Um Verdadeiro Conto escrita por katnissberry


Capítulo 1
Capítulo 1




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Com o canto do olho, e uma cara engraçada, Anabelle correu de seu quarto até a mesa de madeira da cozinha, e se escondeu debaixo dela. O pano xadrez amarelo escondia seu braços e pernas, mas seu rosto e olhos grandes castanhos continuavam aparecendo. Ela sempre fazia isso. Acordava na hora certa e se escondia ali, para assustar o resto da família.

—Anabelle! –gritou sua mãe puxando o pano e vendo seu rosto que mostrava que ela estava aprontando.

—Como você adivinhou? –ela perguntou olhando risonha para a sua mãe.

—Você sempre faz isso. –disse sua irmã mais velha entrando na cozinha. –Será que você nunca vai aprender a se comportar como uma dama?

Anabelle fez uma careta para a irmã enquanto ela se sentava em uma das cadeiras para tomar o seu café da manha. Apesar de não demonstrar, Ana sentia ciúmes de sua irmã, já que ela tinha puxado a beleza de seu pai. Ella tinha um cabelo loiro cacheado nas pontas, e olhos azuis cristalinos, isso sem contar com sua pele clara e macia. Anabelle tinha olhos castanhos escuros, e um cabelo castanho claro, uma pele morena e cílios grandes, como a mãe.

—Será que você nunca vai aprender que não somos da realeza?

—Isso é uma questão de tempo, Ana. Pode ter certeza que um dia eu me casarei com um homem tão rico, que lançará moedas de ouro pelos dedos.

—Ella e Ana! O que eu lhes disse sobre isso? Seu pai trabalha bastante e não somos pobres. Ele é um cavalheiro real, e nunca faltou comida na nossa mesa. Então não quero saber de vocês reclamando que somos pobres, nem inventando de dar o golpe em um rapaz rico, entenderam?

—Sim, mãe. –falaram em couro.

A Meredith estava chateada, mas mesmo assim continuava fatiando a carne para o almoço. Ela já tinha quarenta anos, mas aparentava ter trinta, apesar de trabalhar em casa, ela estava sempre muito cansada, mas mesmo assim, sua beleza parecia ter sempre energia. Mesmo sendo muito bonita, o que mais se destacava era seu marido. Seus olhos azuis brilhantes, e seu cabelo loiro que ia até o queixo, encantavam a qualquer um. Ele era forte como aço e poderoso como um lobo. Ele não tinha medo de nada, e nenhum ponto fraco, a não ser sua família.

—Quando o papai volta? –perguntou Ana.

—Assim que o rei permitir. –respondeu Meredith se sentando à mesa junto com as filhas e comendo pão com queijo.

—Ou seja, nunca. –falou Ella.

—Não é bem assim...

—Mãe! –disse Ana. –Esse rei levou nosso pai para a guerra durante cinco anos, e você teve que cuidar da gente sozinha. Ele não me viu nascer por causa dessa guerra idiota! Se tiver alguém que odeia o rei mais que a gente, esse alguém é você.

—É verdade, o rei não consegue comer sem a ajuda do papai. Eu não lembro de ter ficado mais de dois dias com ele sem ter que ouvir a velha desculpa “Eu tenho que ir. Você sabe que o rei precisa de mim.”. –falou Ella comendo o seu pão.

—Bom, sendo ou não verdade, seu pai não vai voltar hoje. Esqueceram que hoje é o casamento e aniversario dele? –falou Meredith.

—Terá o festival? –perguntou Ella animada.

—Claro! E nós seremos convidados de honra!

—Eu não quero ir à esse festival idiota.

—Mas você vai Anabelle. E vai usar o seu vestido mais bonito. Sua irmã irá te ajudar.

—Mãe! Eu não quero ajudar a pirralha a se vestir. –gritou Ella.

—Eu sou só três anos mais nova. –ela falou calma.

—E daí? Eu tenho treze, e você ainda tem dez!

—De qualquer jeito, não precisa me ajudar. Eu não vou.

—Vai sim! E você vai ajudá-la. –falou Meredith guardando os restos de pão. –Agora vamos logo, se não chegaremos atrasadas.

