Ao chegarem ao prédio onde moravam, Steve e Sharon desceram da Harley-Davidson e retiraram os capacetes. Depois de entregar o seu para o Capitão, a ex-agente da S.H.I.E.L.D sorriu e começou a caminhar pelo estacionamento.

— É impressão minha ou você está começando a gostar desta coisa? — indagou Steve enquanto pendurava os capacetes na moto.

— Foi como você disse, é só segurar firme. — insinuou Sharon, o que fez o Capitão olhar imediatamente para ela e arquear um pouco as sobrancelhas, se lembrando de como ela havia seguido à risca aquela orientação e de como ele havia gostado disso.

Instantes depois, ele a seguiu, a alcançou e os dois empurraram uma porta que dava acesso às escadas. Enquanto subia ao lado de Steve, Sharon agradeceu:

— Obrigada pelo café. E pela noite. Foi divertido.

— Nós temos que fazer isso mais vezes. — sugeriu ele.

— Quando você quiser, Cap. — assentiu ela arrancando um leve sorriso dele.

Depois de subir mais alguns lances, Rogers se lembrou de algo e mudou de assunto:

— Tem certeza que quem te ligou era mesmo da C.I.A?

— Como assim? Você acha que pode ter sido alguém da HYDRA? — perguntou Sharon um tanto surpresa.

— Eu espero que não, mas é possível. — respondeu o Capitão. — Corte uma cabeça e duas surgirão em seu lugar. — acrescentou lembrando-se do lema daquela organização.

— Você acha mesmo que a HYDRA pode ter se infiltrado em outras instituições? Como na C.I.A ou mesmo... No Governo? — preocupou-se Sharon.

— Até há alguns dias eu achava que ela estava extinta há décadas, que tinha acabado junto com o Caveira Vermelha. No entanto, a S.H.I.E.L.D estava comprometida este tempo todo, então... Sim, eu acho que isso ainda não acabou. Você devia tomar cuidado. — aconselhou Rogers antes de chegar ao andar em que ele e Sharon moravam. Ao perceber que ela havia ficado um pouco preocupada, ele lamentou: — Me desculpe, eu não devia ter dito isso. Para todos os efeitos, você foi chamada para trabalhar na C.I.A, eu devia te dar os parabéns.

— Não, tudo bem. — tranquilizou Sharon parando perto da porta do seu apartamento. — Você está certo. Muitos agentes da HYDRA foram mortos, outros detidos, mas nós realmente não sabemos se sobrou alguém. Acho que nós nunca vamos saber de verdade. Pelo menos, não até algo naquelas proporções acontecer de novo.

— Aquilo não vai acontecer de novo. — afirmou Steve. — Agentes como você vão trabalhar para que isso não aconteça.

Sharon sorriu levemente e retribuiu:

— Heróis como você também.

— Parece que nós temos muito trabalho pela frente então. — refletiu o Capitão América.

— Temos sim. — concordou Sharon.

Houve um longo momento de silêncio durante o qual os dois não souberam mais o que dizer e desviaram do olhar um do outro, um tanto constrangidos. Era impossível não se lembrar do quase beijo no Lincoln Park e nem do que eles conversaram ao longo da noite. Muito menos da proximidade física proporcionada pela Harley-Davidson que os levou de um lugar ao outro.

Em contrapartida, o momento de se despedirem se aproximava, mas nenhum dos dois parecia estar realmente pronto para isso. Nenhum dos dois queria isso de verdade. Mas também não queriam assustar o outro com alguma atitude intempestiva e passional demais.

— Por falar em trabalho, — recomeçou Steve enquanto passava um dos dedos pela sobrancelha direita — eu quero te pedir uma coisa. Eu já queria te pedir isso antes, mas agora que você vai trabalhar na C.I.A... É perfeito. Talvez você possa me ajudar ainda mais estando lá dentro.

— Ajudar? — perguntou Sharon com certa curiosidade.

Depois de uma breve pausa, Steve expôs:

— Olha, depois de tudo o que aconteceu, eu passei a confiar em poucas pessoas. Você é uma delas, Sharon.

