Acordo de Amantes escrita por Fefe Shiller


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Agora a historia começa!!!
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CAPÍTULO UM

Desde as seis da manhã, Bella estava estudando a planilha com a teste enrugada de preocupação. Agora, quase doze horas depois, a falha no documento ainda a aborrecia. E em vez de ficar para solucionar o problema, tinha que sair e socializar com os colegas de trabalho que nem podia chamar de amigos.

Levantou-se, espreguiçou-se e abriu a janela, deixando a brisa agradável soprar a cortina fina e transparente. Ai, ar fresco. Respirou fundo.

A conversa que vinha do pátio, no andar debaixo, chegou até ela sem dificuldades. Vozes femininas e estridentes soavam na tarde quente e calma que já se despedia.

- Acha que ela virá?

- Nem saberia como chegar.

As mulheres deram gargalhadas cheias de ironia. Bella reconheceu as risadas de Jessica e Angêla.

- Ela precisa relaxar um pouco. Só pensa em trabalho.

- Concordo. Está sempre tão tensa e sempre controlando o dinheiro. Parece que nasceu com a mão fechada.

Bella ficou tensa com as ondas de humilhação que a invadiram. Estavam falando dela. Ela era a responsável pelas finanças da Sanctuary. O fato de que estavam falando a verdade, porém, não significava que aquilo não a magoava.

Era realmente comedida com as finanças, mas não por escolha, e sim pelas circunstâncias. Também não deixava de ser verdade que havia estado ocupada demais cuidando da carreira.

Na maior parte do tempo estava ocupada demais para se preocupar, na verdade, mas, naquele segundo, faria de tudo para revidar a afronta.

As mulheres continuavam falando. E ela, boba, continuava escutando.

- Sinto um pouco de pena dela. Vive para trabalhar. Não sabe equilibrar as coisas.

- Pena dela? Não sinto mesmo. Ela é uma tirana. Só porque gosta de trabalhar como um burro de carga não quer dizer que tenha de fazer o resto ralar como ela. Gosto de curtir a vida. A mulher tem apenas vinte e seis anos e parece uma velha.

Bem feito, pensou Bella. Era nisso que dava ficar ouvindo a conversa dos outros. Como ler o diário de alguém. Invariavelmente, acabava aparecendo algo que não gostaria de saber sobre si.

E agora tinha de ir ao bar confraternizar com as mesmas mulheres que falavam mal dela e com resto dos funcionários do hotel que, provavelmente, pensavam a mesma coisa: que Isabella Swan era uma viciada em trabalho, sem vida social.

E não era verdade? Sim, trabalhava muito e esperava que os demais também trabalhassem. Havia sido criada assim. Seguia os princípios do pai: trabalhe duro e será recompensada...
com elogios, atenção e, talvez, até mesmo com amor. Então, por que não era feliz como deveria, após tanta dedicação à profissão?

Fechou a janela o mais silenciosamente possível. Havia escutado o suficiente. Não ia deixar que elas a atingissem ainda mais. Contudo, queria mostrar que elas estavam erradas. Iria até o bar, sorrir, rir e fingir estar se divertindo ao máximo, mesmo que odiasse tudo aquilo.

Verificou o batom, perfeitamente delineado na boca, e se assegurou de que nenhum fio de cabelo escapava do imaculado coque. As aparências eram tudo. E, afinal de contas, eles esperavam o aspecto impecável e perfeccionista de sempre.

Parou um instante antes de sair e curvou-se para sentir o aroma do jacinto branco sobre a mesa. Era o único item pessoal no escritório límpido e frio. Um pouco mais revigorada pelo perfume fresco da flor, ergueu a cabeça e fingiu indiferença.

Já no bar, a determinação se fragmentou e Bella gravitou até Aro tão logo ele chegou. Em menos de um segundo, estavam absortos em uma conversa de trabalho. A reforma do hotel começaria no dia seguinte e havia uma infinidade de pendências para resolver. Viciado em trabalho como Bella, Aro se identificava com ela. Tinha contratado-a ainda recém-formada e ela havia progredido rapidamente com seus conselhos e ensinamentos. Trabalhava horas a fio e não temia os desafios.

Aro havia acabado de vender o hotel para uma rede voltada para clientes de luxo e o local seria todo reformado.