{...}

Ana se olhou no espelho e deu uma volta. Ela não gostava daquele vestido rosa. Ela não gostava de rosa. Ela não gostava de vestidos.

—Você está linda. –falou Meredith.

—E eu mãe? Estou linda? –perguntou Ella.

—Você está perfeita.

Ella deu um sorriso malvado e olhou para o espelho.

—Eu preciso estar perfeita para conquistar o príncipe Encantado.

—Cinderella! O que eu já lhe disse sobre isso? –Ella se estremeceu, sua mãe nunca falava seu primeiro nome, apesar de achá-lo lindo.

—Esse rei não bate bem mesmo... Além de adotar nosso pai como animal de estimação dá o nome do filho de Encantado... Por isso que não consegue uma mulher desde a morte da rainha. Essa daí deve ser uma interesseira.

—Cuidado com essa boca Ana! Se te ouvem falando isso é provável que lhe arranquem a cabeça! –disse Meredith. –Agora vamos logo se não chegaremos atrasadas.

—Mãe! Por que nós temos que morar no meio do nada, sem nenhum empregado se nós poderíamos morar na capital perto do castelo cercados de serviçais? –perguntou Cinderella.

—Coisas do seu pai. Ele prefere que moremos aqui, já que é mais seguro. Ele trabalha com pessoas perigosas que poderiam se vingar a qualquer momento usando seu único ponto fraco: nós.

—Por isso que não temos nenhum guarda e fazemos essas aparições em público?

—Ana, essa aparição é importante e especial para ele. Talvez seja hoje que ele seja promovido. Agora vamos! –falou Meredith.

—Antes... –disse Anabelle pondo sua capa preferida, uma branca que seu pai tinha lhe dado.

—Ana... Vai cobrir o vestido! –falou Meredith, mas mesmo assim, Ana botou o capuz.

—O penteado! Eu fiquei um tempão fazendo esse penteado! –reclamou Cinderella.

—Deixa, agora vamos! –disse Meredith.

As três foram até a parte externa da casa, onde montaram em seus cavalos e foram até o grande castelo.

O muro de pedras que tinha uns cinco metros tampava a visão do jardim, mas as torres eram vistas a quilômetros de distância. As três entraram no castelo e desceram de seus cavalos. Meredith e Cinderella foram na frente enquanto Anabelle ia murcha para não ser reconhecida por ninguém. Na primeira oportunidade, ela se escondeu atrás de uma moita e fugiu para brincar nas árvores. Ela detestava ter que bancar a princesa ao lado da irmã. Sem perceber o sumiço da filha, Meredith e Cinderella continuaram caminhando, até chegar à parte do jardim onde estavam acontecendo as justas. Bem no centro, em cima de uma espécie de palco, estava o trono provisório onde o rei estava sentado. Ele era encantador, com cabelo castanho e olhos verdes brilhantes. Ele tinha um corpo bonito, assim como seu filho. Ao lado, o príncipe Encantado, com o cabelo como o do pai, liso e castanho, que cobria levemente seus olhos, olhava com atenção aos golpes da justa. Ao outro lado do rei, estava a mais nova rainha. Já com outro vestido, deixava claro que o casamento já havia ocorrido e que Cinderella, Meredith e Anabelle estavam atrasadas. A nova rainha tinha uma pele clara como a neve, e cabelo vermelho como sangue, olhos verdes como esmeralda, e usava um vestido longo azul claro. Ao lado, sua provável filha, deveria ter a mesma idade de Cinderella, e tinha os mesmos olhos, cabelo e pele da mãe. Ela tinha um olhar malvado e ao mesmo tempo esnobe, que estava voltado para a justa.

—Cinderella! Querida! –gritou Robert, dando um abraço nas duas.

—Cuidado pai! Você está de armadura. –falou Cinderela rindo.

—Me desculpe, querida. Estou tão feliz em vê-las! Onde está a Ana?

—Ah, ela sumiu de novo! –falou Cinderella.

—Querida, vá procurar sua irmã enquanto eu cumprimento o rei. –falou Meredith.

—Mãe, eu também quero cumprimentar o rei! –disse Cinderella.

—Pai! –gritou Anabelle abraçando Robert.

—Filha! –ele disse no meio do abraço.

—Anabelle! Olhe só o seu vestido! Arrume logo isso e tire essa capa! –falou Meredith.

