Flashback On.

O filme começou, eu já tinha assistido ele umas 3, 4 vezes, então tão tava prestando muita atenção, já o LEon ficou mega concentrado na TV, eu comecei a reparar nele, e quando ele deu risada eu notei que ele usava aparelho.

Flashback Off.

–Leon! - O chamei.

–O que foi? - Perguntou me olhando de canto pois estava prestando atenção no filme.

–Você usa aparelho! - Afirmei.

–Não, não, é cerca pra eles não fugirem!– Respondeu todo debochado.

–Ui cavalo! - O insultei. Fala serio ele me deu uma patada.

–Vai dizer que nunca tinha notado Vilu? - Perguntou me olhando nos olhos pela primeira vez... E vamos combinar que olhos hein?!

–Eu não! - Dei de ombros.

–Meu Deus, que pessoa desligada. - Rolou os olhos.

–Sou mesmo okay?

–Eu vou tirar ele semana que vem eu acho! - Falou depois de um bom tempo me olhando. Parecia estar pensando.

–Ele quem? - Perguntei confusa.

–O aparelho Vilu! - Respondeu rindo.

–Aaah ta - ri

–Você bateu a cabeça quando caiu né? - Me perguntou

– Eu não! - Respondi

–Bateu sim, porque você ta lerda de mais cara. - Disse serio

–Aaah Luan cala a boca. - Respondi Irritada.

–Foi você quem começou a falar. - Se defendeu

–Mas é você que não para. - Pestanejei.

–Deixa eu assistir o filme vai!

O filme tava chato pra mim pois já tinha assistido varias entao estava meia sem graça. E sem perceber acabei dormindo encostada no ombro do Leon.

–Ooh coisa gorda, acorda!- Leon me cutucou.

–Me deixa dormir caramba! - Resmunguei de olhos fechados.

–Deita na cama não no meu ombro! - Sugeriu.

–Ai Leon, desculpa. - disse ‘’acordando’’

–Desculpa pelo o que? - Perguntou.

– Por domir ai no teu ombro!

–aah tudo bem! - Deus de ombros.

Nesse momento o celular do Leon tocou, ele foi pra varanda atender, quando ele voltou estava com uma carinha de desânimo.

–Bia eu tenho que ir!

–Já? - Perguntei.

–É, meu pai acabou de ligar.

–Ta bom então, eu te levo até a porta.

–Não precisa, fica ai quieta, eu sei o caminho!

–certeza? - Perguntei meia insegura.

–Não... eu posso me perder, mas eu dou meu jeito - Disse entre risos - Vai pra aula amanha? - Me perguntou.
–Eu acho que sim!

–Até amanha então, e melhoras né.- ele falou dando um beijo na minha bochecha e saindo.

–SEU NOJENTO! -Gritei limpando minha bochecha.

–Tchau Vilu! - se despediu gargalhando e logo saiu.

–Tchau seu chato! - Gritei

Passei o resto do dia deitada. No outro dia acordei com um pouco menos de dor, me vesti com a ajuda da Angie, tomei uma vitamina e Ramalho me levou para escola. Ele me ajudou a descer do carro e eu fui andando de vagar até a escola.

–Eu te ajuda Bia! -Leon falou aparecendo do nada.

–Ui assombração, apareceu de onde?

–Tava no portão te esperando!

–Me ama! - Debochei.

–Só que não.

–Chato – ri.

–Bora vem. - ele passou a mão na minha cintura e me ajudou a ir para a sala.

–Tá entregue no seu destino senhorita! - Leon falou quando eu sentei na minha carteira.

–Valeu Leon! - Respondi sorrindo.

Nesse momento um pessoa, veio na minha carteira perguntar se eu tava bem e tal, assim eu notei que o meu tombo tinha sido feio mesmo, não foi só as ‘’marcas’’.

–Oh Vilu- o Leon me chamou

–Oi?

–Eu tenho curiosidade de uma coisa!

–O que? - Perguntei meia receosa.

–Como você é tão bem inglês?

–Eu morei nos EUA (Estados Unidos) por 12 anos Leon!

–VOCÊ O QUE? - Ele se assustou.

–Isso que você escutou uai.

–Porque? - Me perguntou.

–Porque o que Leon?

–Porque você morou nos EUA coisa lerda!

–Aaah, é um história complicada.- abaixei a cabeça

–Conta! - Me incentivou

–É comprida!

–Sou todo ouvidos!

–Depois ta? A professora chegou! - falei apontando pra professora de português que estava na sala.

–Ta bom.

As aulas até que foram boas, na hora do intervalo o Leon me ajudou a ir até a cantina, mesmo eu falando que não precisava.
Era por volta das 15:00 eu tava assistindo TV quando a campainha tocou, a Olga foi atender.

