Sacrifício de Garota escrita por Allegra


Capítulo 2
Um idiota violento em uma briga injusta.


Notas iniciais do capítulo

Obrigada à todos que comentaram no capítulo 1 :)
Vívian Santos, Dama das Sombras e Natasya Terava



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A noite do meu primeiro dia passou devagar, Alexy ocupava totalmente nossas conversas e assim era melhor, pelo menos na minha reles opinião. Ele era um garoto legal e animado que me fez sentir confortável.

– Boa noite, Ed-zinho – disse Alexy, antes de apagar as luzes.

Eu fiquei brincando com meus curtos cabelos loiros e depois caí em sono profundo.

{...}

– Acordem meninas! – mandou uma voz agressiva e alta, levantei de supetão, batendo a cabeça na cama de cima e dei de cara com um garoto de cabelos vermelhos e uniforme desgrenhado na porta do meu quarto, ela carregava um taco de basebol e parecia estar se divertindo. – Para fora mocinha, hoje é a tortura dos calouros. – disse apontando para mim, eu gelei ao ouvir a palavra “mocinha”, mas entendi que era só uma crítica á minha sexualidade.

Sem muita paciência, voltei a deitar – Sai daqui! – mandei, com meu belíssimo humor de quando acordo.

Ouvi seu passo vindo até mim, ele arrancou minha coberta e me puxou para fora da cama, me deixando só com a bermuda e camisa larga que havia dormido. Empurrou-me para fora e fechou a porta do quarto, mesmo com minha inútil resistência.

– Me solta! – mandei com ódio, cerrando os punhos. Olhei para a janela e vi que devia ser três horas da manhã ou um pouco mais. – Eu me recuso a participar dessa idiotice! –

O garoto olhou para mim e me prensou contra á parede, por um momento eu corei, porque eu sou uma garota e um lindo ruivo de olhos cinza estava a poucos centímetros dos meus lábios, mas depois me lembrei que naquela academia eu era um garoto, e tinha um idiota ruivo de olhos cinza tentando me bater.

– Escuta aqui, novato. – disse, em tom de ameaça. – Eu mando em você, se me desafiar eu vou transformar sua vida em um inferno. –

Eu encarei firme seus olhos acinzentados, dei uma joelhada entre as pernas e o empurrei. – Não se meta comigo, seu idiota. – disse, tirando o cabelo do rosto. Havia aprendido aquele golpe com Roy, o irmão mais velho, e nunca pensei que fosse tão útil.

Ele se agachou por alguns instantes, mas se levantou logo depois. – Corajoso você... – gritou, correndo em minha direção e me empurrando com a maior força do mundo contra a parede, dessa vez minhas pernas estavam uma do lado da outra, presas pela sua perna esquerda, impossibilitando minha movimentação. – Porém idiota. – com essas palavras, me ergueu pela cintura e me jogou sobre os ombros, meu rosto ficou para suas costas e minhas pernas seguras por seus braços. – Você é muito pequeno para brigar, Nanico. –

Comecei a me remexer e lutar, mas foi em vão, estava á mercê do idiota ruivo.

{...}

Ele me levou até o pátio, onde havia pelo menos vinte garotos, todos medrosos e chorões. Largou-me no centro do lugar e me empurrou para trás, me fazendo cair.

– Escutem meninas, meu nome é Castiel e eu sou o demônio de suas novas vidas! – gritou para os garotos e para mim, atrás dele outros cinco garotos encobertos pela madrugada nos olhavam.

Meu sangue queimou nas veias. Quem aquele cabeça-de-tomate achava que era? – Ah, cala a boca! – gritei, me levantando, nenhum garoto sequer me ofereceu a mão. – Eu não vou te obedecer, seu cretino. – cuspi as palavras, meu irmão Jean me ensinou exatamente como usá-las.

– Cala a boca, nanico. – retrucou Castiel. Eu ouvi barulho estranho e então de repente um jato d’água surgiu me encharcando da cabeça aos pés. - Esfria a cabeça! –

Ouviram-se resmungos e gritos, até que os passos dos inspetores foram ouvidos. Eles deram um severo castigo para Castiel e seus seguidores e nos mandaram de volta para nossos dormitórios.

Quando voltei já passava das cinco, e como teria que acordar às seis e meia de qualquer forma decidi tomar um banho e revisar o material, mas acabei com a tarefa rápido de mais, o que me deu vinte minutos para desenhar.

– Bom dia, Ed-zinho – disse Alexy, em quanto eu desenhava, ele trajava um pijama azul com pequenas nuvens brancas.

– Bom dia Alexy. – cumprimentei, jogando o desenho na pasta da escola. – Vamos tomar café juntos? –

Ele abriu o maior sorriso do mundo e entrou no banheiro, cantarolando o quão bom o dia seria, esperei por uns vinte minutos e ele já estava de uniforme e banho tomado, pronto para partir.

– Ed-zinho, tenho que te apresentar meus amigos. – disse, em quanto me arrastava para fora do quarto.

{...}

No refeitório Alexy me apresentou o irmão gêmeo, Armin, de cabelos negros e olhos azuis e o amigo Kentin, de cabelos castanhos e olhos verdes. Armin estava jogando em um pequeno console portátil, mas foi muito simpático e Kentin parecia muito feliz em me conhecer, feliz de mais.

