Mask a Splicer escrita por Coralino


Capítulo 3
Pais Splicers


Notas iniciais do capítulo

Acabei, nossa. Perdão pela demora loooonga, achei que nunca mais fosse escrever algo. Mas tá aí, finalzinho pra Mabel, pro Ford e pro Trevor.



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Ele corria no escuro, passos largos no desespero, respiração censurada para não fazer barulho. As máquinas faziam todo o barulho necessário, por mais que Rapture fosse uma cidade derrotada para Ford, nunca seria silenciosa. As risadas eram profundas, e não havia limitação alguma no grito de uma pessoa enlouquecida pelo adam.

Sentia-se sozinho acima de tudo.

A imagem do homem morto e aquele diabo disfarçado de criança em cima dele, pronto pra enfiar a agulha. Parte dele queria o Adam abundante que a criança carregava, a outra parte sentiu uma fúria e um ódio pela little sister. Um ser demoniaco mexendo com cadáveres, carregando toda aquela substância necessária para sobreviver.

Naquele dia correu mais do que parecia-lhe capaz, e mesmo quando parou de correr achava que não tinha corrido o suficiente. Dormiu, e acordou com dor por todo o corpo, seus sentidos estavam aguçados e ele sabia exatamente o que precisava, adam.

Ficou quieto por um instante e as vozes foram ficando mais altas, os passos eram calmos e descontraídos, e segundos depois reconheceu exatamente quem se aproximava. Saltou do lugar onde dormia e correu pro corredor, quando ficou de frente com quem se aproximava abriu um grande sorriso e sentiu as lágrimas decendo.

—Fiquei com tanto medo... – Começou a dizer. Os dois Splicers na sua frente não se moveram por um instante, alarmados. – Aquele demonio ia matar todos nós, tirem a máscara, quero ver o rosto de vocês.

Mabel tirou a faca da saia e apontou pra ele e Trevor começou a rir baixinho.

Ford recuou assustado, e tirou do bolso a faca que carregava.

—Mabel! – Ele gritou, sentindo a voz arranhar a garganta.

A Splicer pareceu hesitar por um momento, e então atacou, um corte rápido rasgou parte do rosto dele, e Trevor o empurrou pro chão. Pareciam cansados, os splicers, sem adam por muito tempo.

Ford se levantou aos tropeços e correu pra longe. Quando parou de correr entrou em um escritório qualquer e fechou a porta, ficando no completo escuro.

Se pareciam tanto com eles dois. Mas não era eles, não podia ser eles.

Sentiu uma pontada de raiva por ser tão estúpido, e com o adam gritando dentro dele não aguentou ficar mais nenhum segundo parado. Levantou, e só precisou esperar alguns instantes para os ver correndo pelo corredor, os dois impostores.

A mulher checou porta por porta, quando chegou na sua e abriu, do escuro ele surgiu e fincou a faca na sua barriga, fazendo-a dobrar-se de dor e gritar. Sem satisfação ele tirou a faca e fincou outra vez, e depois a soltou no chão sem se mover.

O homem que estava com ela veio correndo, antes que Ford atacasse ele também ouviu outras pessoas se aproximando. Com medo correu pra longe dali, abandonando o homem e a mulher morta.

Andou por um tempo, na imencidão de rapture, sem destino como qualquer outro Splicer.

—---x----

—Você precisa fazer uma pausa, ou tá legal? – Perguntou Trevor pela terceira vez aquele dia.

—Eu to legal, vamos continuar, talvez tenha alguma máquina de comida por aqui.

—Esse prédio tá um lixo, pior do que a gente tava ontem.

Mabel abriu a boca pra dizer algo, mas desistiu. Viu um rato comendo alguma coisa podre no chão, seu estômago roncou e ela tentou pensar em outras coisas. Sentia falta do Ford, sentia-se segura com ele por perto, queria chorar pela falta dele, mas não com Trevor por perto.

Pelo menos Trevor estava por perto.

A máquina de comida acabou aparecendo, dela tirou batatinhas e eles comeram juntos. Nunca se sentiria satisfeita como nas noites em que haviam jantar em família, mas ficou mais do que feliz por ainda ver alguma comida na máquina.

