American Girl escrita por Ste Costa


Capítulo 9
Da janela


Notas iniciais do capítulo

MeganxOliver: www.youtube.com/watch?v=QHLIJEFLC1c
Esse é o nosso capítulo de adeus a esse lindo que eu adorei criar, então em homenagem ao nosso mestre das artes da paixão e da dor, vamos assistir esse video hahaha



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PETRÓPOLIS, 30 de setembro de 2021.

Quinta-feira

O quarto era inteiramente branco, limpo e esterilizado. Davi observava em silencio a moça loira encolhida na poltrona acolchoada. Ela tinha os olhos inexpressivos distantes dele e uma expressão pouco convidativa. Estavam assim fazia quase o quê? Dez minutos?

Quando Davi Reis viera para Petrópolis uma semana atrás pensara que conseguiria surtir algum efeito positivo, qualquer que fosse. Talvez algumas palavras, um sorriso, ou até um convencimento choroso de que aquele era sim o melhor para ela. Mas não, pelo jeito seria só mais uma manhã desperdiçada.

Compreensão e paciência talvez não fossem suas melhores virtudes, principalmente em relação à Megan, no entanto, dessa vez ninguém poderia negar que ele não estivesse se esforçando. Deixara de dar quatro palestras nos últimos dias, além de ter precisado trazer todo o seu aparato para o quarto da casa de veraneio alugada. Lembrava-se de quando a arrumadeira entrara no cômodo e dera um grito assustada. Ele também provavelmente teria tido a mesma reação ao encontrar dois computadores abertos, várias pastas, livros e papéis largados, tablets e celulares. Seu quarto virara quase uma loja de artigos tecnológicos.

Andara se perguntando se ainda era realmente necessário ali. Afinal, qual fora sua utilidade? Nunca tivera tendências a ser psicólogo, e a única forma decente de consolar era pelo toque, fazendo cafunés, ou algo parecido. Não tinha jeito com as palavras e sempre parecia falar num tom acusatório. Só que dessa vez estava um pouco desprovido de armas para a batalha, porque Megan não deixava ninguém se aproximar, e ele tampouco se sentia confortável falando sozinho. Por fim, ficavam os dois em silencio nos seus horários de visita, após ele perder a vontade de tentar fazê-la falar.

Toc. Toc. A batida ecoou na porta e Davi se virou em direção a mesma que se entreabria por uma enfermeira.

– O tempo de visitas acabou Sr. Reis.

– Certo, Marta, eu já estou indo. – disse para ela com um pequeno sorriso. A mulher assentiu fechando a porta em seguida. Sabia que ela estaria do outro lado esperando por ele.

A quebra da sequencia com a entrada de Marta melhorara a atmosfera do lugar. Davi ficara feliz em deixá-la, assim como Megan ficara feliz na idéia de ficar sozinha novamente. A loira não deixava transparecer, permanecera em seu canto, ignorando-o.

– Bom, então eu vou indo... – ele disse esperando uma mínima reação. Ela nem ao menos piscou. – Venho ver você mais tarde. - e então deixou o quarto em fuga. Lá fora, a enfermeira o olhava, curiosa.

– Como ela está?

– O mesmo de sempre. Não quer falar comigo. – respondeu endireitando o paletó de tweed.

– Isso é normal. Faz pouco tempo, você vai ver daqui a um mês ela estará de volta aos trilhos.

– O problema é saber que trilhos são esses. – ele disse num sorriso fraco. A mulher confirmou com um olhar complacente. Talvez ela estivesse esperando vê-lo chorar.

Davi seguiu pela clínica de reabilitação com as mãos nos bolsos da calça acinzentada. Fazia um dia agradável, olhou pela janela do corredor trancada e viu lá embaixo, no jardim, algumas pessoas se aproveitando do sol fraco. Provavelmente teriam que entrar novamente daqui a pouco, por conta da nuvem negra que se punha distante, indicando mais chuva a caminho. Percebeu dois adolescentes jogando xadrez em uma mesa de granito. Realmente o local tinha uma vista privilegiada, parecia um spa de luxo. Poderia chegar até a morar ali.

