Avatar: A Lenda de Yan escrita por Leonardo Pimentel


Capítulo 3
A Cerimônia da Terra




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O retorno para Omashu era sempre divertido. Certo, que a estrada de volta era pouco movimentada e as poucas citades que ficavam próximas, não detinham nenhum atrativo. Saofu não queria se demorar muito para o retorno, pois no fim do dia, no pôr-do-sol, deveriam estar presentes na cerimônia dos novos mestres de dominação de terra do oeste do Reino. Depois, era tradição, que os mestres se reunissem na grande cidade de Ba Sing Se, para que eles pudessem receber as bênçãos e para que todo o Reino reconhecesse os seus dominadores. Por mais que os tempos estivessem mudados, as questões espirituais e antigas ainda eram preservadas. A Avatar Korra havia sido clara quanto a isso, durante sua jornada como líder espiritual. E todos simplesmente acataram suas decisões, enquanto viva.

Yan e Saofu deslizavam em cima de uma elevação de terra, que seguia forte e rápida pela estrada, locomovendo-os, enquanto balançavam os braços para frente e apra trás, em movimentos sincronizados. Yan estava concentrado, enquanto seu coração estava encoberto por dúvidas e receios. Estava ansioso e ao mesmo tempo temente pelo final daquela cerimônia. Parecia que algo estava prestes a acontecer, algo grande; parecia que o universo inteiro estava querendo falar com ele. E ele apreciava aquela sensação de grande poder, que o rondava.

No céu, as nuvens de diversos formatos de aparência de algodão, sombreavam a planície e ao longe, erguia-se a beleza do Reino da Terra: Omashu.

Yan se recordava da história de sua cidade sempre que a via. Os dois amantes. E apreciava aquele tipo de coisa. E poderia ter pensado naquela história o dia inteiro e ter refletido como aqueles dizeres, que outrora lera entalhados na pedra sagrada da cidade, lhes eram valiosos. Mas parou sob a sombra da enorme estátua na entrada da cidade. O movimento de cidadãos não incomodou, quando pôs-se a admirar a estátua do Rei Antigo, Rei Bumi.

As mãos da estátua de cristal estavam lotadas de aneis brilhantes. Os olhos de um gênio louco, pareciam admirar o céu daquela tarde. Havia um dedo enorme erguido na direção do céu, como o de um conquistador. E Yan sorriu. Se existiam ídolos que ele admirava, eles eram Kyoshi, a Avatar, Toph e Bumi. Seus antepassados, idealizadores da arte que ele dobrava. Sorriu orgulhoso, quando ultrapassou os portões da cidade.

Os anos para Omashu só renderam melhorias: os serviços de entrega, idealizados e feitos quase três séculos antes dos dutos e calhas que levavam correspondências para cima e para baixo, haviam ganhado melhorias com a tecnologia. O metal agora auxiliava essas entregas, num sistema complexo que dobrava a velocidade das entregas. Haviam tubos distribuídos, para proteger as entregas de acidentes, muitas vezes revestidos de fibras transparentes, que copiavam o vidro. A cidade havia ganhado novos prédios, altos e belos. Os fios de eletrecidade se espalhavam em padrões, que quando vistos de cima, formavam desenhos complexos de mosaicos bonitos. As ruas estavam pavimentadas, as bases refeitas. E naquele caos todo, entre buzinas, luzes e na transição das carroças para carros, que Yan se encontrava. Saofu havia se separado dele. Mas logo haveria o reencontro no palácio da Rainha de Omashu, Loma.

Ming estava na beirada do fogão, mexendo a comida, quando o filho entrou. Era uma mulher alta, de cabelos negros presos num coque firme no alto da cabeça. Os olhos verdes, sempre destros, olharam para o filho e já o incriminaram.

─ YAN! Eu acabei de passar cera pelo chão! ─ a mulher correu atrás do filho com a colher de pau. ─ Menino, vai se trocar, ou eu lhe parto a cabeça!

Yan correu rindo pelo corredor da casa, indo se abrir na sala. Colocou a mão na barriga, enquanto ria. Apoiou-se na tapeçaria, presa à parede e riu mais um pouco. Sentiu a presença dele. Tão grande e ameaçadora, que se encolheu e engoliu o riso. A mão pesada, cheia de calos de um digno dobrador de terra, pesou sobre seu ombro, que cedeu. Olhou para o pai.