Próximo da aposentadoria, ele havia aproveitado a oportunidade para garantir uma vida tranqüila e abastada dali por diante. E previa um futuro brilhante para Bella. O grupo tinha hotéis espalhados por diversas cidades e se ela usasse os naipes certos, poderia escolher qualquer lugar para trabalhar.

O problema era que não sabia se queria levar adiante aquela carreira. Com a venda, seria um hotel maior, mais horas de trabalho. E começava a pensar que gostaria de curtir mais a vida. Até então havia passado boa parte de sua existência satisfazendo as expectativas dos outros. E não tinha certeza de que estava valendo a pena o sacrifício. No entanto, não podia dizer isso a Max, principalmente depois da oportunidade que ele havia lhe dado. Max era uma pessoa que ela sentia obrigação de agradar.

Olhou de relance para onde as mulheres se reuniam, fofocavam e bebiam drinques coloridos entre risadas e flertes com bartenders.

E lá estava ela, ainda de papo com o chefe de sessenta e cinco anos, com um copo de limonada na mão.
Aquelas mulheres tinham razão. Uma sensação de depressão pesou-lhe no estômago. Tanto trabalho para quê? De quem era o sonho que estava perseguindo?

Pediu licença e foi até o bar. Pediu ao bartender para que adicionasse uma dose de gim ao copo. Tomou um gole e se virou, desviando o olhar dos colegas e dando uma espiada ao redor. Ainda não estava lotado; alguns clientes sentados e, do outro lado, um pequeno grupo de rapazes jogando sinuca.

Não pôde evitar olhar o que dava a tacada da vez. Estava de costas para ela e proporcionava uma visão privilegiada do belo e generoso bumbum. O fato de não brincar não significava que não gostasse do jogo. Sabia apreciar as boas coisas da vida, mesmo que apenas com os olhos. As pernas longas, levemente separadas, vestiam um brim escuro. A blusa branca marcava os ombros largos e as costas musculosas. Ele segurava o taco com destreza e tranqüilidade, enquanto se curvava sobre a mesa, intensificando o efeito másculo e admirável daquele corpo. Acertou a bola, que caiu direto no buraco. Mais uma tacada do mesmo ângulo e ele ganharia a partida. O jogador se levantou para apanhar seu drinque e foi quando Bella realmente o olhou com atenção. Conhecia aquele rosto. Assim como conhecia bem aquele sorriso maroto que se expandia com freqüência.

Edward Cullen.

A depressão se evaporou e uma alegria infantil a invadiu.

Não o via há anos, mas ele sempre tinha uma cara amigável. E uma cara amigável era o que precisava naquele momento.

Lembrou-se do fato de que, quando era adolescente, raramente era capaz de fitá-lo sem corar, pois era louca por ele.

Ficou tão feliz em vê-lo que, sem hesitar, foi caminhando na sua direção com um sorriso enorme.

- Edward Cullen. Como vai?

O olhar atônito no rosto dele teria sido suficiente para que ela recuasse para um canto na mesma hora, não fosse pelo lindo sorriso que se formou em seguida. Um sorriso que sempre a deixava sem fôlego.

- Isabella Swan, que surpresa! - A voz era tão terna quanto o sorriso. As batidas do coração vacilaram um segundo. Havia se esquecido de como era lindo. Deu um rápido gole no gim e teve a ousadia de sorrir de volta. Olhou de relance para trás dele, onde Angêla e Jéssica a observavam atentamente. Provaria que era capaz de ter uma conversa com um gato sem que fosse sobre trabalho. Elas não precisavam saber que o conhecia desde pequena. Ampliou o sorriso e o encarou bem nos olhos antes de dizer em um tom atrevido, como nunca havia falado antes:

- Faz tempo que a gente não se vê.

Ele piscou, surpreso com o comportamento despachado de Bella.

- É verdade. Você agora é uma mulher crescida. - Ele perpassou o olhar por ela toda. - E, claro, uma mulher de sucesso como estava predestinada a ser. O que faz aqui?

- Bebendo com colegas do trabalho. Você?

- Algo parecido. - O colega de Edward saiu de fininho, deixando-os a sós em um canto, ao lado da mesa de sinuca.

Houve uma pausa. Bella se esforçou para encontrar algo para dizer.

