Por León *

_Sério mesmo que você vai ficar chorando? Você tá parecendo uma mulherzinha Marco. – falei vendo o mesmo chorar rios enquanto estava sentado na poltrona do meu dormitório.

_Você não entende. – ele disse tentando se controlar. – Ela estava com ele, como você acha que eu me senti?

_Cara, não é tão ruim assim, a Francesca te ama, eu sei disso, ela me conta isso toda vez que a gente está conversando, ou seja, sempre. Ela seria incapaz de ter alguma coisa com o Ben, deve ter acontecido algo muito errado.

_Sei lá, ela estava tão distante ultimamente, que não sabia o que pensar, quando vi os dois se agarrando em frente da lanchonete.

_Vocês estão juntos há três anos, e nesses três anos, eu nunca vi vocês brigarem sério, estava na hora de alguma coisa dar errado, né? Sem ofensas é claro. – falei assim que ele me jogou um olhar fulminante. – Além do mais, a Francesca nunca esteve com outro garoto, a não ser você.

_Bom, nem eu estive.

_Esteve sim – falei o corrigindo e ele me olhou confuso. – A Ana.

_Ah sim, mas foram poucas vezes. A gente só ficava ai eu conheci a Fran, e nunca mais falei com aquela menina. – ele disse e parou, parecia estar pensando. – Espera aí... Você também pegou a Ana.

_Passado é passado.

_Aliás, quem você não pegou né León?

_Não peguei a Francesca, satisfeito? Mas ela deve ser uma ótima garota, porque você não largou dela em três anos. – falei confiante e ele me olhou bravo.

_Mas respeito, por favor, obrigada. – ele disse sarcástico e eu ri.

_Eu estava brincando. – eu disse ainda rindo.

Escutei a porta bater, e logo passos dentro de meu dormitório. Não podia ser nenhum estranho, porque eu conheço todos que moram dentro daquela republica. Era uma garota, já que ouvi barulhos de saltos.

_Olá amor. – era a Violetta.

Ela entrou em meu quarto e cumprimentou o Marco, e logo se sentou ao meu lado na cama. Não entendi o que ela estava fazendo com uma roupa tão elegante e ousada ao mesmo tempo.

_Oi. – falei ainda perdido na beleza deslumbrante a minha frente e ela riu da minha cara. – O que está fazendo aqui?

_Francesca me expulsou do quarto, disse que quer ficar sozinha, e eu realmente não sei o que aconteceu para ela estar me tratando tão mal? Eu fiz algo de errado e não sei? – perguntou ingênua e eu ri.

_Que nada – falei passando meu braço por cima dos ombros dela. – Ela e o Marco estão passando por “um momento difícil” – falei.

_O que houve Marco? – ela perguntou a ele. – Já sei, discutiram porque ela estava com ciúmes não é?

_Não, na verdade ele que estava com ciúmes, meu amor. – falei rindo, e Marco me olhou bravo.

_Na verdade, a Francesca me traiu, Violetta. – Marco disse e Violetta ficou branca de susto.

_Não exagera Marco, vai matar a Violetta de susto. – falei vendo Violetta um tanto séria. – Ele só viu outro garoto beijando a Francesca, mas ela foi pega de surpresa relaxa, o Marco que está fazendo uma tempestade no copo d’água.

_Isso é sério? – ela ainda parecia não acreditar. – Quem foi que a beijou?

_O Ben. – Marco disse com raiva.

_O Ben? Sério isso? A Yasmim vai ficar louca se souber disso! – Violetta disse saltando da cama.

_Agora é você quem está fazendo uma tempestade no copo d’água. – murmurei revirando os olhos e ela suspirou.

_León, você não tem noção do que é ser traído né?! – ela perguntou brava com as mãos na cintura.

_Meu amor, não foi isso que eu quis dizer... É que tipo, a Francesca não teve nada a ver, quem fez tudo foi o Ben, o Marco que está se doendo a toa.

_Tá legal. – ela suspirou. – Marco, eu sugiro que você vá até o meu dormitório, e converse com ela. Pois ela está insuportável.

_Vou tentar. – ele disse se levantando da poltrona. – Mas não prometo nada. Depois de uns segundos a porta bateu. Isso significava que ele deveria ter ido embora já. Violetta suspirou.

_Você poderia ser um pouco mais sensível, quando se trata das relações dos seus amigos. – ela me advertiu com a fala lenta.

_Ai amor, eu não levo jeito para dar conselhos, ainda mais se for para o Marco que sempre zoa de qualquer sensibilidade que eu tenha.

_É sei lá... – deu de ombros.

_Mudando de assunto... O que você faz tão bonita assim? – perguntei a olhando, já que estava e pé em minha frente.

_Gostou? – deu uma voltinha, enquanto ria.

_Claro, só não entendi o porquê disso tudo. – falei.

_Eu sai com as meninas hoje seu bobo. – disse risonha.

_E porque não me avisou, assim eu ia com você. – falei a puxando pela cintura.

_Por isso mesmo que eu não falei nada, era um tempo só nosso. Sem garotos. Pena que a Fran não foi, porque o passeio foi bem divertido.

_O que vocês fizeram?

