Wrong fall escrita por RainhaIzzy


Capítulo 23
Capítulo dezoito, Família e Regras




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/546932/chapter/23

–Então, você não contou pra ela sobre mim?! - Katrina perguntou, indignada. - Aposto que você contou da Jackie, ela sempre foi a sua favorita!

–Quem?! - indaguei, cruzando os braços.

–Ou você não não contou sobre nenhuma de nós!

–Katrina, é melhor você ir para casa. - Logan respondeu, empurrando a garota em direção ao prédio.

–Com todo o prazer! Essa eu preciso esfregar na cara da Jackie. - Katrina comemorou, dando pulinhos. - Finalmente não sou a irmã numero dois!

–Ei! - Logan chamou a atenção dela, segurando em seu braço. - Você não vai falar nada, quero que traga ela pra cá, e se eu descobrir que você falou alguma coisa, vai se ver comigo, Katrina.

–Tá, tá, tá... - Katrina bufou e saiu pulando em direção ao enorme prédio.

Assim que Katrina estava longe, Logan se virou para mim. Seus olhos fitaram os meus, em uma tentativa falha de segurar minhas mãos.

–Eu posso explicar... - ele começou, levantando as mãos em sinal de rendição.

–Eu acho bom! - exclamei, irritada.

–Eu tenho duas irmãs mais novas, eu menti porque... Bem, uma é muito sem noção e a outra é um pouco tímida demais. - Logan respondeu, fazendo uma careta. - Está brava?

–Talvez... - respondi, virando de costas.

–Você fica muito sexy quando está brava. - Logan sussurrou em meu ouvido, abraçando-me por trás. - Desculpe, eu não queria ter mentido.

–Tudo bem. - respondi, virando-me de frente para ele. - Você podia me contar sobre elas?

–Elas são gêmeas, mas são muito diferentes de personalidade. Katrina, que você já conheceu, é parecida com o meu pai, igual a mim. Jackie é mais delicada, puxou a minha mãe, ela liga mais para a inteligencia e a bondade do que para a coragem e a sobrevivência. - Logan fez uma pausa, seus olhos se focaram no chão. - Jackie assistiu a morte da nossa mãe.

–Eu sinto muito... - falei, segurando suas mãos.

As orbitas verdes e brilhantes dos olhos de Logan, voltaram-se para mim.

–Eu e Katrina sempre pedíamos para nosso pai nos levar com ele para caçar, então um dia ele deixou. Jackie decidiu ficar em casa com o mamãe, que igual a ela, odiava caçar. - Logan virou o rosto para o nada, e ficou brincando com os dedos das minhas mãos. - Quando voltamos, Jackie estava dentro de um baú escondida, tremendo e chorando. Nossa mãe estava no chão, morta.

–Eu sinto tanto, não posso nem imaginar algo assim.

–Não sinta, borboleta. - Logan respondeu, acariciando minha bochecha. - Você vai logo conhecer a Jackie. Não estranhe se ela não te responder, ela não fala nenhuma palavra desde o dia que nossa mãe morreu.

–Tudo bem, é compreensível.

(Musica para essa parte: https://www.youtube.com/watch?v=FE_-P406BiI )

–Logan? - Katrina chamou, fazendo com que virássemos e víssemos duas figuras ruivas e baixinhas.

Ao lado de Katrina, estava uma figura idêntica a ela, que eu suponha ser Jackie. Ela andava mais curvada do que a irmã, toda encolhida, como se tivesse com medo de tudo que tivesse a sua volta.

Assim que Logan se afastou de mim e começou a caminhar em direção a elas, Jackie correu para seus braços.

–Está tudo bem, passarinho? - Logan perguntou, tirando uma mecha de cabelo alaranjado do rosto de Jackie.

Ela se afastou e assentiu.

–Eu sou Katrina. - aceitei a mão estendida de Katrina e sorri.

–Meu nome é Ariel. - respondi, mesmo sabendo que era uma resposta desnecessária.

–Sei quem você é. - Katrina respondeu, rindo. - Quem não sabe, né?

–E essa aqui é a Jackie! - Logan exclamou, apresentando a irmã que se escondia atras dele. - Ela é um pouco tímida, mas adora quando eu trago doces pra ela!

Logan tirou um saquinho cheio daquelas balinhas coloridas e entregou para Jackie, que logo arregalou os olhos e tomou o saquinho das mãos de Logan, já devorando os docinhos. Ela se afastou um pouco e sentou em um monte de folhas verdinhas.

