I'm Not Hydra escrita por Jessyhmary


Capítulo 6
Maldito Passado


Notas iniciais do capítulo

Olá, amores!! Mais um capítulo pra vcs!!

Estava estudando os rumos da história... So, desculpem-me a demora!
Vamos ver o esperado encontro entre Julia e Simmons!
Bem, é melhor eu ir, senão vou falar demais... hehehe ^^

#BoaLeitura!



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Jemma podia sentir o ferro circular machucando seu pulso e aquela cadeira começava a ficar desconfortável. Já havia passado o inferno em Low Newton, então, não se incomodou em reclamar da dor. Apenas permanecia de cabeça baixa, concentrando-se em respirar. Na sua mente, milhares de pensamentos a torturavam, mas a cena de ver o corpo de Triplett tombando sem vida era o pior deles naquele momento.

– Ela está aqui. – a voz debochada de Hand aparecia como um buraco negro, sugando a luz que poderia haver naquela sala. – E ela veio exclusivamente por causa de você.

Simmons permaneceu em silêncio. A ideia de encontrar Julia Thompson depois de quase dez anos era incrivelmente perturbadora. Ao mesmo tempo em que se lembrava de tudo que haviam passado juntas, lembrava-se do dia em que fora covarde o suficiente para abandoná-la numa circunstância em que o abandono não era uma opção. E aquilo a perseguia todos os dias. Jemma Simmons havia deixado sua melhor amiga para trás e aquilo a corroía dia após dia, silenciosamente. Um maldito passado que a condenava de novo e de novo. Um maldito filme que rodava na sua cabeça todas as noites.

– Eu quero vê-la. – Simmons permitiu-se uma boa dose de coragem.

– Oh, querida – Hand apoiou as mãos nos joelhos e baixou-se para ficar na mesma altura que ela. –Não mais do que ela quer vê-la.

Hand endireitou-se e girou nos calcanhares, seguindo a passos firmes até a garagem onde Julia havia deixado o Quinjet. A morena mal colocara o primeiro pé na garagem quando ouvira o som dos passos firmes de Julia. “Você só pode estar brincando!” pensou Victoria ao assisti-la andando numa determinação implacável. Ela não podia ser normal. Hand evitou olha-la com admiração, seu ego recebendo um balde de água fria com a presença daquela mulher imponente. Seus quase trinta anos apenas a faziam parecer ainda mais bonita. Julia poderia ser uma assassina, uma terrorista ou uma psicopata, mas não dispensava causar uma boa impressão. Não que ela se importasse com a opinião dos outros. Apenas gostava de sentir os olhares vindos em sua direção. Divertia-se ao ver homens e mulheres quase caindo aos seus pés. Se ela tivesse de escolher alguém de quem sentir inveja, seria dela mesma.

– Hey Vic! – ela parou na frente da mais velha, sustentando um sorriso triunfante. – Deixou algum pedaço da garota pra mim ou você já a devorou com os olhos?

Hand desfez seu meio sorriso e se perguntou o porquê de haver chamado aquela mulher ali. Julia definitivamente conseguia tirá-la do sério.

– O trato era que você ia tortura-la. Não eu. – Victoria respondeu amarga.

– Se eu bem me lembro de Jemma – Julia cruzou os braços e fingiu uma expressão pensativa. – ela era linda mesmo dentro daquele buraco chamado Low Newton. Agora, como uma agente da S.H.I.E.L.D... – Thompson continuava a provoca-la. – Nossa, Victoria... Fala a verdade. Você não se controlou, não é mesmo?

– Não me faça me arrepender por tê-la trazido aqui.

– Você se arrependeu no momento em que desligou o telefone, Vic. – ela seguiu pelo corredor, andando lentamente, enquanto testava os neurônios sãos de Victoria Hand. – Mas você não pode negar que eu sou a melhor para o serviço. Ainda mais por se tratar de algo tão pessoal.

Hand não respondeu. E nem poderia.

– Mas, vamos falar de negócios... Onde está a minha querida Jemma?