Esforçou-se para não ficar encarando-o. Ele também havia crescido nos últimos anos. O belo adolescente havia se transformado em um homem majestoso e másculo.

O silêncio estava se prolongando além da conta e ela percebeu que ele a olhava fixamente, tanto quanto ela o olhava. Passou a língua pelo lábio superior e a atenção dele voltou-se para a boca de Bella. Algo estava errado, pensou.
Finalmente, Edward se manifestou:

- Estou trabalhando em uma obra em um hotel aqui perto por algumas semanas.

- Sanctuary? - Ela perguntou, aliviada pela conversa ter engrenado novamente.

Ele confirmou com a cabeça.

- Sou a contadora desse hotel.

Ele sorriu:

- Então nossos caminhos voltam a se cruzar. Ótimo! Assim você pode me familiarizar com o lugar.

Poderia. E, claro, assistir à fila de mulheres para conhecê-lo. Olhou na direção das mulheres, penalizada por saber que aquela fantasia dela flertando com um gato incrível não duraria muito. Ele estaria no trabalho no dia seguinte e todos saberiam que haviam apenas jogado conversa fora naquela noite, sem maiores conseqüências.

- Sempre esteve em Christchurch?

Ela se voltou de novo para Edward e continuou a conversa fiada.

- Nunca saí daqui. Escola, depois faculdade, agora o trabalho no Sanctuary. É tudo o que conheço.

Havia sido mandada para um internato naquela cidade aos seis anos de idade. Sentia que pertencia muito mais a Christchurch do que à cidade rural onde seus pais e a mãe de Edward moravam e onde havia nascido.

- Você está linda. Uma verdadeira executiva cosmopolita.

Linda? Imagens das ex-namoradas dele passaram pela cabeça de Bella e empalideceram seu sorriso. Ela não fazia o tipo dele.

- Somos o que somos, Edward - disse ela, um pouco seca, lembrando-se dos comentários das colegas.

- Bem, às vezes somos o que esperam que a gente seja - respondeu ele.

Ela o fitou, desconcertada. O comentário estava um tanto próximo da realidade e das dúvidas que a atormentavam ultimamente. Ele continuava com um sorriso tranqüilo, mas o olhar era astuto. Bella decidiu que manteria o tom brejeiro e superficial no mesmo estilo que Edward sempre adotara.

- Você acha? O que esperam que você seja, Edward? Ele demorou um instante para responder e, quando o
fez, os olhos tinham uma luz que parecia dançar e o sorriso lento revelava o humor maroto.

- Bem, posso ser o que você quiser que eu seja, Bella.

Ele parecia estar mais próximo do que antes, seu corpo agora bloqueava a maior parte da visão de Bella, causando a impressão de que não havia ninguém além deles no recinto. A voz dele tornou-se mais baixa e ela teve de se aproximar ainda mais para poder escutá-lo.

- É mesmo? - Ela também baixou o tom de voz e esgueirou o olhar para onde estavam as colegas de trabalho. Continuavam bisbilhotando. Ao voltar os olhos para Edward, notou que ele estava ainda mais perto.

- Claro. Qualquer coisa. Alguma sugestão? Emma não conseguia deixar de sorrir. Tinha algumas sugestões em mente e nenhuma delas poderia ser dita em voz alta. Nunca. A não ser que estivesse atuando em um filme pornô, talvez. A queda que tinha por ele quando adolescente voltou com tudo. Gostava dele. Sempre havia gostado. Obviamente, ela e o resto da população feminina, que em grande parte tivera a sorte de ser retribuída com o afeto de Edward. Exceto ela. Para Bella, ele havia sido apenas o vizinho moleque que uma vez no parque fora um bom ouvinte. Desde então, não conseguia olhar para ele sem corar e ficar da cor de um tomate. E assim estava naquele exato momento; podia sentir o calor em suas bochechas. Uma sugestão? Sonhos ocultos que estavam destinados a permanecer em silêncio.

O silêncio dela não parecia incomodá-lo.

- Sabe o que estou pensando? - Edward parecia inspirado. - Estou pensando que deveria ter dado um abraço mais caloroso depois de tanto tempo sem ver você.

