Pov Pedro

Acordei com uma dor de cabeça enorme. Já me arrependia de ter bebido tanto na noite passada. Só sabia que havia cometido um erro. Gritei com a minha irmã e culpei-a por algo que estava fora do controle dela. Aliás, eu não sabia o que me motivou a dizer aquelas coisas. Precisava consertar isso.

Levantei e fiz minha higiene matinal. Depois desci e encontrei Susana na cozinha fazendo café. Ela me ignorava completamente. Eu não a culpava. Eu tinha sido um cafajeste ontem.

— Bom dia. - falei baixinho, mas ela não respondeu - Olha, sei que está chateada, mas acredite em mim, eu não quis dizer aquilo. Me desculpe. Fui um babaca. Um idiota. Um crápula. Estou arrependido.

— Pedro, você acha que eu queria isso agora? - ela indagou - É claro que não. Queria ter uma família quando tivesse uma vida sólida, uma carreira. Mas aconteceu. Achei que me amasse o suficiente para me apoiar.

— Eu sei, me desculpe. - pedi novamente - Eu amo você, Su. E sempre vou te apoiar.

Andei até ela e abracei. Susana me abraçou de volta, soluçando. Afaguei sua cabeça e fiquei esperando que ela se acalmasse. Quando ela parou de chorar, se afastou sorriu para mim.

— Obrigada, Pedro. - ela falou - Mas acho que não é só para mim que você deve pedir desculpas.

— Do que está falando?

— Você foi super grosso com a Estela ontem. Sem necessidade. Ela é minha melhor amiga e estava aqui me ajudando. Além disso, foi ela que cuidou de você quando chegou da sua farra ontem.

Suspirei. Mais uma vez eu consegui afastar Estela. E aquilo me doía muito. Fiz que sim com a cabeça. Eu iria tentar me desculpar com ela hoje, mas não sabia se daria certo. Estela era orgulhosa e talvez não quisesse nem ver a minha cara de novo.

Terminei meu café em silêncio e depois eu e Susana fomos para a faculdade. Assim que chegamos, encontramos Caroline e Igor encostados no carro dele conversando rindo. Fomos até eles. Carol abraçou Susana e as duas começaram a conversar sobre o bebê. Igor participava as vezes da conversa. Eu fiquei ali parado, quieto.

Nesse momento, o porshe da Estela cruzou o estacionamento. Tentei não me importar muito com o fato de ela estar linda. ( Estela :http://www.polyvore.com/cgi/set?.locale=pt-br&id=191725808 ). Eu ia até ela para pedir desculpas, porém, sem me olhar, ela andou até onde a turma de direito dela se encontravam, e deu um beijo no Ethan. Aquilo foi como um soco no estômago. Eles estavam juntos então. Ethan passou o braçp pela cintura dela e ela sorriu para ele. Era a confirmação.

Essa cena me fez perceber o quanto eu estava sendo idiota esperando que as coisas voltassem a ser como no colegial. Já passou da hora de eu tentar começar de novo com outra pessoa. Procurei a garota com o olhar e a encontrei na porta da nossa sala. Fui até lá.

— Oi Kelsey. - falei

— Pedro! - ela exclamou - Veio me ver?

— Na verdade sim. - respondi - Está a fim de ir no cinema hoje a noite?

Ela pareceu ainda mais surpresa. Me encarou meio desconfiada, mas por fim sorriu. Retribuí o sorriso.

— Você me pega as 20h? - ela perguntou

— Isso mesmo.

— Ótimo. Até a noite.

— Até, Kels. - me aproximei e beijei sua bochecha.

Vi seu rosto enrusbecer. Sorri e fui embora, na direção da minha sala. Kelsey no fundo era uma garota legal. Eu é que estava errado procurando alguém igual a Estela. Seria bom dar uma chance a Kelsey de me impressionar.

Eu estava tão perdido em pensamentos, que acabei esbarrando em alguém. Olhei para cima. Estela. Ela corou um pouco e desviou o olhar. Fiquei nervoso.

— Me desculpe. - falei

— Não tem problema. - ela respondeu - Não nos machucamos.

— Não só por isso. Por ontem também.

Estela abaixou a cabeça e suspirou.

— Está tudo bem. - ela disse por fim - Sei que você não quis dizer aquilo tudo.

— Não quis mesmo. Fui um idiota.

— É, você foi. - ela concordou em tom brincalhão.

