Arma Química escrita por Darlen


Capítulo 10
Oitavo Capítulo: Disparos da discórdia.




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Aquela frase de Luciana assustou aos novos chegados. Como poderiam esses monstros saírem da Terra? Toda aquela bagunça ainda estava muito confusa para eles. Ninguém sabia como aquele vírus se espalhara tão rápido ou como ele infectava os mortos a ponto de fazer com que eles levantassem de seus túmulos. Era como um verdadeiro filme de terror. Com certeza eles nunca imaginaram presenciar aquela cena e, claro, Luciana não estava brincando.

O seu grupo e ela foram primeiro, eles pularam o muro de grades do cemitério e logo foram abatendo os primeiros monstros caminhantes com facas e outras artefatos pontudos. Pelo menos uma coisa todos sabiam: o silêncio era o maior amigo de todos naquele novo mundo.

–Ei, me esperem! -uma voz feminina veio ao longe, as mulheres haviam permanecido no abrigo, enquanto a maioria dos homens foram buscar suprimentos. Apenas Luciana acompanhou o grupo, mas logo viram que ela não seria a única por ali.

Michella corria em direção ao grupo, acenando para que eles a esperassem. Ela é louca? Ton pensou, ao vê-la querendo enfrentar zumbis. Logo ela, que dias antes estava desesperada. Que seria incapaz de usar uma arma.

–Essa garota é maluca, oficialmente MA-LU-CA! -Jonas vociferou, o que espantou aos homens tamanho incômodo. - O que você pensa que está fazendo aqui? Você quer morrer? -Ele perguntou.

–Diante dos dias atuais, morrer está sendo difícil... -Michella retrucou.

Os homens do grupo de Luciana corriam, deixando alguns zumbis para trás, eram muitos para matar apenas com facas e acabar com a energia deles, o que ali, valia ouro.

Era a vez dos restantes entrarem.

Gregório, Jonas, Michella, Ton, João e o homem tatuado; Jean. Todos pularam para o cemitério.

–Mas que merda... -João analisou. -Como esses filhos da mãe...

Uma mão dentro da catacumba remexia, querendo loucamente se soltar. Mas o mármore era muito forte para aquele corpo putrificado. Porém, os mortos que saiam da terra vinham da parte alta do cemitério, na qual certamente eram enterrados os indigentes ou os mais pobres. Com caixões menos resistentes e covas mais rasas, o que facilitava a fuga dos zumbis. João tentava argumentar em seus próprios pensamentos.

Eles vasculhavam cada catacumba, a cada passo. Alguns se aproximavam e eles tratavam de perfurar seus miolos, através de suas peles putrificadas.

Gregório, que caminhava à frente se assustou ao olhar para um jazigo capela, -daquelas onde famílias eram enterradas ali. A sorte é que eram fechadas com grades também. Ali haviam um zumbi grunhindo e esticando seus braços podres para tentar abocanhá-los.

–Não vai matá-lo? -Michella perguntou.

–Ele certamente não nos causará nenhum mal. -Gregório respondeu.

Era um cadáver de um homem que um dia fora alguém nessa vida. Baixinho, gordinho e barbudo. Com suas roupas manchadas de sangue, os típicos olhos acinzentados; sem nenhum vestígio de alma.

Eles caminharam mais rápido, enquanto outros zumbis os avistavam. Alguns dos monstros que estavam atrás do primeiro grupo eram massacrados e perfurados. Ganhando misericórdia de voltar para o mundo dos mortos.

Finalmente, o grupo todo chegou a uma rua com um grande mercado. A ordem era: se espalhar e tomar cuidado. Eles tinham pouco tempo para armazenar o que conseguissem dentro de suas mochilas.

–Bem, separem-se, então. -Luciana falou.

–Vou com você! -Gregório disse, sem deixá-la com outra escolha. Ela simplesmente assentiu.

Assim, todos se separaram em pequenos grupos para pegar os mantimentos.

Gregório, Luciana e mais dois homens estavam no compartimento de enlatados. Abrindo alguns e resgatando a maioria. Precisavam do máximo de alimentos, já que aumentara o número de integrantes.

–Então... Luciana, não é? É um lindo nome. -Gregório começou.

–Nomes não servem para nada nos dias de hoje, o que interessa é um bom conjunto de armas e munições. -Ela brincou.

–E pelo jeito você leva muito a sério. -Falou depositando algumas latas de salsicha enlatada em sua mochila.

–E não é para levar? -Perguntou; pegando uma lata de salsicha, abrindo e jogando algumas em sua boca.

Gregório fazia a linha "malandro", daqueles que não faltavam palavras, mas naquele momento... As palavras sumiam de sua mente. Algo naquela mulher o vazia estremecer. Ela exalava algo que ele prezava muito: coragem.

