Quando Amanhecer escrita por Clara Luar


Capítulo 9
Desconfiança


Notas iniciais do capítulo

Olá, acho que demorei um pouco mais que o costume para postar. É porque a partir de agora não posso errar no desenrolar se eu quiser que seja perfeito! :) Vamos ao capítulo, mais curto que os outros, mas o próximo postarei mais rápido do que imaginam! (>.o)



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Fay e Ryan retornam ao salão de baile silenciosamente, quem os avista na pista de dança imagina que eles dançaram a noite toda. Há um número reduzido de convidados, a maioria, após fartarem-se com os quitutes, desistiram de aguardar o anfitrião que comumente não comparece às famosas festas que celebra em sua casa. Não esperaram se quer o suposto show de mágica da senhorita Fay.

Ryan agradece pela última dança beijando as costas da mão dela, é cavalheiro ao se despedir, visto que um dos serviçais o chama, e não desgruda seus olhos selvagens da companheira de dança, e de assalto, até desaparecer finalmente entre as cortinas cinza que escondem a porta da cozinha.

A médium senta com uma postura exemplar numa das poltronas preto e branco próximo às cortinas, observando os últimos convidados sonolentos discutindo as ações que estão em alta no mercado das joias. A espera é uma tortura tediosa. Nenhuma mente despertou seu interesse, nem a comida, nem a música. Seu rosto ilumina, apenas quando, enfim, avista a sombra de Krad. Levanta-se sorridente. Ele para a sua frente, fita-a de cima a baixo como se soubesse que ela guardava um segredo que poderia coloca-la em maus lençóis. A simples ideia de ser transparente ao amado a deixa arrepiada. Estava comprometida com uma máfia agora e não desperdiçaria a chance de provar ao vampiro que ela é útil, que é capaz, mesmo sendo só uma garota de quinze anos. Até porque, Fay não era só uma garota de quinze anos.

– Demorou. Onde esteve? – pergunta sem deixar transparecer seu desconforto diante o olhar.

Ele não responde imediato. Cruza os braços segurando o queixo com o polegar direito, enquanto pensa. A demora cria uma bolha de angústia na garganta da menina, que esforça em tentar vasculhar sua mente, com cautela; vampiros não permitem tal invasão, ele não. Fracassa, pois a mente dele está brindada com autocontrole assombroso. É como se Krad soubesse o que ela estava tentando e não baixasse sua guarda um minuto se quer que permita.

– Vamos. – é a única palavra pronunciada.

Krad passa pela mutante e caminha em direção ao saguão e depois para fora. Eles entram no carro e retornam à LA’RÚBIA. Todo o percurso foi silencioso. O vampiro manteve o olhar duro num ponto fixo no horizonte, que ela fingiu não notar colocando uma máscara de serenidade na face para camuflar suas incertezas.

Com a súbita frieza do vampiro, o casal não conversam muito, apenas se cumprimentam na manhã seguinte. Saboreiam o café da manhã em total mudez – a garota come, enquanto Krad força uma expressão de naturalidade ao engolir poucos goles de chá, já que sua base alimentar não é exatamente coisas que humanos comem, e sim, os humanos. Para Fay o chá está mais aguado que o costume, o pão um tanto murcho, e a geleia não está doce o bastante para alegrar seu dia. A verdade é que acordara sem apetite. Sentia como se tivesse feito algo errado (o que não fez), isso convergia com a aparente “briga do casal” (que ela não sabia o por quê) e embrulhava o seu estômago. Não perde tempo em tentar ler os pensamentos do vampiro; os sentidos dele estavam mais aguçados do que nunca (ele chegou a segurar a faca de manteiga que ameaçou cair), ou seja, não conseguiria descobrir nada. A menina ainda está a devagar com o seu brioche quando Krad levanta, veste o paletó e vai em direção à porta do quarto.

– Aonde vai? – bate a xícara no descanso de porcelana com uma repentina raiva.

Ele termina de passar o braço esquerdo na manga, ajeita os ombros dentro do terno e ergue a face à madeira da porta, disposto a não encará-la nos olhos.

– Não voltarei para o seu almoço. – frisa o pronome com sibilo, e bate a porta.

Fay ergue-se brusca da cadeira, segura firme a xícara e joga-a contra a parede, estilhaçando-a em mil.

– Qual é o problema dele?!

Respira ofegante com o grito. Não consegue comer mais, nada é capaz de descer pela garganta. Mergulha de volta nos cobertores da cama, que agora parece grande demais. É solitário ficar embrulhada e quente demais sem a costumeira frieza que Krad emana deitado ao seu lado. Impossível dormir, contudo insiste em manter as pálpebras grudadas, criando sua própria escuridão.

Horas depois, ouvem-se batidas à porta. Atende-a com certa irritação, gira a maçaneta com força desnecessária, mas o sentimento some ao ver as íris verde-selvagens do amigo e seu sorriso especial.

– Algo errado? – ele pergunta com uma das sobrancelhas erguidas assim que nota o cabelo desarrumado e a camisola amassada de Fay.

– Nada, só... meu pai. – a piada agora não tem graça, e faz arder ainda mais a chama da raiva, e acaba questionando a presença do violinista com rispidez. – O que quer?

– Eu queria saber se gostaria de almoçar comigo. E passarmos à tarde juntos. Sabe, para aumentar nosso espírito de equipe, já que vamos trabalhar na mesma área. – parece sem jeito, de um modo fofo. Mas a Fay de agora não consegue achar nada fofo.

– Na mesma área?

– Sim, eu convenci meu pai. É mais fácil trabalhar com quem conhecemos. – dá uma piscadinha ao final da frase.

Todo o charme de Ryan é ao mesmo tempo reconfortante e irritante. A garota suspira para acalmar o ânimo exaltado, ergue o olhar violeta e concorda.

– Tudo bem. O que sugere?

Ryan abre um largo sorriso, mais angelical que pretencioso. Mostra um cesto que escondia atrás de suas costas, coberto com um pano xadrez azul.

– Piquenique!


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler. Até breve.



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