—Deixe ela, meu amor. Só tem dez anos.

—Eu tenho treze e o príncipe também. E eu me lembro bem de como éramos há três anos, e que eu lembre, não éramos bagunceiros e nem agíamos como animais, igual a você.

Ana abaixou a cabeça.

—Não fale assim com sua irmã. –falou Robert bravo.

—Vamos logo. –disse Meredith.

As três, seguidas pelo homem de armadura foram falar com o rei.

—Majestade, lhe apresento Cinderela, Meredith... –começou o encarregado de apresentar os convidados do casamento.

—Cale essa boca, seu idiota! Eu sei quem são! –falou o rei dando um grande gole de vinho.

Aquele bafo de bebida foi até o nariz de Meredith. Ela sabia mais do que ninguém que o rei bêbado fazia loucuras. Na verdade, todo o reino sabia. Ele já era meio maluco sóbrio, mas bêbado, incontrolável.

—Meredith, essa é a minha mulher...

—Senhora Tremaine. –ela disse se curvando. –Mil perdões, majestade, não deveria tê-lo interrompido, mas meu marido me falou nas cartas sobre sua nova e encantadora mulher.

—Acha minha mulher encantadora? –ele perguntou sério para o rapaz.

—Foi um elogio, majestade.

—Estou brincando, Robert.

—E esta é minha filha, Anastácia. –disse a rainha.

Anastácia lançou um sorriso malvado para cima de Cinderella.

—Majestade, a senhora está linda com esse vestido. –disse Cinderella.

—Obrigada querida. Muita gentileza de sua parte.

Cinderella foi até o príncipe que sorria sem graça para linda menina de olhos azuis.

—Está mais bela do que antes. Faz três anos desde que nos vimos pela última vez, não é mesmo? Quanto tempo... Você está maravilhosa.

—Obrigada, príncipe.

—Me chame de Encantado.

—Obrigada, Encantado.

Ele deu um sorriso, e seus olhos verdes brilharam.

—E quem é essa menina? –ele perguntou pegando Ana pelo vestido, que olhava em direção as justas, de costas ao príncipe.

—Ficou fortinho, mariquinha? –perguntou Anabelle sem a mínima vergonha.

—Anabelle! Cumprimente de uma forma adequada o príncipe. –disse Cinderella.

—Sem problemas, eu gosto desse seu jeito... Rebelde.

—Mais vinho! –gritou o rei.

—Robert? Por que não faz as honras de buscar mais vinho ao rei? –perguntou a rainha.

Ele assentiu e foi em direção ao barril.

—Temo que as justas acabaram, majestade. –falou um serviçal.

—Mas que absurdo! –ele falou quase caindo de tão bêbado.

—Acho melhor não tomar mais vinho hoje. –disse Robert com o cálice na mão.

—Me passa logo isso! Eu sei o que é melhor pra mim, entendeu?! –ele falou engolindo o vinho ali dentro.

A rainha se levantou e murmurou no ouvido do rei.

—Acho que tenho a atração perfeita para acabar com esse dia de comemoração. –ele falou para Robert.

—O que, majestade?

—Nós entraremos em nossas carruagens, e iremos para a floresta tenebrosa.

—Mas ninguém passa por aquela área. –disse Robert.

—Ninguém passava. Isso porque tinha uma fera morando lá. Mas agora, o meu melhor homem a matará, não é mesmo, Robert?

—E esse melhor homem sou eu?

—Não disse que não tinha medo de lobos?

—Mas ele é uma fera! Não um lobo!

— Seria o melhor presente de todos! Vamos, arrumem suas coisas.

—Você ficou louco?! A fera é o monstro mais temido no reino! –gritou Anabelle.

—Fique quieta, bebê. –falou o rei.

—Você quer matar o meu marido e se dá o direito de falar assim com a minha filha? Quem você pensa que é?

—Eu sou o rei.

E essas foram suas últimas palavras antes de entrar na carruagem a caminho da floresta. Robert o seguia com as filhas. Anabelle com medo, tentava se esconder em sua capa branca, e Cinderella tentava fazer com que Encantado mudasse a mente de seu pai. E por mais que ele tentasse, o rei bêbado, era incontrolável.


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