– Última porta a esquerda.

– Ótimo – Julia sorria, aproximando-se da tão esperada porta. – Aí vamos nós, Jemminha.

A maçaneta girou lentamente e o olhar de Simmons paralisou sobre a porta. Seu coração acelerou-se e ela teve a ligeira impressão de que iria desmaiar. Foi como se a tivessem colocado de cabeça para baixo. Devia estar vermelha como um pimentão naquele momento.

E Julia adentrou a sala.

Victoria Hand havia ficado do lado de fora segundo as instruções de Thompson e não pôde assistir à cena. Simmons a encarava, tentando controlar o bombardeio de emoções que naquele momento preenchiam seu cérebro. As duas garotas britânicas de Low Newton estavam frente a frente.

– Oi Jemma. – Julia pronunciou estranhamente amigável. – Quanto tempo.

– Julia – foi tudo o que saiu dos lábios de Simmons. – Oi.

– S.H.I.E.L.D., hein? – ela pegou uma cadeira e sentou-se de frente para Jemma. – Sabia que ia longe.

– Obrigada...? – a cientista estranhou o comentário.

– Nossa... Como você... Cresceu.

Agora era oficial: Julia Thompson havia pirado. Ou pelo menos era isso que Jemma tinha em mente. Sua suposta carrasca estava sendo gentil? Thompson são era exatamente gentil e amigável, embora Simmons soubesse mais do que nenhum outro como ela podia ser a melhor amiga que alguém poderia ter. Ela sabia que a havia traído. Sabia que Julia sabia disso. Então por que ao invés de começar logo a tortura, Julia estava sendo legal? E tão convincente?

– E você... Continua loira. – Simmons observou. – Parece que gostou da cor.

– Combina comigo – Julia respondia, segurando uma mecha do seu próprio cabelo e alisando as pontas com os dedos, observando a cor dourada. – Além do mais, meu cabelo clareou com o tempo. Eu só dei um empurrãozinho.

– Sim, combina. – Simmons concordou, ainda um pouco desconfiada daquela conversa amistosa.

– Sabe o que é melhor sobre a cor do meu cabelo? – ela levantou-se e seguiu em direção à sua mala que havia ficado no canto da sala. – As pessoas olham para mim e pensam: “Olha, uma loira indefesa.” – ela abria o zíper da mala e procurava pacientemente. – Aí é uma ótima oportunidade pra provar a eles o contrário. – ela retirou uma mala menor de dentro da mala grande e voltou para onde estava, a colocando sobre uma mesinha, próxima à Simmons. – Daí eu encho eles de porrada e pergunto: “Quem é a loira indefesa aqui, hein?!” – ela abriu a mala e voltou a sentar-se em frente à cientista. – É uma ótima sensação.

– Qual é seu jogo dessa vez, Julia? – Simmons perguntou, não aguentando mais aquela enrolação.

– Jemma, meu amor – ela levantou-se novamente e encarou a mala aberta. – Eu não vim aqui pra falar sobre o meu cabelo.

Thompson andou até a mala e passou o dedo sobre sua coleção de facas com os olhos fechados. Ela adorava sentir a lâmina fria e afiada com a ponta dos dedos. Era como senti-las pela primeira vez. Era como voltar àquela noite no circo.

– Julia... O que você vai...

– Fazer? – Thompson a interrompia, segurando um alicate elétrico, que já começava a esquentar em suas mãos. – Só o meu trabalho.

– Ai!

Simmons gemia, sentindo o metal quente rasgando e queimando sua coxa ao mesmo tempo.

– Julia por favor!

– Essa é a melhor coisa da tortura, sabe, Jemma? – ela afastou-se e observou a amiga se contorcer, ainda algemada à cadeira. – Todos são fortes e ameaçam... Até começarem a sentir dor.



(...)



Bem, não era a melhor coisa do mundo ser deixada na casa dos outros quando sua mãe estava presa no plantão quase todo fim de semana, mas naquela noite algo aconteceria.

