Destrua-me escrita por David JV


Capítulo 1
Não Pule.


Notas iniciais do capítulo

Destrua-me foi minha válvula de escape pra não enlouquecer quando tudo a minha volta me inclinava para isso, o contexto da estória é baseado em acontecimentos próprios e situações que pessoas próximas a mim passaram, claro, sendo a maior parte do texto e ficção.



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Destrua-me

Capítulo 1: Não pule.

Minhas roupas estavam jogadas do outro lado do ginásio, o lugar era iluminado apenas pelas luzes embaixo da piscina, a penumbra que caia sobre as arquibancadas serie aterrorizante para mim três anos atrás, e o garoto magro, pálido no meio do trampolim fechava com chave de ouro o show de horrores. Só pra constar o garoto era eu.

Eu não conseguia me decidir entre, dar um salto como os profissionais que eu via na televisão, ou pular de costas, dependendo do meu desempenho essa opção deixava as chances de traumatismo craniano em aberto. Pelo menos era isso que dizia o documentário que eu havia assistido dois meses atrás, no mesmo dia em que eu rasguei meu pulso com uma lâmina de barbear. Minha mãe me achou a tempo de me costurarem, mais uma vez, o que era um porre quando qualquer idiota que via pelo lado de fora sabia que eu não queria ser salvo.

A superfície do trampolim tremeu, e quando eu fui ver já estava em queda livre, meus braços cortaram o impacto com a água antes que minha cabeça tivesse a oportunidade. Toquei o fundo da piscina com os pés e me impulsionei para cima, cortando caminho pela água ate chegar à superfície, no mesmo instante em que as portas do ginásio se abriram com um estrondo.

Um dos guardas de quem eu tive que me esconder para entra apareceu com uma lanterna na mão mirando nas arquibancadas. Nadei até onde estavam minhas roupas estavam, tentando não chamar atenção, o que não deu em absolutamente nada, porque logo depois de vesti minha cueca a luz da lanterna foi mirada em mim.

–Ei, Você! O que esta fazendo aqui? –o segurança perguntou caminhando em passos largos em minha direção.

Peguei o restante das minhas roupas do chão e comecei a correr, desobedecendo às placas ali perto que diziam: “NÃO CORRA AO REDOR DA PISCINA”, e os avisos irritados dele ameaçando chamar a policia se eu não parasse, como se eu fosse idiota de achar que ele não chamaria a policia de qualquer forma, e invasão de propriedade particular não era uma coisa que meus pais gostariam de ver na minha ficha.

As luzes dos corredores por onde eu passei não eram ativadas por presença para minha sorte e azar, já que eu tinha me batido mais de uma vez nos armários delatando minha presença.

Tinha outro segurança no final do corredor por onde eu estava indo e o que estava com a lanterna ainda não era visível, mas eu podia ouvir o som dos seus sapatos entrando em contato com o piso de linóleo.

Girei a maçaneta da primeira porta que eu vi rezando para que estivesse aberta. Entrei na sala e fechei a porta sem fazer barulho.

–Quem está ai? –perguntaram quase me fazendo ter um ataque cardíaco.

Virei-me e encontrei um abajur feio iluminando uma pilha de papeis em cima de um birô, e um cara com óculos se esforçando para ver quem tinha entrado.

–Eu fiz uma pergunta. –ele falou novamente, agora com rispidez.

–Um aluno? –respondi.

–São quase 22h, um pouco tarde para um aluno esta aqui. –ele me repreendeu em seguida as luzes fluorescentes da sala foram acesas.

–Dá pra você apagar esse negócio?! –reclamei, tapando os meus olhos com uma das mãos.

–Venha para onde eu possa ver você.

Tropecei até chegar a uma carteira perto do birô. Ele apagou as luzes depois que eu me sentei.

–Você não estuda aqui. –antes que eu perguntasse alguma coisa ele conclui-o. –Se estudasse já teria te visto. –explicou.

–Eu começo na segunda, mas já estou matriculado então tecnicamente eu já sou um aluno.

–Qual é o seu nome? – ele perguntou desconfiado.

–Não pode esperar até segunda? –questionei, vestindo minhas calças.

–Por que você esta sem roupa? –ele arregalou os olhos como se só agora tivesse notado a minha falta de vestimentas. “Falta de vestimentas soou péssimo, eu sei.” Eu também tinha notado seus olhos azuis escuros, e o cabelo castanho claro caindo na sua testa, provavelmente o efeito do fixador devia esta acabando.

–Eu estava nadando, não ia fazer isso usando roupas. –Levantei da cadeira para acabar de vesti minha calça.

–Não podia ter esperado até segunda? –ele retrucou.

–Não gosto de plateia, por isso comecei a correr quando o segurança apareceu. –passei os braços pelas mangas do meu moletom.

–E de todas as salas veio para aqui. –isso não era uma pergunta só estava sendo sarcástico. Ele colocou as mãos atrás da cabeça, mostrando a definição dos seus bíceps, mesmo escondidos atrás da camisa social.

–Sua vez. –falei.

–Do quê? –ele franziu a testa, pego de surpresa.

–De falar o que esta fazendo aqui? – revirei os olhos.

–Não que isso seja da sua conta, mas eu estava corrigindo atividades, até você me interromper. –ele apontou para porta.

–Por favor, não pare por minha causa, será como se eu não estivesse aqui. –sorrir.

–Por que você simplesmente não vai embora antes que eu diga a alguém que você invadiu a escola à noite e usou a piscina sem autorização? –ele sugeri-o, tirando os óculos e os limpando na bainha da camisa.

–Se eu sair eu me fero se eu ficar também, então porque eu me moveria daqui? –dei de ombros.

–É inacreditável. –ele sussurrou soltando lufadas de ar. –Por que você está aqui afinal?

–Já te disse, eu vim nadar. –respondi. –Que dizer... Nadar não foi à ideia inicial. – me corrigir.

–E qual seria? –ele se inclinou para trás na cadeira.

–Suicídio. –falei. –Mas eu achei que não seria viver todo meu potencial, morrer em uma escola em que eu sequer comecei a estudar. –comecei a calçar o meu tênis.

–Você está falando serio? –ele parecia cético em acreditar.

–Que sabe? Esquece. –Amarrei o cadarço do meu ultimo tênis e me levantei. –Acho que já deu tempo dos dois patetas se espalharem. –apontei com o polegar a porta.

–Também acho. –ele concordou.

Caminhei até a porta, mas parei antes de abri-la.

–Valeu por não me dedurar professor. –agradeci.

–Esse é um favor que eu vou cobrar, e a proposito eu me chamo Vicente. –assenti.

–Vicente, ok. –virei para ir embora.

–Não vai me dizer o seu? –ele perguntou.

–Vai querer gastar o seu favor nisso?

–Não.

–Então vai ter que esperar até segunda. –depois disso fui embora.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Nos vemos no próximo.



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