Sorry to You escrita por MihChan


Capítulo 17
Especial: cinquenta e um dias e amor!


Notas iniciais do capítulo

TCHANS!
Oi, voltei~ *U*
Ah, Jura?
Bom, muitas coisas aconteceram. Até comentei que algumas coisas me deixaram pra baixo e tal, mas são as mesmas explicações, então não vou encher linguiça aqui.
Obrigada a todos os comentários que me deram um choque de entusiasmo! Vocês são maravilindas!
Se algum leitor novo tiver brotado aqui, seja bem-vindo e dê as caras nos comentários :3
Ah, e esse capítulo foi inspirado na música Childhood Blues, também da Gumi. Será coincidência? Eu acho que não ❤ Escutem e vejam a tradução *U*
Boa leitura ~>



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– Você soube sobre o boato daquela colina?

Essa frase de umas garotas no banheiro feminino foi o bastante para atrair a total atenção de Chiyoko.

A ruiva caminhava alegremente para ir para casa, já que suas atividades no clube tinham terminado. Aoi não tinha esperado naquele dia e nem tinha ficado para se reunir ao seu clube, tinha dito que seus pais tinham feito compras e que aquilo era urgente.

Conversa pra boi dormir, foi o que ela passou para Fukuda, que, incrivelmente, caiu na lábia e no drama fajuto que Aoi armou.

Enquanto caminhava notou algumas garotas conversando sobre algum boato e achou a história interessantíssima antes mesmo de ouvi-la. Ela escorou-se na parede de fora, de forma que não pudessem vê-la bisbilhotando a conversa alheia.

Por sorte, o corredor estava vazio. Vez ou outra era que uma alma perdida passava vagando a procura de amigos que trocam uma linda amizade por algodão doce de potinhos.

– O que? Um rumor? – outra garota se pronunciou.

– Algo relacionado a cinquenta e um dias e o amor se tornar realidade... – a primeira disse.

– Hai! – uma outra soou empolgada, fazendo Chiyoko dar um pulinho nervoso – Dizem que se, durante cinquenta e um dias, você assistir o sol se pôr dessa colina, seu amor se tornará verdadeiro.

Por um momento o sorriso de um garoto passou por sua mente. E não, não era o de seu professor, o que fez com que Chiyoko arregalasse os olhos repentinamente.

– O que...? – ela corou com o pensamento e murmurou baixinho.

Gritinhos histéricos foram ouvidos e a ruiva bisbilhoteira quase vomitou o bolinho de arroz que tinha comido mais cedo.

Ela ouviu passos se aproximando, as garotas caminhavam para fora do banheiro enquanto conversavam animadamente ainda sobre o mesmo assunto. Não teve muito mais tempo para pensar sobre o que estava acontecendo com o seu cérebro e como ele pôde associar amor ao Yuuto.

Mas eu preciso saber o nome da colina!, pensou.

Chiyoko vacilou com aquele pensamento e então preparou-se para correr e saiu em disparada. Parou na sala onde faziam reuniões do clube de atletismo. Aliás, já nem fazia tanto sentido estar no clube, já que só havia entrado nele para que pudesse estar mais perto do Fukuda-sensei.

Esse pensamento fez o coração da ruiva encher-se de angústia.

– Talvez se eu tivesse esperado mais um pouco... – se culpou – Tivesse amadurecido mais...

Uma lágrima de desgosto ameaçou rolar pelas bochechas secas dela, mas ela não a deixou escapar. Queria gritar, mas sabia que as pessoas ouviam e viriam ver o que se passava. Ela sabia que aquilo era algo impossível. Não importava o quanto ela amadurecesse, ele sempre estaria em um nível mais alto que o dela e isso a impediria de alcançá-lo. Passou as costas da mão rispidamente pelo peito, tentando afastar os sentimentos negativos que andava acumulando.

Engoliu toda raiva que sentia ao retornar ao ponto inicial: o boato! Aquilo foi como um choque que deu energia instantaneamente. Ela sorriu de orelha a orelha com tais pensamentos que formulava.

Ela só precisaria ir até a colina por cinquenta e um dias e o seu amor se tornaria realidade. Com certeza aquilo era verdade! Ela conseguiria ter seu amor correspondido. Era evidente que seus sentimentos alcançariam a sua pessoa especial não importava o nível que ela estivesse.

