Kaninchen Essen Karotten escrita por Diane Kroekje


Capítulo 4
Aaron H


Notas iniciais do capítulo

Este capítulo fala da chegada e o dia nada programado de Aaron. Pelo menos de manhã.
A leitura de vocês me faz muito bem. ^.^ É sempre bom receber reviews !



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HARTMANALLY
RESIDÊNCIA HOFFMANN
QUARTO DE AARON
5 DE JULHO DE 2010
SEGUNDA-FEIRA
7:30 A.M.

Aaron Hoffmann

 

Ainda de olhos fechados, largado na cama, de bruços e barriga pra baixo. Provavelmente, estava babando. Mas não me lembro. Lembro do sol que batia no meu rosto, vindo por trás da janela, atrás e um pouco para a esquerda da cama. Não estava com a mínima vontade de levantar. O despertador tocou, e eu o desliguei. Depois, voltou a tocar com o botão de soneca. E o joguei longe.

O meu pai... Ou melhor, Paul Hoffmann... Ou só Paul, como os parentes próximos e queridos o chamavam, se ele tivesse parentes próximos ou queridos. Então, esse apelido só era usado por mim. Enfim, ele entrou pelo quarto, e foi até a minha cama resmungando:

- Chegamos na cidade ontem de tarde e quando eu lhe mando arrumar as suas caixas no seu quarto, você só sabe fazer essa bagunça!!! Eu não sei mais o que faço com você!!!

- Iih... Tá bom! Eu estou acordado... E depois eu limpo essa “parada” aê... – Eu disse levantando da cama, lento e ainda sonolento.

- O que é “parada”!? Quer saber... Não responde. Vou te falar, e só vou falar uma vez.  A sua primeira aula será ás oito horas. E, você sabe que horas são agora?!? – Ele falava quase gritando.

- Não. Não sei, não... Porque meu despertador está ali no chão. – Apontei para o despertador, jogado de cabeça pra baixo perto de umas meias e perto de uma caixa de pizza.

- Aaron, o que esse pedaço de pizza está fazendo aqui?! – Ele falava impacientemente.

- É o despertador ou é a pizza? Tem que se escolher, meu chapa!

- Levanta. Agora! Se arrume que eu vou te levar para escola. – Ele falou, mas não estava gritando. Estava nervoso, ainda. Mas, não estava gritando.

Eu levantei. Fui até o armário e vi que estava vazio. Olhei nas caixas num canto do quarto que chegaram do caminhão da mudança, e vasculhei. Mexi até quase o final e encontrei uma calça jeans e um All Star preto.

- Aah... Vai esse mesmo!

Parei, e pensei um pouco na blusa que eu vestiria. Olhei em volta. Tinha uma pendurada na maçaneta da porta. Não sei o porquê. Nem tinha usado. Mas, tudo bem. Deixa pra lá. Fui até a janela pra pegar a minha toalha, que noite passada havia tomado banho, e estava com preguiça de descer as escadas e pendurar na areazinha de lavagem que a empregada fica. Mas, a gente ainda não tinha empregada. Mas, como eu bem sei quem é o meu pai, ele vai contratar uma.

Quando cheguei perto da janela, havia do outro lado da rua, um mendigo. Estava perto de uma placa que dizia que precisava de dinheiro para comprar comida. E sua velha caneca de metal estava tão vazia que quando bateu um vento forte; não tão forte, mas foi o bastante para fazê-la girar e cair, mostrando que ainda nenhuma pessoa tinha compaixão por aquele pobre senhor. Várias pessoas, de diferentes aparências, idades e cores passavam e o tratavam como se ele fosse um bicho morto. E, eu aqui pensando... As pessoas o evitavam e faziam caras feias. Ás vezes, nem olhavam. Mas, poxa... Ele ainda é uma pessoa. Com certeza, uma pessoa com sentimentos. E que estava presenciando aquela exclusão do mundo.

Deixei minha toalha cair, e quando levantei com ela novamente nas mãos, já estava me encaminhando ao banheiro, quando avistei uma garota falando com o pobre mendigo. Os dois estavam sorrindo, e depois de um tempo ela lhe entregou algo. Não era dinheiro. Era algo macio, que quando o senhor pegou ficou até um pouco amassado. Ele levou até á boca e deu para ver o que era. Um pão. Um simples pão. Aquele pedaço de pão conseguiu um sorriso do senhor que ali estava. Só um pedaço de pão...

Me desconcentrei no que estava fazendo porque aquela cena lá fora chamou a minha atenção. Comecei a andar em direção ao banheiro que tinha lá no quarto, mas com tantas coisas no chão, comecei a cambalear e quase cair diante da porta do banheiro. Sorte que me segurei na maçaneta.