Quanto tempo? Pelo menos oito anos. Mas sabia vagamente o que ele havia feito da vida durante aquele período. Rosalie, irmã de Bella, era a melhor amiga de Alice, irmã de Edward.

Por isso, sabia que ele não estava casado. As chances disso acontecer pareciam remotas. Edward era um mulherengo nato. Todos sabiam disso.

- Um abraço? - Vacilou um pouco em seu papel de mulher confiante e segura de si.

- É. Quem sabe até mesmo um beijo.

Ela tentou desviar o olhar. Tentou de verdade. Até chegou a conseguir por um breve instante, mas acabou cedendo e voltando a fitar os belos olhos azuis que brilhavam para ela.

- Um beijo de saudação? Entre amigos?

Ela supôs que fosse um beijo na bochecha, mas não tinha tanta certeza de que Edward achasse o mesmo.

- Claro. Entre amigos. O que acha?

Achar? Como poderia achar alguma coisa, com ele se aproximando ainda mais, a voz ainda mais baixa? Invadindo seu espaço, enfeitiçando-a. Ele tinha mesmo a reputação de ser rápido no gatilho, desde garoto.

Desviou o olhar mais uma vez. Porém, agora não fitava as garotas; olhava para dentro de si, enquanto o coração martelava.

Edward Cullen acabara de pedir para beijá-la. O dia não estava tão mal assim. As palavras de Jessica voltaram para atormentá-la: "Não saberia como chegar"; "precisa relaxar"; "parece uma velha" aquela havia sido a que mais tinha doído.

- Tudo bem. - Ofegante e nada descontraída, deu a resposta que nem estava disposta a oferecer. Deveria ter rido da proposta.

Tarde demais. Encostou-se à parede, com os olhos soltando faíscas. Tudo ao redor desapareceu. Só via Edward. Um sonho de adolescência estava prestes a se realizar. Como seria?

O constrangimento a tomou por inteiro. O calor queimava em suas bochechas e os nervos lhe falhavam. Não sabia lidar com aquele tipo de situação. Aquelas mulheres tinham razão e ela estava a um passo de fazer um papelão colossal. No entanto, quando fez o movimento para se afastar, ele se inclinou, roçando os lábios nos dela. Gentilmente, levemente. Bella congelou. A sensação era suave e terna, e não conseguiu esquivar-se.

Ele roçou novamente e ela permaneceu imóvel, sem vontade de se afastar.

Entreabriu os lábios para respirar e ele, em vez de roçar a boca novamente, desta vez se deteve, movendo os lábios sobre os dela, vagarosamente. Era quente, incrivelmente insistente. E, sem pensar, sem querer, ela abriu os lábios para ele.

A resposta foi imediata, porém, ainda levemente comedida, uma exploração que provocava e tantalizava, com a promessa de segredos sensuais. Nenhuma outra parte dos corpos de ambos tocou-se. Foi como se ele estivesse dando a ela a oportunidade de escapar se quisesse.

Ela não queria.

E, por dentro, algo já havia começado. Quando ele pressionou os lábios com mais força sobre os dela, Bella sentiu um calor dormente subindo desde as profundezas do umbigo até o peito e passando por cada uma das veias do corpo. Como uma flor que é regada, Bella desabrochou, com a sensação de pura sedução causada por 1,90m de pura beleza em frente a ela.

Os dedos apertaram o copo com firmeza e um mantra ocupou a mente de Bella e dizia que aquele era Edward Cullen quem a beijava. O mantra foi se dissipando até que a excitação a dominasse, extraindo qualquer rastro de pensamento.

Hesitante, ela retribuiu o beijo. Contudo, a hesitação esmaeceu com o gosto dele, que mais parecia um alucinógeno, fazendo com que ela quisesse mais. Deixando-a com fome. Ela soltou um leve gemido, enquanto realizava o início de um sonho. Elevou uma das mãos até o peito de Edward. O calor do corpo dele por debaixo da camisa de algodão era acolhedor como uma fogueira na noite mais fria. Queria aproximar-se ainda mais desse fogo, sem se importar com o risco de queimaduras. A pressão e a intensidade do beijo e do toque se intensificaram. A barba por fazer roçava e provocava a pele do rosto de Bella; A fragrância masculina que ele exalava era estonteante. Sentiu o corpo oscilar contra o dele e por pouco não perdeu o equilíbrio.