_Compramos roupas, fomos ao cinema, comemos, compramos mais roupas, sapatos, etc. – disse mexendo em meu cabelo. – Coisa de meninas entende?

_Acho que sim. – murmurei.

_Amor, meu pai chamou a gente para jantar hoje, lá no hotel onde ele e a Angie estão hospedados. O que acha?

_Vai ser ótimo encontrar o sogro que me odeia tanto. – falei irônico e ela riu.

_Ele não te odeia amor. Ele ama você. Garanto a você que ele prefere mil vezes eu estar contigo a com outro garoto. Ele confia em você.

_Claro que não confia em mim. – contrariei-a e ela arqueou uma das sobrancelhas. – Lembra do dia que ele me viu dormindo com você? Amor, ele me odeia desde aquele dia. – falei e ela gargalhou.

_Foi um mal entendido e você sabe disso. – ela disse. – Ele achou que você era uma mal caráter. – continuou.

_O que eu não sou. – rebati.

_É claro que não é. Mas você sabe como são os pais né amor? Eles sempre pensam o pior. – falou e eu assenti.

_Quando tivermos nossos filhos, não serei assim, pode ter certeza. – eu disse e ela gargalhou. – Que foi?

_León, todos os pais são iguais. – riu. – Se tivermos uma garotinha, você vai morrer de ciúmes dela, e não vai querer que nenhum garoto se aproxime dela. Aposto que se você fosse o meu pai na situação em que nos encontrávamos, e eu fosse sua filha, você surtaria.

_Pensando bem... Acho que serei igual a todos os pais. – falei vencido e ela continuou rindo.

_Claro que será. – sentou em meu colo. – Mas já que estou aqui, o que acha de namorarmos um pouquinho?

_Acho uma ótima ideia.

Por Ludmila #

Eu estava de volta a Buenos Aires. Eu já estava com saudades da minha cidade e principalmente da minha família e amigos. Não sou nada sem eles. Mamãe me recebeu com uma festa em família. Fiquei contente. No momento eu estou no quarto com a Natália, contando sobre a minha viagem a Paris.

_Eu não acredito que você ficou com um francês! – ela disse sorrindo.

Era verdade, eu e Clement havíamos ficado na noite que saímos para jantar. Ele começou a me elogiar. E digamos que ele é um cara muito atraente, não resisti e acabei ficando com ele aquela noite. Mas foi uma vez só. E nós apenas nos beijamos, seria incapaz de fazer outras coisas, que por sinal seriam erradas.

_Ah Naty, ele era bem legal. – falei rindo. – E muito bonito. Tratava-me como uma princesa. Não sei se ele é assim com todo mundo, mas comigo foi um verdadeiro príncipe.

_Vocês se apaixonaram um pelo outro, foi isso? – Naty perguntou de queixo caído e eu neguei rindo.

_Depois nós admitimos que, foi atração física. Além disso, ele gosta de outra menina, não de mim, foi apenas uma recaída básica.

_Entendi. – Naty murmurou. – Mas eu também tenho uma novidade amiga. – ela disse empolgada. – O Maxi me pediu em namoro!

_Finalmente né criatura? Achei que vocês iam morrer sem se assumir para o mundo. Mas me conta como aconteceu.

_Então, ele me chamou para fazer um piquenique. E eu aceitei, ai ele começou a falar de nós dois juntos, e depois se ajoelhou e tirou um anel prata do bolso. Eu juro que tive vontade de chorar.

_E por que não chorou? – perguntei.

_Porque tinha muitas pessoas nos olhando, e a vergonha era maior. – rimos.

_E como ficaram as coisas depois que eu fui embora?

_Bom, o Diego não apareceu na escola nenhum dia. E o Federico vivia mal-humorado. Só ficava feliz quando recebia ligações suas.

_Ele é um fofo.

_Ele te ama. – Naty disse sorrindo. – Assim como o Diego. – continuou e eu fechei a cara. – Você precisa escolher apenas um, amiga, os dois estão machucados por sua causa.

_Eu já escolhi Naty. – falei sorrindo e ela arregalou os olhos. – Eu já escolhi. – repeti um pouco mais devagar.

***

Por Francesca *

Eu estava em meu quarto, enrolada nas cobertas, meio sentada e meio deitada. Tomando sorvete. Meu nariz já estava vermelho, de tanto gelado que eu já tinha tomado. Sim, eu estava horrível. Além de minha aparência estar ridícula, eu estava me sentindo horrível por dentro.

Eu sei que o Ben não fez por mal, mas ele não devia ter feito aquilo. E ele me deixou confusa. Eu nunca tinha experimentado o beijo de outro garoto, e agora que isso aconteceu, eu realmente não sei como me sentir. O Marco foi o meu primeiro em tudo, literalmente em tudo. E eu agradeço muito a ele por isso.

_Francesca – escutei meu nome ser pronunciado.

E lá estava ele. Na porta do meu quarto, me olhando preocupado, como todas as vezes que eu estava mal. O olhei por um momento, e logo desviei para o filme que estava passando na televisão, que eu mal sabia o nome.

_Nós precisamos conversar. – disse fechando a porta, e trancando. Vindo em minha direção.