─ Oi, papai. ─ murmurou Yan, incerto.

Yatros, pai de Yan era um homem corpulento, musculoso e duro como a mais pesada rocha do Reino da Terra. As expressões que ostentava no rosto pareciam entalhadas em pedra. Os cabelos e a barba eram negros como a noite e constratavam sobre aquela pele branca. O tom verde das vestes de general, juntamente com os detalhes dourados, rendiam ao general mais respeitado do Reino, o ar assustador, que o filho, Yan, sempre temia ao vê-lo. Mas o que Yan sempre se esquecia, era que o pai amolecia toda vez que encarava o filho, e o sorriso tomava o lugar da carranca de humor duvidoso. Yatros apertou o ombro do filho, que fez careta. Riu.

─ Como vai o velho Saofu, Yan, meu filho? ─ perguntou o homem.

Yan sorriu incerto. Respirou fundo e precisou se lembrar várias vezes de que aquele era seu pai, antes de falar.

─ Pai... O sifu está bem! ─ Yan olhou para frente. Enxergava o peitoral do pai, alguns bons centímetros mais alto do que ele. ─ Como estão as coisas em Ba Sing Se? O que faz aqui?

O general Yatros riu.

─ Ora, e eu sou louco de perder a cerimônia na qual meu filho é ovacionado como mestre em dobra de terra? ─ a emoção não era escondida na voz do pai. Ele riu escandaloso, como um trator de construção. ─ Claro que não, Yan!

Yatros bateu nas costas do filho, impregando um pouco de força.

─ Como foi o treino hoje, nas tundras?

─ Interessante. ─ Yan sorriu ao lembrar-se da pegadinha que fizera com o mestre. ─ Estou com medo papai. Será que realmente estou pronto para ser um mestre?

Yatros ponderou por um instante, o que deixou o jovem dominador de terra abalado. Por fim, segurou o filho com gentileza pelos ombros e deixou os olhos verdes como esmeraldas, fitando os olhos claros do filho... Olhos cor de mel.

─ Eu não duvido, filho. ─ falou o pai. ─ Eu já vi como você dobra. Existem muitos dobradores, até mesmo generais, que não sabem a essência da dobra de terra. Eles apenas movem a rocha, criam avalanches, levitam pedras. Mas você filho, eu já vi, faz além disso: você se torna parte da terra, ouve a terra, acima de tudo, respeita a terra. E eu sei que o destino guarda algo muito especial para você. Quando você for mais velho, você entenderá o que digo.

Os olhos de Yan brilharam. Precisava se acostumar em saber que o pai tinha um coração bom. Precisava compreender que o título de grande general Yatros era apenas o que todos no Reino da Terra precisavam respeitar e temer se preciso, mas não ali, dentro daquela casa. Yan sabia que o pai era um dos membros mais requisitados e poderosos do exército do Rei Marlok, que comandava todo o Reino. Mas talvez, todo esse receio exista pelo fato de o pai passar majoritariamente o tempo na capital, resolvendo os problemas de guerra, problemas esses que não existiam há bons anos.

Desde que Yan se recordava, a paz estava reinando por todo o mundo, calma e intocada, desde que a última encarnação Avatar havia pisado sobre a Terra. O último conflito no qual Avatar Korra instaurou a paz, foi com uma corporação de industrialização de repolhos, que processava com veemência o Reino da Terra, alegando se sentir lesada. E depois disso, Korra adoeceu. E talvez, como se o mundo estivesse agradecido pelo bem que ela causou a todos, ela simplesmente partiu.

Yan não conhecia muito da história da Avatar. Sua mãe não lhe contava muito.

O jovem dominador de terra voltou ao presente, quando o pai o sacudiu. A mãe estava parada, de braços cruzados entre a sala e a cozinha, olhando para o filho. O olhar era severo, intenso, medindo o jovem com veemência. Ela abriu a boca para falar, mas Yan já estava a meio caminho andado, na direção do banheiro. A mulher andou até o esposo e o abraçou.

─ Pegue leve com ele, Ming. Hoje é um dia especial. ─ o homem beijou a esposa nos lábios.

─ Desde quando dobradores de terra pegam leve, querido? ─ a mulher sorriu apaixonada, enquanto tomava cuidado para não sujar o marido com a comida da colher de pau. ─ Como estão as coisas, na capital?

─ Não muito boas.