Na cabeça dela pareceu bem fácil e veemente verdadeiro.

A ruiva se sentiu extremamente animada. Agora já não queria mais chorar. Tinha encontrado um motivo pra sorrir. Ela definitivamente não desistiria na primeira tentativa.

Ela resolvera insistir naquele amor impossível. Mesmo com tantas evidências que apontavam o contrário e com o próprio Fukuda dizendo-a que ela estava se enganando, ela decidiu pensar que seu coração não se enganaria. Que ela sabia muito bem a respeito dos próprios sentimentos.

– Ei, pai! – sussurrou cerrando um dos punhos em sinal de decidida – Veja só isso! Sua garota não vai deixar que o motivo de toda sua confiança se esvaia tão facilmente! – e sorriu.

A garota saiu correndo pelos corredores novamente. Precisava achar as garotas que estavam conversando no banheiro mais cedo. Lembrava-se vagamente de uma com os cabelos castanhos, mais escuros que o de Aoi, e curtos como os de Alice. Deviam ter trocentas garotas parecidas, mas era a única coisa em que podia se guiar.

Viu o trio de garotas mais a frente e sorriu abertamente. Iria chegar como quem não quer nada e comentar sobre aquilo. Seria perfeito! Antes que ela pudesse se sentir premiada pelo destino, a sorte não foi tão fiel a si, mesmo ela tendo cruzado os dedos.

– Chiyoko! – Ayu segurou o antebraço dela quando a mesma passou correndo, provando seus reflexos aguçados.

A ruiva bufou.

– Não é o carro da pamonha, mas interrompeu na hora certa! – soltou.

Ayu era a única que ainda se encontrava por ali, por também ser do clube de atletismo. Talvez Alice também estivesse, mas ocupada com coisas do grêmio. A garota a frente de Chiyoko estava com o cabelo molhado e com uma roupa diferente da que estava antes, o uniforme de educação física. Tinha tomado banho porque andava se esforçando bastante para as competições entre as escolas.

– Desculpe! – a garota riu.

– Tudo bem. – Chiyoko também riu.

Papearam um pouco, mas Ayu logo se despediu e foi para casa. Já Chiyoko olhou para os lados e se sentiu enganada pela vida. Resolveu procurar mais pela escola, o que era como missão impossível, porque a escola era enorme.

Quando estava perdendo as esperanças, conseguiu achar a garota de que conseguia lembrar algumas características marcantes, devido lembrarem as de suas amigas, na biblioteca.

Ela sentiu uma pontada de constrangimento. Teria a cara-de-pau de revelar que estava escutando a conversa dos outros na cara dura?

– Ei, me desculpe. Mas eu estava em uma das cabines no banheiro e ouvi quando...

É Chiyoko teria sim. Afinal, era a Chiyoko. Quando a vida lhe dava limões, ela... os vendia, porque não gostava de limonadas, mas não perderia a oportunidade de mostrar que era ruiva por natureza.

– Ah, claro! – a garota soltou uma risadinha e escondeu a boca com as mãos – É o monte que tem uma vista bonita do céu, Konishi.

Chiyoko sentiu-se iluminada. Aquela garota só podia ser um anjo enviado por Deus! Mina, que era a garota da questão, começava a achar que a ruiva a sua frente estava passando mal, porque ela praticamente derreteu-se e seus olhos brilharam mais que bocas em comercial de creme dental.

– Obrigada! – levantou-se em um pulo entusiasmado, deixando Mina ainda mais assustada.

Chiyoko acenou para a garota e fez menção de correr.

– A propósito, Ruiva-chan! – ela levantou o braço – Se você estava dentro de uma das cabines quando, sem querer, ouviu a conversa e não saiu dela antes de nos deixarmos o banheiro, como sabia que eu era uma das garotas?

Chiyoko ficou mais vermelha que um carro de bombeiro, sorriu sem graça, deu dois passos nada discretos para trás e saiu correndo, levando a garota que lhe era um anjo enviado, desistir de estudar e ir para casa tirar um cochilo porque ela estava delirando.

