American Girl escrita por Ste Costa


Capítulo 4
Tie the knot


Notas iniciais do capítulo

Observações:
Tony Hawk é um jogo de videogame muito popular antigamente, pelo menos eu própria jogava quando ia na casa dos meus primos. O nome é do mais famoso skatista do mundo, considerado o melhor do mundo de todos os tempos da mdoalidade vertical.
McLeod Ganj realmente existe, assim como o templo de Tsuglagkhang. Eu descrevo os locais no texto então não tem pra que fazer isso aqui, mas você devia pesquisar a vista no google porque é linda.
Harry Morrison não existe na vida real, é um personagem inventado. Ele é gay, magro e um ótimo maquiador.
Kylie já está na história desde o capítulo passado. Ela é da família Jenner/Kardashian, e faz parte do reality show american Keeping Up With The Kardashians.
Taylor é pra ser a cantora Taylor Swift, e Ed é para ser Ed Sheeran, cantor e ruivo inglês.Sim, ser ruivo já vale como uma conquista importante.



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RIO DE JANEIRO, 30 de setembro de 2016

Sexta-feira.

– Vamos, vamos! Só mais dez minutos! – Ernesto gritava em seu ouvido do outro lado da academia.

– É muito fácil pra você. – Davi acusou ofegante. – Você só fica sentado aí dando instruções.

– Mas essa é justamente minha função! Sou seu personal trainer. – ele disse dando de ombros. – Agora mexe esse traseiro gordo e continua a correr!

Davi Reis revirou os olhos voltando a atenção ao cronômetro no painel da esteira. Cada segundo passava como uma hora, mas ele não podia desistir, só faltavam mais dois quilos e estaria livre. Bom, não completamente. Ainda teria que seguir uma dieta rigorosa até recobrar uma alimentação normal.

Ele nem acreditava como conseguira engordar tanto em tão pouco tempo, mas quando se olhou há quatro meses não só acumulava os quatro quilos salientes do ano anterior, mas oito em relação a 2014. Começou a evitar se olhar no espelho. Nunca fora muito vaidoso, mas as notas maldosas publicadas pela imprensa o chamando de porco em ascensão, estampadas por várias fotos suas comendo fora de casa, não melhoravam sua autoestima.

Enfim, resolveu tomar uma atitude, já que via seu corpo perdendo o vigor jovem a cada dia que se passava. Tinha certeza que sua saúde começaria a ser afetada. A dificuldade que sentia ao subir as escadas quando visitava a Marra já indicava aquilo. Contratou um personal trainer famoso, visitou uma conceituada nutricionista e seguiu a risca todas as indicações. Era divertido? Claro que não. Ele sempre fora mais de praticar esportes virtuais no vídeo game. Lembrava-se da infância em que era um exímio skatista... No jogo do Tony Hawk.

Ernesto Avelar assistia a um programa na televisão lhe esperando terminar o circuito. Ele, diferente de Davi, melhorara fisicamente bastante. Suas roupas tinham uma qualidade nitidamente superior, e apesar de estar usando um conjunto simples de casa naquele momento, o bom gosto de seus ternos atuais nunca passavam despercebidos.

O mais estranho de toda aquela cena que se formava ao seu redor era o fato de estar se exercitando na cobertura dos Parker, porém, quando o amigo descobrira que seu personal trainer iria faltar o treino do dia a insistência para que fosse se exercitar com ele foi forte demais.

Davi se sentia confortável naquele ambiente, diferente da antiga mansão em que era um mero intruso. Não, a antiga mansão Parker-Marra fora finalmente vendida e agora Pamela usufruía de uma bela cobertura de dois andares na barra da tijuca. Ernesto não morava ali, mas passava mais tempo lá do que em seu próprio apartamento. Davi sabia que em pouco tempo o casal Parker e Avelar juntariam suas escovas de dente, pois o relacionamento se tornava cada vez mais forte.

– E então... Quando é que você vai se mudar pra cá?

– Como assim? – Ernesto perguntou fingindo que desconhecia do assunto.

