Everything Is Changed escrita por Isa Pevensie Jackson


Capítulo 25
Deixar Estela Cambridge para trás


Notas iniciais do capítulo

Oi galera! Voltei depois de um novo sumiço, com o capítulo, e pra anunciar que falta pouco para o fim.



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Acordei com o barulho de algo sendo colocado bruscamente no chão. Era a minha primeira refeição diária. Não sabia que horas eram, mas o sol brilhava forte do lado de fora do local onde eu estava. Levantei-me rapidamente e corri para pegar a bandeja, colocando na cama e começando a comer avidamente. Fazia horas em que a última refeição foi entregue a mim, então eu estava faminta.

Pequenos riscos feitos com um pedaço de madeira marcava os dias em que eu estava no cativeiro. 15 riscos, lado a lado, mantinham a minha sanidade, em meio a tudo que eu passava. Contar os dias me ajudava a lembrar que havia uma vida lá fora e pessoas que lutavam por mim.

Mesmo assim, não era fácil estar ali. Todos os dias eu sofria um pouco. James Lancaster tinha a intenção de me fazer desistir e passar para o lado dele, me virando contra meu pai. Há uma semana, ele gravou um vídeo para enviar à minha família e as marcas do ocorrido ainda estavam em meus braços e costas, mas as piores marcas estavam em minha mente. Eu mal dormia com os pesadelos que estava tendo, da pessoa encapuzada se aproximando, com o bastão crepitando com e eletricidade...

Balancei a cabeça e me concentrei no arroz com ovo entregue a mim por sabe-se lá quem. Pouco antes, eu havia desmaiado de exaustão no chão, das horas sem dormir e sem comida. Enquanto comia com as mãos, eu começava a pensar com mais clareza novamente e me perguntava onde estaria Elliot, pois há dias ele não aparece.

Eu sabia que meu irmão na me abandonara, sentia isso, mas estava preocupada com o que poderia ter acontecido a ele, principalmente porque ele era a minha esperança de sair daquele local e das mãos de James e Ethan Lancaster.

Ainda enquanto comia como uma selvagem, de tanta fome, a porta foi aberta. O patife que, um dia, eu cometi o erro de me envolver sorria, de modo malicioso, ao me encarar. Provavelmente se divertindo com o fato de eu parecer estar perdendo a sanidade. Mal sabia ele que eu era muito mais forte que isso.

— Melhor, minha querida? – ele questionou e eu apenas balancei a cabeça, concordando – Fico feliz com isso e espero que esteja menos mal educada do que da última vez que conversamos. Sabe que não queremos machuca-la.

Continuei em silêncio, como um animal encurralado. Ethan andou até mim e passou a mão por meus cabelos. Fingi aceitar seu toque, engolindo o asco que me provocavam as suas mãos. Pelo jeito, minha atuação estava surtindo efeito, porque Ethan continuava sorrindo em triunfo, percebendo que eu estava cedendo. Ele passou o braço pela minha cintura e me ajudou a levantar. Depois, me conduziu para fora do quartinho onde permaneci por estes 15 dias, pela primeira vez.

Ainda fingindo estar totalmente fora de mim, tentei captar o máximo de detalhes possível, para saber como sair dali, se eu tivesse a oportunidade. Ao passar pelos corredores, percebi que estávamos em uma casa, pela distribuição dos locais, e no meio do caminho, avistei Elliot, na porta de um dos cômodos, ao qual estávamos nos dirigido. Meu irmão sequer olhou para mim, interpretando bem o seu papel, mas eu tentei alcança-lo, encenando a irmã abandonada e louca.

— Elliot...- sussurrei, sendo ignorada.

— Não se preocupe com ele, minha querida. – disse Ethan – Ele traiu você. Só está aqui por ser um capanga valioso. Mas não passa disso, um mero peão.

Nós entramos no escritório, em seguida. James Lancaster estava sentado à mesa principal, examinando um papel como se fosse um pedaço de ouro. Ethan fez com que eu me aproximasse, devagar. Eu estava tremendo de medo, mas não demonstrei.

