Barraca do beijo

Como um dia comum na Fairy Tail, tudo estava uma completa zona. Mas especificamente nesse dia, isso estava agravado devido a um pequeno festival que a guilda estava organizando para arrecadar dinheiro. Inicialmente, a ideia era para que fosse algo pequeno, entretanto, no fim do dia, estava claro que tudo não tinha ido como o planejado.

Os membros se dividiram e montaram diversos tipos de barraca para entreter as pessoas, que iam desde comida até brincadeiras convencionais. Dentro de tudo isso, não poderia ter faltado a barraca do beijo.

— Por que eu tenho que fazer issooooooo? ~ — Lucy reclamou pela milésima vez, somente naquele minuto, apenas para receber um sorriso de Mira.

— Are, are, Lucy. Eu te coloquei aqui, porque achei que ia gostar. Precisávamos de garotas bonitas, e como você vive se gabando da sua beleza... — provocou, escondendo um sorriso diabólico.

— Então por que você não está aqui? — Cruzou os braços, o que a fez parecer absurdamente infantil. — Eu não queeeeeeero ~

— Por favor, Lucy — começou, claramente se divertindo com a situação. — Eu sou uma mulher casada, não posso ficar distribuindo beijos por ai. E você está completamente solteira, não é? — A contra gosto, Lucy assentiu com as bochechas vermelhas. — Então, é perfeito! Vai que você encontra um bom pretendente?

— Duvido muito — sibilou com uma careta, já imaginando os piores tipos de homens que iam entrar na fila e que ela teria que beijar.

— Não fique tão desanimada! — aconselhou Mira. — Olhe pelo lado bom: isso vai pagar o seu aluguel desse mês!

— É né... — Com certeza não foi o suficiente para empolgar Lucy.

— Os clientes já estão esperando lá fora, trate de se apressar. — Começou a se retirar, mas parou ao se lembrar de mais uma coisa: — E não tente fugir, eu estou te vigiando! Daqui a pouco a Lisanna vem te substituir.

Lucy choramingou algo, as lágrimas falsas brotando no canto dos olhos. Estava perdida! Como tinha se intrometido naquilo mesmo? Ah sim! O seu olho gordo por dinheiro! Se não tivesse ido com tanta ganância em direção ao pote de ouro, poderia ter ficado com Happy, ajudando com a pescaria.

Choramingou outra vez e atravessou a cortina que separava os fundos da modesta barraca da parte da frente. Ficou paralisada ao perceber o quão grande a fila parecia estar.

“Hoje é o meu fim”, pensou, um tanto melodramática.

— Lucy! Você parece magnifica hoje! Que tal dar um beijo aqui, no seu Espírito favorito? — Loki apareceu do nada, deixando um rastro de fumaça.

— Lucyyyyyyyy-saaaaaan! — Tauros também se intrometeu, em seus olhos, dois corações. Ele pulava de um lado para o outro de empolgação. — É hoje que você vai me dar um beeeeijo? ~

A maga estelar fez uma careta de nojo.

— O que vocês estão fazendo aqui? Vão embora! — gritou, começando a ficar irritada.

— Ei, você não pode furar fila! — Uma voz disse ao fundo.

— É, nós já estamos aqui há dez minutos! — outro reclamou.

— Calem a boca e me deixem passar, que saco!

Lucy ignorou os seus Espíritos e ficou nas pontas dos pés para tentar ver o que ocorria, uma estranha comoção começava no meio da fila. Mais alguns segundos e conseguiu ver uma cabeleira rosa.

— Natsu...? — Franziu o cenho, desconfiada. — O que ele está tentando fazer, pelo amor de Mavis?

Não demorou muito para que ele aparecesse totalmente no seu campo de visão. O dragon slayer carregava uma espécie de jarro e parecia muito pesado, já que ele andava com dificuldades.

— Saiam da frente, bundões! — praguejou outra vez.

— Assim não vale! Você acabou de chegar e quer beijar a Lucy-san primeiro? — alguém reclamou, mas Natsu ignorou-o totalmente.

Ele finalmente alcançou a barraca e colocou o jarro em cima da bancada, para depois encarar Lucy.

— Vim te ajudar — disse.

— O QUÊ? — ela exclamou, perplexa. — COMO ASSIM?

— EEEEH? EU NÃO VIM AQUI PRA BEIJAR HOMEM! — uma pessoa gritou.

— NEM EU! — outras vozes começaram a se juntar no burburinho.

— EU NÃO VOU BEIJAR NENHUM DE VOCÊS, QUE NOJO! — Natsu gritou de volta. — Abra o jarro, Lucy.

Ela fez como ele pediu e tirou a tampa. Ficou impressionada ao ver que ele estava cheio de moedas até a borda. Então era por isso que parecia tão pesado. Inconscientemente, a maga juntou as sobrancelhas: o que isso queria dizer?

— Moedas? Como você vai me ajudar com isso? — perguntou, confusa.

Os olhos castanhos ficaram fixos nele, enquanto aguardava uma resposta — o que não demorou muito a vir. Natsu abriu um sorriso preguiçoso, mostrando os dentes brancos e cintilantes e disse:

— Ué, eu vim comprar todos os seus beijos.

A maga soltou um som de surpresa e o sangue se espalhou pelo seu rosto, fazendo-a parecer um verdadeiro pimentão. Não admitiria em voz alta, mas: ainda bem que tinha ido parar na barraca do beijo!

— M-mas, são muitos — retrucou, totalmente sem jeito.

O dragon slayer se inclinou sobre a bancada, ficando perigosamente próximo dela, e com os lábios bem perto de sua orelha, ele acrescentou:

— Essa é a intenção.