– Quando você e a Pamela vão morar juntos?

– Ah... Eu não sei. Por quê?! Você acha que ela quer morar comigo?!

O tom de voz do amigo o fez dar um sorriso sincero. Ernesto falava na defensiva, mas com uma excitação clara de esperança. Davi tinha saudade desse tempo.

– Claro... Vocês dois estão tão sérios. Deviam, sabe... Ir de uma vez.

– Bom, eu não posso me convidar, né? Vou ter que esperar ela falar algo do tipo, mas... Nossa Davi. Eu tentaria te falar o quanto eu amo essa mulher, mas sabe quando você fala, fala e não vai chegar a lugar nenhum? Pois é, eu não conseguiria expressar o que eu sentindo. – ele deu um suspiro apaixonado. – Todos os dias é como se eu tivesse vivendo um sonho.

Davi riu. O pior é que realmente soava como um. Seu amigo estar namorando Pamela Parker, símbolo sexual e ícone mundial dos nerds não podia ser algo real. Mas era.

– Você conseguiu. Parabéns menino Ernesto. – Davi disse diminuindo a velocidade da esteira e descendo da mesma.

Os dois saíram caminhando pela cobertura, Davi bebia de uma garrafa d’água e então subitamente paralisou olhando para um amontoado de malas na sala. Se esquecera completamente que hoje era um dia especial. A filha pródiga voltava pra casa e ele rapidamente olhou para os lados a procurando para não ser surpreendido.

– Ernesto? – Davi perguntou irritado olhando para o amigo. Seu olhar falava o que não podia.

Ernesto o fitou procurando entender aquele comportamento estranho até que as malas captaram sua atenção e ele caiu em si.

– Relaxa, ela não está aqui. Ela e Pamela foram resolver um assunto pendente.

– O quê?

– Eu até te falaria, mas eu não tenho a mínima ideia do que seja. – Ernesto disse seguindo em direção à porta, e Davi o acompanhou com a atenção depositada nas malas. Todas com vários G’s estampados. – Essas mulheres são misteriosas, senhor Reis. – ele brincou enquanto abria a porta.

Davi concordou acenando com a cabeça. E como eram.

Ao deixar a cobertura encontrou sua mais nova aquisição estacionada do outro lado da rua. Um sedan da Peugeot. Dera entrada no carro com seus primeiros ganhos através da Brazuca e usufruía contente seu presente para si mesmo. Rodou a chave na ignição e partiu em direção a sua própria casa pensando no dito por Ernesto durante o trajeto.

Como elas são complicadas. Reclamava Davi. O casamento com Manuela deixava aquilo bem claro. Os nove meses de gravidez não foram só estressantes ao extremo por conta da inexplicável raiva que Manuela irradiava sobre ele que Davi justificava com os hormônios. No fundo tinha medo de aquela ser só uma desculpa para o fato de que a criação daqueles sentimentos não fosse culpa de substâncias femininas, apenas suas exteriorizações. Manuela lhe imputava pela gravidez indesejada em um momento tão crítico de sua vida.

Claro que não foi culpa só dele, na verdade, ter filhos não estava em seus planos para o momento, mas aconteceu e ele resolveu abraçar o destino de bom grado. O problema é que ficava complicado curtir a experiência com uma mulher que se negava a aceitar as incertezas da vida. Ela queria seu corpo de volta. Sua força. Seu tempo. Queria voltar a trabalhar o mais rápido possível. Manuela tinha um medo corrosivo de parar no tempo. Perder sua juventude.

– Como se a culpa fosse minha. – ele disse para si mesmo irritado.

De qualquer forma, o relacionamento pareceu melhorar gradativamente após o nascimento dos dois garotos. Gêmeos bivitelinos. Pedro e Nicolas. Sua tia Rita estava ajudando a cuidar das crianças já que ele e Manuela estavam perdidos nesse quesito.