Meu pai, Joseph Thompson, tinha ido buscar minha mãe no hospital, já passava das duas da manhã. Ele tinha passado no Carl’s depois do expediente e provavelmente tinha tomado umas doses de tequila, como costumava fazer aos sábados. Ele não sabia que minha mãe, Elizabeth Thompson ia largar o plantão antes das sete da manhã. Mesmo com o aviso dos amigos, meu pai se julgou lúcido o suficiente pra ir busca-la. De moto.

Encontraram apenas os destroços.

Eu já estava dormindo quando ouvi Wanda falando com os policiais na porta. Desci as escadas correndo e passei por eles, até avistar a ambulância com suas luzes vermelhas iluminando todo o quarteirão. Meus pais estavam mortos.

Entrei novamente na casa, meus passos eram lentos, quase errantes. Mas as lágrimas não desciam. Meu peito apertava. Ouvia a voz de minha mãe chorando ao ter perdido o Jeremy em seu ventre. Ouvia meu pai lamentando ao seu lado. As lembranças nublavam minha mente. Caminhei até a cama. Deixei Wanda bater na porta do quarto até cansar e me deixar em paz. Meu aniversário de treze anos era em duas semanas... E eu havia perdido meus pais.

Ótimo... Que belo presente do irônico destino!

Nem me espantei tanto assim. Era como se estivesse preparada pra qualquer coisa. Foi necessário apenas uma noite de sono para que eu acordasse bem no dia seguinte. Determinada a sobreviver. Meus olhos estavam inchados. As lágrimas finalmente saíram. E a dor pareceu menor a cada dia.

Naquela hora eu percebi que era mais forte do que imaginava.

Meus tios assumiram minha guarda e eu passei a frequentar o circo, ajudar Merle e Wanda com a venda na bilheteria. Eu aprendia tudo muito rápido, então sempre me davam coisas novas pra fazer. Até que chegou um dia que me surgiu uma chance de trabalhar no circo.

Com o tempo, eu me tornei sua bela ajudante de palco e sempre aparecia aos domingos para substituir Judith no número do atirador de facas. Bem, nesse dia ele devia estar um pouco nervoso por causa do dinheiro do aluguel ou não sei o quê. Mas a verdade... A mais estúpida e cobiçada verdade era que a adrenalina de me expor ao perigo, simplesmente me fascinava. Domingo era o melhor dia da semana. Estendíamos a tenda, vendíamos os doces... E as facas reluziam como dois pequenos cutelos prateados. A vontade de tocá-las quase causava uma sensação de dormência nas pontas dos dedos, o que eu comecei a chamar de psicopatia. Mas não. Não era tão louco assim. E naquela noite, o número foi diferente. Naquela noite eu entenderia a dor que eu tanto desejava sentir tomando conta de meus impulsos nervosos. O vermelho misturando-se ao negro. A morte se misturando à vida. O simples e momentâneo deslize chamado: desequilíbrio.

Merle errou.

Dessa vez, a faca atingiu a palma da minha mão. A dor repentina me fez gritar, seguida de um sorriso surpreso. Aquilo doía. Mas eu estava quase desejando sentir aquela lâmina. Minha mão ficou presa no quadro de veludo que ficava atrás de mim. A faca havia atravessado. O sangue ficara comprimido por alguns segundos, até que começou a jorrar. Meu tio se desesperou e baixou uma lona com outra apresentação enquanto ele corria até mim, pedindo desculpas. Apenas disse a ele que era um pouco de sangue, não tinha com o que se preocupar.

Voltamos para casa e ele enfaixou minha mão, após costurar o corte. Lembro-me de que Merle se assustou quando pedi que não usasse anestesia... E por mais louco que tudo isso possa parecer, foi naquela noite que eu descobri duas coisas interessantes: Primeiro: um corte na palma da mão pode ser melhor do que você imagina. E segundo... Bem, eu era adotada.


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Notas finais do capítulo

Nossa... Revelações...
E "Ai!" mesmo, Jemma... Isso deve ter doído pacas...

#itsallconnected #StandWithSHIELD!



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