–Vilu É PRA VOCÊ!- Ela gritou

–É o Leon né? - fiz careta

–É! - Afirmou.

–Manda ele entrar.

–Ele quer que você vá lá.

–Mais é chato viu? - disse me levantando. Fui devagar até a porta.

–O que você quer coisa chata? - Perguntei assim que o vi

–Você me deve um história. - Lembrou.

–Precisa ser hoje mesmo!

–Precisa! Você sabe que eu sou curioso!

–E por que o violão?

–Se lembra que eu falei que cantava?

–aham!

–E você falou que queria escutar, então eu vou cantar.

–Aff, entra então.

–Bora lá em casa?

–Por que?

–Não tem ninguém, ai a gente vai lá no lago.

–O Lago é longe Leon.

–O Lago aqui de trás coisa besta.

–Ata... Vamos então. Espera um só um pouquinho. - falei entrando pra dentro de casa, peguei meu celular e gritei.

–OLGA TO INDO NA CASA DO LEON!

–Ta bom Vilu!- ela apareceu na sala.

–Beijo! - Disse me despedindo

Leon me ajudou a ir até a casa dele, quando eu entrei lá fiquei admirada, eu não gostava de coisas chiques, mas a casa dele era linda.

–Leon, porque aquilo? - Perguntei apontando para um V vermelho grande que tinha na sala.

–É um V de Vargas

–Vargas?

–É meu sobre nome - Respondeu rindo.

–Leon Vargas? Nome de pessoa famosa!- eu ri do meu comentário

–Rá, quem dera (risos) mas meu nome completo é Leonard Ferro Vargas.

–Pequeno né? - fiz careta

–Pois é - Riu

–Bora lá pro lago?

–Bora! - Fui devagar até a porta.

–Que lindo aqui Leon.

–Massa né? Também gosto!

–Bora aqui oh. - ele me puxou pra um sofá que tinha ali.

–E então... Me mostra que sabe cantar - ri

Ele colocou o violão no colo. Sorriu. E começou a cantar uma música que eu não conhecia. Meus olhos vidraram dele, eu não imaginava que ele pudesse cantar e tocar tão bem. Fiquei surpresa.

–E ai o que achou?

–Uau... Você canta muito bem!

–Valeu - ele riu - Meu sonho é ser cantor!

–Você tem grandes chances de conseguir!

–Será?

–Claro que tem!

–Acho que eu teria mais chance se ainda tivesse no Mexico.

–Por que?

–Ah lá eu já cantava as vezes em barzinho, na igreja e em festas!

–Por que você se mudou pra cá então?

–Meu pai foi transferido! Não tive escolha... Ah agora me conta sua história!

–Oh bicho curioso! Tenho que contar mesmo?

–Tem sim!

Suspirei fundo, eu não queria contar pra ele isso, mas tava vendo que ele ia ficar me enchendo se eu não contasse, então não tinha outra saída.

–Então ta né!

–Então você morou 12 anos nos Estados Unidos?

–Aham!

–E você vinha muito pra Buenos Aires?

–Não. Nunca vim pra cá na época que morava lá.

–Sério? E com quem você morava lá?

–Com o meu avô. E só voltei agora porque ele morreu ano passado.

–Eu sinto muito! - ele ficou sério, e vi sinceridade em seus olhos

–Tudo bem - dei um sorriso forçado

–Ele era importante pra você né?!

–Era sim! Ele era muito importante pra mim...

–E seus pais moravam com vocês?

–Não!

–Não? Por que? Eles são tão legais...

–É, deviam ser - suspirei fundo

–Como assim deviam?

–Leon, o Ramalho e a Olga não são meus pais!

–NÃO? - ele estalou os olhos

–Não!

–Eles são o que seu então?

–Amigos, e meus empregados - não gosto do termo empregados, pois considero eles a minha família, mas é o que eles são.

–SEUS EMPREGADOS? - ele estava mais surpreso ainda- E seus pais?

–Eles estão mortos! - o Leon ficou sem reação, e sem conseguir falar nada.- Eles morreram em um acidente, quando eu tinha 5 anos. Eles eram filhos únicos. E dos meus avôs o único que estava vivo, era o pai do meu pai, que morreu ano passado. Ah por favor não fique com ‘pena’ de mim. É por isso que eu não gosto de contar isso pras pessoas!

–Vilu..

–É sério!- droga meus olhos já estavam cheios de lágrimas- Não precisa dizer nada. Já estou cansada de ouvir discursos de o quanto as pessoas tem ‘pena’ de mim por causa disto.