A situação da Brazuca estava indo bem. Com um investimento bem vindo da Parker TV e da Marra o projeto ganhou forma e um andar em um edifício comercial. Apesar do escândalo envolvendo o gênio Jonas Marra, Pamela, Manuela e Davi não saíram surpreendentemente queimados na situação. Na verdade, uma espécie de comoção se instaurou ao redor da família Parker pela mídia sensacionalista, e Manu, como Davi, por terem contribuído com as autoridades não foram fuzilados pela imprensa. A Marra exigia um cuidado especial, pois foi necessário um intenso trabalho de publicidade e repasse de uma nova imagem da empresa.

Davi admirava Manuela nesse sentido, segurando as rédeas de algo que ela nem criara, nem afundara, mas tentando reescrever sua história. A tarefa dele não era menos difícil, pois, no entanto, precisava escrever a sua com a Brazuca. Do zero.

Estacionou o carro na garagem ao chegar no seu prédio. Edifício Parque Hill. Um nome bobo, que não lhe dizia nada. Já estavam ali, naquele mesmo espaço apertado há o quê? Mais de dois anos. Ainda alugado, o casal sempre conversava nas possibilidades. Comprá-lo? Se mudar dali? Talvez uma casa grande onde as crianças poderiam brincar e Linus morar no jardim? Só que no fim, acabavam postergando a decisão. Davi sentia que no fundo eles tinham medo de precisar fincar raízes, o que era estranho dado ao fato de terem dois filhos juntos. Uma insegurança os preenchia. Como se acontecesse que se comprassem um local deles, não pudessem mais fugir.

Abriu a porta do apartamento e achou sua tia empurrando um carrinho de bebê de um lado para o outro, enquanto cantava uma música de ninar. Agradeceu naquele momento por ter deixado Linus no pet shop quando foi para a cobertura dos Parker. Voltou à atenção ao carrinho e viu Pedro de olhos entreabertos, tão sonolento que nem ao menos se importou com a chegada do pai. Nicolas sempre era mais calmo e ele concluiu que o outro gêmeo devia estar em seu respectivo quarto, dormindo tranquilo no berço.

– Bom dia, tia. – ele disse sussurrando dando um beijo em sua bochecha. – Ele não quer dormir, é? – perguntou num sorriso olhando para o pacote dentro do carrinho. Era muito estranho se ver naquela criaturinha tão indefesa.

– Bom dia querido. Tem suco de laranja na geladeira. – ela avisa e ele abre a porta seguindo suas instruções. – Acordou cedo, hein? Tava na academia?

– É, tava andando um pouco. Tenho que seguir o programa direito pra voltar aos conformes.

– Olha, meu filho, eu fico muito feliz de ver você com essa atitude. Muito mesmo. Você estava precisando, eu falava, mas você não me ouvia.

– Eu sei, eu sei, tia. Só que agora não se preocupe que eu tô ouvindo. – ele disse em um sorriso.

Davi colocou um pouco de suco num copo de vidro.

– A senhora quer?

–Não, não. Já tomei.

– A senhora viu a Manuela?

– Ela tá lá no quarto... Trabalhando.

Ele entendeu a deixa e seguiu para o cômodo onde a esposa estava. Casaram-se em uma cerimônia simples, no civil. Ela usava um vestido branco, mas com detalhes de renda e bordado coloridos. Na época pensavam em deixar o casamento religioso para o futuro. Hoje em dia nem falavam mais nisso.

Entrando no quarto encontrou Manuela dormindo sobre inúmeros papeis e o notebook aberto posto no criado mudo. Davi fechou a tela e organizou as folhas dando olhadas rápidas nas mesmas. Marra. Marra. Marra. Pôs as folhas em cima do notebook e arrumou a mulher para que ficasse de uma forma mais confortável. Então decidiu observá-la. A olhava esperando sentir um pouco do que Ernesto lhe descrevera mais cedo, só que nada daquilo causava efeito. Era como se olhasse uma amiga de infância. Alguém que estava ligado a ele. Que ele tinha carinho. Só que o desejo era quase nulo. Talvez precisassem esquentar a relação. Ele não entendia dessas coisas, mas tentaria dar uma pesquisada.

