Atendendo ao pedido de Annabeth, os dois já estavam no Bunker 9. Leo se apoiou em uma das mesas e cruzou os braços, bocejando.

– Ok, do que se trata?

– Primeiramente, vai lavar o rosto ou fazer alguma coisa para acordar, porque você vai precisar prestar atenção – Annabeth respondeu.

Leo deu tapinhas em seu próprio rosto e sacudiu a cabeça.

– Não é minha culpa alguém ter me acordado no meio da noite, mas to acordado já, manda bala.

Annabeth passou o olho em uma das bancadas, para ver se achava algo que deixava a explicação mais fácil, pegou um livro qualquer que tinha capa maleável.

– Vemos esse livro em 3D, certo? Então façamos de conta que temos aqui as três dimensões. Se resolvermos interligar as pontas – Annabeth dobrou o livro e juntou uma ponta de cima com uma ponta de baixo – essa junção, em um mesmo ponto do espaço, dará a 4ª dimensão não é mesmo?

Leo ficou alguns segundos encarando o livro, então piscou e soltou um:

– O queeeeeeee?

– Qualé Leo, não consigo explicar mais facilmente que isso. Hmm, ok... Temos nesse notebook as respostas para fazer a 4ª dimensão, se associarmos ela ao tempo, simplesmente criaremos uma MÁQUINA DO TEMPO!

Leo quase caiu pra trás, enquanto Annabeth sorria animada.

– Annabeth... meus deuses, isso é impossível! Não tem como construir algo assim, não vejo como mudar o tempo através de ferramentas. Nem Cronos conseguia!

Annabeth pegou aqueles papeis com suas anotações e suspendeu na cara do Leo.

– Diga isso para Dédalo e suas fórmulas.

Leo pegou os papeis e os folheou, a cada minuto ia arregalando mais os olhos. Annabeth ficou feliz quando ele acabou de analisar as folhas, porque achava que se Leo ficasse mais algum tempo olhando aquilo, seus olhos iam cair pra fora da cara.

– Isso é simplesmente a mistura de todas as fórmulas do universo! Einstein, Newton, Pitágoras, Beethoven? Ninguém precisa deles quando se tem isso aqui! – Leo deu um beijo no papel.

Annabeth levantou um dedo indicador.

– Leo, Beethoven não foi exatamente um físico, nem um matem...

– Ah, você entendeu.

– Hm, não – Annabeth sussurrou enquanto Leo já falava sobre outra coisa.

– Anda, o que estamos esperando? – Leo dizia – Temos um mundo para mudar. Passa esse notebook pra cá.

Annabeth deu de ombros e passou o note para ele. Então, assim começou dos dois, talvez, a maior invenção semideusa que ninguém jamais descobriu.

Pensando bem, a máquina do tempo seguiria uma mesma ideia do Labirinto de Dédalo. O Labirinto servia de ir a lugar do mundo a outro em poucos segundos. Dédalo apenas havia descoberto uma forma de fazer isso através do tempo, ao invés de caminhar dos Estados Unidos a China, caminhariam do ano atual a Idade Média. Uma vez captada essa ideia, as informações de Dédalo passaram a ficar mais fáceis.

Graças aos deuses que o Bunker 9 tinha qualquer coisa que precisassem, o cinto de Leo também ajudava muito. Havia amanhecido há muito tempo e eles continuavam empenhados no trabalho, tentando entender tudo que Dédalo havia deixado. Em uma tarde suada, de esgotamento psicológico, onde até Annabeth suspeitava de sua inteligência e Leo não suspeitava de nada por incapacidade mesmo... muitas coisas deram errado.

Mas isso pularemos, vamos para a manhã de domingo, onde finalmente...

– HERA QUE PARIU, SOMOS GÊNIOS! MEUS DEUSES! QUE GAROTO DOS REPAROS O QUE, SOU O INVENTOR MAIS FODASTICO DE TODOS OS TEMPOS! RÁ, CHUPA PIPER! – Leo pulou em cima de Annabeth para um abraço.

Annabeth estava maravilhada, sem nem conseguir falar direito, eles haviam acabado de conectar o último fio da matriz da máquina do tempo e apertado o botão de ligar pela milésima vez, mas dessa vez tudo se iluminou, nada explodiu, nem parou de funcionar. Naquele momento eles sentiram dentro de si mesmos que tinha dado certo. Igual o Harry Potter quando segurou sua varinha pela primeira vez.

– Ah – Leo lembrou – Obrigado Dédalo também e tal.

– Obrigado Dédalo e tal?! Cara, construímos uma máquina do tempo em um dia e meio! Obrigada MUITO a Dédalo! O que vamos fazer agora?!

– Ou melhor, para onde e em que ano vamos?

Os dois sorriram em sintonia sem acreditar e começaram a pensar.

– Já sei – Leo sorriu envergonhado, um sorriso diferente dos seus costumeiros – Annabeth, se você não se incomodar, eu queria voltar para um lugar especial da minha infância... Apenas observar uma última vez minha mãe.

– Claro – Annabeth respondeu sem hesitar, com um pequeno aperto no coração.

Os dois se dirigiram para a máquina do tempo. Ela era uma plataforma com duas cadeiras, uma do lado da outra, as quais Leo fez questão de customizar. A do Leo era uma cadeira feita de ferro, porém acolchoada com tecido vermelho. Por todo o ferro tinham desenhos de fogo e hashtags escrito “TeamLeo”. A de Annabeth era como aquelas cadeiras de escritório dos chefões, branca e com porta-copos. Na frente das cadeiras havia um painel com tecnologia de ponta, graças a Dédalo, na frente daquele painel cheio de botões, fios, telas e a gelatina que Leo deixou cair, havia um Ipad, que estava ligado a matriz do painel. No Ipad se resumia os comandos para o funcionamento da máquina do tempo, ele se encontrava no meio das duas cadeiras, pois ao acionar uma data, as pessoas das duas cadeiras viajariam juntas no tempo.

No Ipad tinham as opções “Data”, “Período”, “Lugar”, “Rastreamento de pessoa” e “Acontecimento histórico”.

Assim, quanto mais dados você colocar, maior é a precisão de chegar onde você queira. Pode deixar alguns campos em branco se você não souber.

Leo digitou o ano que representava 10 anos atrás na Data, escreveu “Houston” no Lugar e “Esperanza Valdez” no Rastreamento de pessoa e virou-se para Annabeth.

– Pronta? – Leo perguntou para ela enquanto guardava um controle no bolso.

– Será que vai doer? – ela respondeu.

– Vamos descobrir – ele disse clicando em “Iniciar” no Ipad.