Ela dormiu no calor

Dos meus braços

E eu acordei sem saber

Se era um sonho (8

POV Arthur

Eu via a dor e a saudade em seus olhos ao falar de seu pai. E eu não poderia deixá-la assim como ele o fez. Não naquele momento, naquela noite, após aquele beijo. Esperei-a por tanto tempo sem sequer ter uma prova de que realmente voltaria. A não ser o tal bilhete. Mas ela não lembrava de absolutamente nada. Se lembrasse me diria certo?

Porém eu sabia que era ela.

Os mesmo olhos cor de mel, os mesmos longos cabelos ondulados de um castanho escuro e mesma pele morena. Seu jeito me parecia ser o lado mais rebelde da Sophia de séculos passados, mas o seu sorriso tímido mostrando suas covinhas fofas ainda era o mesmo.

Como eu poderia deixá-la depois de tanto à esperar? Eu precisava tê-la em meus braços mesmo que fosse por uma só noite. Mesmo que já no outro dia ela voltasse a ser fria comigo.

Quando seus olhos finalmente se fecharam e sua respiração se acalmou mostrando que ela entrava conseqüentemente no mundo dos sonhos, eu sussurrei em seu ouvio o que tanto queria lhe dizer:

“Obrigado por voltar para mim.”

Talvez ela tenha escutado tais palavras ou talvez não. Apenas lembro-me de deixar que o sono também tomasse conta de mim.

[...]

Acordei e ela ainda se aconchegava em meu peitoral. Dormia como um anjo. Com cautela peguei meu celular no bolso da calça jeans e olhei as horas: dez e meia. Tentei me levantar sem acordá-la, mas foi em vão.

– Oi. – ela sussurrou sonolenta logo sorrindo tímida enquanto esfregava as costas das mãos nos olhos.

– Oi dorminhoca. – brinquei fazendo a soltar um riso fraco.

Ela me encarou com seus olhos ainda um pouco vermelhos e inchados pelo choro da noite passada; suas bochechas estavam rubras e as covinhas apareceram em seu lindo rosto ao sorrir novamente. Ela era tão linda. Tão fofa.

Nossos corpos ainda tão próximos estavam quentes e eu podia sentir a respiração dela em meu rosto. Novamente a beijei e desta vez ela nem tentou hesitar. Foi um beijo calmo e cheio de saudade.

Será que ela também havia percebido o quanto de saudade havia em nossos beijos?

Afastamos-nos antes mesmo do oxigênio se fazer por falta e com meu polegar direito acariciei uma de suas bochechas que estavam ainda mais vermelhas. Seus olhos brilhavam deixando a sua cor clara ainda mais intensa.

– Vou até a cozinha fazer algo para comermos, tudo bem para você? – perguntou se levantando do sofá. Fiz que sim em um movimento com a cabeça e a deixei ir.

Fiquei sentado no sofá esperando até ela voltar o que não demorou mais que vinte minutos. Tomamos o café em silêncio e depois de limparmos a cozinha, decidi ir embora, dando-lhe apenas um beijo na testa.

[...]

POV Dhully

Eu estou tão feliz de ter voltado para Los Angeles! Ah! Eu simplesmente amo esta cidade! E que saudade que eu estava dos meus amigos, daquele colégio e das lojas maravilhosas daqui!

A Soph me fez tanta falta nesses dois últimos anos. Foi horrível ter que do nada me mudar para o outro lado da Califórnia e deixar ela e o Bruno para trás.

Ah o Bruno. Porque eu só fui perceber o quanto gostava dele depois que fui embora? Que clichê. Fui tão idiota por demorar tanto para ver o que estava bem na minha frente, que acabei o perdendo para uma piriguete qualquer. Mas isso não vai ficar assim!

Com certeza ela deve estar o corniando até não poder mais e eu não vou deixar ninguém fazer ele de idiota!

Naquela noite na festa, pensei que talvez nos acertaríamos...