— Obrigada por cuidar de mim quando cheguei bêbado ontem, mesmo que eu não lembre de nada.

Seu sorriso sumiu. Uma expressão de dor tomou conta de seu rosto. Aquilo me deixou confuso.

— Não tem de quê. - ela respondeu, fria - Se não se importa, tenho que ir até a minha sala agora. Avise a Susana que vou passar no apartamento de vocês depois para vê-la.

— Pode deixar, eu aviso.

Estela assetiu e foi embora. Eu havia feito ou dito alguma coisa ontem a noite que a magoou, já que somente a menção a isso fez com que ela ficasse brava. Decidi deixar isso para lá e fui em direção a aula.

— ~ -
No final da tarde eu estava sentado na sala falando com Kelsey pelo whatsapp, quando Estela veio. Pude ver quando ela fechava a porta que Ethan a acompanhara até ali. Eu não tinha o direito de me importar, mas eu sabia que Ethan não prestava. Porém, que moral eu tinha para alertá-la?

— Oi Pedro. - cumprimentou Estela - Susana está lá em cima?

— Sim, no quarto dela. - respondi

Estela assentiu e subiu, sumindo de vista. Eu continuei ali, falando com Kelsey. Quando ela disse que iria se arrumar, eu decidi ir tomar um banho também. Fui para o meu quarto e ouvi risadas vindas do quarto de Susana. Sorri. Pelo menos Susana tinha Estela. Essa amizade ajudaria minha irmã a enfrentar a gravidez, pelo menos até Caspian voltar.

Tomei um banho e me vesti, de maneira casual. Coloquei um perfume e peguei meu cartão de crédito, para pagar o cinema. Fui até o quarto de Susana e bati na porta. Ela veio abrir.

— Ah, Pedro. Bem na hora. - Susana disse - Pode pedir algo para comermos?

— Na verdade, Su, eu vou sair. - respondi - Acho que terão que fazer isso sozinhas.

— Sair? - ela questionou - Não vai voltar bêbado, vai?

— Não. Vou ao cinema com a Kelsey.

— Ah. Tudo bem. Boa noite.

Ela fechou a porta. Eu não sabia se Estela tinha ouvido, mas sinceramente, pouco me importava. Eu não queria bancar o adolescente brigando para fazer ciúmes. Peguei as chaves do carro e fui pegar a Kels na casa dela.

Assim que cheguei, fui tocar a campainha. O irmão dela atendeu. Ele não gostava de mim, pois andava com Ethan e tal. Michael me olhou de cima a baixo, com a típica expressão de poucos amigos. Em seguida, gritou o nome da irmã. Kelsey desceu correndo e olhou feio para o irmão ao passar pela porta.

Ela me abraçou de lado e me deu um beijo na bochecha. Levei-a até o carro e abri a porta do carona para que ela entrasse. Então fui para o meu lugar e dei a partida.

— Desculpe pelo meu irmão. - ela pediu - Eu já pedi para que ele não agisse assim com você, mas você sabe o motivo disso.

— Não precisa se preocupar com isso, Kels. - respondi - Eu não ligo.

— Obrigada. - ela falou, com um sorriso - Enfim, que filme vamos ver hoje?

— Você pode escolher.

— Mesmo? - ela questionou e eu assenti. - Hum, vamos ver. Eu acho que devíamos assistir A Esperança.

— Por mim tudo bem.

— Ótimo.

Eu sorri em resposta. Estava sendo mais agradável do que eu pensava estar na companhia de Kelsey. Chegamos ao cinema e eu fui comprar os ingressos enquanto Kelsey comprava a comida. Depois entramos na sala, esperando o filme começar.

Nós apenas assistimos ao filme, sem fazer nada demais, e eu fiquei contente com isso. Mas eu não sabia se Kelsey esperava ou não mais da nossa noite. Eu desconfiava que sim. Durante o trajeto de volta a casa dela, conversamos sobre o filme, rimos e eu a provoquei um pouco pelo medo que ela sentira durante uma das cenas.

Quando chegamos, novamente fui abrir a porta para ela e a acompanhei até a casa dela. Ela ficou de frente para mim e me analisou.

— O que é preciso para o garoto perceber que deve beijar a garota? - ela questionou

— Exatamente isso. - respondi.

E a beijei. Foi um beijo bom, calmo, mas sem aquele friozinho na barriga. Mas ele viria um dia. Eu daria um jeito de ele aparecer. Era uma promessa.