O vapor emergia da superfície calma da água, em ondulações que se dissipavam pelo ar frio do banheiro. Sem roupa, Yan entrou na água e deixou com que ela lhe tocasse o corpo. A sensação foi incrível. Deixou-se flutuar naquela água, pensativo. Queria tornar-se parte daquele líquido transparente e no primeiro problema que o afligisse, que pudesse sumir pelo ralo. Esfregou os braços, que latejavam suavemente, como sempre, depois de um bom dia de dobra de terra e os lavou. Estava com preguiça de limpar o resto do corpo, por isso, decidiu que relaxaria antes de tudo.

Olhou para o teto do banheiro e os olhos encontraram uma mosca-abelha, zumbindo, enquanto rodeava o lustre.

Fechou os olhos, querendo limpar a mente. Hoje encontraria a Rainha de Omashu, Loma.

Mestre na dobra de terra.

─ Cala a boca! ─ berrou.

O som parou por um instante, enquanto a mosca-abelha, pintada de preto e dourado, os olhos tão grandes e verdes, passava as delicadas patinhas contra o rosto. O zumbido retornou mais forte.

Yan pensou em levantar, mas isso significava que iria acabar sentindo frio. Olhou para os lados e bateu na superfície da água, afim de assustá-la.

A água voou até o teto e caiu em todo o banheiro, num VOUSSHH intenso. As gotas escorriam lentamente pelo azulejo, enquanto a água que tocara o teto, respingava como garoa ali dentro. A banheira estava vazia, o corpo de Yan contorcido no frio, enquanto ele fitava a cena atônito. Não havia mais mosca-abelha, mas também não havia mais realidade. O que era aquilo?

O palácio da Rainha Loma de Omashu era revestido de cristais comestíveis. Os tons verdes e lilases compunham a obra arquitetônica no centro da cidade, onde outrora, a mando da Nação do Fogo, haviam construído a estátua de Ozai. Ainda restavam resquícios dos pés e bases da estátua, com uma placa de ouro comemorativa ao fim da Guerra dos Cem Anos. Yan tocou a pedra dos pés da estátua de Ozai e caminhou distraídamente na direção de um cristal que se erguia do solo como estalagmite. O cristal refletia sua imagem.

Seus cabelos escorriam sedosos nas costas. Gostava de seus olhos claros, de sua pele firme e o nariz levemente arrebitado. Tinha o mesmo porte corporal do pai, embora fosse muito menor do que o general. O sorriso, que exibia agora para si mesmo, era igual ao da mãe, que juntamente com os olhos perspicazes, tornaram aquele dia possível. Mestre da terra. Parecia sonho.

No alto da entrada, havia uma moeda com um furo quadrado no centro. A mesma moeda era contornada de dourado, pintada num tom verde. Yan as vezes se perguntava o motivo pelo qual as roupas das pessoas do Reino da Terra eram sempre em tons verdes. Defendia que talvez aquela cor representasse as pedras preciosas e os cristais que poderia ser encontrados na terra.

Havia um fluxo crescente de pessoas, que entrava no palácio de Omashu. Seguiam por um caminho entre canteiros de flores e arbustos frondosos, enquanto riam e conversavam animadamente entre si, felizes pela celebranção anual, prestes a acontecer. Todos atravessavam um arco pequeno de pedras brancas, que se abria para um grande saguão iluminado pela luz do sol. E só precisavam seguir reto, para desembocarem em um jardim de pedras.

No centro do amplo jardim, erguia-se uma enorme macieira, frondosa, cheia de frutos rubros. Estava plantada numa ilha, rodeada de pequenas pedras, que assemelhavam-se na água, que rodeava uma ilha de verdade. Haviam pontes de madeiras brancas, que ligavam a ilha central às diversas ilhas pelos locais. Cada ilha com diferentes árvores frutíferas, com pedras douradas, amarelas, avermelhadas, brancas, cinzas, e com suas devidas pontes ligando às ilhas vizinhas. Algumas pedras ainda eram revestidas de galhos retorcidos, secos. Havia o som distante de água, ainda, preenchendo o ar com o som leve. E Yan recordou-se do episódio na banheira.

