A Exilada escrita por Fates Warn1ng


Capítulo 2
Entre Irmãos


Notas iniciais do capítulo

O segundo protagonista =)



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Yasuo acordou assustado. Super atento, se levantou com um pulo, apertando o cabo da sua lâmina. Um segundo. Dois. Nada de excepcional, na base do Monte Targon, além do vale que se extendia no seguimento do rio. Se tranquilizou aos poucos, passando lentamente a mão no rosto suado, e soltando um suspiro baixo.

Começou a caminhar na direção do rio, à passos pesados. A lua, em seu auge, refletia perfeitamente o rosto do espadachim na água escura. Um rosto cansado, com várias cicatrizes, de onde uma barba mal feita se desenhava. Os cabelos continuavam imensos, descendo até sua cintura, mas não era mais lisos como antigamente. Estavam emaranhados e imundos.

Olhou para si mesmo por vários segundos. "Como pude chegar a isso?", se perguntou, diante de tamanha decadência. Era um mestre das armas de Ionia, o único ioniano que se havia se especializado na Arte do Vento, segredo esquecido após tantos anos. Estava destinado a se tornar um grande herói na guerra contra Noxus. Sabia disso. Seu tempo estava para chegar.

Até cometer o erro de desobedecer uma ordem. Uma única ordem...

– Minhas intenções eram boas... - Disse fechando os olhos com força, juntamente com os punhos.

– Sem dúvida! - Uma voz fria rompeu o silêncio da noite.

Yasuo se virou rapidamente, já sacando sua katana longa enquanto fitava seu interceptor. E seus olhos não puderam acreditar no que via. Conhecia tudo naquele homem. Os olhos, profundos como o de um felino selvagem, os cabelos castanhos e cuidadosamente penteados. Até mesmo a voz, aguda.

Não pode resistir a dar uma longa gargalhada, deixando claro o quão estava nervoso e desconfortável com a visão da figura.

– Até você? Não é possível...

O homem deu um passo mais para frente. Trajava uma armadura leve Ioniana e trazia uma expressão de superioridade absoluta, estampada em seu rosto.

– Aparentemente você deu mais trabalho do que imaginávamos. - Sua voz não trazia ironia ou provocação. Simplesmente constatava fatos, sem inserir a menor emoção. - Mas você é minha responsabilidade. Acho que sempre soube que esse dia chegaria.

Yasuo mordeu o lábio inferior, franzindo o cenho. Temia aquele dia, e aquele homem, desde que fugira de Ionia. Recuou, a medida que o inquisidor avançava, sentindo rapidamente a água molhar seus pés.

– Irmão... - Tentou começar.

– Yasuo! - O corte foi rápido. - Não há mais nada a ser dito entre nós!

O homem avançou, pulando em sua direção, espada em riste. Yasuo apenas bloqueou, rolando em seguida para o lado. Yone sempre havia sido um exemplo em sua casa. Espadachim brilhante, filho melhor ainda. Amava Ionia sobre todas as coisas, e subiu rapidamente em sua carreira militar. Era o exemplo que o jovem Yasuo sempre sonhou seguir. E agora estava ali para matá-lo.

– Yone, você precisa me escutar! - Vociferou, defendendo mais uma série de ataques do homem. - EU NÃO MATEI O ANCIÃO!

– CALADO! NÃO OUVIREI MAIS MENTIRAS SUAS! - Yone bradou, antes de voltar a atacá-lo, com ainda mais intensidade.

Yasuo não queria ferir o irmão. Mas aquela luta estava ficando cada vez mais perigosa. Yone era muito rápido, e lutava de modo agressivo.

– EU ABANDONEI MEU POSTO PARA LUTAR NO CAMPO DE BATALHA! POR IONIA! NÃO CONSEGUE PERCEBER QUE MATÁ-LO NÃO FARIA NENHUM SENTIDO! YONE! VOCÊ ME CONHECE! ACREDITE EM MIM! NÃO ME OBRIGUE A MACHUCÁ-LO!

– TRAÍDOR! - Yone se irritava cada vez mais com as falas do caçula.

