Fix You (CoudPlay)

Quando você faz o seu melhor, mas não tem sucesso

Quando você recebe o que quer, mas não o que precisa

Quando você se sente tão cansado, mas não consegue dormir

Preso em marcha-ré

Tudo poderia ser tão mais fácil. Ela só gostaria de ser uma adolescente normal, preocupar-se somente com suas crises existenciais, mas não... Bonnie Bennett além de bruxa, literalmente, ainda estava apaixonada por alguém inalcançável, proibido.

Com tantos homens no mundo, ela tinha que apaixonar-se justamente por ele? Tão lindo, tão irritantemente manipulador e incrivelmente irresistível com aqueles olhos tão azuis como um céu em um dia ensolarado, sem contar com aquele sorriso de canto, adornando aqueles lábios finos e viciantes.

Oh! Lá estava ela suspirando e sonhando acordada novamente. Como poderia? Logo ela, como inimiga natural de um vampiro, deveria odiar Damon Salvatore com todas as suas forças, mas não.

Não poderia negar que no começo sentia nojo, raiva e receio de ficar próxima à ele... Porém, com o tempo e as circunstâncias, passou a ter um novo conceito sobre aquela criatura tão misteriosa e ao mesmo tempo tão atraente.

Certo que Damon continua o mesmo idiota correndo atrás de uma mulher que queria tanto ele, quanto o irmão mais novo... Certo que Damon não perdia a chance de irritá-la ao ponto dela quase sempre querer “mata-lo” com seus aneurismas... Mas aquele era seu Damon, perfeitamente errado... No entanto ainda era seu... Pelo menos nos seus sonhos mais secretos.

Maldita hora em que foram para o outro lado juntos. Não poderia negar que foi uma experiência inesquecível, apesar dos pesares enfrentados, os dias em que passaram juntos trouxeram sentimentos jamais sentidos antes. Para quem pensava conhecer o amor, Bonnie pode perceber que não sabe nada sobre esse sentimento tão traiçoeiro.

Quando em determinado momento seus lábios encontraram-se, Bonnie sentiu como se milhares de borboletas invadissem seu estômago, descargas elétricas atravessassem seu corpo, tornando seu sangue em larvas incandescentes... Pode até parecer brega, mas até o céu ganhou novas cores e as estrelas brilharam mais ainda...

Eles nada falaram sobre aquele beijo... que repetiu-se não somente uma, ou duas, ou três vezes.

Ah, doces lábios! Bastou uma única vez para viciá-la, torna-la dependente de uma droga muito mais que ilícita. Seus lábios formigavam somente com a abstinência que sofria.

Sentia-se dentro de uma das histórias que costumava a ler nos tempos em que ainda sonhava com um príncipe encantado montado em seu cavalo branco, vindo salvá-la da monstruosa feiticeira.

Oh, o quão ingênua era. Príncipes encantados não existem. Não para ela. Não para uma garota que aparentemente não merecia o amor.

Em todas às vezes em que Damon segurava sua mão, entrelaçando seus dedos, de modo tão firme e acalentador, era como se dissesse “Não precisa se preocupar. Eu estou aqui com você.”, Bonnie sentia-se realmente em casa e sabia que nada poderia fazer-lhe mal.

Simplesmente, porque Damon Salvatore estava com ela. Seu cavaleiro negro que sempre fazia de tudo para mantê-la em segurança, mesmo que isso às vezes colocasse a existência dele em perigo.

No entanto, o dia de voltar para a realidade chegara... Poderia até ser reconfortante, caso aquele sentimento de perda e vazio não estivesse consumindo-a pouco a pouco.

Oh, como doera vê-lo nos braços de outra mulher. Beijando lábios que não eram seus. Amando uma mulher - que por ironia do destino era sua melhor amiga – que não amava-o da forma que ele merecia, nem a terça metade do que ela sentia.

E as lágrimas escorrem pelo seu rosto

Quando você perde algo que não pode substituir

Quando você ama alguém, mas isso se desperdiça

Poderia ser pior?

E em pensar que achara conhecer todo o tipo de dor. Ledo engano.

A dor de um coração partido é insuportavelmente agonizante. É uma dor que pertuba a alma, enlouquece a mente e queima em fogo lento, tornando tudo escuro e frio.

Luzes vão te guiar para casa

E incendiar seus ossos

E eu vou tentar consertar você

Bem lá em cima ou lá embaixo

Quando você está apaixonado demais para desistir

Mas se você nunca tentar, nunca saberá

Exatamente qual é o seu valor

Por não querer mais sofrer ou sentir aquela dor, tomara a decisão mais difícil e complicada que encontrara. Poderiam chamá-la de covarde – e na verdade estava agindo como uma -, mas não importava-se. Não mais. Só gostaria de esquecê-lo, de arrancar aquele amor de seu coração de uma vez por todas.

Por isso, ali estava. Sozinha. No porão de sua casa. Rodeada por velas negras, vermelhas e roxas. Enquanto ela estava sentada no centro daquele pentagrama.

Sabia que era um caminho sem volta. Mexer com magia negra era algo imperdoável, perigoso e indecifrável. O preço a ser pago seria cobrado da pior forma possível.

Mas quem ligaria se ela sumisse? Se ela de uma hora para outra não fosse mais a mesma?

Estava sendo egoísta novamente. Claro que havia pessoas (poucas) que amavam-na.

Balançou a cabeça e respirou fundo antes de ler o nome do feitiço que encontrara no velho livro de magia negra que um dia fora de Qetsiyah...

“Ilusión: A pessoa afetada por esse feitiço esquecerá eternamente a pessoa amada. Todos os sentimentos a respeito desse amor, sejam eles bons ou não, deixarão de existir. Nada e ninguém poderá revertê-lo.”

Fechou os olhos com força, lembrando-se pela última vez do rosto daquele que povoa seus pensamentos.

Respirou fundo e abriu os olhos com determinação, enquanto colocava o livro aberto no chão. Colocou as duas mãos sobre o peito, no local onde seu coração palpitava alucinadamente e começou a recitar o feitiço.

Sentiu uma presença poderosa no ambiente. Em seu frente encontrava-se a alma de sua vó, que olhava-a com tristeza e melancolia refletidos em seus traços faciais.

Sentiu uma pontada forte no coração ao terminar o feitiço. Fechou os olhos com força, ao sentir o mundo rodar, enquanto seu corpo tombava para o lado. A última coisa que visualizou antes de cair na inconsciência, foram olhos azuis mirando-a com uma preocupação e tristeza latentes.

(...)

Acordou com os cantos dos pássaros, que brincavam na árvore em frente a grande janela de seu quarto. O sol já estava alto e brilhava. O céu de um azul intenso.

Sorriu encantada. Estava imensamente feliz como há muito não sentia-se. Parecia que um peso enorme tinha saído de suas costas, assim como uma sensação de vazio em seu coração.

— Só pode ser a fome. – Cantarolou ao ouvir seu estômago roncar. — Dane-se dieta... é hoje que como meu adorado sanduíche de frango.

Rodopiava pelo quarto cantarolando suas músicas favoritas.

Ah, como sentia-se bem. Como sentia-se viva, livre.

Como se finalmente a porta da gaiola que a prendia, tivesse sido aberta e ela pudesse, pela primeira vez, levantar voo.


Fim!?