Em Busca do Passado escrita por Franflan


Capítulo 17
Capitulo 15


Notas iniciais do capítulo

Eu sei... Eu sei.... Eu demorei pra caramba, mas gente, infelizmente minha criatividade nao anda das melhores e creio que a estória esteja chegando em sua primeira reta final... Espero que gostem do capitulo...
Até o proximo



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Nathan encarava mortalmente o homem que observava os marujos arrumarem o navio.

– O que você fez com ela enquanto estavam sozinhos?

Kallel sorriu de canto, mas não afastou os olhos de seus homens.

– Nada!

– Você fez ou falou algo para que ela decidisse voltar a essa busca louca!

Kallel finalmente encarou o loiro e seus olhos faiscaram.

– Ela já é grandinha o suficiente para tomar decisões sozinha!

– Ela NUNCA toma suas decisões sozinha!

– Ela SEMPRE fez isso, tanto que fugiu do palácio, trocou de nome, entrou para um grupo de piratas e saiu em busca da mãe, agora me diga alguém mandou ela fazer isso? Creio que não!

– Ela é manipulável!

– Não, ela não é e nem nunca foi!

– Ela é só uma garota, é claro que é manipulável!

Kallel cruzou os braços e se virou de frente para o rapaz.

– Eu nunca vi alguém manipular a Anny, ela sempre teve um temperamento forte e difícil!

Nathan fervia de raiva e Kallel se divertia com a expressão furiosa do rapaz, apesar de também estar bravo.

– Ela deve voltar para o palácio!

– Ela decide para onde vai e pelo visto o lugar que ela escolheu foi o mar e não a terra!

– O lugar dela é junto dos seus!

– E é exatamente onde ela está!

Enquanto os dois homens discutiam sobre a personalidade da garota, Salácia observava o navio de cima do mastro principal e os homens no deque, eles haviam novamente se reunido em um circulo e em seu centro dois homens se enfrentavam, aquele era o ritual de iniciação dos novos marujos, ela mesma já havia passado por aquilo e vencido com muito louvor. Um sorriso nostálgico tomou seus lábios, mas uma brisa levemente salgada chamara sua atenção para o oceano a sua frente, a extensão azul parecia-lhe lhe chamar, o ar de maresia lhe acariciava, seus cabelos flamejantes dançava conforme o vento e seus braços se abriram como se ela quisesse abraçar o mar.

Sem perceber o sorriso aumentou e as gargalhadas começaram a sair, ela se sentia novamente como uma criança, seu peito estava leve, sentia que finalmente poderia respirar livremente. Anny começou a girar entorno de si mesma e suas risadas chamaram a risada dos homens do navio, todos pararam o que faziam para olhar a garota, nunca haviam visto ela tão à vontade antes.

O pequeno monstrinho que Anny recolhera andava pelo para peito do convés como se o local lhe pertencesse, a garota seguia alheia ao que acontecia no deque, vez ou outra ela trocava os pés, dava cambalhotas, estrelinhas, tudo sem perder o equilíbrio e cair direto no mar, os homens tentavam a todo custo ignorar a garota, mas os novos recrutas simplesmente não conseguiam tirar os olhos das curvas sinuosas dela.

– Salácia!

Ao ouvir o berro do capitão Anny se aprumou, e bateu continência ainda na estreita barra que impedia que muito homens caíssem no mar.

– Sim, chefe!

Kallel estreitou seus olhos, furioso.

– Pare de distrair os recrutas!

Anny colocou seu olhar mais inocente, que não funcionaria com o homem.

– Mas eu não estou fazendo nada!

– Sim você esta, agora pare o que estiver fazendo e venha aqui me dar às coordenadas de onde você pretende ir!

Salácia sorriu matreira e deu um mortal perfeito para frente, caindo com pés firmes dentro do convés.

– Para o infinito e além!

Ela simplesmente gritou para o capitão, que simplesmente revirou os olhos.

– E qual a direção desse infinito e além?

– Porto das Górgonas, quero visitar a Montanha da Gueixa, tem alguém esperando por mim lá!

Kallel cruzou os braços.

