Jogos Vorazes (Hunger Games) - Recomeço escrita por MSBica


Capítulo 26
A Mártir, O Sobrevivente e A Vitoriosa




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Peeta e eu notamos a comoção nas ruas. Pessoas riem, dançam, cantam e nos abraçam como se fossemos seus velhos conhecidos. Meu mockingjay está por toda parte. Em suas roupas, nos cartazes que seguram, no dourado de seus cabelos. A Capital está em festa.

"Será que todos estão comemorando o sumiço de Haymitch?" Penso alto.

"Acho difícil" diz Peeta " vamos descobrir o porquê, quando chegarmos ao Centro de Comando"

Milhares de suposições se empilham em minha mente, mas assim que chegamos ao Centro de Comando todas vão por água abaixo. Duas enormes bandeiras com a foto de Lira adornam a fachada.

"O quê?" Solto, confusa.

"Katniss..." Diz Peeta, igualmente confuso " eu...acho que os Games acabaram"

"Não podem ter" digo "ainda haviam jogadores demais"

"Eu sei" diz Peeta "Vamos entrar, e saberemos"

Minhas mãos suam frio e meus pés parecem não querer me obedecer no caminho curto até o prédio, mas por sorte, tenho Peeta, sempre tão forte, me apoiando.

"Lembra do dia do nosso casamento?" Ele sussura antes de abrir a porta.

Pisco, confusa. O que isso teria a ver com o nosso casamento?

"Claro que lembro" sorrio " mas o que nosso casamento tem com esse momento?"

"Não a festa." Diz Peeta " Os votos"

Os votos. As promessas que fizemos um ao outro antes da cerimônia oficial, as palavras que resumiam tudo o que já fazíamos antes um pelo outro. Eu lembro de chorar muito neste dia; de alegria, de saudade, de tristeza e porque não dizer? De medo também.

"Isso é o que você e eu fazemos, certo?" Diz Peeta " Protegemos um ao outro. E agora às crianças."

Como ele sempre sabe a coisa certa à dizer? Uma lágrima passeia pelo meu rosto e Peeta a seca gentilmente, com um afago em minha bochecha.

"Juntos" digo

"Juntos" ele repete e entramos no prédio.

Quando entramos o som de aplausos é quase alto demais para suportar. Gale, de todas as pessoas, vem me abraçar.

"Parabéns, Catnip!" Diz, mas seu tom não é exatamente alegre " e meus pêsames"

Começo a chorar imediatamente, percebendo tudo.

"Ele morreu, não foi?" Pergunto tolamente "e Lira ganhou"

Johanna faz um gesto afirmativo com a cabeça, incapaz de dizer algo.

Desabo em uma cadeira, chorando como uma criança pequena, não apenas por meu filho, mas por todos que já perderam a vida através das minhas incompetentes mãos. Peeta me abraça sem dizer palavra. O choque e o pesar se manifestam de várias formas, todas igualmente dolorosas.

"Porque acabou? Como aconteceu?" Pergunto entre soluços "Eles sofreram muito?"

"Debra mandou deixar a arena no breu e soltar os Hungries depois do pronunciamento" responde Joahnna, recuperando a capacidade de fala "Não fazia sentido prosseguir os Games sem um Gamemaker Chefe"

"Todos tentaram fugir dos Hungries." Continua Beetee, cuja voz não sei de onde vem "Lira, Klaus e Ixia estavam conseguindo, até que Ixia foi mordida por um Hungrie . Eles não comiam há dias. Os três prosseguiram juntos o máximo que puderam, mas como Lira era a única que não estava ferida tomou a dianteira. Defendeu o irmão e a aliada o mais que pode. Klaus segurou a mão de Ixia no fim."

Nesse momento Beetee faz uma pausa e tudo em que posso pensar é: "Rue! Rue! Rue! Rue que eu não salvei. Rue que eu deixei morrer. Assim como deixei meu filho morrer" E as lágrimas correm copiosamente pelo meu rosto.