Ele tomou o copo da mão de Bella e o colocou sobre a mesa próxima. Posicionou-se perto o suficiente para que ela sentisse a energia sensual dele, porém, não perto o suficiente para que se tocassem.

- Acho que passamos da fronteira da amabilidade, Bella, - ele a alertou.

Ela não respondeu. Estava incapaz de expressar uma única palavra. Não tinha certeza de que conseguiria dar conta do próximo passo de Edward. O que havia começado como um "alô" simpático rapidamente ia se transformando em uma situação que estava fugindo ao controle.

Edward recuou para observar os olhos nebulosos dela arregalarem-se. Deu uma risada. Quem diria que a pequena e tímida Emma Delaney se transformaria em uma mulher daquelas? Capaz de um beijo daqueles? Por fora, tensa, convencional, mas quando entrava em ação, totalmente o oposto. Ardente. Era algo instigante.

Respirou fundo para sentir o perfume dela: floral e fresco. Tinha cheiro de primavera.

Nunca havia pensado em beijar Isabella Swan, mas também nunca havia notado aqueles lábios macios e carnudos. Até ela aparecer na sua frente com um sorriso brejeiro e sedutor e um olhar misterioso.
C
om ela trabalhando no hotel, as cinco semanas que teria de passar em Christchurch talvez fossem ser mais divertidas do que havia imaginado. Uma possibilidade interessante. Diferente.

Estava prestes a investigar mais além, com vontade de beijá-la novamente, quando viu que ela dava outra olhadela por cima do ombro dele.

Naquele segundo, ele soube que a mente dela não estava ali. A atenção estava voltada para outra pessoa.
Alerta vermelho. Isabella Swan o usara. Estava apenas interessada em testar a reação de outra pessoa. Com um passo atrás, sacou o sorriso do rosto. A festa havia acabado antes mesmo de começar.

Quando recuperou a atenção dela novamente, o olhar de Bella era confuso, mas isso não o sensibilizou. Com um nível de disciplina que impressionaria recrutas do exército, ele conseguiu não se virar e olhar com cara feia para o sujeito com quem Bella estava, obviamente, preocupada.

- Quem é a pessoa para quem está olhando, Isabella? Conseguiu deixar ele com ciúme?

- O quê?

- O cara que está atrás de mim e em quem você está tão interessada.

O choque estampado no rosto dela o fez se perguntar se não havia cometido um grande erro, mas, em seguida, avistou um rasto de culpa naquele semblante assustado e não restou dúvida. Ela estava concentrada em outra pessoa.
O rosto de Bella corou na mesma hora.

- Não gosto que me usem, Isabella, e nunca imaginei que você fosse do tipo que curte esse tipo de joguinho.

Ela abriu a boca, mas voltou a fechá-la.

A adrenalina aumentou repentinamente no corpo de Edward. Se ela tivesse sido honesta, teria feito tudo de novo, repetidas vezes. Mas daquele jeito, não obrigado. Não faltariam outras oportunidades.

- A gente se vê por aí, - ele disse e se afastou.

Bella o observou voltar para a roda de amigos. Sabia que não poderia deixar as coisas como estavam. Ele havia passado de devastadoramente sedutor para friamente indiferente em um piscar de olhos. Tinha até razão, mas não era verdade que ela o estivesse usando para provocar outro cara. Teria rido do absurdo daquela suposição se não estivesse tão desconcertada. Estava abalada pelo beijo. Não podia suportar que ele pensasse mal dela.

- Edward, por favor, acredite, não tem cara nenhum. Edward permaneceu em silêncio.

Bella respirou fundo:

- São umas garotas do trabalho. Escutei, sem querer, elas falando de mim mais cedo. Sobre minha, bem, minha vida social inexistente.

Não se atrevia a olhar para ele e se apressou em concluir de uma vez a parte mais embaraçosa.

- Tenho de admitir que faz bem para o ego ser vista conversando com um cara interessante como você... -Gaguejando e meio sem saber aonde ia, finalmente ousou encará-lo. A expressão no rosto dele estava mais amena.

- Um cara como eu? - ele meneou as sobrancelhas.

- É, Edward, basta olhar para você e uma mulher já sabe que a diversão está garantida. E agora sei por quê.

