Querido ex, passado, esquecido ou como quer você gostaria de ser chamado,

esta carta é pra dizer que eu estou feliz, e livre de pensamentos sobre você. E tudo mudou naquele simples Café, em que eu o conheci.

Eu estava sentada solitária em minha usual cadeira no canto daquele lugar que costumávamos ir juntos ( lembra-se?). Naquele dia eu havia brigado com minha irmã, sabe a Stella ? A única que me apoiou quando você sentiu prazer de pisar em mim com seus sapatos de marca que você não me deixava nem ao menos tocar? Stella tinha entrado no meu quarto naquela quarta de manhã e dito que eu estava a desperdiçar minha vida com alguém que não merecia - vulgo você - e que a sua estupidez era comovente.

Brigamos feio. Não me orgulho disso. Eu tentava me defender dizendo que se fosse com ela, ela faria a mesma coisa. Ela disse na minha cara o quanto era idiotice ficar sofrendo por alguém que depois de pisar em cima de mim foi capaz de me chamar de idiota por isso. Doce ironia, não ?

Saí de casa com meus fones de ouvido, companheiros fiéis e fui para o Café. Fiquei remoendo aqueles últimos 8 meses, e todos os nosso momentos vieram a minha cabeça. O que estava acontecendo frequentemente nessa semana depois do término.

Eu te amava, demais da conta até. Lembro no começo quando você foi gentil ao perguntar o nome daquele livro que eu estava lendo, mas que no segundo seguinte desprezou todos os meus gostos de leitura. Nosso primeiro encontro foi memorável. Lembra que você pagou a conta ? E todos os outros que eu tive que pagar ? Lembra da primeira vez que você disse que me amava? Eu fiquei tão feliz naquele momento, mas no dia seguinte você estava conversando com aquela mulher que dava em cima de você e marcando um encontro com ela dizendo que era de trabalho.

Parando para pensar, eu fui mesmo uma idiota. Como não reparei em seus atos de desprezo, de arrogância. Fui cega. E agora eu consigo perceber isso. Sabe por quê ? Porque ele me faz feliz.

Eu o conheci no Café. Naquela quarta pela manhã. A mesma em que Stella discutiu comigo. Eu estava relutante, claro que estava, afinal foi naquele Café que a gente se conheceu. Mas ele se mostrou diferente. À propósito, o nome dele é Brian. Brian mudou tudo.

Ele pediu licença ao sentar na cadeira a frente à minha. Pediu desculpas por me fazer tirar os fones. Mas acredita que ele queria saber que música eu estava escutando ? Eu rio só de lembrar. Quando eu citei a música, - Always , Panic!at the Disco - aquela que você odiava, ele riu em descrença e perguntou quais músicas que eu gostaria de imitar à playlist dele também. Devo admitir que pensei nele como um grande amigo a surgir, entende? Não queria um relacionamento depois dos nossos longos 8 meses. Quase soltei toda nossa fatídica história para ele, mas ele começou a contar histórias dele e sobre os filmes que a família dele assiste todo Natal, e eu amei isso. Amei estar na companhia dele.

Brian se provou à altura de muito mais do que isso. Ele conquistou minha família, inclusive Stella. Fico feliz em dizer que ele me aceita do jeito que eu sou. Maluca, pirada, fissurada em livros e músicas. Acredita que ele me acha divertida? Você nunca me achou divertida. Dizia que eu devia parar de contar minhas piadas sem sentido que eu sempre conto e que, devo dizer, faz Brian rolar de tanto rir. Ele me deixa vestir o que quiser, afinal ele está sempre comigo quando eu ando por aí, podendo controlar e mostrar para todos que eu pertenço a ele. Lembra aqueles sapatos de salto azuis que você odiava? Ele ama.

Para terminar esta carta, afinal, sei que você odeia ler, e que sua vontade agora é jogar essa carta fora, o mais longe possível, quero dizer que Brian e eu estamos felizes juntos, e naquele dia em quê você me encontrou sozinha e disse que me queria de volta depois desse um ano e meio que se passou, para limpar o chão onde você passa, aposto , eu te superei e não quero ter nenhum contato contigo. Esta é uma carta de adeus.

Não guardo nem rancor nem mágoa por causa de tudo. E desejo que você encontre alguém como eu encontrei Brian. Alguém que te aceite do seu jeito.

Ainda lembro seu nome, caso você esteja se perguntando o porquê de eu não ter mencionado-o ainda, mas é que, bom, passado é passado não acha ?

Luiza