Em quanto conversávamos eu reparei que o rosto de Kentin era estranhamente familiar, e que ele não tirava os olhos de mim, nem por um segundo.

Continuamos conversando até que um sinal muito alto foi ouvido e Alexy suspirou. – Hora da aula... Ed-zinho, qual a sua primeira? –

– Matemática com o professor Rodolf. – disse já pegando minha mochila.

– Droga a minha é gramática da Regina, Armin, você pode acompanhar o Ed-zinho? – perguntou, já abraçando as costas do irmão.

– Desculpe, minha primeira aula é de história professor Faraize. – respondeu ele, colocando o console na mochila.

Kentin passou o braço pelo meu ombro e sorriu. – Não se preocupe, eu levo o baixinho. –

– Eu não sou baixinho! – retruquei.

Alexy ficou um pouco desconsertado com a informação, mas acabou indo embora junto com o irmão.

Kentin me pegou pelo pulso e começou a andar rápido, eu não podia ver seus olhos, mas sabia que alguma coisa estava acontecendo, quando chegamos a uma parte do colégio extremamente vazia ele me abraçou forte e pude sentir que estava chorando.

– Kentin... Eu fiz alguma coisa? – perguntei, sem ação.

Ele não respondeu.

– Kentin... Responda-me. Estou preocupado. – pedi um pouco irritada.

Ele não respondeu.

– Me responde! – gritei já o expulsando de meu ombro. – Fala logo! Não temos a vida toda! – eu fui bem insensível, sei disso, mas minha paciência é do meu tamanho.

Kentin me olhou com os olhos marejados e sorriu. – Eu senti sua falta Carmim. – disse se aproximando, ele apertou minha cintura para perto da dele e selou nossos lábios, de uma maneira muito gentil até, mesmo que eu não estivesse correspondendo. – Você está igualzinha. –

Eu gelei, não fazia idéia de quem ele era, mas precisava manter o disfarce. – Que Carmim o que? – gritei o afastando com força. – Eu nunca te vi na minha vida! Eu não sou gay! –

Ele ficou me olhando durante alguns segundos e quando abriu os lábios para falar saí em disparada.

{...}

Depois de entrar em três salas erradas eu finalmente achei a de matemática, chegando dez minutos atrasada. O professor, um homem baixo; de cabelos e barba brancos e olhos castanhos, me mandou sentar na fileira de trás e copiar os exercícios, acho que ele gostou de mim por que ambos somos pequenos.

Não olhei para muitos alunos da minha sala, somente para um: o garoto de cabelos vermelhos e olhos cinza. Ele estava sentado na minha frente.

Assim que sentei no meu lugar comecei a pensar no selar que Kentin me dera, ser beijada por um gato daqueles me fazia delirar, mas isso também me trouxe a idéia que ele beijara a minha “versão” masculina, então tecnicamente não tinha beijado a Eden e sim o Eden. Meus pensamentos foram divagando, então comecei a desenhar olhos no meu caderno.

– Anda atrasado, Nanico. – comentou o Cabeça-de-tomate na minha frente.

– Cala a boca, seu idiota, ninguém te dirigiu a palavra. – retruquei.

– Nossa, um menino ousado. – disse e riu, sua voz era calma, porém com algo de sarcástico. – Pode ser estranho Nanico, mas gostei de você. –

– Não me chame de Nanico, Cabeça-de-tomate. – disse eu. – Por que você gostou de mim? –

– Audácia e cara de pau. – concluiu. – Isso você tem de sobra! –

Nós conversamos pelo resto da aula, incrivelmente tínhamos os mesmos tempos naquele dia, então ficamos conversando o dia inteiro (o que foi bom para evitar Kentin). Lanchamos juntos e ele me apresentou o amigo Lysandre, um jovem de cabelos brancos com as pontas cinza e olhos heterocromáticos, um âmbar e o outro verde.

– Então, vocês têm uma banda? – perguntei em quanto fazíamos um lanchinho, Castiel comi um hambúrguer de carne, Lysandre de peixe, e eu tomava um milk-shake de baunilha com morango e caramelo.

– Temos sim. – respondeu Lysandre em quanto escrevia alguma coisa em seu bloco de notas. – Eu canto e Castiel toca guitarra. Eu vim para essa escola para me aprimorar nisso. –

– Jura? – perguntei, de maneira extremamente feminina, fiz questão de tossir e falar com a voz “normal” – Eu também vim aqui me aperfeiçoar, no meu caso, em pintura. E você Castiel? –

– Vim para cá para fazer o curso normal, só isso. – respondeu, olhando para o por do sol.

Eu fiquei o olhando durante um tempo – Eu hein, parece um urubu gay. –

Ele se virou para mim com uma careta. – O que você disse, Nanico? –

– Eu disse, parece um urubu gay. – expliquei.

– Ora seu... – resmungou, começando a me perseguir, levantei e corri, em quanto Lysandre ria.

{...}

À noite, apôs as aulas fui ao clube de pintura, Lysandre fez o favor de me levar até lá. A professora apareceu logo e nos deu telas e cavaletes.

– Hoje nós faremos duplas com os alunos do clube de basquete, eles serão modelos para suas pinturas. Lembrem-se de ser simpáticos. – avisou ela, dito isso dez alunos entraram com suas roupas de ginástica, entre todos eles eu vi um cabelo ruivo e quando seus olhos cruzaram com os meus eu tive que me controlar para não rir.

Castiel estava no clube de basquete.


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