Dia 24- Imbranato.

Ela sequer levantou de onde estava sentada, continuou a encarar a água azul-esverdeada da piscina.Estavam em silencio, se ele havia se disposto a ir procura-la, das duas uma, ou estava preocupado com aquilo que fez, ou estava muito bêbado, muito mesmo.

Ele andou em passos até a beira da piscina.Temari observou sua figura refletida pela água da piscina. Ela voltou a balançar os pés, numa tentativa de se entreter e não ter tantos pensamentos depressivos, que uma hora ou outra a fariam chorar.

– Olha eu... – Ele começou, a loira pode ver ele passando as mãos no cabelo. Como fazia quando estava nervoso. Mas por que estaria não é? Poderia muito bem estar curtindo muito mais sua vida, se agarrando com aquela garota que Temari não fazia nem questão de saber o nome. – Sabe, aquilo foi tudo um grande mal entendido... – Ele esperou que ela retrucasse, o enchesse o saco, e iniciasse uma discussão, como normalmente ária. Mas ela ficou em silencio.

Temari estava se esforçando ao Maximo para se manter forte, a ultima coisa que ela queria eram mais desculpas esfarrapadas, era sempre assim, e ela estava se cansando de bancar a besta. “Não posso sair por isso, isso e aquilo.” “Torci o tronozelo” “O Naruto me chamou para ajudar ele na loja.” “O Gaara disse que iam matar todo mundo que saísse de casa””Estou com preguiça”. Era tão mais fácil para ele arranjar desculpas, do que simplesmente dizer que não queria ir, que não gostava da companhia dela.

E para ela, essa era a opção mais dolorosa.

– Temari... Por favor... – Bufou em frustração ao perceber que ela se mantinha indiferente. Ele se sentou ao lado dela com as penas cruzadas, observando a água da piscina, mas logo mudando seu foco para o céu, onde uma bela e majestosa lua se mantinha erguida no topo do azul escuro. – Ela simplesmente me agarrou... Eu não quis...

– Mas não afastou, não é...? – Sua voz era fraca e baixa. Ela tentava não pensar, queria que ele apenas saísse dali e não voltasse mais, mas se o que ela aprendeu com esses dois meses de convivência com Shikamaru Nara, era que ele não desistia fácil das coisas – o que é meio contraditório, já que ele era considerado um grande preguiçoso –

– Eu tentei, mas entenda, ela estava alterada, eu estava bêbado... – Tentou se explicar, suas palavras calmas atingiram Temari como uma bala.

– Você não me parecesse nada bêbado para mim. – Retrucou, ainda com seu tom baixo, mas a voz tão afiada quanto seu espírito.

– Não é? Acredita que eu levei uns dez minutos para achar esse lugar? Eu me perdi umas três vezes, cai quatro vezes em arbustos, e atrapalhei o caniblismo de certas pessoas. – Ele suspendeu uma sombrancelha, não parecendo nem um pouco embaraçado com os feitos. – Ah Temari, você me conhece... – Ele jogou o corpo para trás, e deitou na grama, com os braços cruzados abaixo da cabeça. – Eu sou um atrapalhado. Não sei me expressar, e você sabe muito bem o que eu sinto por você.

– Sinceramente Shikamaru, eu já não tenho certeza, não tenho certeza se te conheço de verdade , não sei o que você realmente sente por mim, por que sinceramente, a única coisa que você faz é me chamar de problemática. – Despejou, coma voz um pouco mais firme e em tom ais alto do que um sussurro.

Shikamaru riu nasalmente com a revelação da loira, e observou as costas dela, onde os fios loiros caiam. Abriu a boca mas não disse nada, suspirou até que conseguisse dizer:

– Você é tão problemática...

Temari se levantou e bateu as mãos na sua roupa, afim de tirar a poeira, Shikamaru observou-a fazer isso, tentando formular algo para fazer. Poderia ser bom em matemática, inglês, geografia, português e qualquer outra matéria que vocês imaginem, mas mulheres nunca foram seu forte, principalmente as do tipo problemáticas.

– Chega Shikamaru, eu não aguento, eu não sou mais uma garotinha de 14 anos, e eu não vou brincar de casinha com você.

Apesar de não ter absorvido toda a essência da coisa que Temari havia proferido, Shikamaru entendeu aquilo como um “Ou faz alguma coisa, ou eu vou embora ô seu mané” e observou ela saindo do local com seu all star vermelho, batendo na grama e ecoando aquele barulho irritante de grama pisoteada.

– Temari! – Chamou-a com a voz rouca,ainda não estava totalmente acostumado com aquilo, sua mente girava, e tudo que conseguia pensar, era que ele definitivamente não queria que ela fosse embora.Sentiu aos poucos toda aquela sua paz se esvaindo e o desespero invadindo seu ser.Isso não era algo normal para ele, mas era algo que ela conseguia causa nele.

A loira relutou em parar, queria continuar a andar,e sair dali, provar que não era tão fraca assim, mas aquilo era maior, muito maior que ela.Sentiu ele se aproximando por trás de si, e apesar de tudo, se sentiu aliviada, tinha medo de ele não ir, de ele não ligar, de deixa-la partir. Aquilo tudo, a faziam se entristecer, eram exatamente esses pensamentos depressivos que ela queria evitar.Já senta as lagrimas enchendo seus olhos, e mordeu o lábio inferior para conte-las.

– Eu sei que você sabe e ... – Passou a mão nos cabelos e remexeu seus dedos dentro do bolso da calça. – Você é toda problemática assim e.. – Temari suspirou.Como queria que ele fosse pro inferno com aquele “problemática”. – Eu te amo Temari.

Ela apertou mais o lábio inferior e sentiu seu coração parar por um segundo, sentiu como se o mundo tivesse parado de girar e aquele mundo de florestas de pirulitos, pégasus e unicórnios, estradas de sorvetes e tudo mais fosse real.Sentiu algo embrulhar dentro do estomago e se perguntou se esse era mesmo Shikamaru Nara.

– Isso...Isso é verdade..? – Murmurou, com medo de ele começar a rir da sua cara e dizer “Claro que não, bah!Você tinha que ver sua cara!” ou algo do tipo,.

– Mas é claro que sim – Ele segurou-a pelos ombros e a virou, para ficar de frente para ele. – Eu não seria capaz de mentir sobre meus...hm...sentimentos sobre você Temari. – Por mais que ele se atrapalhasse, e tropeçasse nas próprias palavras, era o melhor jeito que ele tinha de dize-la o que sentia.E Temari sabia disso, essa era de longe a declaração mais “oh-meu-Deus-que-declaração-linda!” mas Temari sabia, que vindo dele, qualquer declaração seria perfeita.

– Eu também te amo, seu problemático!