A testemunha- HIATUS escrita por Zia Jackson


Capítulo 33
Melancolia


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente:
A FIC RECEBEU SUA SEGUNDA RECOMENDAÇÃO!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Aqui vai um textinho:

Di Ângelo brotou em minha fic, e como se isso já não fosse uma coisa boa, começou a ler outras obras minhas. Eis que um dia entrei no Nyah e...
"Di Angelo recomendou sua história".

Fiquei doida, saí do chão, fui até Marte e voltei de tanta alegria.

Fui ler a tal recomendação e precisei de uns segundos pra tomar ar e conseguir captar tudo.


Sério, fiquei MUITO FELIZ!

Então, obrigada Di Angelo, por ser esse amor de pessoa



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– Oi. – Uma voz delicada disse – Como está?

Virei a cabeça para trás, deparando-me com Igor. Os cabelos claros estavam arrumados, provavelmente com gel, e os olhos verdes com a pupila dilatada.

Ele me salvou, é verdade, mas não conseguia encará-lo sem lembrar-me do pai.

– É, vou levando a vida. – Eu disse – E quanto a vocês?

– Não dá para saber com certeza, tanto eu quanto Dafne estamos muito abalados com o que aconteceu, quero dizer, é o nosso pai.

Eu gritaria a plenos pulmões que ele era um monstro, mas não gostaria que falassem assim do meu pai.

– Ele é um monstro, mas também é meu pai. – Completou Igor, remexendo na bainha da blusa azul. – Entende o que digo?

– Não. – Falei, sem rodeios – Ele me torturou, mas tinha preparado aquilo para Dafne, então não entendo.

– Não esperei que entendesse. – Ele se encostou à parede, dominado pelo cansaço.

– Obrigada.

Ele me olhou, confuso.

– Por ter me salvado, acho que teria demorado séculos para eu ser encontrada pela polícia. - Falei – Então obrigada.

Ele só balançou a cabeça, assentindo.

– Minha mãe sempre disse que existem anjos na Terra, acho que meu anjo é você.

Ele sorriu.

– Acho que não sou um anjo, só fui um instrumento deles.

– Que seja.

Ele olhou para trás, percebendo que a psicóloga conversava com minha mãe.

– Ela disse que eu tinha cinco minutos. – Disse, referindo-se à mulher contratada do governo.

– Ela também diz que tudo isso vai passar, que vou superar, não que eu pense ser verdade. Mas estou cansada de melancolia, quero boas notícias.

– Dafne parou de se cortar, mas ainda tenta se enforcar com os cadarços do tênis.

– É uma notícia mais ou menos.

– Não tenho nenhuma melhor, desculpe-me.

Engoli em seco.

– Acho que é hora de ir. – Falou ele. – Acho melhor se acostumar com meu rosto, virei aqui todos os dias, é uma das únicas formas de me desculpar.

– Não é sua culpa de seu pai é um psicopata.

– Eu sei, mas como um “quase adulto” é meu dever tentar melhorar.

– Quase adulto? Esse termo não existe.

– Acabei de inventar.

Ele acenou, em despedida, depois saiu da casa.

* * *

– Lisa, você quer arroz integral ou branco? – Clara berrou.

– Branco – Respondi.

Segundos depois, apareceu na sala de estar com o prato contendo um almoço: Sopa e arroz.

Com muito esforço, levei a colher até a boca. Uma onda de dor percorreu meu corpo.

– Detesto esses machucados. – Falei, gemendo

– Você é teimosa, tem que deixar que outra pessoa te ajude a comer. – Falou a morena,arrancando a colher de minhas mãos – Aprenda com a mestre.

– É humilhante.

– Cala a boca e deixa eu te ajudar.

Clara me ajudou a comer, exatamente como uma professora de berçário ajuda uma criança.

– Lisa, se um dia acontecer algo comigo quero que se lembre de que está me devendo essa.

– Tanto faz.

Ela repousou o prato na mesinha de centro, depois começou a mudar os canais na TV.

– Pode ir embora – Falei.

– Não vou, sua mãe precisa ter uma vida, precisa fazer as coisas dela, assim como seu pai. E, sinceramente, Diego cuida tão mal das pessoas que seria capaz de matar uma boneca.

–Bonecas não são seres vivos...

– Viu? Mas ele conseguiria fazer até isso.

Bufei.

– Ei, cadê seu bom humor?

– São os remédios para dor, desculpa.

– Sem problema, só tente se controlar.

Olhei para as mechas em meu cabelo, algo que fazia quando não queria encarar o mundo. De algum modo, aquilo não parecia mais eu, era como se fosse outra Lisa, uma Lisa que não tinha sofrido. Não era eu.

Encostei a cabeça no sofá e, em questão de segundos, desabei no sono.

Igor

Dafne?– Gritei ao chegar em casa.

Era exatamente igual à outra, exceto pelas cores na parede e mais alguns detalhes.

– Dafne, me responda – Falei.

O silêncio predominou.

Olhei no andar de baixo, porém tudo estava vazio. Passei pelo de cima, deparando-me com a porta do banheiro trancada à chave.

Bati algumas vezes.

– Dafne, abra a porta.

Em resposta, ouvi um choramingo baixo.

– Vou contar até três. – Anunciei. – Um, dois...

– Vai embora! Me deixe aqui até que a morte me leve.

– Dafne, eu vou arrombar!

– Sai daqui! – Ela berrou.

Comecei a bater os ombros na porta, como naqueles filmes, já estavam doloridos quando finalmente consegui arrombar.

A cena foi triste: Dafne, encolhida em um canto, estava toda ensanguentada, uma mistura do vermelho desbotado dos cabelos (ela não cuidava mais deles) com o vermelho do sangue. A roupa estava em fiapos, tampando as partes íntimas e mais algumas. No pulso, marcas de cortes recentes.

O banheiro parecia um cenário de guerra, com sangue espalhado por todos os cantos e papel higiênico jogado, como em uma travessura de halloween.

Pegando minha irmã no colo, coloquei-a debaixo do chuveiro e deixei que a água a lavasse, durante esses períodos eu mais parecia uma mãe do que um irmão. Lembrei-me do antigo Igor, aquele que era um peso morto para a família, que era rebelde, esportista, namorava uma garota maravilhosa, mas mesmo assim a traía, o cara arrumava brigas em bares e saía todo machucado, que bebia doses de vodca mas se engasgava até com o gás do refrigerante. Olhando para mim mesmo agora, não consigo mais ver o antigo cara. “Tempos desesperados pedem medidas desesperadas”, era o que uma professora costumava falar para mim, e é verdade, o desespero muda as pessoas, as adapta ao que é necessário.

E agora é necessário que eu seja a família que Dafne precisa.

Terminei de banhar minha irmã, depois a levei para seu quarto e coloquei uma roupa nela, do mesmo modo que fazia quando precisava trocar suas fraldas sujas. Prendo os cabelos molhados dela em um coque. Conferi se não há nada que possa feri-la no quarto e fui limpar a bagunça feita no banheiro.

Só desejava que meu pai não fosse um doido, desejava que não fosse encarar tudo isso sozinho.

Mas, como cita um dos livros que minha irmã leu ,o mundo não é uma fábrica de realização de desejos.


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Notas finais do capítulo

Gostaram?

UM MOMENTO DE ATENÇÃO:

Eu queria invocar os leitores fantasmas, sério, oq eu aconteceu?
pessoas que comentavam em todos os caps ( Pere, Greicy, e etc)
CADÊ VCS, BALINHAS?



Bjus da Zia



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