Se levantou e decidiu ir até o quarto das crianças. Nicolas, como imaginara, dormia angelicalmente em seu berço de madeira pintado no tom branco. Davi o contemplou por muito tempo. Talvez já tivesse se passado uns quinze minutos. E ele simplesmente não conseguia sair. O amor que sentia era tão grande que o rapaz finalmente entendia aquela relação entre pai e filho. Ele nunca tivera a chance de presenciá-la, mas aqueles garotos agora significavam tudo pra ele. Davi daria a vida por eles. Subitamente lembrou-se de Megan. Jonas Marra sairia próxima semana da prisão segundo seus contatos. E ele por um momento cogitou em ligar pra ela.

– Você tá o quê, doido? – perguntou a si mesmo baixinho. Megan o odiava. Ele a tratara mal. A humilhara, mesmo que não intencionalmente, perante todo o mundo. Como assim ligaria após dois anos e perguntaria se ela estava bem. Se não queria que ele fosse lá para conversarem.

De qualquer forma, teria que vê-la mais tarde. A noite. Em um jantar de volta a casa de Pamela. Ela e Ernesto dariam um jantar de boas vindas a filha que ficaria um mês no Rio de Janeiro e ele fora convidado. Tentou argumentar com o amigo que não seria correto, mas o sócio argumentava que não tinha nenhum problema. Que Pamela insistia para que fossem.

Após seu término bombástico com Megan ele esperava que Pamela não fosse mais lhe tratar cordialmente, ou ao menos, fingir que não o conhecia, porém ela o surpreendeu como sempre e simplesmente seguiu a relação como se nada tivesse acontecido. Quando ele tentou se explicar para ela em um momento de desconforto e não mais auto controle, misturado a vergonha, a atriz o parou.

– Esse assunto não diz respeito a mim, Davi. Diz respeito a você e Megan. Não vou dizer que aprovo o que você fez, no. Foi baixo. Muito baixo. Mas sei que você é melhor que isso. You are better than this, right? – ela lhe perguntou, olhando profundamente em seus olhos.

– Sim, eu... Eu sou. – ele respondeu decidido.

– Então comece a agir assim. Somos medidos por nossas ações, Davi. Next time, não deixe sua chance go away. A vida passa tão depressa, little boy. Não perca mais tempo, ele é precioso. – ela piscou e saiu da sala de reuniões deixando-o atordoado.

A que ela se referira Davi ainda tentava compreender. Megan e ele não combinavam. Nunca houvera um tempo em que pudessem ter algo juntos. Aquilo era uma ideia utópica que ela cultivara. Aliás, que assunto pendente ela e Pamela estariam resolvendo?

Do outro lado da cidade, a bad girl entrava em um estado de limbo.

Fazia quase três meses que não visitava o Brasil. Morava ainda na casa de sua família na Califórnia. Acordava às seis e meia da manhã todos os dias, tomava um reforçado breakfast e saía para um cooper rápido acompanhada por Barack. Depois abria seu blog de moda e começava a escrever a postagem do dia que seria jogada na rede cerca de umas quatro horas mais tarde.

Megan estava bem, feliz e pela primeira vez em muito tempo: confortável. A ideia do blog começou quando ainda fazia sua popular mini volta ao mundo. Lembrava-se de estar sentada em um ônibus há quase oito horas para uma viagem de duzentos e cinquenta quilômetros. Ela tentava dormir, mas o balançado do veículo sobre a estrada desgastada não lhe deixava, nem mesmo com o remédio que tomara. De corpo moído e olhos cansados ela esperava para quando chegassem finalmente a McLeod Ganj.

A fama do vilarejo fora feita enquanto lia um guia de viagens que comprara no aeroporto de Cingapura, pouco antes de partirem rumo às terras místicas da Índia. O fato de ser uma pequena vila localizada no meio do Himalaia tinha sido um porto forte na decisão de conhecê-la, mas agora, enjoada pelo remédio e solavancos, o que mais desejava era um banho quente demorado, seguido por uma cama e travesseiros fofos.