— Estela, minha joia, que bom que está aqui. – falou James, com a voz perigosamente calma, como uma serpente se preparando para o bote – Venha ver o que temos aqui.

Aproximei-me devagar, até estar ao lado de James. Ele estendeu o papel para mim e eu o observei. Era uma procuração, assinada por meu pai. Nela, ele passava para James todos os seus bens, empresa, imóveis, e todo o resto.

— O maldito Artur Cambridge finalmente teve a decência de obedecer e ver a razão. – começou James – Pena que ele precisou esperar que você sofresse tanto.

Engoli em seco, pensando na aflição do meu pai, mas o gesto valia também como um falso ressentimento em relação ao que havia acontecido, pelo menos na visão de James, que passou a mão pelas minhas costas, em um falso consolo.

— Ele me deixou sofrer por esse maldito império. – murmurei.

— Infelizmente sim, minha querida, mas não se preocupe. Você está mais protegida agora, comigo, que deveria ser seu pai.

Assenti e James sorriu, satisfeito por achar que seu plano estava funcionando. Depois, ele chamou Ethan com a mão e uniu as nossas, saboreando a ideia de nós dois juntos. Eu me segurei para não vomitar, diante do enjoo que a ideia de estar com Ethan me provocava, mas permaneci naquela posição e endureci minha expressão, algo que aprendi ao longo dos anos.

— Ótimo. – murmurou James – Vocês serão o casal do ano, meus dois filhos.

Com essa infeliz ideia, ele nos dispensou. Ethan ficou para discutir algum assunto que não me interessava, e ordenou que Elliot me levasse  de volta para o quarto. Ainda sem olhar para mim, Elliot me empurrou porta afora, de forma brusca. Meu irmão me acompanhou até o meu quartinho, e, ao entrarmos, olhou se não havia ninguém no corredor. Quando percebeu que ninguém veria, fechou e trancou a porta.

— Não temos muito tempo. – ele disse – Seguinte, pelo que eu ouvi, vai haver uma festa promovida pelo Lancaster em dois dias, em Chicago. A ideia dele é apresentar você como noiva do Ethan.

— Mas ele não tinha prometido me liberar?

— Ele acha que você está ao lado dele. E que vingança melhor contra seu pai do que roubar a filha dele?

Ponderei o que Elliot me disse e me dei conta de que ele estava certo. James iria acabar com meu pai, me exibindo ao seu lado. Só torci para que minha família se desse conta de que estava fazendo isso para sobreviver.

— Vamos aproveitar essa festa pra fugir. – anunciou Elliot e pegou uma pequena pistola de dentro da sua jaqueta – Esconda isso com você, inclusive junto na roupa que usar na festa.

— Elliot...

— Faça! Temos que dar um jeito de escapar lá. É nossa melhor oportunidade.

— Você tem um plano?

Elliot assentiu e me explicou como iríamos fugir do local onde seria a festa. Eu sabia que era arriscado e, se James ou Ethan desconfiassem, estaríamos perdidos. Mas Elliot estava certo ao achar que era nossa melhor chance.

— Tenho que ir agora. Ou vão estranhar.

Elliot saiu, me deixando sozinha com meus pensamentos. Não posso negar que estava morrendo de medo, porque não era preparada para aquele tipo de coisa e queria apenas estar vivendo minha vida de universitária em paz. Sentei-me na cama e abracei minhas pernas, tentando controlar a vontade de chorar.

Eu deveria estar me concentrando em escolher vestidos de noiva, decoração, padrinhos, doces e planejando minha vida ao lado de Pedro. Pensar nele trazia sentimentos conflitantes àquela altura, pois ao mesmo tempo que queria que ele não me esquecesse, eu sabia que se tentasse algo, ele corria perigo e eu não podia imaginar a possibilidade de ele se machucar por minha causa.

Respirei fundo e me obriguei a me recompor. Eu tinha um plano para escapar deste inferno e, para conseguir isso, precisava desempenhar um papel. Por hora, era hora de deixar Estela Cambridge para trás.


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Notas finais do capítulo

E aí? Acham que Estela e Elliot terão sucesso?



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