A garota saiu dando pulinhos enquanto corria de tanta alegria e nem percebeu quando certo professor vinha em sua direção com uma cara de bravo mais fingida que aquela frase de enfermeira “vai ser só uma picadinha”.

– O que a senhorita ainda está fazendo perambulando pelos corredores da escola? – ele perguntou.

Chiyoko só percebeu quando rodopiou mais uma vez e bateu de cara com o peitoral do Fukuda-sensei. Ao notar quem era, a ruiva corou até as orelhas e sorriu totalmente desnorteada.

– Não vai me responder? – ele indagou. - Que eu saiba - ele olhou em seu relógio de pulso -, as atividades do clube já terminaram e a senhora não está fazendo nada de útil, não é mesmo?

Aquelas palavras atravessaram o coraçãozinho da pobre Chiyoko, enquanto o professor esboçava um sorriso de quem acertou na mosca. Que calúnia! Ela estava fazendo algo de muito útil! Estava lutando pelo futuro tão sonhado dela!

– Eu, hã, estava na biblioteca ajudando com os livros. - ela gesticulou - Sabe como é. Esses alunos não colocam as coisas no lugar onde acham. – ela sorriu torcendo para que ele caísse nessa.

O homem checou em seu relógio mas um vez e cruzou os braços, indicando que ele podia até ter engolido a história, mas que ela estaria encrencada se não fosse embora já.

– Tá, eu já estou indo! – ela redeu-se fazendo um bico infantil.

– Certo. – ele sorriu – Tome cuidado!

Ela parou de andar e o olhou corada. Ele pareceu perceber o impacto que sua frase casual causara em sua aluna, pigarreou escondendo o nervosismo e virou-se, seguindo na direção inicial rapidamente.

Chiyoko nunca saberia, mas o Fukuda não deixaria que ela visse o quão vermelho ele havia ficado.

...

– Terei que tomar um metrô e descer na estação de Sudoo. – Chiyoko olhou para os lados e seguiu para um mapa grudado na parede que parecia mais uma teia de aranha.

Era pura sorte ela saber qual rumo teria que seguir porque, para se guiar por aquele mapa, o passageiro teria que fazer primeiro uma aula.

Ela esperou impacientemente até o metrô chegar. Com as mãos para trás e balançando o corpo para frente e de volta para o mesmo lugar, era evidente sua pressa e animação.

Quando o vagão parou, ela entrou e nem se sentou mesmo tendo lugares de sobra. Permaneceu de pé perto da porta de desembarque.

Pareceu durar horas, mas foram apenas alguns pouco minutos. Com o coração acelerado, Chiyoko fez questão de pisar com o pé direito primeiro assim que desceu do vagão, o que a fez se atrapalhar um pouco.

Seguiu correndo para sair da estação e só se acalmou e começou a andar normalmente quando viu que já se aproximava da colina. Fechou os olhos com força, excitada.

Só precisaria ir até ali cinquenta e um dias e assistir ao pôr-do-sol e lembrar-se do Fukuda-sensei em todas as vezes. Ela colocou a língua pra fora e soltou o ar dos pulmões, largando os braços ao lado do corpo.

– Pensando bem, isso vai ser bem cansativo. – concluiu.

Mas não importava. Ela conseguiria ter o coração de quem ela mais desejava. Isso a fez encher-se de entusiasmo novamente. Continuou a andar.

Ao passar por alguns arbustos, ela ouviu um barulho e alguma coisa mexeu-se.

– Eu sei que a curiosidade matou o gato – comentou -, mas eu não sou um gato. – sorriu travessa.

Aproximou-se do arbusto assim que alguém colocou metade da cabeça para fora e suspirou, ofegante, como se buscasse ar.

Corou ao ver que estava com o rosto tão perto do rosto de ninguém menos que Yuuto.

Beleza, ele só podia estar seguindo-a. Além de estar como um mini tufão bagunçando suas conclusões, ele ainda aparece em lugares inusitados?

– Yo. – ele falou casualmente e voltou-se para trás do arbusto.

– Eh?

A garota mais supersticiosa presente no momento, agachou-se e colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha e continuou a observar Yuu-chan procurar por algo.