— Do que você precisa? — indagou ela sentindo-se honrada com o voto de confiança.

— Que você me ajude a encontrar o Bucky. — revelou o Capitão América por fim.

— Você quer dizer... O Soldado Invernal? — questionou ela um pouco confusa.

— Eu sei que a maioria das pessoas o conhecem por este nome, que ele fez um grande estrago, mas aquele não é o Bucky de verdade. Ele passou por... Experiências e foi transformado naquilo contra a sua vontade. — explicou Steve com certa tristeza. — Mas no fim de tudo, eu sei que ele me reconheceu, eu sei que ainda posso salvá-lo. Eu sei que o Bucky ainda está lá e eu não posso desistir do meu amigo. Não posso e não vou.

Sharon o observou enquanto pensava um pouco, depois sorriu levemente, assentiu com um meneio de cabeça e se comprometeu:

— Pode contar comigo, Cap.

Depois de respirar aliviado, ele agradeceu:

— Obrigado.

— Não por isso. — respondeu Sharon.

Logo, um novo e profundo silêncio se instalou entre eles e os dois ficaram se olhando.

— Então... — murmurou Steve.

— Então... — repetiu Sharon sorrindo um tanto sem graça. — Ah... Então, boa noite. — disse em seguida em tom de despedida.

— Boa noite, vizinha. — retribuiu ele. — E boa sorte no novo emprego.

— Ah... Obrigada. — agradeceu Sharon antes de se virar e procurar as chaves na bolsa.

Logo ela encontrou o que procurava e colocou uma das chaves na fechadura. Steve a observou por alguns instantes, antes de abaixar um pouco a cabeça e começar a se afastar.

No entanto, Sharon se virou de repente e o chamou:

— Cap...

— Sim? — disse ele voltando imediatamente e a fitando nos olhos.

— Eu esqueci uma coisa. — anunciou ela.

Antes que Steve perguntasse o que era, Sharon se aproximou rapidamente, envolveu o rosto dele entre as suas mãos, o trouxe para mais perto do seu, fechou os olhos e pressionou seus lábios contra os dele com ímpeto.

Steve fechou os olhos no mesmo instante e deixou que suas mãos encontrassem a cintura de Sharon de uma forma gentil e romântica. Logo seus lábios se abriram um pouco e se encaixaram ainda mais nos lábios macios dela. Se envolveram de um forma a princípio calma, mas logo com mais intensidade, fazendo com que os dois sentissem seus corações baterem mais forte e uma certa dificuldade para respirarem.

Em seguida, as mãos de Rogers migraram da cintura para o rosto de Sharon e o beijo se tornou ainda mais envolvente, profundo e delicioso.

Algum tempo depois, seus lábios se afastaram devagar, mas seus rostos ainda permaneceram próximos, suas testas apoiadas uma na outra e seus olhares se cruzando continuamente.

Com um leve sorriso estampado em sua face, e sentindo-se feliz como há muito tempo não se sentia, Rogers perguntou:

— Por acaso você quer uma carona amanhã, vizinha? Primeiro dia na C.I.A... É melhor não se atrasar.

Sharon sorriu de volta, acariciou o rosto dele por alguns instantes e respondeu:

— Combinado.

Depois de soltar um longo suspiro, Rogers disse:

— Então te vejo amanhã, vizinha.

— Até amanhã, Cap. — assentiu ela e em seguida se despediu com um selinho demorado.

Então Sharon deu alguns passos para trás e Rogers a seguiu. Ela se virou na direção da porta e a abriu. Entrou no apartamento, voltou-se na direção do Capitão e lhe deu mais um beijo.

Quando Sharon o soltou e ia fechar a porta, ele colocou o pé na soleira, a impedindo de fazer aquilo, e a puxou para mais um beijo. O último daquela noite. Mas, com certeza, não o último de suas vidas juntos.

— Até amanhã. — encerrou Rogers dando um passo para trás, feliz por finalmente ter encontrado a sua parceira certa.

— Até amanhã. — repetiu Sharon sentindo-se feliz e completa também.

Então ela sorriu mais uma vez e finalmente fechou a porta.

Fim