Talvez ele devesse fazer o mesmo ao retornar a casa. Sentar no jardim e continuar a escrever o seu livro: a criação do JUNIOR. Contrariando patentes. O nome às vezes lhe soava um tanto pretensioso demais, mas Ernesto insistia que estava perfeito, e depois da editora vibrar ao ouvi-lo, acabou se deixando convencer.

Chegando ao fim do corredor dos quartos se viu numa sala circular com uma escada em espiral que lhe levaria até a recepção. Vozes exaltadas ressoavam do térreo, e ao reconhecer uma delas, logo desceu os degraus.

Impedido por dois enfermeiros grandalhões, Oliver Mouret tentava avançar e se comunicar com as recepcionistas. Ele estava mais pálido do que o costumeiro, além de suas olheiras estarem bem mais profundas.

– Tell her it’s me. Where is Pamela?! – ele gritava sem ser respondido. De repente, encontrou Davi no seu capo de visão e se dirigiu a ele consternado. – Thank God, Davi! Please! Oh my God, please! Tell them! Tell them it’s me.

– What do you want me to say? – perguntou sem jeito olhando para os funcionários de relance. - Come, let’s discuss this outside. – Davi puxou Oliver para fora do casarão.

– Tell them who I am. They are not allowing me to see Megan. Explain to them. It must be a misunderstood.

– Oliver... I’m sorry, but... It’s not. – Oliver franziu o cenho se desvencilhando do outro. - You can’t see her.

– What do you mean? What the fuck is going on here?

– You can’t see her. –Davi repetiu tentando soar o mais claro possível.

– But I’m her husband!

– I know. ..But I’m sorry I can’t do anything about it.

– What... No... No! I have to see her, you’re not understanding. You’re not... I have to! – o homem se jogou nele, segurando piedosamente seu paletó enquanto implorava.

Davi não sabia ao certo como agir. Nunca gostara dele, mas de alguma forma, não queria machuca-lo demais.

– I know but...

– YOU DONT KNOW! – agora o cantor estava visivelmente descontrolado. - You dont!

– Look, you cant scream around here, this is... - Davi tentou acalmá-lo, olhando para trás vendo uma movimentação na recepção por conta dos gritos de Mouret.

– I know what the fuck this is. – ele lhe interrompeu. - Dont you ever heard about how they tried to put me around a place like this? Around this prison? I’m not going to let you do the same with her.

– You know what Oliver? I’m tired of this. – Davi bufava de ódio, já estava na hora de alguém colocar aquele cara no seu devido lugar. - You can’t do whatever you want, allright? I don’t care about how powerfull and famous you are, or how perfect is your life...

– What did you say? – os olhos de Oliver abriram-se de uma forma que Davi se assustou. - Perfect? Hahahaha, I see... So, let’s play a little bit: what do you think of me?

– Oliver...

– No, I want you to say what do you think of me. Say it.- ele disse entre os dentes, aproximando o rosto perto do de Davi deixando-o incomodado.

– A waste of time.– as palavras saíram impiedosas, mas a reação não foi a esperada.

– You don’t know shitty about me. – ele balançava a cabeça como se achasse graça de uma criança falando errado. - Do you think you are superior because how tough was your fucking life? ‘Cause your dead parents? How you made a damn effort and studied to be on the top? Oh, you made me cry! – a ironia pingava como veneno de sua língua ferina. - Well, let me tell you a real story.

– I don’t want to... – mas Davi não tinha muitas opções, pois ele continuara.