Primeiro, eu tinha que tomar um banho pra esfriar a cabeça e pensar no resto do dia.

RESUMINDO: Entrei no banheiro e coloquei tudo em cima da pia. Entrei no Box e liguei a água fria. Fiquei lá, tomando banho e cantando. Depois saí. Enxuguei o cabelo, e passando a mão na cabeça o baguncei, deixando-o todo arrepiado. Ainda lembro-me da empregada da casa passada, que ficava falando que não era possível que meu cabelo ficasse direitinho, sem gel. Me vesti, e depois coloquei uma pedrinha branca no bolso da calça. Eu dizia que era a Pedra da Sabedoria. Coloquei o tênis e saí do banheiro.

- Falta alguma coisa... – Eu olhava o quarto bagunçado e as caixas que eu teria de desfazer depois que chegasse do Colégio. – Aah! Lembrei! A mochila.

Fui andando, procurando a mochila. Me joguei no chão, para procurá-la debaixo da cama. Saí empurrando o armário e a mesa do computador, sem computador.

- Achei! Está aqui! – Estava embaixo do armário. Eu acho que deixei cair. – Tá... Vamos ver... Agora tem que colocar alguma coisa aqui dentro.

Desci as escadas, indo em direção á cozinha, quando uma voz grave me repreendeu.

- Aaron, já arrumou sua mochila?

- Aahm... Sabe o quê que é, pai? Eu não vou levar mochila para o colégio. Na verdade, não vou levar material algum.

- Pode me explicar a razão dessa decisão? – Ele já me olhava reprovadamente, antes mesmo de eu começar a me explicar.

- Bom, eu percebi que as notas de grande parte dos alunos de uma turma são vergonhosamente baixas. E, talvez isso deva-se ao fato de que a escola não tem estímulo ou diversão e não apresenta interesse bastante no desempenho do ensino. Os resultados seriam bem melhores se os estudantes aprimorassem suas mentes em lembrar das explicações dos professores. E realmente o material atrapalha, porque você se distrai com folhas dos livros e ainda tem uma bela de uma dor de coluna. Eu quero dizer que a distração atrapalha imensamente o ensino. Lembrando que há milhares de gerações, não só a nossa família, como todas espalhadas pelo mundo usam mochila. E, não queremos que nos confundam com “todo mundo”. Queremos liberdade, e a autenticidade em tomar uma decisão importante como a minha não vem de qualquer jovem com a minha idade. Então, pai, sinta-se honrado em ter um filho com personalidade admirável.

- Aham... – Ele olhava pra mim com uma cara de como se eu fosse um pateta. – Acabou?

- É... Acho que sim.

- Como eu sabia da sua irresponsabilidade, presumi que perderia seu material. Peguei sua caixa de material e coloquei no escritório. Vá pegar, e só coloque o que precisar. O que me deixou bastante surpreso foi esse seu discurso assustador.

- Então a parada da honra não rola?

- Ainda não sei o que é “parada”, mas acho que não “rola” nada aqui. Anda logo que você já vai chegar para o segundo tempo.

Fui até o escritório pensando na minha vida e ter um pai como Paul. Ele era irritante e toda hora gritava comigo – bem que, ás vezes, eu mereci algumas de suas broncas -, mas ele era legal. Um bom pai.

Arrumei minha mochila e no caminho para a cozinha, Paul me cortou e entregou uma bolacha doce na minha mão. Ele estava procurando a chave, e então eu resolvi sair pela porta para entrar no carro.

Olhando para a bolacha e pensando como não tinha nenhuma fome no momento, olhei ocasionalmente para frente, levantando a cabeça e vi o senhor mendigo. Gritei, mas ele não escutou. Não sabia como chamá-lo e pensei num nome bem comum:

- John! – Gritei para qualquer um atender.

O velho mendigo olhou meio desconcertado para mim, girando o corpo lentamente, e era visível que estava bem confuso; mas, mesmo assim, conseguiu olhar em minha direção.

- Garoto, está falando comigo?!

- O seu nome é John?!

- É! É, sim! Como sabe? – Ele gritou mais alto do outro lado da rua.

- O senhor tem cara de John! John Anderson!

- Na verdade, é John Timothy!

- Seria minha segunda tentativa. Timothy. John Timothy! – Eu disse, tentando disfarçar. A minha segunda seria John Michael. A terceira, John Lincoln. A quarta... Bom, “Timothy” seria bem depois. – Senhor, só queria dizer: “Bom dia!”.