Ele agora parecia extremamente entretido com a conversa.

- Vou tomar o comentário como um elogio.

Ela sorriu, aliviada por ele não estar mais zangado.

- Você beija muito bem. - Ai, meu Deus, pensou ela em pânico. Não era para ter escapado tal comentário. As bochechas ardiam em chamas.

- Acha mesmo? - Edward cocou o queixo e o sorriso que se formou no canto da boca era decididamente malicioso.
Reduziu o tom de voz e se acercou.

- Bem, se quiser repetir a dose é só me avisar.

Por incrível que pareça, Bella conseguiu ficar ainda mais vermelha de vergonha. Levou as mãos até as bochechas, tapando-as. Estavam quentes o suficiente para fritar um ovo. Ele devia achá-la uma idiota. A aparvalhada das aparvalhadas, Bella, tentando dar uma de sedutora.

Bem, não haveria problema se o impacto que ele causava nela não fosse tão poderoso. Um beijinho à-toa para ele tornara-se um verdadeiro terremoto para ela. Constrangida, virou-se para se retirar, sem conseguir emitir uma palavra. No entanto, ele a deteve, segurando-a pelo braço.

- Não me incomoda nem um pouco que uma mulher queira apenas se divertir comigo, Bella, mas no meu jogo só entram dois jogadores que devem conhecer bem as regras... - Ele deu mais um passo na direção de Bella, que estava imobilizada como um coelho flagrado por uma lanterna.

- Regras?

Ele fez que sim e sussurrou com uma voz rouca e exageradamente sexy:

- Nada de platéia ou motivos ocultos. E... - Ele fez uma
pausa e o brilho nos seus olhos era devasso. - Nada de roupas.

Bella deixou escapar um gemido surdo.

Edward Cullen havia sido sempre muito popular devido ao apurado senso de humor e ao charme natural. Muito popular com as mulheres. Lindas mulheres.

Olhou para Jéssica e os demais. A risada nada sutil dos colegas corroía sua autoconfiança. Olhou de volta para Edward.

Ele tinha seguido o olhar de Bella e sorria para o grupo de mulheres que os observava descaradamente. Ela viu o brilho galanteador na mirada que ele investia. Foi então que a realidade lhe abateu cruamente. Se não tivesse ido até ele e se não estivesse, agora, confidenciando suas desventuras na vida social, ele estaria do outro lado praticando seu charme com aquele bando de louras.

Como pôde esquecer? Era Bella. A esquisita, sem graça. Não se parecia em nada como as ex-namoradas de Edward. Apesar de anos sem se encontrarem, a forma como ele conferia as garotas na mesa sugeria que o tempo não o havia mudado muito.

Devia ter querido beijá-la por pura curiosidade. Ele voltou a olhá-la e intensificou o sorriso. Edward se divertia. E não devia estar se divertindo com ela, e sim, às custas dela, porque para Bella não havia nada engraçado.

Deu um passo atrás, enquanto a humilhação dava cabo do último vestígio de satisfação que havia sentido com o toque dele. Estava se enganando. Não tinha nada a ver com Edward. Com certeza ele pensaria que ela era ainda mais patética que da última vez que haviam conversado. Edward Cullen era um namorador inveterado. Ela nunca havia namorado.

Focou a atenção de volta para o trabalho, escondendo a frustração.

Teria muito trabalho no dia seguinte. Precisava estar em sua melhor forma, não podia decepcionar Aro. Não podia se deixar abater.

Voltou a adotar a postura formal e educada que lhe caía tão bem.

- Bom ver você, Edward. Cuide-se. - Sabia que a despedida clichê soava ridícula depois do beijo passional que havia dado nele. Deu um de seus sorrisos simpáticos, porém distantes, e se retirou. Não olhou na direção das colegas de trabalho nem por um minuto.

Edward Cullen. O cara mais sexy que já havia conhecido. Tinha feito papel de palhaça, pensou. Era óbvio que ele nunca se interessaria por ela. Principalmente depois de ter se mostrado uma anti-social como todos a consideravam ser. Esperava não vê-lo por mais um bom tempo. A não ser em seus sonhos.

Foi então que se lembrou.


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Notas finais do capítulo

Ta ai...

Se gostarem comentem que eu posto o proximo capitulo!!
Bjkss