—Ford deve estar perdido em algum lugar. – Disse, se arrependendo imediatamente de ter mencionado ele.

—Vamos encontrá-lo. Estamos procurando a bastante tempo já. – Trevor sempre sabia o que dizer, sorriu e colcou a máscara. Sentia-se melhor agora, preparada pra quando encontra-lo dizer que o ama e que nunca mais faça algo tão idiota.

Encontraram Splicers mortos um tempo depois, não os via a uns dias, mas na sala havia vários deles e o lugar fedia muito.

—Vamos atravessar. – Mabel disse, pisando com cuidado no chão, e contornando os corpos.

Trevor tampou o nariz e a seguiu, quando abriram a porta do segundo corredor encontraram mais deles.

—Mabel eu não acho que por aqui é uma boa ideia.

—É o caminho pro próximo prédio, Ford pode estar no próximo.

Sem esperar por ele ela começou a atravessar o corredor, olhou pra trás e o viu seguindo desajeitadamente, quando pensou estar chegando perto do fim Trevor gritou e caiu no chão, um dos Splicers segurava sua perna e subia em cima dele. Mabel só tinha a arma, e eles haviam perdido a chave de grifo, puxou o Splicer pelo palitó mas ele era pesado demais. Tirou a arma da saia e colocou na orelha dele, quando atirou os dois ficaram sujos de sangue.

—Mas que merda! – Trevor gritou, se afastando. Levantou e pediu que Mabel voltasse a andar. Ela andou calada, agora alarmada e com a arma na mão.

O corredor a frente estava sem luzes, e de lá vinham vozes angustiadas e sem vida. Mabel parou de andar e segurou o braço de Trevor. A outra mão se ergueu com a pistola prateada apontada pra seja lá o que se aproximasse.

Quando apertou o gatilho percebeu que não tinha mais balas. E o cabelo loiro de Ford brilhou quando saiu do escuro.

—Vocês dois. – Ele disse, com os olhos arregalados e um corte horrível na bochecha.

—FORD! – Trevor gritou, o abraçou, e Mabel colocou a mão no rosto e chorou alto.

Os três ficaram um tempo juntos no meio de Splicers mortos, e quando resolveram retomar a caminhada Ford disse que encontrou dois Splicers que se pareciam com eles dois, quando terminou de contar Trevor exigiu que voltasse lá e mostrasse a mulher morta.

—Eu preciso vê-la. – Disse simplesmente. – Só me mostre.

Quando os encontraram Trevor ficou de joelhos, e agora Mabel entendia. 

Seus pais não tinham mais identidade, sanidade e nem consciência. E agora sua mãe não vivia mais naquele mundo. O pai passou a vagar sozinho por Rapture, sem saber que perdeu a mulher que ele mais amava e que seus filhos estavam vivos.

Algumas horas foram gastas só ali, com a mãe pela última vez. Pra Mabel se despedir de alguém sempre foi algo fácil, por que nunca era alguém que ela amava, agora era diferente. Agora ela só tinha o irmão, e seu irmão só tinha ela.

Os dois se abraçaram, não passariam o momento de luto afastado um do outro.

Ford respeitou o momento deles. E quando tudo acabou, os três saíram andando.

A saída de Rapture agora era mais simples de certa forma. Eles haviam se despedido. Por mais que não tenham visto o pai, despediram-se dos dois naquele momento.

—E agora? – Disse Ford.

Mabel sorriu com a pergunta e olhou pra Ford, esperando que ele respondesse.

Ford levantou os ombros, perdido.

—Vamos sair dessa merda de lugar. – Ele disse.

Ford gargalhou.

—Vamos!

O plano deu certo, afinal. A saída de Rapture não era uma ideia tão inalcansável quanto parecia ser. Os três Splicers fugiram de lá subindo até o topo de um dos prédios. O vício em adam não chegou ao ponto de ser incurável. Viajaram até Nova York e viveram suas vidas começando do zero.


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Notas finais do capítulo

Nunca achei que fosse terminar uma história de Splicers assim, mas acho que todo mundo devia ter a chance de começar do zero, com tudo.



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