Ela podia ter ido embora de fininho? Podia. Poderia ter dado a mínima para o encontro não marcado com o garoto? Sim. Mas ela fez isso? Digamos que ela preferiu descansar um pouco.

Quando ela fez menção de perguntar algo, já que estava ali agachada a bastante tempo, o garoto soltou um “ahá” que a assustou e pegou um gato completamente branco nos braços.

– Você é bem esperto, neko-chan! – disse sorridente.

O gatinho se acomodou em seu pescoço depois de alisar-se em seu rosto. Chiyoko observava tudo àquilo com cara de quem não entendia nada.

– Ah, oi, Okada! – ele pareceu percebê-la - Esse é o meu parceirinho! – e sorriu se referindo ao gato.

– O que você está fazendo aqui? – a ruiva tentou se situar.

– Eto... – o garoto soltou o gato no chão e permaneceu a encará-lo – Minha tia não anda muito bem de saúde, então estou vindo da escola cuidar dela, já que sou sua única família.

Ele disse tudo aquilo enquanto alisava o gato, que esfregava em suas pernas e ronronava sem parar. Aquilo fez Chiyoko corar, mas lembrou-se que vinha tendo sentimentos estranhos em relação ao garoto, que fazia ela mesma duvidar de seus sentimentos pelo seu professor. Fez questão de fazer uma carranca antes de se levantar.

– Okay, só não me atrapalhe. – ajeitou a bolsa no ombro e começou a andar.

– Oe? – Yuu levantou-se – Aonde vai? – disse um pouco mais alto para que ela o escutasse.

– Não interessa a você. – foi ríspida.

Yuuto não podia perder a oportunidade de estar com a garota – que tinha certeza que gostava desde o dia que a viu chorar por um cara - fora do ambiente escolar. Foi sair do arbusto e enganchou as pernas no pobre gato, que ainda procurava por carinho, e caiu com um barulho alto.

Chiyoko virou-se com o susto para ver um Yuuto tentando levantar-se, sem sucesso. Aproximou-se.

– Você é uma criança? – ela correu para ajudá-lo a levantar-se.

O loiro sorriu e passou a mão na nuca, envergonhado. Ela se referia a ele estar sujo devido a querer tanto alisar um gato que tinha se espremido em um arbusto e agora caíra e estava com a lateral do rosto, perto ao queixo, sangrando.

– Espera. – Chiyoko disse, mostrando o dedo indicador, o impedindo de levantar-se.

Virou-se para a bolsa e procurou por sua caixa de primeiro socorros. Estranho alguém ter uma caixa de primeiro socorros na bolsa que leva para escola? Sim, mas você ainda nem sabe o que mais ela carrega. Seu pai sempre dizia que melhor do que remediar, era prevenir.

Ela molhou um pedaço de algodão em álcool e limpou o machucado de Yuu-chan, que fez uma careta de agonia. Depois colou um band-aid no ferimento. Levantou-se guardando tudo enquanto Yuu a observava com admiração.

– Lave isso corretamente depois para não infeccionar, certo? – disse e começou a andar novamente.

– Espere! – Yuu-chan levantou e correu para uma bicicleta escorada a uma árvore.

Chiyoko o encarou até que ele chegasse perto o bastante.

– Você não joga limpo, Okada. – ele sorriu – Assuma a responsabilidade agora.

Ela arregalou os olhos levemente. Aquilo seria um tipo de confissão estranha? Preferiu fazer-se de desentendida. Virou o rosto para o outro lado para que Yuuto não visse que estava ficando vermelha, mas ele segurou o riso indicando que sabia o que se passava e começaram a andar.

O garoto decidira começar do início. Ele se tornaria amigo dela, a conquistaria e, assim, se confessaria formalmente e a pediria em namoro. Custasse o tempo que fosse.

Yuu-chan não tentou perguntar para onde estavam indo durante o caminho, apenas seguiu Chiyoko carregando sua bicicleta consigo. Mesmo quando ela o expulsou ou murmurou que ele era um incômodo, ele não se foi e nem seu sorriso, que também carregava desde o momento inicial, vacilou.

Aquilo a irritava, mas também trazia um sentimento quente ao seu coração. Decidiu que o deixaria acompanhá-la. Seria bem melhor não andar sozinha mesmo e talvez aquela sensação estranha se estabilizasse quando ela tivesse razão do que era.

