–Não acredito nisso. - Mari disse chocada assim que liguei para ela e contei tudo que me aconteceu.

É amiga, você queria ser princesa e casar com um príncipe, mas o seu desejo virou minha maldição.

–E o que você vai fazer?

–Não tenho ideia. Acho que vou dá uma volta por ai para espairece e pensar.

–Faça isso Lene, sei que no final você vai fazer o que é certo.

–Eu espero Mari. - disse e nos despedimos antes de eu desligar.

Peguei o envelope que Staves me deu e coloquei dentro da bolsa antes de sair.

Por sorte mamãe não estava a vista, devia estar trancada em seu quarto lendo sua carta.

Peguei meu carro e dirigi para a catedral de Sant’Ana, assim que cheguei lá me sentei de frente para os vitrais sendo banhada por aquela luz, tentando lembrar quando foi que minha vida havia virando de pernas pro ar.

Eu não podia ser uma princesa. Não podia me casar com um príncipe. Não podia governar uma nação...Mas também não posso deixar Arrundall ser atacada e repartida em vários pedaços como um bolo, apesar de odiar a monarquia eu amava meu país e seria capaz de tudo por ele.

De repente a luz do sol passou pelos vitrais e iluminou minha bolsa, fazendo-me lembrar do envelope que estava dentro dela. Peguei-o e o abri, dentro dele havia um diário com uma fechadura, um medalhão em forma de coração e um bilhete endereçado a mim.

“Querida Madeleine, sei que deve estar pensando que nunca me importei com você, e que tudo que fiz foi bagunçar a sua vida, mas isso não é verdade.

Amei você minha Lene desde quando peguei-a no colo e soube que era seu pai, me perdoe por não ter sido o pai que você merecia, mas meu dever com o povo me afastou de você. Espero que possas me perdoar após ler esse diário, nele você saberá todas as minhas angustias por estar longe de você e de sua mãe. Use o medalhão para abri-lo.

Peço-lhe que ouça seu coração antes de decidir algo, por que sei que somos exatamente iguais meu amor, querendo mudar o mundo, mas acabamos fazendo o que é certo para o bem do povo.

Amo-te muito, com todo amor de seu querido pai,

Lorenzo.”

Antes de refletir sobre aquele bilhete, peguei o medalhão e o abri, no seu interior havia uma foto do rei com um bebê no colo e uma mulher só seu lado.

Chorei ao reconhecer minha mãe e a mim no dia do meu batizado. Ainda chorando e tremula, coloquei o medalhão na fechadura que logo se abriu e comecei a ler o diário como se minha vida dependesse disso.

“Querida filha, hoje você faz um ano e tudo que queria era poder estar ao seu lado para lhe ajudar a soprar sua velinha. Mas minhas escolhas me fizeram ir para longe de você, mas saiba que meu coração sempre estará com você. E espero que quando você tiver idade suficiente me entenda.”

Foliei mais algumas páginas até que parei em uma recente.

“Filha, acabei de fazer o meu testamento. Pode parecer mórbido já que hoje é seu aniversário de 23 anos, mas sinto que meu fim está próximo.

Você irá me odiar quando souber de tudo, mas espero que me entenda. Você e o povo são meus maiores tesouros e sei que você irá ser uma boa rainha.

No começo não será fácil, mas sei que você irá conseguir. E sobre seu casamento...Apenas dê uma chance para Edward, ele é um rapaz maravilhoso que a ajudará a cuidar de Arrundall. Ele é tudo que você precisa, sei que serão felizes.

Feliz aniversário minha Madeleine.”

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–Não sabia que Enzo escrevia para você. – mamãe disse chocada assim que mostrei o diário.

–Mãe, há partes em que ele descreve minhas manias como se convivesse comigo. Como isso é possível?!

–Seu pai visitava você todos os dias até que você fez soia anos e seu avô descobriu sobre nós e o fez escolher. Depois disso Enzo só via você de longe.

–Mãe, como você conseguiu viver todos esses anos longe do homem que você amou?!- questionei chocada.

–Seu pai e eu nos amávamos, podíamos estar longe, mas nosso amor jamais pereceria, assim como agora. - ela disse convicta.

–Não consigo entender você.

–Você nunca se apaixonou filha, assim que isso acontecer irá me entender. - ela disse convicta e suspirei.

Minha mãe sempre seria uma “mocinha de livro antigo”, e isso foi algo que não herdei dela.

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–Que bom que vocês aceitaram meu convite. - disse assim que Staves e Simone entraram.

–Jamais renegaríamos um pedido da princesa. - Simone disse sorrindo.

–Preciso que vocês me ajudem a ser uma dama e uma boa governante. Quero que Lorenzo tenha orgulho de mim. E também quero fazer justiça para minha mãe.

–O que está nos propondo alteza? - ele questionou sério.

–Me transformem na rainha que Arrundall merece ter.