Os dias que seguiram a saída de Francis foram ansiosos na corte francesa. Com a peste cercando o país e tirando incontáveis vidas por onde passava, a ausência do rei só tornava as pessoas mais tenebrosas com o que o futuro lhes guardava.

Mary podia sentir essa ansiedade a cada passo que dava pelo castelo, desde os servos até oficiais e nobres que a olhavam e esperavam ali alguma expressão que demonstrasse que a situação pudesse melhorar. Não encontravam tal consolo na mulher. Ela parecia mais abalada que todos eles juntos.

A culpa por ter deixado o marido do lado de fora a consumia a cada segundo. Não se arrependia, por saber fazer o melhor para as pessoas que jurara proteger, contudo a preocupação não a permitia sossego.

Estava tão distraída com seus pensamentos que surpreendeu-se com a mão por cima da sua, a leve pressão dos dedos contra a sua mão. Um gesto tão simples de conforto, mas que parecia tão distante. Levantou o olhar para notar Sebastian ao seu lado e sorriu timidamente para o homem.

Fazia tempo que os dois não conversavam e, como ela notou naquele segundo, a falta de pessoas a sua volta só tornava aquilo mais incômodo para ela. Não apenas por tudo o que tinha acontecido entre os dois, mas porque tudo tinha se complicado ainda mais depois daquilo. Francis era irmão dele e podia morrer por sua causa. Mary não esperava atitudes gentis do rapaz.

Ainda assim, as palavras que vieram a seguir tinham o mesmo tom doce e amoroso que suas palavras sempre tiveram a ela.

“Ele vai ficar bem.” Garantiu, com tanta convicção que quase fez com que ela acreditasse. “Ele sobreviveu ao meu pai, sobreviveu a mim. Não vai ser a peste que vai impedi-lo de ficar com você.”

“Eu queria ter tanta certeza disso.” Baixou o olhar quando sentiu a pressão em seus olhos das lágrimas que estavam por vir.

“Devia. Mas sempre que tiver, pode me procurar que confirmo para você.” Ele tocou o queixo dela e com o dedo indicador levantou sua cabeça para que ela olhasse nos olhos dele. “Eu sei que as coisas se tornaram complicadas, mas antes de tudo, noivado, legitimação, nós éramos amigos. Eu posso estar casado, e você também, mas ainda me importo com você.”

Ele sorriu para ela, esperando a mesma resposta da rainha sentada a sua frente. Em vez disso, ela o abraçou e deixou as lágrimas rolassem sem culpa. Aquele era o abraço que ela não sabia que precisava, mas que fizera toda a diferença.