Ao chegarem no pé do monte, Yuu-chan parou com sua bicicleta e a encarou. Ela começou a subir sem dizer nada. Quando percebeu que ele permaneceria ali, parou e o olhou.

Queria chamá-lo para subir junto, mas seu orgulho era maior, então permaneceu parada em um dos degraus esperando que ele notasse que ela queria companhia o resto do caminho também.

Yuu-chan estava perdido em seus pensamentos. Ele a tinha ouvido na sala do clube de atletismo e a tinha seguido até a biblioteca depois. Não foi tão difícil associar o que ela queria e era óbvio que era pelo cara que ela estava chorando no dia em que a encontrou, e que ele desconfiava ser o Fukuda-sensei pelos atos da garota. Decidiu que daria esse espaço para ela.

Ao perceber que os passos tinham cessado, ele olhou para as escadas e percebeu que Chiyoko estava ainda lá, como se o esperasse. Seu rosto estava incrível e o vento batia em seus cabelos suavemente.

– Você... quer que eu suba também? – Yuu largou a bicicleta e colocou as mãos nos bolsos.

– Claro que não, mas se você me encheu os pacovás até aqui, quem sou eu para dizer que não pode ir até o fim. – e começou a subir, fingindo estar brava, mas tentava conter um sorriso.

Yuu-chan sorriu serenamente e começou a subir atrás da garota.

Ao chegarem ao topo, Chiyoko estava suando rios e ofegante enquanto Yuu-chan permanecia no mesmo estado de quando estavam no começo da escadaria.

– Como você consegue? – ela apoiou-se em seus joelhos.

– Ah, eu costumava vir muito aqui. – disse seguindo mais perto da beirada do monte e virou-se sorrindo.

Chiyoko levantou-se bem no momento em que o céu estava se tingindo de vermelho e laranja. Levou as mãos ao peito, fechou os olhos e tentou imaginar Fukuda. Sorriu abobadamente.

O garoto, que ainda a encarava, dirigiu seu olhar ao chão com um sorriso meio melancólico, mas já que estava ali, o que custava acreditar um pouco nos boatos que inventavam?

Sentaram-se na grama baixa até que o céu começasse a ficar roxo azulado, anunciando a noite e chiyoko começar a sentir frio com a saia de seu uniforme.

– Você está aqui por causa daquele cara. - Chiyoko ouviu Yuuto sussurrar e o encarou, perplexa.

aquilo não fora uma pergunta e sim uma afirmação. E o jeito que ele se referiu... Parecia saber de quem se tratava. Um pavor repentino formou-se.

– Que...?

– O cara do dia em que te encontrei na pracinha. - a olhou e sorriu amigavelmente.

A ruiva sentiu-se aliviada, mas corou por saber que o garoto ao seu lado sabia de suas intenções. Era impressionante como ele estava lá quando o assunto da questão era Fukuda.

– Você acredita mesmo nesse rumores? - ele perguntou, encarando o céu, já estrelado.

– Eu preciso! - ela sussurrou.

– Hã?

– Eu preciso ir embora. – elevou sua voz mais que o normal – Não posso abusar da minha sorte! – disse e levantou-se correndo para as escadas.

Parou e olhou para Yuuto. O mesmo, que até o momento a olhava sem expressão, sorriu, levantou-se e seguiu ao seu encontro. Assim Chiyoko continuou a correr para descer o mais rápido possível.

No último degrau, ela deu um pulo e virou-se para Yuu-chan, que vinha atrás dela. Sorriu e mostrou o polegar para ele, que fez o mesmo.

– Eu estou muito feliz! – anunciou e deu pulinhos.

–... – o garoto apoiou-se em sua bicicleta e continuou a sorrir.

– Sabe quando você acha que tudo está perdido, mas uma chama reacende em seu coração? – ela empolgou-se.

Já não ligava mais para o fato de Yuu-chan estar ali com ela. Era legal ter com quem compartilhar aquela felicidade. Aoi teria que perdoá-la, de novo. Tentou assimilar seu sentimento por ele como um de amigo muito querido, mesmo tendo o conhecido a tão pouco tempo.

Talvez ela estivesse se enganando assim por estar muito empolgada com seu novo amuleto da sorte.

