A Presa e o Caçador escrita por Tiago Loures


Capítulo 1
Único


Notas iniciais do capítulo

M'Bora Ler!



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Ali estava Lúcio escondido entre as folhagens da floresta. Ele passara o dia e a noite toda seguindo o rastro daquela criatura que não hesitava em atacar a sua aldeia. Diferente de outros animais aquela fera não hesitava em atacar os humanos mesmo dentro da segurança da aldeia. Poucos foram os homens e mulheres que escaparam da suas garras quando tiveram um encontro.

O rastro de destruição que encontrou quando retornara da aldeia depois da sua peregrinação, fez com que volta-se a pegar em sua armas e fosse a busca do criador daquele todo caos e destruição.

Diferente de muitos caçadores, Lúcio não era uns dos mais fortes ou algo de género, o seu corpo esguio demonstrava que ao invés de fazer o uso da sua força física, ele usava-se mais da sua inteligência, bem mais que a maioria usava para caçar, e caso um combate ele entrasse, a sua agilidade e velocidade compensavam a sua pouca força física.

O cheiro que ele sentia era deveras irritante, o rastro tornava-se mais intenso a medida que aproximava-se do seu alvo.

A trilha de sangue denunciava, apesar do seu cansaço ele ainda mantinha-se bem desperto, não queria também acabar nas garras da fera.

Enquanto andava desperto deparou-se com um ambiguidade, o rastro terminava em um precipício, ainda indagava-se com isso seria possível.

Dentro de si algo sussurrou-lhe que o seu caminho era adiante e não terminava ali. Munido de um resistência inumana, caminhou até a borda do precipício, via o resto da floresta facilmente.

A sua mente trabalhava arduamente em um maneira de conseguir prosseguir adiante. Sabia que dando a volta o risco de perder o rastro seria quase certo, além de gastar mais energia. O problema só foi solucionado quando deparou-se com uma trepadeira que poderia ser usada como corda.

Amarou a uma árvore dando vários nós bem apertados, e começou a descer a encosta calmamente. O seu arco e as flechas não o atrapalhavam tanto, apesar de temer perder ele por qualquer descuido que pudesse fazer.

O seu corpo tremeu quando sentiu a primeira gota de chuva em contacto com o seu corpo, apressou a chegar mais rápido ao solo, pior que perder o rastro, era ser pego no meio de uma tempestade, essas bem comuns naquela época do ano. Quando os seus pés tocaram no chão a chuva já caia fina mais constante, os relâmpagos não negavam o quão intensa seria a tempestade.

Andando com passos rápidos tentava encontrar um abrigo, num dos seus descuidos, rolou por um barranco. O seu corpo só parou quando encontrou um árvore, o choque foi tão intenso que o ar faltou-lhe com o choque. O seu corpo doía, e pior estava completamente à mercê de qualquer um que o encontra-se ali. Não conseguindo andar, arrastou-se um bocado. A sua pele estava visivelmente machucada, arranhões marcavam-a, e sangue escorria. A sua consciência não tardaria a abandonar-lhe.

“Me use, me use, tu sabes que eu tudo posso para ti” sussurrava-lhe a voz em sua mente.

“Quem és...” ainda de terminar a pergunta, ele desmaiara.



Lukanda voltava para a sua casa, ou melhor sua caverna. A luta que teve com o seu irmão mais uma vez provara-se infrutiva. O irmão mais velho além de ser mais forte que si, compensava a sua fala de técnica de luta com a loucura que carregava. Depois que ambos foram expulsos dos seus dos seus familiares, o seu irmão tornou-se uma sombra, não mais sentindo qualquer empatia que fosse. O ápice dessa falta de apatia, deu-se quando ambos tentava escapar dos caçadores, o seu irmão mesmo já derrotado o caçador, não hesitou em comer o caçador para o seu horror, as mudanças que nele ocorreram foram aterrorizadoras.

Agora o seu irmão apenas alimentava-se de carne humana, a loucura estava entre eles, a falta de carne humana deixava o irmão num estado catatónico que logo se seguia por uma extrema irritabilidade e agressividade.

Duas aldeias foram dizimadas pela fúria e fome do seu irmão, o pouco de sanidade que ele mantinha deu-se lugar a um estado eterno de loucura. De todas as vezes que tentou impedir o seu irmão de prosseguir isso, acabou gravemente ferido ou desacordado, o seu irmão parecia sentir prazer em entrar em disputa com ele, apesar de saber que o resultado era sempre o mesmo, o mais velho sairia sempre vitorioso e ele derrotado.

