"Paz, rock e Brasilia" escrita por Poetizando
Notas iniciais do capítulo
"Aqui estou eu, falando de mim. Ana Claudia. Estou em uma década meio perplexa- 1979. Ah ditadura, breve ditadura, vai levando minha liberdade, pode levar... O preto se renovara."
"22 de Abril de 1879
Mais um dia, a cortina do meu quarto tampava neblina da cidade de Brasilia. Meus Posters do 'Rolling Stones' com uma parte decolada em um canto. Sempre a mesma coisa. Ouvi meu pai subindo as escadas com sua farda. Ele bateu na porta e entrou:
- Aninha?
-Olá papai.
- O seu amigo Rê ja veio aqui 2 vezes e você estava dormindo.
-Ah, ok
- Você não vai telefonar pra ele depois?
- Sim, claro.
Meu pai saiu, fechando a porta lentamente, eu me levantei, o relógio da cabeceira marcava 9:00 horas, pensei enquanto penteava meus cabelos ruivos e encaracolados 'Oque sera que aconteceu com o Rê?"
❝❞
Ouvi alguém batendo na janela do meu quarto, fechei meu quarda-roupa, ainda de pijama, um florido que comprei na feirinha da cidade mês passado. Fui ver quem era... Era Rê, muito eufórico, mandei ele entrar. Desci as escadas e abria a porta. Ele entrou e jogou sua guitarra, uma 'Gibson' preta, e disse animado:
-Aninha!
- Oi! Rê!
-Olha só o destaque que deram pra banda no jornal.
-Rê, oh Meu Deus!- Peguei o jornal de suas mãos e comecei a ler.
- Eu sei, o Ab. Eletrico vai tocar nos palcos de Brasilia.
- Calma Rê, eles so deram um destaque para a banda no jornal, tem muito oque fazer para tocar nos 'Palcos de Brasilia!'.
- As verdadeiras bandas começam assim.
- E os seus pais? Disseram oque?
-Ah.. Como sempre né, 'cantor é uma profissão muito arriscada, volta a dar aulas' e blá, blá, blá...
-Ei, você NÃO pode voltar a dar aulas. Você é uma estrela do rock- eu disse com um olhar imperativo.
-Thank´s- Disse Rê, dei um sorriso abri a geladeira e peguei uma jarra d´agua. Ele disse:
-Tenho que ir e avisar o Fill e o Fê.
- Bye, bye, passo na sua casa depois?
- Ok.
Ele fechou a porta com força, achei engraçado. Continuei me arrumando. escolhi uma calça desfiada, minha blusa do 'Sex Pistols' e meu óculos 'Rai-Ban' como de costume.
-Ana Claudia?
-Oi Mãe.
- Vai a onde?
-Na casa do Rê.
-Você não acha que essa roupa é muito... Informal?
-Eu vou na casa do Rê, não em um colégio militar. Entendeu?
- Mesmo assim, você vive com essas roupas rasgadas, anda com aqueles meninos, sai a noite e não fala nada.
-Escuta mãe. Eu juro que hoje a noite não saio pra lugar algum. Ok?
Minha mãe subiu as escadas. sai, bati a porta, peguei minha bicicleta. Passei na esquina e lá vinha a 'Veraneio' descendo a esquina. Uns meninos socias, de terno, gravata, aparentavam uns 16 anos. Brasilia: A cidade caótica. Vi Zeca (minha paixão oculta) descendo a rua, dei um 'Oi' mega-animado e ele me devolveu com uma Mega-normal. Estava chegando na casa do Rê.
-Oi Aninha...- Disse C. Teresa, a irmã de Rê.
-Olá, o Rê esta em casa?
- Sim, sim, e como sempre trancado no quarto.
-Ok, obrigado- Dei tchal e subi a rua, já dava pra ouvir o som do 'The New York Dolls'. Toquei a capainha e coloquei a minha bicicleta encostada no portão. Rê me viu pela varanda e desceu as escadas paa abrir a porta.
- Oi, Oi
- Vem cá, ouvir minha nova musica.
'Moramos em Brasilia, tambem os presidentes, e todos vão fingindo essa vida aparente, só que eu não pretendo viver nisso não'
-Essa é a primeira parte, não sei se eu troco alguma coisa, umas palavras mais... John Lennon sabe? Tenho que terminar ela, inspiração é o que eu preciso.
- Inspiração em que? Essa cidade é um Tédio. E você só ai lendo, lendo, escutando rock, lendo...
-Como você disse, to com um Tédio com um 'T' Bem Grande. Oque resta é ler, ouvir rock...
- Não fica assim, amanhã tem festa na casa da Gabi.
- Se até lá eu sobreviver nesse caos.- Eu dei um beijo em suas bochechas.
-Calma Rê, e a banda?
- Ta viva, vamos tocar na feirinha do sabado.
- Mas... e a segunda parte?
-Tentarei me inspirar até lá.
- No que?
- Nessa cidade caótica.
-Então vamos escutar 'The New York Dolls'.
e foi assim uma boa parte do meu dia, com o Rê, com a musica, o som, nosso labirinto."
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"Entenda como preferir, leia como desejar, critique como quiser e avalie como deve ser."