Flashback on

Eu e a Sophia estávamos tomando uma bebida qualquer enquanto pessoas dançavam animadas na sala de estar da casa do “amigo” da Soph.

Eu encarava o chão enquanto diversas coisas passavam por minha cabeça, até ver um par de pés masculinos parando em minha frente. Ao levantar minha cabeça bem para cima, encontrei o belo rosto de Bruno.

Como ele é lindo!

É engraçado como ele e Arthur tem uma aparência tão parecida. Os dois com um belo porte atlético, cabelos escuros, a pele morena e são do mesmo tamanho.

Nos encarávamos em um silêncio completamente incomodo o que já estava me dando uma imensa vontade de sair correndo, como uma garotinha perdida. Que covardia! Eu preciso ser mais corajosa!

Provavelmente minha melhor amiga deve ter lhe lançado um olhar feio como sempre fez, já que do nada ele resolveu abrir a boca para falar algo.

– Dança comigo? - perguntou ainda encarando meus olhos castanhos e me entendo a mão.

Vi minha sorrir com a atitude de Bruno me incentivando a aceitar sua mão, e eu o fiz.

Assim que nos instalamos no meio do pessoal que dançava, uma música lenta começou. O dj só pode estar de zoação com a minha cara! Senti minhas bochechas queimarem me dando a certeza de que estavam tingidas de um vermelho intenso sob minha pele branca. E as dele pareciam também estar avermelhadas apesar da pele morena não deixar a cor tanto em evidência.

Em poucos segundos as mãos de Bruno estavam envoltas de minha cintura e minha cabeça em seu peitoral definido. Maldita camisa!

A música acabou e olhei em direção aonde eu e Soph estávamos antes. Ela ainda estava lá, mas agora com Arthur. Sorri com isso. Eles pareciam se gostar apesar de toda a confusão no começo.

– Dhu precisamos conversar. - Bruno disse com um sorriso triste e confuso, interrompendo meus pensamentos. Fiz um breve movimento com a cabeça indicando que concordava com suas palavras. Avisamos Soph e fomos em direção ao carro de Bruno.

– Precisamos sair da festa para conversar? - perguntei.

– Vamos para um lugar mais calmo. - respondeu parecendo incerto.

Entramos no carro e fomos até um praça próximo dali. Era um lugar bonito e tinha até um simples e pequeno parquinho para as crianças. Sentei em um dos balanços e Bruno sentou no ao lado. O silêncio novamente se instalou entre nós.

– Dhully a Soph veio falar comigo à uns dias... - começou me olhando, desviei o olhar.

– O que ela disse? - perguntei encarando o gramado do parquinho.

– Que você ficou chateada em saber que estou namorando... Eu achei que ficaria feliz por mim. - senti meus olhos encherem de lágrimas e minha visão embaçar. Eu deveria mesmo estar feliz com ele.

– Eu sei Bru. Eu realmente deveria ficar feliz por você, este é o papel de melhor amiga... - comecei agora olhando em seus olhos. - Mas eu gosto de você Bruno! Da mesma forma que você gostou de mim esses anos todos! E eu fui cega em não perceber.

Seus olhos se arregalaram, pareciam estar a ponto de saltar para fora de suas órbitas. Também não era pra menos, desde quando eu, a garota meiga e tímida, falaria para um garoto que gosto dele? Ainda mais para o melhor amigo? Nunca!

– Eu estou confuso. - disse parecendo sem saber o que dizer.

– Eu não. - respondi-o me levantando do balanço, fazendo Bruno repetir meu ato. Ficando nas pontas dos pés e ele abaixando um pouco sua postura, dei um beijo doce em sua testa e fui ao ponto de taxi ali perto voltando para casa.

Flashback off

Ele ainda é meu melhor amigo apesar de tudo. Se ela o faz feliz, que assim seja. Talvez ela não seja tão ruim né?

(...)

Eu andava animada pelo Shopping arrastando Soph atrás de mim. Fazer comprar me fazia tão bem!