My parents lost everything because of the crisis, than they sent me to my aunt who lived in London. The problem was, my uncle was a real son of bitch who liked to punch her a lot. So one day I got sick of that and called the police. When he found out that it was me he trow a hot pan into my body. – Oliver começa a desabotoar sua camisa fazendo Davi virar a cara. Ele de vira revelando uma mancha vermelha nas suas costas. – Than when I got back from the hospital I run away. – se volta ficando novamente de frente para Davi - I was a thirteen year old boy with no family. I lived in the streets. I sold cocaine. I got my first guitar from a dead body and my first song tape sucking a man’s dick. And I can say to you it’s not a fun thing to do. So don’t fucking try to call me a white colar. You are THE fucking white colar.

Os pássaros piavam distantes. As folhas farfalhavam.

– Look, I don’t care about how difficult your life was, you don’t have the right to do the same with her.

Oliver parou e ficou lhe encarando.

– You finally got what you wanted, right? Have Megan all to yourself.

– That is nothing to do with it...

– Do you think I am what... Dumb? For God’s sake, I’m not blind, Davi.

– That’s not the point here. The point is that she had an overdose! – agora Davi estava gritando. - And all this is your fucking fault, so you must get the fuck out of here right now!

Os olhos ficaram trincados. Eles prestavam atenção em todos os movimentos um do outro.

– You’re not going to cure her in a place like this, Davi. You snap your fingers and they come with some grams. Grow up.

– Allright, I will. – Davi disse em tom de chacota se distanciando e o deixando falando sozinho.

– Go... Run! You always run, right? Run your coward! You can try forever ‘cause she will never love you back! You lost your chance... And I’m not gonna lose mine!

Davi perdeu a paciência e irrompeu em direção ao homem tacando seu punho contra o seu rosto fraturando o nariz adunco. Oliver levando os dedos apertou o membro quebrado de onde sangue jorrava das narinas. Ele ergueu os olhos castanhos escuros para um Davi ofegante e fez um gesto que o surpreendeu. Uma reverencia. Então, voltou sua atenção para o horizonte.

– I’m still coming back for you! – gritou, deixando o local e atravessando a rua, ainda com as mãos no nariz tentando estancar o sangramento.

Davi ergueu os olhos procurando pra onde ele tinha gritado e relutante percebeu uma figura conhecida em uma das janelas trancadas. Megan olhava pra ele muito séria. Há quanto tempo ela estaria ali? Ele não conseguiu sustentar o olhar e também imitou o francês, seguindo para seu próprio carro e se afastando das dependências da famosa Clínica para Dependentes Químicos Esfirelli.

O ar serrano não melhorava seu humor. As mãos na direção talvez não estivessem sobre o seu melhor controle, o que o forçou a encostar o carro num restaurante de estrada. Queria que as coisas fossem mais fáceis. Queria voltar sete anos atrás e ter a chance de tomar alguma atitude diferente. De aparecer para si mesmo como um eu do futuro e lhe dar uma surra antes que tentasse ir para o quarto de Manuela na calada da noite.

As nuvens escondiam os raios solares e de lá uma grossa camada de chuva caiu impiedosa contra a lataria do carro novo. O frio lhe fez se abraçar encolhendo-se no banco. Às vezes conseguia imaginar em uma dimensão fantasiosa os dois casados. Megan indo com ele pegar os meninos nos fins de semana. Um futuro impossível.

Ela permanecia em sua mente, e ele a adorava mais a cada dia. Se perdia no tempo pensando em seu rosto. Só Deus sabia o quanto levou para deixar as dúvidas partirem. Talves o amor realmente secara.

“Eu pensava que você ainda ia querer ficar sozinho e aproveitar, you know, sua juventude.” Lembrou-se dela lhe falando no terraço naquela noite alguns anos atrás. Suas palavras fizeram-se realidade. Tinham madrugadas que ele acordava de repente com a respiração entrecortada sentindo-se esmagado. Estava sobre muita pressão a todo o momento. Muitas responsabilidades. O que não daria para poder dizer sim àquela viagem que Megan sugerira. De poder gastar horas a fio na internet. Ou até mesmo virar noites em alguma boate por aí.