–O que você fazia, bem, antes dessa merda toda? -Foi a vez de Luciana perguntar.

–Não vê a roupa de exército?

–Sim, você era um cara que precisava urgentemente de um banho de loja. -Ela zombou, o que fez Gregório sorrir.

–E você? Não vai me dizer que era estilista ou coisa do tipo?

–Morando numa favela? Eu bem que queria, mas as coisas costumavam ser difíceis demais para os pobres. Bem, você sabe...

–É, eu bem sei como era ser pobre. Mas hoje as coisas são diferentes, eu posso pegar quantas latinhas de salsicha eu quiser. -brincou. -O que você era?

–Eu era a pessoa errada no lugar errado, que acabou dando certo. Você sabe, negativo com negativo o resultado é positivo. Eu era a "primeira dama" daquele lugar, entende?

Gregório assentiu, ele sabia do que se tratava. Sabia como funcionavam as coisas antes disso tudo. Sabia como era viver em lugares pobres. Talvez fosse mais difícil de lidar com a vida antes. Já deduzia como ela sobreviveu e só confirmava cada vez mais a coragem de Luciana.

–Pelo que parece, continua sendo. -Gregório sorriu.

***

Faltava pouco para escurecer de vez, sem energia era perigoso demais caminhar por aquelas bandas, ainda mais se tratando da "moradia" dos monstros. Sem contar que à noite parecia que eles aumentavam seu número. As mochilas estavam cheias, todos estavam prontos e ansiosos para chegarem no abrigo. Saindo do mercado e seguindo para o única passagem para o outro lado. No início da rua um bando estava perambulando por ali. Os homens fizeram sinal e todos os seguiram em silêncio rapidamente para o cemitério. Todos pularam a grade. Não era assim um desafio. Na verdade foi bem fácil, Pensou Jean, o pai de Lara.

O cemitério estava iluminado apenas pelas lanternas do grupo, passos largos eram possíveis de se escutar.

SLAFT!

Cabeças sendo perfuradas a todo momento no breu da noite. Um bando dentro do cemitério parecia ter se materializado. O grupo os avistaram na hora certa. Mais miolos perfurados. Grunhidos. Passos. Miolos. Sangues. O incômodo cheiro fétido. Lápides. Catacumbas. E uma Lua que aparentava tranquilidade, contudo eles estavam caminhando no olho do furacão. No verdadeiro perigo.

–Ai!

–O que foi isso?

–Nada, eu só tropecei. -A voz da "primeira dama", fora reconhecida. -Vamos, continuem andando.

Ela se levantou e todos começaram a caminhar outra vez.

–Espera, eu acho que... -Michella ia falando, ela percebeu algo, mas deram de ombro.

Ton aconselhava ela para fazer silêncio. Eles a ignoraram e continuaram a caminhar. Já estavam a pequenos passos do portão quando de repente um zumbi agarra Jonas. Ele agarrou seu ombro com toda ferocidade, estava pronto para mordê-lo.

–JONAS! -Michella gritou. -Não! -Ela puxou sua pistola em sua cintura e de repente disparou. Dois tiros.

Michella com certeza conseguia atirar. Jonas a agradeceria e jamais zombaria de sua cara de novo. Aí está, a menina tão "fraca quanto um grilo" que ele dissera.

O zumbi caiu imediatamente, o barulho chamou a atenção de outros. Um bando com certeza se aproximava. O silêncio, que era essencial, fora rompido com aqueles disparos.

Quando Jonas virou seu rosto estava... Seu rosto estava jorrando sangue.

Jonas fora atingindo.

–Meu Deus, Jonas. Me desculpa, eu só não queria...

Ele gritava de dor, o sangue passeando por seu rosto. A palavra "Não enxergo" não saia de sua boca, em berros. Desespero. Mais zumbis chegavam de surpresa, até que tantos apareceram que eles decidiram correr, Ton segurou Jonas pelo braço e o ajudou a se movimentar.

Gregório apontou para um jazigo de mármore, com um jardim envolto e uma estátua do que parecia ser um anjo. Era extenso e cabiam todos ali, por alguma razão a sorte estava ao lado deles, pois o jazigo estava com as grades abertas. Eles estavam seguros apenas por um trinco. Zumbis depositavam sua mãos podres para alcansá-los.

"Aqueles que amamos nunca morrem, partem antes de nós." A frase estava escrita no fundo da lápide.

–Estamos ferrados!

–Você come merda, garota? -Um homem alto e robusto gritou com Michella e a deu uma coronhada com toda violência. Tudo rodopiou e sua vista ficou escura.

Michella desmaiou...


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