– Nem pensar, escolha outro destino!

– Sinto muito, capetão, mas eu tenho que encontrar alguém de lá, por isso mudar o destino esta fora de cogitação!

Kallel trincou o maxilar e se virou furioso para Gregory.

– Prepare as coordenadas para seguirmos em direção ao Porto das Górgonas, enquanto isso eu terei uma seria conversa com a nossa mascote!

Kallel desceu de seu posto e arrastou uma garota risonha com ele até seus aposentos. Salácia o acompanhou em pequenos passos saltitantes, mas sua felicidade momentânea morreu ao ver os olhos do capitão brilharem furiosamente.

– O que você pretende fazer naquele lugar?

Um suspiro exausto partiu dos lábios da garota.

– Realmente preciso encontrar alguém lá!

– Quem?

– A única pessoa que sabe do paradeiro da minha mãe!

–Que seria?

–A garota com os olhos de dragão!

Kallel soltou uma risadinha irônica.

–Esqueça, essa garota não existe!

Salácia olhou seria para o homem.

–Sim ela existe e eu irei encontra-la!

–Não da pra se encontrar com um mito Salácia!

–Sereias, nereides, kraquens, ninfas, fadas, elfos, anões, todos já foram mitos séculos atrás e hoje elas fazem parte de nossa realidade, porque seria diferente com essa garota?

–Porque os dragões foram extintos a centenas de milhares de anos!

–Assim pensamos, e se eles sobreviveram à extinção? E se conseguiram se esconder de todos, eles são criaturas místicas, possuem poder e conhecimento que humanos nem chegam a cogitar, porque não poderiam sobreviver? Eu irei atrás dessa garota Kallel, se você não quer envolver seus homens eu não irei lhe culpar, mas apenas me deixe naquele porto e parta novamente, vá atrás de tesouros, corra até suas vagabundas e nunca mais se lembre de que um dia eu cruzei o seu caminho, pois eles nunca mais voltarão a se cruzar!

Sem nenhuma outra palavra Salácia saiu do quarto de cabeça erguida, mas sentia que se ele fizesse oque ela disse ela nunca mais se recuperaria, estaria quebrada para o resto de sua existência, porem nunca deixaria que ele soubesse disso, sairia orgulhosamente de cabeça erguida sem transparecer seus sentimentos, sem demonstrar o quão fraca na realidade era.

Anny viu os homens reunidos novamente, agora treinavam, os gritos ferozes de instruções de Gregory assustaria qualquer criatura num raio de dois quilômetros. Sem paciência para brincadeira ela sentou-se no barril perto do mastro e apoiou seu pé do canto do barril a fim de conseguir abraçar sua perna esquerda e descansar seu rosto no joelho, sua posição desleixada deixou muitos recrutas indignados por ela não estar treinando também.

– Gregory porque a garota não esta treinando também?

Gregory ergueu uma sobrancelha para o recruta que se dirigira de forma tão insolente a si. O garoto possuía uma pele de tom oliva, olhos escuros e um porte pouco atlético, ao ponto de ser magricela e desengonçado.

– Porque ela é muito melhor do que vocês, agora volte a fazer o que mandei ou você terá de ficar aqui fazendo flexões até o sol nascer. O moreno olhou feio novamente para Salácia que apenas levantou uma sobrancelha e sorriu de canto, divertida pela forma que aquele pequeno homem antipatizou com ela.

Greg se aproximou dela, mas não falou nada, apenas continuou a observar seus homens no treinamento.

– Seu recruta não gostou de mim!

– Todos gostam de você!

– Ele não!

– Ele só esta irritado porque uma mulher é mais habilidosa que ele na espada!

– Ele acha que eu não sou!

– Ele nunca lhe viu lutando!

– Que tal faze-lo saber disto?

Greg sorriu, mas ainda não olhava para ela.

– O que você tem em mente!

– Eu luto com ele, se ele perder devera fazer meus deveres, se eu perder começo a treinar com eles!

Os olhos de Greg brilharam diante a expectativa de ver seu recruta ser humilhado como Galadriel fora humilhado outrora.

