiro deixa comigo. Você só escolhe o lugar.

– De jeito nenhum! – Neguei com veemência – Eu jamais aceitaria isso.

– E por que diabos não? – Perguntou parecendo realmente bravo. – Deixe de ser chata e orgulhosa e aceita a merda do presente!

Fiquei calada, sem saber o que responder.

– Me desculpe – Pediu suspirando. Puxou-me para seus braços, fazendo com que eu sentasse em seu colo - Sabe... Aceite isso como um presente. Não só para você. Mas pra mim... Para nós. Eu quero muito isso.

Ele parecia não querer me dizer realmente o significado dessa viagem. Mas eu podia imaginar ‘’ Vamos viajar juntos. Já que posso morrer a qualquer momento ‘’

– Qual o objetivo dessa lista?- Perguntei.

– Bella, você acabou de se formar. Nunca saiu desse lugar. Mal saía, a não ser para trabalhar...

– Então...?

Ele beijou minha testa, tirou um fio de cabelo do meu rosto e então sorriu:

– Essa lista é para você fazer coisas que você nunca fez... A viver.

E é claro que eu não aceitei isso logo de cara. O que resultou em nossa primeira briga séria.

– Eu não preciso de nada disso Edward. É muito legal da sua parte, mas...

– Bella – Ele fechou os olhos e apertou o nariz com as pontas dos dedos. Parecia fazer esforço para não explodir – Me responda algumas coisas.

Esperei de braços cruzados.

– Você já saiu do país?

– Não.

– Você já saiu do estado?

– Não.

– Você já saiu dessa merda de cidade?

– Uma vez – Empinei o nariz, como se isso fosse um ponto ao meu favor.

– Você já se quer teve um ex namorado?

– Não.

– Viu? Você não sabe nem como é a vida lá fora!

– E quem disse que eu quero saber?

– Acorda para a vida garota! A vida é curta!

– Eu não estou afim!

– Para de ser tão criança! Você está perdendo a melhor fase da sua vida...

– Você fala como se fosse um idoso.

– NÃO SOU IDOSO, MAS ESTOU MORRENDO. – Ele berrou furioso, tentando me fazer entender. Arregalei os olhos assustada com o assunto que ele havia tocado. Morte. Nunca havíamos parado para falar nisso.

– PARA COM ISSO!

– Não posso. – Ele sorriu tristemente – Estou morrendo. Mas o que mais me mata é ver você tão presa, que não conhece o mundo lá fora. O que é uma pena.

– Você fala como se fizesse essas coisas...

– Não faço. Mas já fiz muito! Se quiser saber – Respondeu ficando furioso novamente – VIAJEI PARA VÁRIOS LUGARES, CONHECIA VÁRIAS PESSOAS, PASSEI POR VÁAAARIAS SITUAÇÕES, JÁ TIVE DEZENAS DE NAMORADAS, JÁ TREPEI EM LUGARES QUE VOCÊ NUNCA VAI IMAGINAR!

– JÁ CHEGA! – O empurrei da minha cama enfurecida. Eu não merecia ouvir aquilo – SAÍ DO MEU QUARTO!

– PARA COM ISSO! – Ele berrou de volta. Agradeci por Charlie ter levado Sue ao pequeno cinema da cidade.

– SAÍ AGORA. – Me levantei e o empurrei para fora do meu quarto e ele não fez força para evitar – SAÍ! SAÍ! SAÍ!

Depois disso eu havia batido a porta do quarto e chorado realmente chateada como uma patética. Não só por ciúmes, mas principalmente porque tudo que ele havia dito era verdade.

‘’Estou morrendo’’ – sua voz ecoou dentro da minha cabeça.

Da janela do meu quarto vi o carro de Emmett parar em frente a minha casa, e um Edward correndo da chuva entrar.

Minutos depois notei que ele havia colocado A Lista em baixo da porta do meu quarto.

No dia seguinte ele acabou indo até a minha casa e fizemos as pazes.

– Me desculpe. – Sussurrou me abraçando com fervor – Me desculpe. Desculpe-me, por favor...

– Já passou.

– Sou um idiota. Desculpe-me.

