À luz de velas e estou polindo minha armadura, o pensamento longe dominado por um sentimento de afogamento em pleno alto mar. Contra minha vontade mergulho na imensidão azul e o ar, como o último dos companheiros de minha mísera vida, me abandona lentamente só me restando o fechar dos olhos e o fluxo natural dar o desfecho dessa enorme peça teatral.
O relógio acalma meu coração, que bate feito um cavalo em plena fúria em seus galopes. No escuro do quarto, não consigo que meu corpo responda as minhas ordens de descansar, os travesseiros pesam.
A brisa gélida da noite entra pelas janelas e me fazem companhia, mas o rosto quente das lágrimas contidas não permitem nenhuma reação a mais. Incrível como a tristeza e a dor podem ser poéticas e o pranto, com algumas notas, se torna melodia.
Que as más palavras dos demais não me penetrem mais do que a espada que um dia me foi cravada ao peito, mas que as feridas ainda permanecem abertas, pois essa é a parte mais dolorosa do processo.
Amanhã mais um dia do preparo para os confrontos acontecerá e gostaria de que o beijo de boa sorte fosse-me dado, mas a distância que massacra meus sentimentos e entorpece meus sentidos quer me tornar mais forte e resistente e que eu saiba engrandecer as mais simples demonstrações de amor.
Que eu possa finalmente tocar o momento que tanto sonho, sentir seus perfumes e sorrir perante suas belezas. Que eu possa abraçar quem tanto espero, que tudo isso ocorra antes que perca minha alma durante a caminhada austera.
Que os elementos da natureza e as estrelas me guardem e me guiem, que a vida e os sonhos ainda me pertençam, que eu não me afogue em minhas próprias lágrimas.