Suas mãos seguraram o volante com força, quase machucando a pele dos dedos. E ele começou a chorar. Porque tudo tinha de ser tão difícil?

Megan continuava na janela observando o verde das árvores se estenderem Petrópolis afora. Seria até belo, se não fosse irônico. Tanta natureza, mas sem poder toca-la. Acorrentada naquele quarto como uma criminosa qualquer. Ainda não entendia como sua mãe conseguira concordar com aquilo.

Massageou os pulsos, logo acima deles, na divisa do antebraço para o braço marcas indicavam o uso exagerado de agulhas. No começo a heroína não passava de uma forma a mais para a diversão, em seguida se tornou seu refúgio para os momentos difíceis, por fim, virar sua companheira na saudade que sentia de Oliver quando ele viajava.

Oliver. Seu esposo.

Casaram-se em uma cerimonia simples, quase secreta, a noite em uma praia de Malibu, ou ao menos teria sido, se dezenas de papparazis não tivessem aparecido. Oliver estava preparado para aquilo e os dois subiram em um iate que avançou mar adentro deixando os intrometidos para trás.

Estavam relativamente bem. Oliver parara de traí-la como prometera, o que exigia que ficasse chapado por tempo demais. Sua família não gostava dele. Diziam que ele era uma má influencia... Oh, mas não o conheciam como ela. Não sabiam o quanto eram parecidos. Ele não precisava influencia-la, ela já era daquele jeito. Com ele se sentia livre. Podia se deixar viver tudo ao mesmo tempo. Os dias eram horas.

Ela tinha estado naquela grande estrada tempo demais e ele podia ser o amor dela em tempo integral. Conseguiria vê-los daqui a cinquenta anos cantando blues por aí, se não tivesse certeza que morreriam jovens. Mais uma na lista daqueles famosos que passaram antes dos trinta.

Todos os dias longe dele eram como se lhe arrancassem a pele a fogo e ferro. Nem chegava a sentir o gosto amargo dos remédios ao pousarem em sua língua. Concentrava-se em ouvir os pássaros lá fora. Sozinha. Ninguém conseguia lhe compreender. Não como ele.

Muitos tentavam, sua mãe era uma delas. Quando foi encontrada babando imóvel em sua banheira no hotel emoldurara na memória o rosto de horror de Pamela Parker que pensava ter perdido sua filha. Megan àquela altura já aceitara de bom grado a morte. A vida era muito dolorosa. E a cada segundo que respirava suas costelas doíam. Então enquanto paramédicos lhe tocavam tudo o que conseguia pensar era num rio calmo e negro que a levaria para uma felicidade eterna.

Tudo acontecera ao tentaram impedi-la de vê-lo, e então ela fugiu. Pegou um carro escondida e saiu pelas ruas dirigindo rápido. Uma guerra sendo travada em sua cabeça enquanto se empenhava para não se meter em alguma confusão. Só o que desejava era um alpendre, duas cervejas, e Oliver para que bebessem o dia inteiro. Precisava vê-lo. Certificar de que estava tudo bem.

Ele esperava por ela. Sua alma era mais machucada, propensa a surtos e acessos. Não contava as vezes que precisou impedi-lo de descer a navalha nos próprios pulsos. Ele estava sempre sujeito a morte. A depressão estava atrelada a ele. E ela quando o conhecera pensara que a brincadeira no parapeito era somente uma forma estranha de conquista-la.

– Vous ête mon ange. - ele murmurou quando ela aplicou a bombinhas de insulina em seu braço após encontra-los uma tarde no estúdio cambaleando.

– I’ll always come back for you. – Megan fez carinho em seus cabelos negros.

Agora ele viria por ela.

Fora internada há uma semana naquela clínica no alto da serra após o incidente da banheira. Estava vida por um milagre, fora o que todos disseram. Aparentemente a Esfirelli era a melhor do país, além do principal: ser discreta.