– Ei... Esteban!

O moreno parara o que fazia e olhou para Greg com um olhar superior.

– Sim?

– Venha, você tem uma desafiante!

O homem sorriu arrogantemente.

– E quem é?

Greg cruzou os braços musculosos e levantou uma sobrancelha.

– Salácia!

– E o que eu ganho?

– Você a vera treinar junto de vocês!

– A prefiro em minha rede!

Salácia sorriu de canto e pulou do barril em que estava sentada.

– Se nem o capitão conseguiu tal proeza meu querido, não será um franguinho como você que ira conseguir, então caia na real e aceite o que é proposto!

Salácia deu dois tapinhas de leve no rosto ruborizado do homem e voltou para o lado do Greg.

– Você terá que treinar o dobro que o resto dos recrutas!

Salácia sorriu petulante.

– Só se você conseguir ganhar!

– Eu irei!

– Mas se perder terá de fazer todos os meus afazeres sem protestar ou reclamar!

– Não irei perder!

Salácia se posicionou, porem não tirou sua espada da bainha, enquanto que Esteban já apontava sua espada para a garota. Ela apenas sorria e ele se mantinha serio, os dois se encaravam, mas apenas o homem sentia raiva, os olhos dela só transpareciam divertimento, em determinado momento o rapaz atacou, veio com tudo para cima dela, porem Salácia desviara com um giro gracioso e o rapaz batera de cara na viga que estava atrás da garota.

– Você usa uma força desnecessária, isso é desperdício de energia!

Esteban rosnou, furioso.

– Eu não estou te pedindo por aulas!

Salácia deu de ombros e deu uma cambalhota para trás, evitando mais um ataque. Eles ficaram assim, Esteban atacava e Salácia desviava, ele já estava coberto de suor, enquanto que ela continuava com o mesmo sorriso zombeteiro do começo.

– Vai ficar apenas desviando?

Salácia rolou os olhos.

– Não, acho que já é hora de eu me divertir também!

Com delicadeza ela retirou sua espada da bainha e a apontou para o peito do rapaz e sua mão livre fora para trás das suas costas, mantendo assim uma postura reta e superior. Novamente o primeiro a atacar fora o homem, mas desta vez ela o bloqueara com sua espada e com o impacto firmara melhor suas pernas e pegara impulso, jogando para traz e acabar com o equilíbrio do rapaz, com a abertura que aquilo lhe dera ela aproveitou deu um giro e acertara no estomago, assim fazendo com que ele se encolhesse e perdesse o ar, ainda no final do movimento ela trocara de perna e acertara outro chute, desta vez bem no rosto dele o atordoando de vez.

Furioso e atordoado Esteban jogou sua arma de lado e partiu para cima da garota apenas com os punhos, porem cada golpe dele ela desviava com admirável graça, sem desperdiçar força ou se cansar, enquanto que ele já se encontrava sem folego, suado e totalmente sem equilíbrio.

Cansada já daquela brincadeira Salácia desviou de mais uma investida dele para o lado direito com uma maravilhosa pirueta e acertara seu cotovelo na nuca do homem e por assim acabou com a luta, afinal ele foi ao chão no mesmo instante, totalmente apagado.

Com um suspiro ela se virou para os novos recrutas e sorriu cruelmente.

– Mais alguém quer me desafiar?

Os homens olharam para seu companheiro no chão e de volta para o sorriso demoníaco da mulher, engoliram em seco e negaram.

– Ótimo, então voltem ao treinamento e quando esse inútil acordar digam que ele tem tarefas a fazer!

Salácia deu as costas aos garotos e foi direto para a proa onde ficou a olhar para o oceano, sua mente vagava e divagava, estava tão alheia ao seu redor que ao sentir algo macio lhe tocar a face, se assustou, mas ao encarar um par de olhos azuis profundos suspirou aliviada.

– Quer me matar do coração é?

O animal apenas deitou a cabeça de lado, mas se distraiu com algo acima do ombro esquerdo da garota, seu corpo se flexionou para baixo, se preparando para saltar, seu rabo balançava de um lado para o outro e em um bote ele saltou por cima da garota e ela só pode ouvir um grasnado furioso e uma voz animalesca gritando.