Mas claro que minha melhor amiga iria me fazer ir até a sorveteria do local. Esta garota é viciada em sorvete. Credo. Nao que seja ruim, mas se deixar ela toma sorvete até no inverno.

Estávamos sentadas em uma das mesinhas da sorveteria. Eu com meu milk shake de morango e o ela com o seu de chocolate. Até que vejo Carla, a namorada do Bruno, andando com um garoto lá do colégio. Amigo do John por sinal, ou seja, com certeza é idiota.

– Soph olha aquilo. - digo chamando a atenção da minha amiga enquanto aponto discretamente para os dois. Ela me olho desconfiada.

– É a Carla? Eu nem sabia que ela havia voltado de viagem. - disse confusa, dei de ombros. - Vamos atrás deles! - diz minha amiga determinada me arrastando atrás deles deixando nossos milk shake's para trás.

Sophia Tyler deixou seu milk shake para trás! Ela com certeza deve estar pensando o mesmo que eu. Mas não pode ser. Vou matar esta piriguete!

Carla e o garoto - do qual eu não faço ideia de como de chama e creio que minha melhor amiga também não - saíram dos shopping trocando olhares e carinhos indiscretos e foram até um local mais vazio do estacionamento. Eu e a Soph estávamos escondidas atrás de um carro quando vimos o tal garoto prensar Carla contra a parede e beijá-la e a mesma retribuiu o beijo.

– Eu vou matar esta garota! - digo furiosa para Sophia, que esta com os olhos arregalados diante da cena.

Tenho certeza de que se ficarmos mais cinco minutos aqui, vamos vê-los transando.

Me levanto de trás do carro onde estava agarrachada com minha amiga e estava preparada para fazer um belo escândalo e arracancar pelo menos metade dos cabelos daquela vadia, mas claro que minha melhor amiga tinha de ser mais rápida e me puxar para trás do carro novamente.

– Calma aí Dhully! Você não vai em lugar nenhum. Vamos para minha casa e eu vou ligar para o Bruno. Vamos mostra estas fotos à ele ok? - ela diz me mostando as fotos que havia tirado, sem que nem eu percebesse, dos dois sem vergonhas. - E vamos sair daqui porque não quero ver eles transando! - diz fazendo cara de nojo e me puxando para o outro lado do estacionamento onde estava o carro dela.

– Soph espera. - pedi quando ela já fazia menção de entrar no carro. - Preciso ir no banheiro. É rapidinho. - ela solta um risinho e responde com um "ok". Eu saio correndo em direção ao Shopping que ficava no andar de cima ao estacionamento.

Eu corria entre as pessoas do shopping lotado, em direção ao banheiro. Se eu demorar mais um minuto acho que faço xixi nas calças!

Estou quase chegando no banheiro quando trombo com a cabeça em algo ou alguém caindo sentada no chão.

– Ai! - Murmuro. Que chão mais duro!

Levanto meu olhar para ver em quê eu havia batido enquanto esfrego meu bumbum com uma das mão e me deparo com um garoto branquelo - mas nem tanto - de um corpo comum me estendendo a mão para me ajudar a levantar. Aceito-a envergonhada.

Já de pé e provavelmente com minhas bochechas vermelhas, olho o garoto de cima a baixo. Ele vestia um calça jeans escura, camisa branca de gola V com um blazer aberto e preto por cima. Com a cabeça levantada, posso olhar exatamente seu rosto e cabelos. Ele tinha o cabelo de um incrível loiro avermelhado e era dono de olhos cinzas. Nunca havia visto olhos como os dele. Eles eram tão... intensos.

Ouço o som de seu riso abafado, me tirando do pequeno transe. Percebo que havia notado que eu o analisava e então fazia o mesmo comigo. Com certeza minhas bochechas estão extremamente vermelhas pela intensidade de que estão queimando.

– Desculpe... Eu estava com pressa. - murmuro envergonhada.

– Eu percebi. - ele diz com uma expressão de diversão no rosto. Abro um sorriso fraco. - Sou Logan.