Seus olhos verdes me encaravam com ternura, eu podia sentir de longe o amor que ele irradiava através de seu corpo. Dei um sorriso grande, eu estava maravilhada, parecia que finalmente as coisas haviam se encaixado. Nossas mãos entrelaçadas, mantendo nossa conexão. Eu poderia ficar aqui para sempre. Para sempre mesmo.

Porém...

Escutei batidas incessantes na porta do quarto, e quebrei nosso contato visual, levando um grande susto. León suspirou e eu voltei meu olhar para ele que parecia frustrado. Acho que tínhamos o mesmo plano de ficarmos aqui para sempre, porque depois dessas declarações, não tinha dúvidas de que realmente é pra ser.

León levantou-se da cama, evidentemente irritado com o corte do momento. Sorri, meu namorado é incrível. Ele foi até a porta calmamente, assim que abriu, pude ver a figura feminina da Ludmila com seus cabelos loiros enormes e com o rosto bem maquiado. Revirei os olhos. Sério isso?

— Oi. – ela murmurou dando um sorriso para León e me olhando rapidamente. – Posso falar com a Violetta? Prometo que é um minutinho só. – pediu com as mãos juntas, e León virou os olhos para mim. Assenti e ele sussurrou um: “boa sorte”, saindo em do quarto em seguida.

Ludmila entrou no quarto, e parou durante uns segundos, me olhando cuidadosamente, como se eu fosse capaz de fazer alguma coisa contra ela. Sendo que foi ela mesma que invadiu a minha casa para dizer que estava irritada só porque eu não tinha ido a sua festinha surpresa, já que eu não sou advinha e não sabia que eu estaria brigada com o León nesse maldito dia.

— Posso falar com você? – perguntou com as bochechas vermelhas, só não sabia se era pelo excesso de blush ou por vergonha. Apenas balancei a cabeça positivamente e ela se sentou na cama de León, de frente para mim. – Hm... Vilu... Violetta, eu queria te pedir desculpas. – me olhou nos olhos. – Sei que... Não fui muito, digamos que, compreensiva. – suspirou.

— E? – arqueei uma de minhas sobrancelhas.

— E bem... – deu uma longa pausa. – Ah. Não tenho mais nada a dizer, eu só queria te pedir desculpas mesmo. – murmurou.

— Só isso?

— Tá bem, olha só... – desviou o olhar. – Eu não estou muito bem, não é você, nem por causa da festa surpresa que você e o León arruinaram. Eu não estou bem comigo mesma, e acabei descontando tudo em você, no León, na minha mãe, no meu pai, na minha tia, nos meus irmãos, no... – se interrompeu franzindo a testa, eu estava a ponto de dar risada. Acho que ela brigou com todo mundo – Enfim... Eu só preciso de um tempo e saber se você aceita minhas desculpas. Só isso.

— Tudo bem. – dei um meio sorriso.

— Ah! E também quero dizer que sinto muito pelo seu pai. – pegou em minha mão. – Mas confia, vai dar tudo certo.

— Obrigada. – minha voz saiu quase em um sussurro, e agora eu me senti culpada. Passei esse tempo com o León e mal me lembrei de meu pai que corre o risco de ficar paraplégico. Sou uma péssima filha. Se bem que eu acho que o León estava tentando me distrair, mas ok.

— Está tudo bem entre a gente mesmo? – perguntou com um sorriso enorme e eu assenti. – Ai que bom! – me abraçou apertado. – Estava louca de saudades.

— Lu. – ri. – Você está me enforcando.

— Quero que me conte tudo que rolou lá nos States. – seus olhos brilharam. – Faz tanto tempo que eu não vou lá.

— Ah. Foi legal, mas meu foco mesmo era estudar, lá não é tão fácil quanto parece.

— Estudar e pegar meu primo né? – riu e eu acho que virei um pimentão. – Eu estava brincando. Sua cara foi impagável!

— Isso não é coisa que se diz. – peguei o travesseiro de León e taquei nela.

— Mas me conta aí. – se aproximou. – Meu primo não dormiu em casa ontem... – e eu já sabia muito bem o que vinha depois desse comentário. – Vocês ficaram juntos, não foi? – disse praticamente em um sussurrou, e eu só fui capaz de balançar a cabeça, dizer aquilo era vergonhoso. – Ah, eu sabia. – parecia aliviada.

— Mas então... – hora de mudar o assunto. – Como vai com o Diego?

— Não vai né... – fez uma carinha triste. – Ele é muito ciumento, eu jamais deveria ter começado algo com ele.

— E o Federico?

— Conheceu uma tal de Nina, e tá mais interessado em ajudá-la em matemática do que me dar atenção. Ela é loira também. Isso que me deu mais raiva.

— Ele não ia te esperar para sempre né? – tentei ser compreensiva.

— É... Mas o que custava esperar um pouco? Foi tão recente.

— Você também não esperou. – falei me lembrando dela e do Diego.

— Não. – fez careta. – Ah, fui pra França e conheci um G-A-TO!

E assim engatamos em uma conversa a Ludmila. Nunca ri tanto.

***

— Sua mãe não vai gostar de saber que o filho dela é um pervertido. – murmurei enquanto León escorregava suas mãos para minhas coxas, dizendo que estava apenas fazendo massagem. Estávamos em seu quarto, já era noite.

