Eram elas, duas amigas. Como unha e carne, como duas irmãs, amigas de infância. Rafaela e Maria. Rafaela com 15 anos e Maria prestes a completar 14.

Sempre viveram juntas e cultivando o amor ao próximo, desde a infância aprenderam que amizade é à base de tudo. Passaram por tantos momentos juntas... Uma dando apoio à outra. E nada podia abala-las.

“– Promete ser minha amiga pra sempre? – Prometo” Assim foram as palavras das duas, por anos. E tendia a continuar sendo. E a amizade era tão intensa, que mesmo separadas, ainda estavam juntas. Afinal, a distância não é capaz de separar o coração, por mais longeva que seja.

Quando paramos pra pensar, o quão longe nós iriamos pelos nossos amigos? Podemos ter diversas respostas. Há aqueles que seriam capazes de morrer por outros, há aqueles que não fariam nada. Não sabemos quem são nossos amigos de verdade, em alguns casos. Mas definitivamente esse não é o caso delas.

2003 – Jardim de infância

– Você é a melhor amiga do mundo!

2014 – Colegial

– Você é a melhor amiga do mundo! – Essa continua sendo a frase mais constante em suas vidas.

– Que isso, Maria, não sou nada agora vai lá, e compra logo o que você quer.

– Eu vou ajudar, não e justo! – Disse ela que caminhava com a amiga até a saída da escola.

– Não precisa, com esse dinheiro dá.

– Não, se não eu não aceito!

– Ok, eu já te disse que não precisa, mas você insiste tanto que eu vou aceitar (não é nada burra) – Rafaela guardou uma carteira que segurava.

– Bem melhor – Ela dá um sorriso e um curto abraço na amiga, que retribui.

Essa podia se considerar aquelas amizades perfeitas, mas será que algo poderia dar errado?

Caminhando, Maria se depara com uma de suas colegas de classe.

– Ah não, lá vem – disse Rafaela.

– Não liga amiga – Dizendo isso, não puderam continuar, pois a mesma se encontrava a suas frentes.

– Mas olha quem passa aqui! As duas amiguinhas Rafaela e Maria!

– Oi Débora – Disse Maria

– O que fazem por aqui? Vieram desfilar o show de cafonice que vocês são?

– Vamos embora – Disse Rafaela puxando o braço de Maria, mas a mesma se recusa a ir.

– Eu queria saber por que você faz isso com as pessoas hein Débora?

– Isso o que? Falar a verdade? Vocês são ridículas! Hahahaha

– É melhor você pensar duas vezes antes de começar, hein Débora! – Disse Rafaela de uma forma agressiva, e Maria se esforçando para segurá-la.

– Sem classe, sem educação, é melhor eu ir embora, pois se eu ficar aqui vou passar a noite listando seus defeitos! Hahahaha – Disse ela saindo.

– Calma amiga, não precisa de tudo isso, ela é uma ridícula mesmo, não gasta sua saliva discutindo com ela.

– Não aguento mais Maria, é todo dia a mesma chateação!

– Vamos sair daqui, esse lugar já deu o que tinha que dar!

Elas foram caminhando e mais á frente começaram a conversar de novo.

– Tá melhor Rafa?

– Não sei to chateada...

– Chateada por quê? Ah, não me diga que você ligou pra o que aquela bruxa disse?!

– Não... Sei lá... As pessoas sempre dizem o quanto eu sou insignificante e nunca veem futuro em mim...

– Não fica assim Rafa, você é muito importante pra mim...

– Eu sou uma fracassada mesmo...

– Não é não! Quer que eu soque sua cara?! Para de falar besteira!

– Às vezes eu não entendo, tudo o que eu queria era deixar a minha marca no mundo!

– Você já deixou sua marca aqui! Pode não ter sido no mundo todo... Mas pelo menos no meu coração, sim

– Hahahaha, não é nesse sentido... Mas tudo bem estou melhor... Obrigado amiga! –Dizendo isso ela deu um abraço apertado na amiga, e disse – Eu te amo... – Não entendeu bem pois não podia ser um momento tão apropriado, mas sentiu que devia dizer aquilo.

– Eu também amiga... – Respondeu Maria.

As duas saíram caminhando novamente.

- Você está melhor mesmo, né? – Disse Maria num tom de preocupação.

- Sim to melhor, sim

- Você sabe que tudo o que aquela bruxa faz é falar mal dos outros, não?!

- Sim, odeio ela

- Então não ligue pro que ela fala

- E quem disse que eu ligo? –Em tal momento o celular de Rafaela começou a tocar.

- Por falar em ligar... – Retrucou Maria – Quem é Rafa?

- Tenho que ir Maria, minha mãe chamando, beijos! – Disse ela num relance saindo.

- Ué... – Ela não entendeu, mas achou que fosse mais sensato ir para casa.

No dia seguinte, as duas se viram novamente na escola, no qual estudavam juntas.

- Oi gata! O que houve? Você saiu tão de repente ontem... – Perguntou Maria ainda preocupada com a amiga.

-Não foi nada, como eu disse foi minha mãe que me chamou, então eu tive que ir –Respondeu Rafaela pegando alguns livros.

- Então tá.. – Seguiu Rafaela até a sala, onde se sentaram em suas respectivas carteiras.

- Amiga, eu queria poder emprestar mais, só que eu não tenho

- Não tem problema, eu já tenho, você já fez muito por mim!

- Quanto mais eu puder fazer, eu farei -Disse num tom de discurso, logo após soltou e leve um sorrisinho, retribuído por Maria.

-A professora chegou, é melhor eu estudar se quiser ser alguém na vida, né?! - Brincou Rafa.

- É, como você disse, vamos ser ricas! – Gargalhou Maria.

- E todos saberão quem somos nós! – Fez cara de quem imaginava a cena.

- Desse jeito que você deixaria a sua marca no mundo? – Perguntou curiosa.

- Sei lá... – Fez cara de confusa – Pode ser de qualquer jeito! – Deu risada da situação.

- Então ta, né famosinha

- Fica quieta baixinha!

- Peraí, você também é tão baixinha quanto eu! – Bateu com o lápis sobre a cabeça da amiga.

- Não interessa! Magrela - Nem preciso dizer que você também é, não?!

- Aff, desisto! – Apertou de leve o nariz de Maria – Somos iguais mesmo! – Riu

- Bobona – provocou Maria.

- Silencio – Respondeu Rafaela.

E assim se passou a manhã, como sempre se passava, todos os dias.

Após algumas horas chegou finalmente a hora mais desejada de todos os estudantes, a hora da saída.

-Finalmente chegamos na sexta-feira! Nada melhor do que saber que amanhã é sábado e podemos dormir até tarde, não é mesmo Rafa? – Disse Maria feliz.

- Ééé... – Falou Rafaela como se algo a incomodasse.

- Rafa o que você tem? Ta bem? Hein? Me Fala logo! – Disse Maria inquieta.

- Falar o que? Eu não tenho nada pra falar! – Desmentiu Rafaela.

- Então tá, se não quer falar não fala, não confia em mim mesmo! - Maria se irritou, pois esperava uma resposta da amiga.

- Calma menina! Não precisa ficar brava, eu já te disse que não tem nada ué! – Tentou Rafaela acalmá-la, se explicando.

-Eu te conheço! Eu conheço cada sentimento seu! Agora se você não confia em mim eu não posso obrigar! – Se levantou e deus as costas para a amiga. – Tchau Rafaela! – Saiu andando.

-Ei , volta aqui Maria! – Ela já tinha ido e Rafaela não pode fazer nada.

CONTINUA...