Por fim, o ônibus parou e ela acordou de um rápido cochilo de dez minutos. Chegaram. Megan cutucou Harry que babava recostado em Kylie. Ele abriu os olhos atordoado.

What? What is it?

We’re here! – Megan explicou subitamente empolgada.

A vista que se estendia a volta do lugar já indicava que o percurso valera a pena ao descerem do ônibus velho e com tinta lascada. Megan ergueu sua câmera para o alto tirando várias fotos da visão de tirar o fôlego. Fazia frio. Árvores se erguiam imponentes ao seu redor, brotando do céu quase como espíritos antigos.

Ali era o templo que procurava. Estava decidida a sentir um tantinho de espiritualidade, e onde mais procurá-la do que o refúgio dos monges tibetanos? Do que a morada do Dalai Lama? Um recomeço começava com o fim de sua jornada pelo hemisfério.

Esperou empolgada mais três dias a fim de chegar ao objetivo verdadeiro de toda a movimentação. Para evoluir em seu lado político, ela acordara cedo, convencera uns relutantes Harry Morrison e Kylie Jenner a acompanhá-la, e botara o pé no chão batido em direção ao Museu do Tibet. Uma espécie de esquenta para a atração principal. Perto dali , o complexo de Tsuglagkhang a estava aguardando. Templo e casa do Dalai Lama.

Megan adorou aquela tarde. Conhecera muito sobre o Budismo e até cogitou em seguir a religião, observou encantada o dia a dia dos monges e ansiosa, esperou, sortuda, ouvir um discurso do próprio mestre maior. Muitas expectativas a recheavam. O quão renovada sairia espiritualmente daquela viagem? Será que poderia se tornar um guru como Brian um dia fora? Por fim, sentada com as pernas cruzadas sobre um chão de madeira em meio a uma americana, um inglês e centenas de budistas, ela avistou um senhor de idade surgir e começar a falar.

Falou. Falou. E falou. Megan tentava prestar atenção em suas palavras, mas um mosquito insistia em lhe picar. Depois, quando foram meditar, ela tentou pensar em algo importante. No Tibet, claro! Eles realmente precisavam de ajuda! Só que a única coisa que vinha a sua cabeça eram as roupas vermelhas dos monges. How can they live just wearing that? Ela se perguntava. Maybe if we made it into a gorgeous poncho? Oh yeah!

– Megan, como você consegue ficar pensando em roupas enquanto está em um dos lugares mais ascéticos da terra?

Ela sorriu sozinha. Uma moça de vinte e dois anos sorrindo sozinha de olhos fechados, pernas cruzadas e braços descansados sobre seus joelhos em meio a um salão repleto de monges tibetanos.

Oh pretty boy, você está correct mais uma vez. – ela sussurrou em meio ao silêncio.

Davi acabara se tornando inconscientemente uma espécie de consciência pra ela. Ele era a voz do seu pensamento. Seu bom senso. O que era engraçado pelo fato de ele ter sido completamente irracional no tempo que tinham contato.

Após aquela viagem mágica, Megan se viu twittando algumas observações acerca da moda budista, encantada com suas possibilidades e inspirações. Na semana seguinte criara um blog. Fashion + Culture, my otp, by Megan Parker.

Agora usava bastante o sobrenome da mãe no lugar do segundo nome. Deixava-lhe mais mulher. O Lily em sua opinião era infantil.

Agora, com sua mãe, em meio a várias mulheres desconhecidas e guardas penitenciários, ela esperava a autorização para adentrar o espaço de visitas. Após a permissão, a garota sentiu um aperto de apoio na mão direita vindo de Pamela que lhe deu um sorriso contido. Megan continuou sozinha, junto das estranhas, para o local onde lhe seria permitido o contato com os presos.

Sentou em uma mesa, distante das outras. E aguardou. Jonas Marra apareceu, seguido por outros cativos que procuravam seus familiares e amigos. O gênio a avistou e Megan percebeu como estava perdido. Sem saber como agiria naquela situação.

Ela lhe deu um sorriso e apontou para a cadeira, indicando que poderia se sentar. Ele assentiu. Estava mudado. Megan identificou certa humildade escondida em seu olhar contido.