Passava seus dias dentro do quarto se negando a conversar com os visitantes. Em uma greve pelo trancafiamento. Até Davi Reis viera visita-la. Aquelas eram com toda certeza as piores horas. Desconfortáveis. Os dois contando os segundos para que ele fosse embora.

Ela não sabia muito dele nos últimos meses. Vira uma vez uma nota mencionando-o em alguma revista, mas não comprara por não se interessar por aqueles assuntos econômicos. Preferiu levar uma Elle consigo.

Agora estava forçada a ignora-lo várias vezes seguidas pela última semana, mas não planejava fazer o mesmo naquela noite. Não depois do que vira da janela. Não a perceberam, mas Megan observara toda a cena. Quando Davi socou Oliver ela deu um gritinho tacando as mãos contra o vidro, preocupada.

– O senhor Reis está aqui. – Marta repetiu. Ela já tinha dito aquilo horas mais cedo. Agora o sol já tinha desaparecido, mas não por conta das nuvens carregadas, e sim da noite que chegara. Eram 18:22.

Megan não se virou, permaneceu parada à janela ouvindo uma movimentação as suas costas que indicavam a presença do homem de volta.

– Oi. – ela o ouviu falar, mas se negou a se mover. – Megan... Por favor...

– O quê? Você vai me bater também?

Davi enrubesceu. Ela realmente assistira a discussão.

– Claro que não. Eu só quero conversar com você.

– Você nunca vai entender, right? – ela finalmente se tornou de frente pra ele. Os cabelos curtos espetados indicando que ela não os penteara. – Eu não tenho nada pra falar com você. We’re over.

– Talvez nós possamos falar sobre... – continuou esforçado. Talvez pudessem tentar.

– Davi, você tanto quanto eu está odiando essas visitas forçadas. Porque não admitimos de uma vez que nós nunca existimos? Você não precisa cuidar de mim. – ela tocou numa ferida aberta. A famosa promessa do passado de Davi para sua mãe. – I don’t want you to take care of me.

– Bom, poderia até ser mais simples pensar assim se você soubesse cuidar de você! – ele atacou, irritado.

– Oh, por quê? Porque eu não tenho um emprego that makes me unhappy? Você não consegue nem esconder isso direito. I bet que você está pior do que eu! Você nunca me conheceu de verdade, Davi!

– Se essa é você então ainda bem que eu não conheci.

Ela pareceu sentir um leve baque pelo dito, e massageou os braços, escondendo as marcas de seringas. Davi respirou fundo e caminhou em sua direção.

– Megan, eu acredito...

– Em mim? Em mim? Então pare de me julgar e me deixe fazer minhas próprias decisões! Oliver...

– Eu não estou falando no Oliver...

– Mas eu estou! Davi, I love him ... Eu amo... – lágrimas caíam do canto de seus olhos. - Eu sei que você não consegue compreender isso, eu sei que você não o aprova, mas... Mas I do...

– Eu sei. Eu sei que você o ama. – ele respirou fundo. – E é por isso que ele veio aqui.

– O quê? – Megan parecera ter levado um tapa.

– Eu consegui colocar ele pra dentro.

– Mas eu estava na janela...

– Ele não entrou pela frente.

A revelação talvez tivera sido demais, pensou Davi. A moça o olhava esperançosa, como se ele acabasse de confessar a alguém que sua doença incurável tivesse sido descoberta um antidoto.

– Eu acredito em você, Megan. – ele ergueu a mão direita que tocou no ombro da moça apertando-o em apoio. - E ele também. Talvez vocês mereçam uma despedida a altura do seu romance, não é?

Davi então abriu a porta revelando um Oliver Mouret que um segundo atrás caminhava impaciente de um lado para o outro.

– Oh my... – ela murmurou em meio a um choro enquanto os dois se abraçaram. – I missed you so much.

