Ok. Minha vida estava uma bagunça.

Não queria acreditar mas algo me dizia que Edward estava gostando de mim, o que era péssimo por que eu o via apenas como amigo.

Certo que em alguns momentos loucos tenho vontade de agarra-lo, mas isso não é todo dia.

Oh Deus, isso não é bom. Estou tendo uma crise existencial dentro do carro que está me levando para o parlamento. Não sei mais quem sou eu, me olho pela janela do carro e vejo uma moça bem maquiada, como roupas de grife e saltos que custam dois anos de salário de um trabalhador de classe média.

Eles haviam me transformado em algo que eu abominava. Eu havia me transformado em Madeleine Liana Grimaldi Maxwell, princesa de Arrundall.

–Tudo bem alteza? - Simone questionou com o tablete nas mãos enquanto andávamos pelos corredores do parlamento.

–Sim. - sussurrei suando frio.

–Tem certeza Lene, você me parece meio pálida. - Mari questionou preocupada.

–Sim. - sussurrei novamente.

–Não se preocupe alteza, sua mãe, o príncipe Edward, Mariana e eu estaremos com você lá. - Simone garantiu e balancei a cabeça concordando antes das portas serem abertas e Simone indicar que eu caminhasse para dentro.

Insegura, nervosa e sem saber quem eu era agora, caminhei em direção ao primeiro ministro Staves, que logo começou seu discurso, do qual nem dei importância pois estava mais preocupada com meus questionamentos internos.

–E agora para oficializar seu título de princesa, entrego a Srta. Madeleine a faixa vermelha do principado de Arrundall.- o primeiro ministro disse e pisquei confusa enquanto ele colocava uma faixa vermelha em mim e todos me aplaudiam de pé.

Era oficial, a partir de hoje o mundo inteiro me conheceria apenas como princesa, minha vida de antes havia sio morta e enterrada.

–Não posso fazer isso. - sussurrei assim que me aproximei do local onde faziam-se os discursos.

–O que disse alteza? - Staves questionou confuso.

–Não sou alteza, meu nome é Madeleine, e não nasci para isso. - solucei angustiada enquanto via o choque passar pelo rosto de todos.

–Isso é um ultraje a esse parlamento, Arrundall não pode ter uma rainha como ela. - um dos parlamentares gritou furioso de pé.

–Não pedi para ser rainha. - disse furiosa enquanto todos me encaravam chocados ou furiosos.

–Senhores a princesa Madeleine está nervosa, foram emoções demais para uma jovem em menos de um mês, isso é compreensível. - Staves tentou controla a revolta.

–Não é Staves, ela é só uma menina mimada que não tem noção de suas responsabilidades para com o povo. - gritou outro parlamentar furioso.

–Chega. - gritei furiosa e todos se calaram. - Não vou permitir que me julguem sem me conhecer. Jamais quis ser da monarquia, eu a abomino e jamais serei uma princesa. Jamais vou me casar com um príncipe.

–Se não fizer isso alteza, Arrundall será dada ao príncipe Edward. - Staves me lembrou sério.

–Garanto que ele será um governante melhor do que eu jamais serei.

–A senhorita irá se casar e ponto final. - disse o primeiro parlamentar que me recriminou.

–Como esperam que eu me case com alguém que não conheço?! E que ainda por cima é filho da cultura que mais odeio no mundo?! Jamais me casarei com um príncipe ou com algum homem para assumir Arrundall. - gritei furiosa no prédio do parlamento, deixando os parlamentares chocados por minhas palavras de raiva.

–Alteza, era o que seu pai, o rei desejava. - Staves disse suave.

–Isso não me importa, afinal nunca o conheci. - disse furiosa e sai da sala do parlamento com ar de superior.

Mais assim que fechei as portas atrás de mim senti que minhas palavras devem ter magoado muitas pessoas, principalmente minha mãe e Edward.

Envergonhada por minha crise existencial comecei a correr para fora daquele lugar, mas logo fui impedida por uma mão que segurou meu braço me detendo.

–O que deu em você Madeleine?!- Edward questionou chocado.

–Me solta.

–Não até você me contar o que houve. Você sabe o que causou lá dentro?! Você ofendeu todos os parlamentares, zombou das leis que construíram seu reino. Você ofendeu seu país no local mais sagrado para a democracia. O que deu em você?! Não conseguiu entender o que Simone e eu lhe ensinamos sobre política?!- ele questionou furioso enquanto segurava meu braço.

–Me solta. - disse tentando me libertar de seu aperto o que foi em vão.

–Quem é você para me dizer o que devo fazer ou como devo fazer ?! Você não me conhece, eu não sou uma princesa dos contos de fadas.

–Eu sei disso sempre soube. E quem sou eu?! Eu sou o homem a quem seu pai confiou a segurança da filha dele em seu leito de morte. Sou aquele que segurou a sua mão enquanto ele dava seus últimos suspiros de vida. Enquanto você curtia a sua vida como a irresponsável que aparentou ser hoje. - Edward disse sério e me soltou enquanto me afastava dele.- Sempre soube que você era difícil, mas percebo agora o quanto você é inconsequente e sei que meu padrinho onde quer que esteja, se envergonha de você por este dia.

–Você não pode dizer o que não sabe. - solucei entre lagrimas.

–Ao contrário de você, eu convivi 23 anos com seu pai e sei como ele era. - ele sussurrou furioso. - Agora pode fugir de toda confusão que você aprontou. Vá em frente, enquanto eu tento consertar o que você fez.

–Eu odeio você. - gritei furiosa antes de sair correndo do parlamento.