Deitado em em seu leito, feito de folhagens nem tão macias, tentava descansar. Estava cansado, e os seus ferimento pareciam agora demorar a curar-se. As suas poucas vestes pareciam não estar num estado melhor que ele mesmo, rasgadas e sujas de terra, lama e sangue pouco lembravam o seu antigo estado.

Enquanto tentava dormir, mas o temporal provava-se capaz de impedir isso. Praguejava aos céus por aquele maldito temporal, só foi desperto dos seus pensamentos, quando sentiu um cheiro estranho, algo doce e cítrico, misturado a outro cheiro intenso, sangue.

Vagarosamente levantou-se e metamorfoseou-se para a sua forma leonina. As suas pernas e braços deram lugar a forte patas, e uma juba surgiu na sua face. As suas vestes agora não mais existiam.

Correu como se a sua vida dependesse disso, não queria perder o rastro e a chuva grossa e intensa provava nesse momento ser a sua maior inimiga. A cada compassada sentia-se mais inebriado pelo cheiro adocicado cítrico que emanava do rastro que seguia, a chuva não o dava descanso, logo o seu corpo robusto leonino estava completamente encharcado. Chegando já próximo ao lugar de onde provinha o cheiro, reparou que um corpo encontrava estendido no chão, castigado pela chuva, e pode notar que se encontrava com ferimentos aparentes.

Enquanto caminhava lentamente em direção ao frágil corpo ali deitado, a sua forma leonina dava ligar a humana. Já perto do corpo desacordado, não deixou um suspiro escapar quando notou que a vida ainda o habitava. Agachou-se e o tomou pelos braços, colocando-o depois em suas costas.

Logo a sua forma leonina encontrava a correr velozmente de volta a sua caverna. Notou que o cheiro que emanava do jovem rapaz o deixava num estado de plena paz. Apesar de as vezes tal paz que vinha do rapaz, o despertava outros sentimentos mais carnais.

Sacudiu a sua cabeça tentando retirar tais nada castos pensamentos da cabeça.

Chegando na caverna logo retirou o rapaz de suas costas e tratou de despir-lo das maltratadas roupas que ele trazia, sentia que o quanto mais demorava o estado do rapaz só piorava, vestiu o rapaz rapidamente com as suas vestes que ele mais considerava capaz de manter o jovem aquecido. O seu leito que pouco conforto ofereceria ao rapaz, o preocupou. Tentou ajeita-lo para garantir um pouco mais de conforto mais não conseguiu, as folhagens ali usadas não ajudavam em nada. Pegou as suas roupas e as ajeitou no leito, assim tornando-o mais macio e confortável. Fez tudo com o jovem em suas costas.

Deitou-o e ficou a selar o seu sono, enquanto lá fora o temporal parecia não dar trégua. Do seu ponto de vista podia contemplar o jovem. Uma beleza deveras intrigante admitia a si mesmo. Nunca tinha reparado em alguém do jeito que agora se via a olhar o jovem.

A mistura que trazia na mão era passada pela pele machucada do menor. A fim de resistir dos ferimentos do mesmo.

Cada batimento cardíaco do jovem adormecido parecia encantar o leonino. Os lábios rosados do menor parecia convidativos, avançou lentamente a fim de experimenta-los, parou já perto da face quando o peso da consciência acordou-o. Sentiu que apesar de tudo o frio ainda assolava o corpo do menor, e munido de um controle sobre-humano, tomou pelos braços e adormeceu com o menor envolto em seus braços.

De vez em quanto ao longo da noite refazia o processo de passar a solução aquosa na pele do menor, além de verter um pouco de um seiva na boca do mesmo.

Já envolto na terra dos sonhos, sentiu completo e feliz a deparar-se com o jovem sorrindo para si. As mãos do mesmo encontravam-se enlaçadas com as suas, e o sorriso sincero e cúmplice o alegrava. Ambos caminhavam de mãos dadas até um forte luz acolhedora.

Só despertou quando sentiu que o menor esforçava para sair do seu apertado abraço. O cheiro dele parecia agora mais intenso e convidativo, não resistiu a aspira-lo um pouco mais, e o menor sequer notava que ele estava acordado.



Pouco a pouco a consciência de Lúcio voltava, devia ser estranho acordar nos braços de um completo estranho, todavia ele não sentia tão estranho assim, ou sentia qualquer temor do estranho, o estranho era a segurança que sentia a estar abraçado ao maior.

Lentamente tentou soltar-se do maior, sem o despertar, os fortes braços do maior pareciam teimar em solta-lo, depositou-o um pouco mais de força para sair dos braços do maior e conseguiu, não depois de sentir a forte respiração do maior em seu pescoço.