– I know, I know... I missed you too. – ele falou beijando todo o seu rosto. – I’m sorry.

– What? No...

– I’m sorry. This is all my fault. - ele continuou a se desculpar, chorando também.

– No! No, of course not. – ela o repreendeu, dando batidinhas em seu peito. - This is my fault.

– Yeah, lie, baby. Lie for me. – ele disse com um sorriso fazendo carinho nas bochechas da mulher. - We knew, right? We were born to die.

– No... No... This our new age. You’ll see... When I get out of here, I’ll find you at one of your shows.

Ele riu. Soava mágico.

– Oh, darling. Are you still going to love me when I’m gone?

– I’m yours. Forever.

Davi os observava do canto. Era uma despedida estranha. Cheia de metáforas e poesia. Complexo demais para seu feitio.

– I have to go...

– What? No! – ela agarrou sua blusa.

– I’m your poison. – Oliver explicou, afastando algumas mechas de cabelo que caíam contra os olhos de Megan.

– And what am I?

– You are my Paradise.

– Oooh...

Os dois se beijaram, enquanto choravam, embebidos em desejo e arrependimentos. Ela ficava linda quando chorava.

– I’m sorry... I’m so sorry. I just know I can’t do it without you. – ele murmurou fraco.

– Don’t cry.- Megan limpou tristonha a água salgada impregnada na pele branca do homem.

– I need you.

Megan sempre pedia para que ele não dissesse que precisava dela quando estava prestes a deixa-la, mas parecia ser impossível não repeti-lo. Quando o conhecera sentira que já o tinha visto... Talvez em algum sonho. Ela não conseguiria corrigi-lo, assim como ele também não conseguiria melhorá-la. Eram duas bombas relógio. Não podia fazer nada contra seu estranho temperamento.

Oliver era incurável. Tentara, mas não conseguira entrar em seu mundo por completo. Ele vivia em tons de frieza, seu coração inquebrável até o momento de se apaixonarem. Seu amor tem o coração triste, nas mãos uma aptidão inimaginável para cordas de guitarra, cigarros e sexo. Ele vivia para o amor, e para as mulheres também. Exigi-lo exclusividade era arranca-lo metade do crânio.

– So this is it.

– I guess it is.

Megan o puxou para perto. Que a beijasse como nunca fizera antes. Ela sentiria sua falta para todo o sempre, como as estrelas sentem saudade do sol no dias claros. Tarde pelo menos era melhor do que nunca.

As bocas se tocaram novamente. Por um segundo sentiram como se as paredes tivessem derretido. Os ventos balançavam os cabelos dela. Dançavam sob as luzes. As mãos dele em seus quadris, o nome dele em seus lábios, repetidamente, como uma oração.

Davi não entendia toda aquela comoção, mas sabia que precisaria enfrentar Ernesto e Pamela mais tarde. A ideia de colocar o cantor pra dentro fora um momento de perfeita loucura. Estava ficando bom naquilo.

Oliver Mouret se soltou relutante da mulher. Davi o ajudou a deixar o quarto, puxando-o de um lado enquanto os dedos entrelaçados do casal se desamarravam lentamente. Aquele era um adeus.

O amor é malvado e machuca. Megan pensou sozinha no quarto escuro. Davi podia não entender, mas aquela seria a última vez que seus olhos queimariam por Oliver. Ele fora tão refrescante como a morte e tão doente quanto câncer. Ela o amaria até o fim dos tempos.


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Notas finais do capítulo

Gostaria de dizer que esse foi o menor capítulo, muito por realmente eu ter imaginado ele curto. Sei que venho demorando para escrever, mas eu estou tentando aqui, só que eu preciso conciliar tempo e inspiração. Espero que gostem desse capítulo e continuem acompanhando!
Não se preocupem pelo clima blue que a partir do próximo voltaremos a uma vibe mais alegre hahahah