E Yasuo, aos poucos, foi começando a entender que não haveria um amanhecer para um deles. Yone era extremamente fiel a Ionia. E valorizava as ordens acima de tudo. Se as ordens exigiam sua morte, o irmão não hesitaria em fazê-lo.

Yasuo deu um salto para longe, sentindo as lágrimas escorrerem de seu rosto. Amava o irmão, assim como Ionia. Mas não morreria como um traídor desonrado. Havia prometido a si mesmo que um dia limparia seu nome, e faria o verdadeiro culpado pagar.

– Yone... melhor você parar agora... antes que me obrigue a fazê-lo... - Avisou por fim, apontando a espada para o irmão.

Antes de ser renegado, Yasuo havia obtido o título de Imperdoável, por jamais dar uma segunda chance para oponentes vencidos. Yone pode ver em seus olhos. Seu irmãozinho não estava brincando. Agora era para valer.

Yone assentiu, lentamente, fitando os olhos úmidos de Yasuo.

– Estou te desafiando a fazê-lo. - Disse por fim.

Avançou, para decidir o combate.

A decisão foi mais rápida do que ousou imaginar. Logo Yasuo estava sobre o corpo moribundo de Yone, que se afogava em sangue, devido ao corte em seu pescoço. Yasuo jogou sua espada longe, se ajoelhando ao lado do irmão. Estava emocionado, assustado e ferido. Havia matado seu irmão, seu melhor amigo.

Yone ainda tentava respirar, com os olhos arregalados. A dor era imensa, mas a perplexidade a transformava num simples plano de fundo. Havia falhado com Ionia. Havia falhado com sua família. Talvez merecesse aquele destino.

– COMO PODE ME ACHAR CULPADO? - Yasuo exigiu saber, apertando a cota de malha dele, num choro compulsivo. - EU AMO VOCÊ. AMO A NAÇÃO!

– O ancião... foi morto por uma técnica de vento... - Yone disse, lentamente. - Quem mais... poderia ser...

Aquela simples fala do irmão, transformou um grande quebra-cabeça interno em sua mente passar a fazer sentido. "Morto por uma técnica de vento." A frase ecoou em seus pensamentos por vários segundos, sendo interrompida apenas por um aperto em seu braço.

Yasuo voltou a atenção para o irmão, que ergueu um pouco a cabeça, pronto para dizer suas últimas palavras.

– Yasuo... eu espero que você tenha uma morte hedionda... - Tossiu, sem forças para continuar. - Você não é meu irmão...

A frase foi como uma punhalada no coração do jovem. Yasuo fitou os olhos do irmão, pronto para retrucar. Percebendo que não havia vida ali. Yone estava morto. Junto com o resto de heroísmo que havia dentro de si.

Yasuo percebeu uma coisa naquele dia. Não poderia voltar a Ionia jamais. Mesmo que provasse sua inocência, havia assassinado o próprio irmão. E mereceria pagar, por aquele crime.

Mas, recebera um novo propósito. Pela primeira vez, sabia exatamente com quem teria que lidar. Quem era o alvo de toda sua ira. Não sabia o nome dela, nem sua localização. Mas lembrava perfeitamente de seu rosto. E não importava quanto tempo levasse. Sabia que um dia, iria encontrá-la. Era hora de voltar a ser o caçador.

– Sua morte não será em vão... - Prometeu para o corpo de Yone. - Seu objetivo se cumprirá... ela não vai sair impune. Eu te prometo isso... - Disse, já se emocionando novamente, e voltando a chorar.

Quando terminou o sepultamento, já era de manhã. Outros podiam vir em seu encalço, e não podia desperdiçar um único segundo de busca, então fez uma última oração no túmulo do irmão e partiu, com seus longos cabelos balançando à brisa de verão.


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Notas finais do capítulo

Usarei alguns chars com skins, então vou postar sempre no final a foto que corresponde a "real aparência" dele na história.

Yasuo: http://ddragon.leagueoflegends.com/cdn/img/champion/splash/Yasuo_0.jpg
Mapa de Runaterra: http://i.imgur.com/EYUYL1N.jpg



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