–Passarinho, essa aqui é uma amiga do irmãozão. - Logan estendeu a mão para mim e eu aceitei, deixando ele me puxar para perto de Jackie, que comia descontraída os docinhos. - Queri dizer oi pra ela?

–Oi, Jackie! - cumprimentei com um sorriso.

Jackie levantou e guardou o saquinho de doces na bolsinha caída ao lado de sua saia. Seus olhinhos fitaram os meus, enquanto levantava sua pequena mãozinha e a colocava gentilmente em minha bochecha.

Olhei para Logan, mas ele só deu de ombros.

Ela faz isso com todo mundo. - Katrina disse em minha cabeça.

Os grandes olhos verdes de Jackie se arregalaram, quando ela arrancou bruscamente a mão do meu rosto, cambaleando para trás. Ela andou até tropeçar no monte de folhas, que estava sentada antes, e cair. Ela parecia apavorada, como se tivesse visto algo horrível.

–Jackie! - Katrina exclamou, indo socorrer a irmã. - É melhor eu levar ela para casa.

–Tudo bem. - Logan concordou, beijando o topo da cabeça de Jackie, quando ela passou por ele.

–É melhor eu ri. - falei, já pegando meu celular para chamar um táxi.

–Eu posso te levar.

–Não precisa! - apressei-me em dizer. - Eu quero que você vá e cuide de Jackie, ela parecia muito assustada.

Logan pareceu pensativo por alguns segundos, mas logo me puxou para seus braços. Enterrei meu rosto em seu peito, não querendo mais sair dali.

–Eu preciso ir, cuide de Jackie, okay?

–Okay. Eu te amo. - ele sussurrou, beijando meus lábios.

–Também te amo. - respondi, sorrindo. - Agora, vá.

Enquanto eu esperava o táxi, observei Logan sair correndo em direção ao enorme prédio.

–-----------------------------------------------------------------------------------

Eu ainda não estava com vontade de voltar para casa, então pedi para o táxi me deixar em frente ao Miss.

Lá eu comprei um café e olhei a vitrine de algumas lojas de vestidos. Logo o baile chegaria, e eu ainda não tinha nenhuma ideia do que comprar. Quando deu mais ou menos cinco horas, eu decidi caminhar de volta para casa. Mas antes, eu comi um daqueles deliciosos bolos de chocolate no Miss e comprei um café para viajem, para tomar no caminho.

No caminho para casa, pensei em Jackie. Era impossível imaginar algo daquele tipo, uma criança assistir a mãe morrer, não era humano! O que aquela garotinha passou... Meu deus, era horrível! Fazia total sentido ela não ter falado desde então, ela lidou de um jeito que machuca alguns.

Mas é assim, você não pode escolher antecipadamente o jeito que vai lidar com uma situação dessa. Na hora que as coisas ficarem feias, você vai agir do primeiro jeito que veio na sua cabeça, pois você não vai ter nenhuma noção ou calma para parar e pensar em um jeito bom de agir com aquilo acontecendo.

As pessoas lidam de jeitos diferentes. Você pode chacoalhar, gritar e teimar com a pessoa que o seu jeito de lidar é melhor, mas isso não vai mudar nada, pois o seu jeito de lidar pode ser o pior possível e aquela pessoa sabe disso, mas ela não vai falar nada. Sabe por que? Porque ela vai pensar que o jeito que ela lida é ruim, só porque apareceu um jeito totalmente diferente.

A verdade é que não exite um jeito certo de lidar com as coisas. É a vida, você supera, lida e vive com isso. O jeito que você vai fazer essas três coisas, depende de você.

–-----------------------------------------------------------------------------------

Quando cheguei em casa, meu pai estava andando de um lado para o outro na sala, e Maia estava sentada no sofá, tentando acalmar ele.

–Oi gente! - falei, tirando o meu sapato.

–Onde você estava, mocinha?! - meu pai perguntou, ou melhor, gritou.

–Eu só sai pra passear, dar uma olhada nas lojas de vestidos.

–Pra passear?! Que tipo de passeio demora a tarde toda?!

–Um bem longo, papai. - respondi, sorrindo.

Coloquei meu sapato no inicio da escada e fui sentar no sofá, pegando um biscoito que Maia tinha acabado de tirar do forno.