Depois de um tempo parado e olhando para o meu recém conhecido, ou até novo amigo na cidade, eu joguei a bolacha em sua direção. Ele, por um fiasco quase a tinha perdido, mas teve um bom reflexo.

- Então... Bom dia! – Quase me virando para entrar no carro de meu pai, voltei a olhar para o senhor – Excelente reflexo!

- Obrigado, meu jovem! – Ele fez um comprimento do quartel.

Meu pai conseguiu achar a chave e veio com uma boa notícia:

- Consegui achar a chave!

- É! Percebi. E onde estava?

- Na minha mão.

Meu pai deu ré, e saiu da nossa garagem. O portão automático se fechou quando saímos e podemos passar bem do lado do meu novo amigo: John Timothy.

- Até mais, campeão! – Gritei pela janela.

Meu pai dirigiu como um louco. Com pressa de me deixar na escola. Ele sempre ficava me falando que eu estava atrasado, mas acho que era um desculpa: ele só queria mesmo me despachar para ter um pouco de paz.

Chegamos tão depressa que quase me esqueci para onde estávamos indo. O vento da janela passou rápido e levou meu cérebro fora. Como se eu tivesse algum.

- Pronto! Chegamos – Meu pai disse todo alegre, tentando de qualquer jeito me fazer expulsar depressa do carro. – Quer que eu vá com você? Que te leve até a sala?

- De jeito nenhum. As garotas não vão nem olhar pra mim se fizer isso.

Ele sorriu e virou a chave, desligando o carro.

- Então vamos, meu filho! – Ele disse. Eu sabia que era para me irritar. – Olha esse pátio! Você vai se perder aqui!

O pátio estava vazio. ¬¬

- Aah, é! Com essa multidão, talvez eu mesmo não me encontre. - Disse, meio sarcástico.

Ele foi me levando até a sala. Aquilo tudo era só para me envergonhar. Tudo desnecessário. Mas, talvez ele soubesse disso. Ele sabia que minha mente funcionava rápido, e eu arranjaria um jeito de não me constranger. E arranjei.

- É... Pai! É até bom o senhor me levar até a sala. Vai ver a professora é... Você sabe, né? Aí você me arruma uma mãe e não vai ter que ficar, todo dia, de manhã gritando comigo lá no quarto, né?!

- Oh, garoto! Não tem respeito, não?!

Nesse momento uma senhora meio gordinha foi andando em nossa direção. Ela estava sorrindo. Não tinha cara de brava.

- Olha, pai... Essa aí faz o seu tipo. – Eu estava sussurrando, mas ainda com um sorriso plantado no rosto para que ela não percebesse.

- Cala a boca, Aaron! Essa é a diretora. Eu falei com ela pelo telefone. Provavelmente, ela virá te dar uma advertência por chegar atrasado.

- Humm... É a diretora? Então tem dinheiro. Pai, tem de ser ela. É ela! Olha... Os olhos dela são atraentes. E ela não precisa me dar advertência. É só o senhor dar uma piscadela e...

- Nem se atreva a terminar essa frase! E você está maluco! Que olhos atraentes, o quê? A mulher é vesga!

- Então! Olhos atraentes! Um atrai o outro!

A mulher finalmente chegou perto de nós. Me olhou. E depois olhou meu pai dos pés à cabeça. Mas, meu pai não a quis, fazer o quê, né?!

- Está atrasado, mocinho! – Ela me repreendeu. – Mas, como é aluno novo nesse semestre e hoje é o seu primeiro dia vou deixar passar. – Ela falava isso na frente de uma porta.

- Aah... Que nada! A senhora não está tão “grande” assim. Também vou deixar a senhora passar.

- Desculpe... ? – Ela não entendeu a piada direito. Ainda bem!

- Sim. Desculpo. – E dei um sorriso sem graça.

Ela caminhou pelo corredor, me levando á minha sala. A sala que eu passaria um período estudando. Ela bateu na porta e a abriu.

- Senhor Ormond! Desculpe atrapalhar a aula, mas venho apresentar um novo aluno, que estudará aqui na nossa escola, nessa sala. – Ela virou para trás e fez um sinal para que eu me aproximasse. – Entre!

- E como se chama, senhor? – O professor Ormond perguntou, me olhando.

Entrei na sala, meio tímido mas também notável. Claro, a minha "futura" mãe gordinha acabara de anunciar-me. Todos estavam olhando. Olhos pregados em mim e na minha boca que estava meio aberta, pronta para responder a  pergunta do Senhor Ormond.

- Aaron Hoffmann!

 


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Notas finais do capítulo

O Aaron é mais engraçado do que a Sophie. Bem mais. Então, acho que vão gostar desse capítulo por ele ser divertido.
Obrigada de novo!



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