– Vamos. – Yuu-chan parou ao seu lado.

Ela o encarou sem entender, então ele apontou para a bicicleta. A garota analisou bem não encontrando bagageiro ou pezinhos. O olhou novamente, cenho franzido. Então ele retirou uma das mãos do guidão e virou o rosto para o outro lado.

Depois de dar uma de lerda, ela se tocou que ele queria que ela sentasse no cano superior. Ela corou levemente.

– Eu posso ir andando. - tentou.

– Está muito tarde. - ele disse - Assim seria mais rápido. - ele permaneceu sem a encarar.

Chiyoko sorriu de lado.

– Me desculpe. – ele pediu quando ela sentou-se – Eu não carrego muitas pessoas.

Chiyoko não respondeu, apenas segurou-se próximo as mãos dele e tentou não fazer ouvir seu coração acelerado, mas se sentia confortável.

O frio veio rapidamente, já que o vento batia mais acirrado com a velocidade da bicicleta, ela já começava a tremer. Sentiu um casaco ser posto sobre ela.

– Parece que você não se preveniu tanto assim. – ele sorriu ainda mantendo os olhos na estrada.

Ela fez um bico e não mais evitou escora-se nele, já que seus braços estavam cansando e ela sabia que calor humano aqueceria. Além disso, ele podia não estar mostrando, mas também estava com frio.

Ao chegarem na estação, Yuu-chan deixo-a descer e sorriu para a mesma. Ela desviou o olhar para qualquer outro lugar e mexeu os dedos inquietamente.

– Me desculpe por ser um incômodo hoje. – falou quase que em um sussurro, mas alto o suficiente para o garoto ouvir.

Ele sorriu de canto e deu duas batidinhas no topo de sua cabeça.

– Eu não podia fazer por menos pela minha enfermeira. – e deu uma piscadela.

Ela corou ao extremo, fez um reverência exagerada e desceu as escadas correndo para pegar o metrô o mais rápido possível.

Para sua sorte, o metrô que pegaria estava prestes a partir, mas teve tempo de entrar no vagão, recebendo olhares tortos das pessoas que já se encontravam lá. Sentou-se no banco vazio próximo a porta e suspirou.

Quando movimentou a cabeça para olhar pela janela, notou que tinha ficado com o casaco do garoto que passara a tarde inteira com ela. Lutou contra si mesma, mas o cheiro que emanava do casaco era todo e exclusivamente de Yuuto.

– Só pode ser brincadeira. – murmurou com os olhos fechados.

Permaneceu corada o resto do caminho.

...

– Tia Nana, cheguei. – Yuu-chan anunciou entrando em uma casa com algumas sacolas.

Uma mulher vestindo um vestido solto e com aparência de seus cinquenta e poucos anos apareceu sorrindo.

– Você demorou tanto que achei que tivesse enjoado de mim como meus filhos fizeram. – sorriu gentilmente.

As rugas de preocupação ao redor dos olhos eram evidentes. Yuu-chan tentou não ranger os dentes ao demonstrar a raiva que tinha na frente de sua tia dos próprios filhos mal agradecidos dela.

– Desgraçados. – murmurou entre dentes.

Levou as sacolas à mesa e abriu uma delas. Suspirou, tentando se acalmar e sorriu forçadamente para a mulher, Nana.

– Eu trouxe onigiris recheados. – mostrou-os – Seus preferidos.

Ela sorriu de volta e seguiu vagarosamente até ele.

Depois que sua tia tinha ido dormir, o garoto se despediu dela com um beijo na testa e saiu da casa em sua bicicleta para seguir para a sua. Notou que seu casaco favorito havia ficado com certa garota e que estava bem mais frio agora. Sorriu conformado e tentou seguir o mais rápido possível para casa.


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Notas finais do capítulo

Vocês alegram minha vida ~mimimi~ Mas é sério!
Lembrando que, além da província ser de Shizuoka, todo o resto vem completamente da minha imaginação, okay? kkk
Agora me digam o que acharam desse capítulo! Estão torcendo pelo Yuu-chan? Comentem
Vejam a música com tradução aqui: http://letras.mus.br/gumi/childhood-blues/traducao.html



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