–Como foi a reunião? - perguntei com a boca cheia de biscoitos.

–Um pouco tumultuada. - meu pai respondeu, sentando no sofá ao meu lado.

–Como assim?

–Estabelecemos algumas regras. Alguns anjos caídos descordaram, mas no final, eles aceitaram.

–Pode me contar que regras são essas? - perguntei, encostando minha cabeça em seu ombro.

–Eu não devia, mas faço um sacrifício pela minha garotinha. - sorri ao ver meu pai me chamando desse jeito. - Bem, qualquer anjo que tiver alguma relação com um anjo caído, será condenado a morte.

Eu congelei, o sorriso sumiu totalmente do meu rosto.

–M-Morte? - gaguejei.

–Aham, minha filha. Agora, quero ver alguém se meter com aquelas criaturas imundas. - meu pai respondeu, a frieza em sua voz me assustava.

–Mas e a escola? - perguntei, tentando soar firme.

–Isso não é um problema, o representando garantiu que ele manteria eles o máximo longe dos nossos.

Levantei e cambaleei até a escada, mas Maia me parou.

–Você está bem, querida? Está muito pálida!

–Eu estou bem, só uma tontura. Vou deitar, não precisa me chamar para o jantar, tudo bem?

–Claro, querida. Qualquer coisa, pode me chamar.

–Aham. - respondi, subindo as escadas.

(Musica para essa parte: https://www.youtube.com/watch?v=ij_0p_6qTss )

Em meu quarto, eu desabei na minha cama, enfiando meu rosto nos travesseiros e chorando. Chorando por tudo que guardei para mim! Eu estava assutada, como meu pai poderia dizer uma coisa dessas, fazer uma coisa dessas. Era desumano!

Eu soluçava e deixava as lágrimas escorrerem pelo meu rosto.

Como podia ser tão errado amar alguém?!

Eles iriam me matar, iriam punir ou fazer algo muito pior com Logan. Eu não podia perder ele, já perdi minha mãe, eu não queria perder outra pessoa que eu amo! Era necessário, pelo menos por enquanto. Não seria assim pra sempre, pelo menos eu esperava.

Peguei meu celular e liguei para Logan, tentando segurar as lágrimas que ameaçavam cair.

–Olá, borboleta! - Logan atendeu, animado com alguma coisa. - Você não sabe quem quer ir ao baile?

Eu precisava segurar as pontas, então sorri com aquilo e respondi.

–Quem, amor? - perguntei.

–Jackie! Eu não sei o que deu nela, mas ela entregou um daqueles panfletos do baile e um de uma loja de vestidos, perguntei se ela queria ir e a mesma confirmou.

–Ela falou alguma coisa? - perguntei, limpando as lágrimas que tinham escorrido pelo meu rosto.

–Não, mas ela parecia bem animada. Tenho que admitir, fazia tempo que eu não via ela assim, acho que a nossa visita não foi um fiasco total. - ele respondeu rindo.

Eu simplesmente desabei. Como eu podia dizer isso pra ele? Tipo, simplesmente acabou e tchau, era ridículo, mas eu não queria estragar totalmente a felicidade dele. Decidi deixar o lado da sentença de lado, ele descobriria sozinho, eu não tinha forças para contar.

–Ariel? O que aconteceu? - ele perguntou, sua voz tinha mudado de feliz para preocupada.

–Ai Logan.... Me desculpe, eu não queria, mas eu estou com medo. - respondi entre soluços.

–Medo do que? O que fizeram para você? Foram aqueles rebeldes?! - eu conseguia sentir a raiva com que falava dos rebeldes.

–Não, não, não.... Não foram eles, amor. - respondi, limpando as lágrimas e engolindo o choro.

–Então o que aconteceu, borboleta?

–Acabou, Logan.

–Acabou o que?

–A gente, isso acabou. - respondi, tentando fazer minha voz continuar firme.

–Como assim?! Ariel, o que aconteceu?! Eu estou indo ai.

–Não! Eu não quero que você venha! - gritei, chorando mais ainda. - Que droga, Logan! Eu não quero que você venha, não quero!

–Ariel...

–Acabou porra! - gritei novamente, chorando e chorando.

Logan ficou em silencio, apenas escutando eu chorar como uma idiota. Mas depois de um tempo, ele desligou.

Me agarrei em um dos travesseiros e fiquei assim, até que o choro cessou e eu adormeci.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Wrong fall" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.