— Eu adoro tocar em você. – disse num sussurro, e eu me virei, ficando sentada de frente para ele, enquanto via as bochechas do mesmo ficar vermelhas. Gargalhei. – Foi por impulso, desculpe.

— Te amo muito. – te dei um sorriso, fazendo o mesmo relaxar. – A gente podia assistir a um filme, né?

— Depois dessa massagem eu to querendo fazer outra coisa. – disse me beijando com mais intensidade e eu o empurrei sutilmente.

— Nem pense. – sussurrei. – Pervertido. – repeti e ele riu.

Ele riu também e me puxou, caindo nós dois na cama. Aconcheguei-me em seus braços.

— Sabe o que eu tava pensando... – eu murmurei e ele resmungou para que eu continuasse. – Com esse acidente... Acho que nem vai ter mais casamento entre o meu pai e a Angie né?

— Por que diz isso?

— Você acha que, tipo, eles ainda vão querer? A Angie pode tá traumatizada e meu pai pode ficar paraplégico. – falei sentindo um aperto no coração.

— São coisas a se pensar, mas acho que eles se amam apesar de todos os obstáculos.

— Se fosse a Jade no lugar da Angie, tenho certeza que ela já teria pulado fora.

— A Jade foi tudo de ruim, mas ela também amava seu pai, linda.

— O que deu em você hoje? Defendendo todas as namoradas do meu pai? Sério?

— Claro que não. – riu. – Você é como seu pai: ciumentos demais. – arqueei uma das minhas sobrancelhas. – Ele morre de ciúmes de você comigo, e você morre de ciúmes dele com qualquer outra mulher. É hilário. – explicou e eu sorri.

— Sinto tanta falta dele. – enlacei nossas mãos.

— Daqui a pouco ele volta. – beijou minha testa. – Vai ficar tudo bem, confia.

***

Acordei no outro dia meio perdida. Olhei em volta e vi que estava no quarto de León, com ele abraçado a mim. Sorri, nem me dei conta da hora em que fomos dormir ontem, mas estava feliz de estar aqui.

Escutei algo vibrar e olhei para o seu criado-mudo. Foi seu celular que fez esse som. Peguei-o ele não tinha senha mesmo. E para minha surpresa tinha uma mensagem da Kate, meu sangue começou a ferver.

Abri as mensagens dele com a Kate, e vi que os mesmos conversavam, não era muito interessante, mas mesmo assim eu não gostei. Quem ele pensa que é pra falar com essa vaca vestida de boa moça agora?!

“Parabéns Vargas!” – Kate.

Não entendi. Hoje não era o aniversário dele, e nem uma data comemorativa. O celular vibrou novamente e era uma mensagem do Ben.

“Parabéns dude! Você conseguiu!” – Ben.

E vibrou de novo.

“LEEEEEEEEEÓN! Ai que bom que você conseguiu! To muito feliz por você amigo! Mas só uma pergunta... Você já falou com a Vilu? Beijos. – Francesca.

E de novo.

“E aí maluco?! Parabéns cara! Você conseguiu.” – Erick.

Mas o que é que tá acontecendo?! Por incrível que pareça eu estou morrendo de raiva. Raiva por não saber o que está acontecendo e principalmente raiva por ver que até a Kate estava sabendo e eu não, e também por ela ter sido a primeira a mandar mensagem para o meu namorado.

— León! – eu praticamente gritei enquanto saia dos braços quentinhos e protetores do meu namorado.

— Oi? O que? Não fui eu. – disse tudo rapidamente com os olhos piscando sem parar, e a voz rouca e assustada. – O que foi linda? – murmurou sonolento e com um sorriso no rosto, vendo que era eu que estava ali com ele.

— Você é um idiota. Fingido. Inútil. Que esconde as coisas da namorada! – murmurei estapeando o seu braço.

— Do que cê tá falando? – murmurou agora sério, enquanto se sentava, assim como eu.

— Você. Sabe. Do. Que. Eu. To. Falando. – falei pausadamente entre tapas.

— Ai, ai. – segurou meus pulsos. – Juro que não.

— Pode me explicar o que é isso? – perguntei mostrando as mensagens do celular dele. O mesmo pegou o objeto de minhas mãos.

— Então você estava mexendo no meu celular? – murmurou com os olhos desconfiados. Senti minhas bochechas queimarem. Eu nunca mexi nas coisas dele, porque eu confiava demais no meu namorado, mas isso realmente não vem ao caso.

— León, não interessa, não agora. – murmurei. – Mas me explica! E para de me enrolar.

Ele revirou os olhos e riu. Mas ficou sério de repente enquanto lia as mensagens. E assim, do nada ele abriu o maior sorriso.

— Vou checar meu e-mail. – disse sem ainda me contar nada. – Eu realmente consegui! Não to acreditando! Vou para Hollywood!

— O que? – meu espanto foi evidente, desde quando? Como assim? Minha voz saiu em um sussurrou.

León me tomou em seus braços, me dando um grande abraço. Enquanto eu estava sem reação. O meu namorado vai pra Hollywood e só me conta quando recebe a confirmação? Que espécie de namorada ele acha que eu sou? E por que todos sabiam menos eu? Cadê a consideração?

— Mãe! – León saiu gritando porta a fora, enquanto corria para o andar debaixo, para contar a descoberta para sua mãe. Enquanto eu ficava ali, na cama dele, sem saber o que pensar.

Hollywood? Sério mesmo?