Encontrou a rainha na ilha central, sozinha. Sentava-se num trono de terra batida, que ela mesma dobrara. Do encosto da cadeira, nasciam diversos cristais verdes, ponteagudos, que adornavam o assento da mulher, que parecia imensamente feliz. Seus olhos negros iam rapidamente de lá a cá, enquanto delizava o dedo sobre a superfície lisa de um aparelho que flutuava a sua frente e projetava as imagens para ela. Assistia à um vídeo qualquer, enquanto os convidado chegavam para a festa. Haviam câmeras instaladas em todos os lugares, com seus devidos operadores.

Os novos mestres em dobra de terra estavam sentados, conversando baixo entre si, na ilha de grama na frente da qual a rainha ocupada. Yan se voltou para a ilha, andando lentamente pela ponte de madeira branca. Localizou os pais, parados no canto do jardim de pedras, próximos de um pé de laranja-lima. Acenaram felizes.

Yan sentou-se em silêncio.

A Rainha Loma pegou o aparelho pelo qual deslizava os dedos e o colocou sobre o assento de seu trono improvisado e ergueu-se. Todos se silenciaram diante da presença de sua soberana majestade, que não se esforçava muito para prender a atenção de todos. Sua beleza era estonteante. A pele, da cor do ébano, constrastava com os olhos quase dourados. Seus cabelos, presos em coque, davam espaço para sua coroa dourada, salpicada de pedras preciosas vermelhas, verdes e azuis. Seu manto verde cintilou em diversas nuances da cor, quando ela abriu os braços esguios para dar boas vindas a todos. Sua voz musical soou e ela disse:

─ Sejam bem vindos, meus queridos irmãos, filhos de Oma e Shu. ─ os flashs das câmeras brilharam como explosões de estrelas. ─ Agradeço a presença de todos, nessa mais linda cerimônia, na qual agraciamos nossos novos guerreiros, lutadores, dominadores da nossa mais nobre e linda arte: a dobra de terra.

Houveram diversos aplausos contidos, enquanto a rainha falava. Loma sorria de modo belo, enquanto acenava com a mão para os novos flashs que se acendiam. E acenava de modo contido para as câmeras, que transmitiam para todo o Reino da Terra e para a Cidade da República. Yan engoliu em seco, vendo a proporção daquele fato.

─ Hoje, temos em nossas mãos, a possibilidade de mais um novo começo. Estamos hoje, aqui, reunidos no Jardim de Pedras de Omashu, com nossos futuros do reino. Meninos e meninas, dotados de poderes incríveis! Aqueles que souberam ouvir, aqueles que souberam encontrar o caminho certo para a firmeza, integridade e acima de tudo, o poder. ─ a rainha gesticulava para todos, que assistiam com sorriso bobalhões estampados nos rostos. ─ Hoje, meus companheiros, estamos sendo transmitidos a todo o Reino da Terra, Cidade da República, para dizer que nosso sonho não morre. Enquanto o coração de um dobrador de terra continuar a bater, a terra vai ribombar e continuar viva! Ie, traga os símbolos.

Ie era o braço direito da rainha. Careca e com piercings de ouro, sempre foi respeitado. E agora, dominava uma plataforma de terra, que pairava um metro do chão, trazendo em cima de si o que pareciam troféus. Feitos de cristal, tinham uma folha de ouro ou prata, com dizeres escritos. Era a condecoração dada a cada mestre de terra. As pessoas aplaudiram, conforme Ie atravessava a última ponte de madeira, e depositava as condecorações na frente da rainha.

Naquele instante, os Guardiões da Terra entraram na cerimônia. Eram famosos pelas túnicas pretas, com detalhes em dourado e verde, que serpenteavam pela seda, tornando seus uniformes atraentes. Costumavam ser idosos, os mais respeitados de todo o Reino. Permaneceram em silêncio, conforme Loma continuava seu discurso inspirador a respeito da natureza de seus filhos, que era assim como chamava seus súditos.

Yan correu os olhos pela multidão, procurando seu mestre. Não o encontrou. Procurou os pais. E eles não estavam mais perto do pé de laranjeira-lima. Engoliu em seco. Estava por conta própria. E agora?

Ao seu lado, tornava-se torturante, ouvir os companheiros murmurarem excitados pela nova conquista. Discretamente, ficavam apertando-se e cutucando-se, tamanha a excitação. Aqueles eram os novos mestres em dobra de terra? Adolescentes idiotas, que não se continham.

Yan acordou para a realidade, conforme a rainha continuava a falar e alguma câmera captava rosto por rosto dos jovens, pegando close das expressões dele, enquanto as palavras infladas das bondosa mulher eram espelhadas em seus rostos. Yan procurou novamente pelos pais e pelo mestre Saofu. Desistiu. E assim, a rainha começou a chamar os nomes.

