3,0

Não era só um número, era a minha nota de história.História sempre foi uma matéria entediante pra mim, mas dava pra passar, acontece que desde a morte do meu pai minha mãe entrou em um estado pseudo-vegetativo, não tinha ânimo nem forças para fazer mais nada e isso comprometeu a Prim e eu.Gale, meu vizinho e amigo me ofereceu um "emprego" como ajudante do tio dele, não era o melhor ou mais remunerado dos empregos, mas estava me ajudando com as coisas em casa.

Mas pelo visto, isso estava me atrapalhando meu rendimento escolar.O sinal toca e ouço a professora me chamar, coisa boa eu sabia que não era.

Sim professora?

–Katniss, dá pra perceber o quanto você é esforçada nos estudos, no entanto suas notas estão piorando cada vez mais, o que está acontecendo?

–Ando tendo uns problemas em casa, mas se a senhora puder me dar uma chance eu prometo me esforçar

–Tá certo, vou passar uma prova de recuperação na próxima segunda feira

–Obrigada-disse enquanto já ia me retirando da sala até ser chamada novamente

–O que houve?

–Agora que eu lembrei, apesar de sua nota estar ruim em história, você é muito boa em ciências

–Sim, por que?

–Acontece que tem em aluno que está se dando mal em ciências, mas bem em história.Vocês deviam fazer uma dupla de estudos

–Hum...e quem é esse aluno?

–Peeta Mellark

Peeta?, tinha que ser!, como alguém consegue ir mal em ciências?.A professora nem esperou a minha resposta, já tinha chamado ele

–Está certo!, vocês vão fazer uma dupla de estudos!-nem tive tempo de questionar, já que ela foi embora quase voando

–Então...que dia está bom pra você?-ele perguntou olhando pros meus olhos de um jeito tão intenso que parecia buscar algo neles

–Eu vou estar livre no domingo

–Ok,pode ser na minha casa?

–Claro-respondi rapidamente, com certeza não queria que fosse na minha casa

–Então tá combinado, tchau!

–Até!

Chegou o dia, os pais do Peeta eram padeiros e a casa deles era ogo acima.Quando cheguei lá fui recebida por ele, a casa estava muito silenciosa, acho que não tem ninguém

–Olá, por favor entre!

–Você está sozinho aqui?

–Bom...meus pais foram vistar meus avós, estou com minha tia

Não sei por que, mas a ideia de ficar sozinha com ele me deixava nervosa.Ele me conduziu até seu quarto, sua casa era bem arrumada, seu quarto não era diferente

–Você quer me ensinar ou eu te ensino primeiro?- ele perguntou se sentando na cadeira

–Você primeiro

A matéria era revolução francesa, com o Peeta explicando não parecia tão difícil.Logo já estava sabendo tudo e chegou a minha vez de explicar, a matéria era sobre o sistema nervoso, nada muito complicado, pra mim pelo menos.Depois que eu expliquei ele começou a tomar nota, e não deixei de notar a letra bonita que ele tinha, enquanto o silêncio se fazia presente, até que ele resolveu quebrar isso:

–E...pensar que é por causa do sistema nervoso que causa algumas reações estanhas na gente

–Tipo o quê?

–Dizem que um abraço nos faz sentir bem

–É uma reação realmente estranha

–Pois é, ah!, você deve estar com fome, gosta de bolo de cenoura?

–Gosto sim

–Vou lá pegar, volto logo

Logo ele voltou com dois pedaços de bolo e dois copos de refrigerante, começamos a lanchar

–Está gostoso?

–Sim, sua mãe que fez?

–É...foi sim-ele parecia nervoso

De repente seu celular toca

–Com licença-ele diz se retirando rapidamente do quarto

Poucos segundos depois termino de comer, estava realmente delicioso, fazia tempo que eu não comia bolo, mas a companhia dele me fez falta, estranho.Me levanto para levar o prato para a cozinha, mas antes de abrir a porta ouço a voz do Peeta, sua voz estava num tom elevado no qual eu nunca tinha ouvido antes, mas não demorou para ele desligar o celular, quando percebi isso, voltei a me sentar rapidamente fingindo que nada aconteceu.

–Então, onde paramos?-me viro e percebo que ele parece abatido

–Está tudo bem?-me sinto obrigada a perguntar

–Sim, por que?- ah, tinha me esquecido como ele era um mentiroso, mas ele não vai me enganar dessa vez

–Que foi? tem algo no meu rosto?-ele perguntou, nem tinha reparado que ainda olhava em seu rosto, droga! ele não está bem e eu sei disso.Isso me fez lembrar quando ele cantou pra mim no ano passado e em como eu me senti melhor, o que faria ele se sentir bem?

Peeta-chamo ele, que se vira pra mim.Aproveito e envolvo meus braços ao redor do seu corpo, sinto o corpo dele estremecer, o que me fez tentar tirar os meus braços, mas ele me envolve também, não consigo dizer nada só consigo pensar em como eu estava me sentindo bem, quando eu queria ele se sentisse assim.Percebi que estávamos abraçados tempo o suficiente e me afasto

–Já está tarde, melhor eu ir

–Tudo bem, eu te acompanho-ele sorriu, sorriu de verdade

Segunda feira

10,0

Não era só um número, era minha nota de história.Ouvi os parabéns da professora, mas não prestei muita atenção, eu queria ver o Peeta, no intervalo encontro ele

–Katniss, eu consegui me recuperar em ciências, obrigado

–Eu também vim te agradecer, tirei uma ótima nota

–Que isso, se precisar é só avisar

–Igualmente

Nos despedimos e cada um seguiu o caminho para casa, no caminho fiquei pensado no abraço de ontem e o que ele causou em mim, no meio desses pensamentos eu percebi que

Eu não queria que fosse a última vez.

–