Saio do leito e andou em direção a porta, e pela primeira vez notou que naquela casa não havia porta ou sequer uma janela, era um caverna. Com os seus olhos, curiosamente aventurou-se pela caverna, e acabou por descobrir que ela não era tão funda e a luz que adentrava ali provinha de pequenas entradas na gruta. Estranhou o facto de alguém ter coragem suficiente para se insolar do convívio de outros.

Mobília era algo que ele não conseguia enxergar ali, de tão gastas e destruídas que estavam, a limpeza da gruta também não parecia das melhores.

Aproveitando do sono, do maior tratou de limpar-la e arruma-la, pois não queria dar a impressão de mal-agradecido ou algo de género.

A vassoura gasta que ali encontrou pareceu ganhar vida em suas mãos, o pano húmido percorria a maioria dos móveis empoeirados com destreza. Já com a caverna ligeiramente com aparência cuidado, adormeceu em cima do velho sofá de palha.



Lukanda acompanha atentamente a movimentação do menor em sua casa. O facto do menor ter encontrado uma maneira estranha de demonstrar gratitude por ele, o alegrava. Só saiu do seu leito quando viu que o menor já tinha adormecido. Saindo em direção a floresta a procura de caça, para o almoço.

Antes de sair não resistiu em tocar o rosto do menor, e não deixou um pouco da sua preocupação escapar a notar ainda os ferimentos na pele do menor, apesar de ter-los tratados durante quase toda a noite.

Até agora não tivera coragem de falar com o menor, evitava ao máximo isso, fingindo que dormia, mas sabia que quando volta-se teria que apresentar-se ao menor.

Com o coelho que caçou, decidiu fazer um assado na fogueira. Acompanhou passo a passo do menor em direção a figueira que fez ao lado da caverna. O menor agora encontrava-se com a pele menos marcada que no dia anterior e seu estado denunciava que estava visivelmente melhor.

Agora pode sim contemplar o sorriso do menor em todo o seus esplendor quando ele se dirigiu a si.

Ola, obrigado por ter cuidado de mim. – disse o menor com um sorriso tímido em sua face.

Não foi nada. – disse ligeiramente envergonhado.

Mas mesmo assim obrigado, se não tivesses me resgatado e cuidado de mim talvez eu não estivesse vivo agora. – ao ouvir tais palavras o maior não deixou escapar um suspiro de satisfação por ouvir isso.

Okay, agora vamos comer. – disse arrancando um pedaço da carne e entregando ao menor que a aceitou com um sorriso em sua face.

Ambos desfrutaram daquele refeição em silêncio, o maior parecia encantando com a presença do menor, tanto que o seu olhar tornou-se intenso em direção ao menor que acabou por notar e não evitou em desviar a face de tal olhar penetrante, se a sua pele fosse mais clara, notaria-se que estava corado.

Uma semana passou-se em que ambos mantinham um convívio, cada fez mais íntimo. O maior agora não mais saia a procura do irmão, a simples companhia do menor o fazia esquecer disso, e o menor já curado sentia um sentimento estranho crescer dentro de si. Temia que depois daquele momento teria que abandonar o maior e seguir em sua busca, apesar de agora já não querer continuar com ela.

Numa tarde o maior munido de coragem decidiu por fim em suas incertezas. O menor encontrava-se sentado perto do rio atirando pedrinhas para o mesmo, e com olhar vago. O maior lentamente aproximou-se dele e sentou ao seu lado.

Creio que agora que estás curado, já queira matar saudades da tua família... – disse encarando o rio.

Sim, quero muito...

Então... em que dias irás? – indagou. O seu peito já se apertava por proferir tais palavras.

Ainda não sei... – suspirou. – mas algo... não algo, eu gostaria de ficar mais tempo aqui. – disse ligeiramente envergonhado. Sentia que apesar da boa convivência com o maior estava a tornar-se um fardo para o mesmo.

O maior alegrava-se por ouvir tais palavras, tanto que não resistiu apegar o menor e abraça-lo fortemente.

As faces de ambos ficaram cara a cara, o lábios do menor o convidavam, tanto que não resistiu em entrega-los a eles. O menor estranhou em primeiro momento o beijo mais logo se entregou de corpo em alma nele.

Ambas bocas pareciam encaixarem-se perfeitamente, e a língua do maior parecia disputar a aventurar-se arduamente pela boca do menor. As mãos do menor enroscadas no pescoço do maior, demonstravam o quão ansiavam por aquele momento. Só separara-se para tragar um pouco mais de ar.

– Espero que fiques comigo durante toda eternidade. – disse o leonino encarando o menor, que retribuiu a frase com outro beijo, mas agora carregado de ternura.



Fim


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Notas finais do capítulo

Até Mais, mungano wanga...
ABS



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