"Mas...os Hungries foram mais rápidos." Concluí Gale " Pegaram Ixia e Klaus e deixaram Lira muito ferida. Ela ganhou porque ainda estava viva depois que recolheram todos os corpos, mas a vida dela ainda está em risco. Desculpe, Catnip. Não pudemos fazer nada."

Não digo nada, minha garganta está tão travada que acho que não conseguira, mesmo se eu quisesse. Então, como sempre, deixo Peeta falar por mim.

"E agora?" Ele pergunta. Mas ninguém tem coragem de responder, se é que uma pergunta destas tem alguma resposta satisfatória.

Uma agulha pica meu antebraço e tudo fica negro.

Quando acordo estou na minha cama no quarto dos Mentores e Peeta afasta meus cabelos do rosto.

"Oi" digo

"Oi" ele responde

"Perdemos um de nossos filhos e os Games acabaram. Real ou Não Real?" Estou confusa, preciso confirmar o impensável.

"Real" diz Peeta e a dor na sua voz é quase palpável

"Oh" é o que sai da minha garganta e o choro recomeça tão forte e dolorido quanto antes. Peeta me abraça e ficamos amontoados, como no nosso primeiro Game até que batem na porta.

"Desculpem" diz Andrea "mas o aerobarco com a vitoriosa está chegando e talvez vocês queiram recebê-la"

"Claro, obrigada Andrea" diz Peeta, com a delicadeza de sempre.

"Em meia hora, no telhado" diz Andrea e se afasta.

Aperto Peeta mais forte contra mim.

"Eu deveria ter morrido naquela primeira arena" digo e não há nenhum pingo de autopiedade em minha voz "Teria sido tão mais fácil. Ninguém precisa de mim."

"Eu preciso. Eu preciso de você." Sussura Peeta. "E Lira também."

Eu choro e sorrio ao mesmo tempo, como sempre faço quando, apesar de fazer tanto tempo, noto traços do velho Peeta retornando para mim. Ás vezes penso que não há mais o que descobrir sobre ele, que o que foi perdido assim está. E é aí então que ele me surpreende com um novo pedacinho dele perdido ou desconhecido. Como um presente. Um mockinjay.

"Você me ama. Real ou Não Real?" Pergunto, sorrindo, porém com lágrimas nos olhos.

"Real" ele responde "Por isso preciso de você."

Peeta me dá um beijo terno na testa e manda que eu me apronte para vermos Lira. Tento me fortalecer para o encontro, mas é impossível. Ela deve estar tão destruída quanto nós. Mais uma pessoa destruída pelos Games. Haymitch via isso antes de todos nós. Haymitch! Com o fim dos Games esqueci do plano de Peeta para resgatá-lo, mas isso pode esperar.

Lavo o rosto, e isso basta. Estou cansada de ver meu rosto maquiado estampado em todos os lugares. Esta não sou eu. Meu rosto já tem rugas suaves, minha pele nunca foi perfeita e depois dos Games e da Guerra está cheia de cicatrizes, mas isso não importa para mim, para Peeta ou para meus filhos, e para o público, pois esta sou eu de verdade.

"Estou pronta" anuncio.

Peeta pega mão e subimos para o telhado.

Quase imediatamente o aerobarco pousa perto de nós. Entramos e damos para um ambiente escuro e claustrofóbico, que me lembra as minas e o Treze.

Uma luz ilumina o outro extremo do ambiente, que consiste em uma cama e vários equipamentos caros ao seu redor.

"Lira!" Arfo e corro para ela com Peeta em meus calcanhares.

Minha filha está pálida e inconsciente. As lágrimas voltam com força total e Peeta me abraça com força.

Não consigo deixar de olhar para minha filha. Ela parece tão inacreditavelmente frágil. Sua dor parece doer o dobro em mim e eu choro copiosamente.

"O que faremos se perdermos os dois?" Solto " Quem terá vencido? A Capital?" Mas Peeta não tem resposta para isso.

Permanecemos ali, velando nossa filha ferida por uma quantia indefinida de tempo, incertos do que fazer agora. A dor e o pesar ao nosso redor são tão grandes que acho estou delirando quando ouço a voz de Klaus vindo das trevas.

"Mamãe?" Ele pergunta "Papai?"


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