Naquele instante, pequenos montes de terra se desprenderam do solo e passaram a pairar ao redor da rainha. Toda vez que algum novo mestre se aproximava, Ie pintava o rosto da pessoa com o simbolo da terra em tinta preta, um dos montes de terra se desfazia em pó, que levado pelo vento, açoitava a face do jovem ou da jovem, com gentileza e ai, a rainha o condecorava com um daqueles troféus, tudo isso seguido por ondas e mais ondas de aplausos.

─ Lee! ─ chamou a rainha. E tudo se repetiu. ─ Jinjin. Paku. Zenhua. Shishô. Karai. Stua. Paddun. Pachun. Doton. Laogai.

Os aplausos eram intensos. As câmeras corriam de um lado ao outro, conforme o sol ia se pondo no oeste e lançando ao céu os tons laranjas.

─ Yan! ─ chamou a rainha Loma.

O mundo pareceu se desligar. Faziam alguns bons segundos que Hua havia se sentado. Yan gritava em sua mente comando do tipo “Levante-se! Vá até lá! Mova-se!”, enquanto seu corpo estava imóvel. Algo grande estava acontecendo. Parecia que tudo estava mais intenso. Intensidade. Quando os pés recobraram suas funções, Yan se ergueu do lugar e atravessou a ponte entre as ilhas. Os flashs explodiram de todas as direções, enquanto conseguia ouvir a voz da mãe, gritando seu nome, ovacionando-o com firmeza. A rainha ergueu a mão na direção dele, chamando-o para perto, acenando freneticamente, os dedos esguios e com um anel solitário, para que se aproximasse. Era o último. O último dobrador de terra, o qual os flash incidiam sobre, tirando fotos de diversos ângulos, fotos que seriam usadas para estampar os jornais do dia seguinte.

A tinta fresca tocou sua pele. O pó voou em sua direção e causou cócegas suaves. Faltava pouco. A rainha deu-lhe o troféu e ele o fitou. Seu nome estava ali, escrito, assim como o nome de seus pais. Havia escrito ainda a data de nascimento, nome do mestre e dados dispensáveis. Segurava em mãos a prova de que era um mestre dobrador de terra. Tremia.

Ouviu o pai urrar como um urso-ornitorrinco, no meio de todos. A mãe acenou frenética, enquanto todos acompanhavam. E do nada, os gritos sumiram. E apenas os flashs ecoavam em sua mente. Fechou os olhos e tornou a abri-los.

─ Yan. ─ chamou a rainha, apertando-lhe gentilmente o ombro.

O jovem abriu os olhos e o silêncio que ouviu era intenso. Olhou nos olhos da Rainha de Omashu, que sorriu gentilmente e acenou para o outro lado, talvez indicando de que ele devesse olhar. E ele virou a face.

Os Guardiões da Terra estavam parados, seis ao total. Estavam em formação, os rostos sérios voltados para a Rainha e Yan. As mãos estavam ocultas nas mangas. O líder, um jovem de pouco mais de vinte e cinco anos, olhava com intensidade para Yan, que chegava a incomodar. O jovem desviou o olhar.

─ Alguma notícia importante, Mestre? ─ perguntou a rainha, em tom respeituoso.

─ Não viemos tratar de assuntos políticos, vossa majestade, minha Rainha. ─ informou o líder.

─ Então o que é, So? ─ a rainha sorriu discretamente. Ela sabia sobre o que era. Aquela encenação era charme. Yan notou.

─ Viemos revelar a identidade do novo Avatar. ─ tornou a falar o homem, exibindo as mãos robustas.

Os sussurros cresceram, todos falando ao mesmo tempo. Os novos mestres de terra, na ilha ao lado, levantaram-se assombrados, olhando uns para os outros, como se o Avatar tivesse alguma marca visível na testa. Yan olhou para o pai, que agora estava sério na multidão e depois fitou a rainha. Ambos trocavam olhares significativos.

E episódio da banheira fez sentido.

Os Mestres da Terra se inclinaram e tocaram suas testas no chão, não se importando com suas vestes negras e impecáveis. Todos prenderam a respiração.

─ Estamos aqui para servi-lo, Avatar Yan.


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Notas finais do capítulo

Avatar Yan! Isso me soa poderoso