Leah casou-se naquele tempo com seu ficante colante (como ela dizia) Jacob Black. Ela estava divina vestida de branco e toda sorridente. Por causa da quimioterapia seus cabelos ainda não haviam crescido, mas ela não fez questão em usar peruca. Então, com Edward me abraçando pelos ombros e eu apoiada com as costas em seu peito, vi Leah entrar na igreja com o seu lenço na cabeça, combinando com o vestido.

Eu não podia imaginar uma noiva mais linda do que ela.

Eu e Edward acabamos viajando para a Itália e os momentos que passamos lá (Passeamos muito, nos amamos...) foram osmelhores momentos de minha vida. Pela primeira vez eu pude presenciar o seu sorriso de pura felicidade.

Porém, também foram os últimos momentos felizes que eu passei ao lado dele. Já que assim que voltamos da viajem Edward teve um piora inacreditável.

– A gente não devia ter viajado. Devíamos ter ficado e – Comecei a falar chorosa olhando para um Edward pálido deitado na cama de hospital.

– Shhhi, Bella. É claro que não. Viajando ou não isso iria acontecer. – Ele sorriu lindamente. Eu gostava quando ele sorria assim – Viajar com você foi a melhor coisa de tudo que já fiz na vida...

– Não fala isso como se fosse morrer. – Bati o pé, irritada.

– Bella. – Ele suspirou. Seus olhos estavam fundos, com olheiras e ele havia emagrecido de uma forma inacreditável em poucos dias – Isso vai acontecer Bella. Desculpe-me...Eu sou um idiota. Egoísta. Perdoe-me...

– Por que está falando isso?

– Eu não devia ter me aproximado... Eu não devia ter criado laços com você...

– Por quê? – Perguntei assustada e confusa – Por quê?

– Não está vendo, Bella? Eu vou morrer! – Ele olhou para o teto e voltou a olhar para mim – Eu não queria que você passasse por isso...Você não merece...

– Por favor, não diga isso. – Chorei. Ele me puxou pela mão com a maior delicadeza do mundo, e entendi o que ele queria que eu fizesse. Deitei junto com ele na cama de hospital, afundando meu rosto em seu pescoço – Conhecer você foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida...Eu amo você.

– Também, Bella. – Sua voz chorosa me respondeu. Surpreendi-me porque eu nunca havia visto Edward chorar. Ele não era disso. – Eu amo você mais do que qualquer coisa nessa vida.

Edward acabou morrendo dois dias depois.

Hoje fazia 5anos de sua morte. Mas é como se houvesse sido ontem. Eu ainda não havia me recuperado nem um pouco. Eu me sentia da mesma forma quando soube da noticia pelos seus pais: Eu ainda não estava conformada... E nem sei se algum dia iria ficar. Ele era apenas um jovem, apaixonado, forte, bondoso, aparentemente saudável e com uma vida pela frente. Uma vida recheada de sonhos. Sonhos que ele nunca iria realizar.

Mas, a vida é assim não é? Completamente injusta.

Leah estava finalmente bem, vivendo com sua vida com seu marido e tentando engravidar.

Eu? Bom, eu havia me mudado para Nova York e estava trabalhando em uma grande empresa.

Dos 10 itens da lista feita por ele eu ainda não havia conseguido realizar um. (Se apaixone por alguém – Saudável) era difícil me imaginar relacionando com outra pessoa além dele.

Mas nunca (Eu tinha certeza disso) eu poderia me entregar da mesma forma que eu havia me entrego a Edward. Isso só acontece uma vez, e aconteceu com ele. Isso não iria mudar.

Eu não conseguiria.

E tenho mais certeza disso quando fecho meus olhos e penso nele. No seu rosto, no seu sorriso debochado e do som da sua risada. Da pele dele quente contra a minha, e das suas costas cheias de pitinhas que eu gostava de contar enquanto ele dormia depois de fazer amor loucamente comigo.

Ele sempre seria uma parte de mim.

Hoje eu era uma pessoa mais feliz e ao mesmo tempo mais triste por causa de Edward Cullen.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Quem leu, comenta ♥ Se quiserem, depois posto A Lista, que ele escreveu :)PS: ME DESCULPE QUALQUER ERRO. MEU GRUPO: https://www.facebook.com/groups/1429078127342708/