–Grah...Tirem esse monstro de cima de mim... Grah... Socorro... Grah!

Cautelosamente Salácia se dirigiu de onde a estranha voz vinha e se deparou com a cena mais engraçada da viagem. Sua pequena pantera estava por cima de um pássaro verde que gritava a plenos pulmões pragas contra o ser que havia levado a bordo aquele monstro. Com delicadeza a ruiva tirara o pequeno felino de cima da ave que a encarava mortalmente, até que um homem ruivo de pele bronzeada e olhos mel, nada contente, viera acudir a ave.

– O que aconteceu aqui Astolfo?

– Essa troglodita trouxe um gato com ela, ai esse monstro me atacou e estava prestes a me comer... Grah!

Salácia podia jurar que vira um pequeno tom avermelhado nas penas da face da ave, igual a um ser humano quando nervoso.

– Para um periquito você até que fala bem, não?

Dois pares de olhos a encarou mortalmente depois dessa.

– Eu não sou um mero periquito, sua humana troglodita, eu sou o mais nobre e respeitado papagaio que você terá o prazer de conhecer... Grah!

Salácia levantou uma sobrancelha.

– Nobre e respeitado? Papagaio? Você esta mais para periquito do que papagaio, ave maluca!

Astolfo abriu suas asas e estava prestes a atacar à humana, quando seu olhar recaiu no animal que ela segurava em seus braços, nesta hora ele engoliu em seco e somente virou o pescoço para outro lado.

– Me leve para longe dessa gentinha sem cultura Robson, não quero me misturar com bárbaros!

O ruivo deu as costas para Salácia e se afastou. A ruiva olhou para o animal em seus braços e ele a encarou de volta.

– Não se aproxime daquele bicho louco, vai que aquilo pega!

O pequeno miou de volta em concordância, ou ela esperava que fosse isso. Mas como dizem alegria de pobre dura pouco e a de Salácia não podia ser diferente, novamente Kallel aparecia vermelho de raiva e se controlando para não gritar com a garota.

– O que esta acontecendo aqui?

Salácia revirou os olhos.

– Um dos novos recrutas trouxe uma ave maluca a bordo!

– E você pelo visto trouxe um demônio!

– Sim!

– Onde o encontrou?

– Não o encontrei, eu ganhei ele, minha mãe me deu quando eu era pequena, mas mandou que eu o deixasse quanto partimos rumo ao palácio do meu pai, eu pensei que ele já havia morrido, porem ele ficou guardando a casa enquanto não estávamos, é um companheiro muito fiel!

– Mas é um demônio!

–Idai? Você é um babaca e nem por isso fico jogando na sua cara!

O vermelho da face do homem estava se alastrando para o pescoço e por algum motivo louco Salácia queria muito ver até onde aquela cor poderia ir no corpo do homem, mas ao perceber onde seu raciocínio a levava uma leve tonalidade rosada tomou-lhe a face.

–É melhor eu não te ver por alguns dias Salácia, pois eu posso não me controlar e acabar por quebrar esse seu pescocinho de porcelana!

Sem conseguir achar sua voz, Salácia saiu correndo da frente do capitão e se escondeu em algum lugar da proa.

Durante a viagem inteira Salácia evitou se encontrar com Kallel, mas não sabia se era por temer que o capitão pudesse atentar contra a sua vida ou por vergonha pelo o rumo que seus pensamentos andavam tendo em relação a ele. Apesar de estar em um espaço pequeno, fora fácil para ela não o encontrar, sempre evitando a cabine do capitão, não chegando perto do manche e se certificando de não ouvir gritos ela passara a viagem de uma semana tranquila, evitando um confronto direto com o homem.

Novamente ela se refugiara no topo do mastro principal, observando o horizonte, não sentia o mínimo de saudade de terra firme, mas sabia que os homens abordo sentiam, por isso acabou sorrindo ao ver uma linha de terra no horizonte e algo dentro de si soube que havia chego a seu destino.


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