–Enzo, pode atender a porta. - minha avó pediu da cozinha enquanto fazia o almoço.

–Claro vó. - disse largando meu livro de direito criminal no sofá e indo abrir a porta.

–Ian?!- questionei confuso assim que o vi parado na minha frente. - O que você veio fazer aqui?

–Vim te ajudar, já que você está pensando com a cabeça de baixo e não com a de cima. - ele disse e foi logo entrando na casa da minha avó.

–Vó Clarissa quanto tempo. - ele disse e foi abraça-la.

–Muito mesmo querido. Como estão seus pais? – vovó questionou e ele sorriu.

–Estão bem, mamãe mandou lembranças.

–Obrigada, sinto saudades da Mariana também. Bom fique à vontade Ian, vou terminar o almoço. Você ficará para o almoço não é? - ela questionou amorosa.

–E eu vou perder a comida da D. Clarissa?! Não mesmo. Mamãe vive dizendo que é ótima. - ele disse antes de vovó voltar para a cozinha.

–Você ainda não me disse o que veio fazer aqui?

–Foi você que me ligou para dizer que foi expulso de casa por causa de uma mulher.

–Fala baixo, ninguém sabe dela. A não ser meu pai e Eric que já devem ter contado para mamãe.

–Você não conhece mesmo sua família. Nem seu pai ou seu irmão contaram algo. Já fui “sondar” no palácio antes de vir aqui, até trouxe algumas coisas para você que sua mãe mandou estão na mala do carro. Agora, mudado de assunto, sua noiva é uma gata. - ele disse malicioso e olhei feio para ele.

–Ela não é para você. - informei sério e ele sorriu.

–Hum, sinto cheiro de ciúme e sentimento de posse.

–Cala a boca seu pervertido. Pense que você estivesse em Ibiza. - disse confuso, afinal foi o que ele me disse na última mensagem que trocamos.

–E eu estava, mais vim socorrer me pobre primo perdido. - ele zombou e revirei os olhos enquanto o vi ir até a cozinha.

–Vó será que teria mais um lugar aqui para outro neto desgarrado?!- ele pediu e suspirei antes de sentar no sofá.

Se as coisas já não estavam boas, imagine com o Ian aqui.

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–Ok. Está na hora de conversarmos. - Ian disse entrando no quarto que dividíamos agora.

–Não tenho nada para conversar. - disse sem tirar minha atenção do livro que estava lendo.

–Há você tem. - ele disse e arrancou o livro de minhas mãos. - Enzo, nós dois somos quase irmãos, crescemos juntos, aprontamos juntos e nos divertimos juntos e agora você não confia em mim para se abrir?! Pensei que fossemos irmãos.

–E somos Ian só que eu não sei direito o que sinto. Entendi?

–Entendo. Talvez se você me contar eu possa te ajudar a entender.

–Você não iria entender.

–Você entendeu quando disse que gostava da sua irmã, mas ela era e ainda é imatura demais para enxergar isso. - ele disse triste enquanto sentava em minha cama.

–Você e Bella se gostam por que não ficam juntos? - questionei já sabendo a resposta.

–Por que sua irmã se assustou quando disse que a amava demais para apenas ficar por ficar com ela. E ela não entendeu o que eu queria dizer. - ele disse triste e revirou os olhos antes de ir pegar algo em sua mala. - Olha o que eu trouxe direto de Ibiza.

–Nem pensar. Não vamos beber na casa da minha avó. - disse assim que o vi mostrar duas garrafas de vodca.

–É só uma dose para você se abrir priminho. - ele me incentivou sorrindo.

–Você é o pior primo postiço do mundo. Passa essa garrafa para cá. - disse e ele sorriu antes de jogar a garrafa para mim.

–Sabe Ian, agora longe da Camille é que percebo o quanto nossa relação é estranha. - disse assim que acabamos de beber a primeira garrafa.

–Como assim?

–Esquece, deve ser efeito da vodca.

–Enzo.

–Tá certo. É estranha por que nós dois não conversamos, não falamos sobre o que gostamos. Nem sei a cor favorita dela! - exclamei frustrado antes de continuar. - Ela nunca me olhou do jeito que meus pais se olham. Entendi?

–Entendo, já passei por isso. - ele disse e tomou um gole da bebida direto da boca. - Isso se chama atração física, tesão, química...

–E como você entendeu que era tudo isso? – questionou interrompendo-o.

–No momento em que percebi que a única coisa em comum que tínhamos era a cama. Vai por mim, sai dessa antes que você se machuque. - ele aconselhou e voltou a beber enquanto eu absorvia tudo o que ele havia me dito.