Hi Dad. – ela falou se vendo o chamar de pai novamente. Estava fazendo aquilo há alguns meses. Uns dois. Era como se fosse uma forma de afirmar o seu perdão.

Hi Megan. – ele respondeu. Ficaram se olhando por alguns segundos. Sem saber o que dizer.

– Empolgado com your freedom?

– Sim, sim... Sua mãe foi um anjo. O advogado que ela arranjou. Devo tudo a Pamela.

– Yes, ela é really um anjo. – Megan disse com um sorriso carinhoso. Suas mãos deslizaram pela mesa e seguraram as de seu pai. – Mas você também não é, like, the devil, dad.

Ele riu.

– Obrigado Megan... É realmente muito bom ouvir isso. Principalmente de você. – ele deu um suspiro profundo procurando as palavras certas. – Eu estava com muitas saudades suas.

I know. Eu também estava com muitas saudades do senhor Marra. – ela apertou suas mãos.

Jonas fez uma careta engraçada. Megan tentava compreender aquela expressão grotesca. Estranha. Que se revelou em um choro. Ela nunca vira o pai chorando, pelo menos não que se lembrasse.

Easy, dad. Está tudo bem. Eu estou aqui. O senhor não vai recomeçar all by yourself. We are with you. – ela disse se levantando e indo até o pai que chorava sozinho paralisado. O abraçou com força por trás. E se viu chorando também. – Todos merecem uma segunda chance, right?

– Me perdoe. – ela o ouviu balbuciar em meio as lágrimas incontroláveis. – Me perdoe. – ele repetia inconsolável.

– Perdoo. Você pagou por seus pecados, Jonas Marra. Now, você só precisa fazer o mais difícil. – ela pôs cabeça em seu ombro. – Não pecar mais. – e deu um beijo em sua bochecha.

Era bom abraçar o seu pai. E naquele momento ela pensou em somente uma pessoa para compartilhar aquela notícia. E não era Kylie, nem Harry, nem Taylor, nem Ed... Ela só pensava em Davi Reis. E sentiu vontade de chorar.

O jantar estava correndo as mil maravilhas. Pamela e Ernesto reluziam em meio aos convidados. Quando se dirigiam a um grupo específico de pessoas, causavam um efeito de absoluto conforto. Davi, porém, seguia desconfortável andando pelo lugar buscando alguém com quem conversar que estivesse o mais distante possível de Megan Lily.

Não que não tivessem se cumprimentado, deram um alô educado. Ela e Manuela até trocaram duas palavras. Davi ficou apenas estagnado no meio das duas mulheres, olhando para seus modos de agir encantado como conseguiam atuar uma máscara com tanta facilidade.

Manuela tinha pena de Megan, como já dissera várias vezes pra ele, mas Davi no fundo sabia que não importava pelo quanto a loira tivesse passado sua esposa nunca a engoliria.

Ele continuou a rodar, se vendo quase que em meio a um labirinto. De soslaio, avistou a escada para o segundo andar e se lembrou do terraço. Pegou um champagne e saiu à francesa, em busca de um refugio que não o fizesse sentir culpado. Lá em cima ele vislumbrou o céu contemplando o infinito sem pressa.

Always fugindo da festa, hein Davi?

Virou-se. Megan estava parada com um sorriso nos lábios pintados de rosa.

– Oi. – foi o que disse. Em seguida, logo se xingou e tentou melhorar a compostura. – Só quis ficar sozinho por um tempo.

– Oh, so é eu melhor deixar você...

– Não! Eu... Droga Megan, eu não quis dizer isso. Você pode ficar. A casa é sua.

Ela riu da sua falta de jeito. Sabia que ele estava com vergonha. Foi muito dura com ele há dois anos atrás e desde aquela lavagem de roupa suja um clima tenso envolvia todos os seus encontros. Davi a magoara de um modo seco. Doloroso. E o pior, distante. Só que agora já estava na hora de deixar todas as mágoas para trás. Todos mereciam uma segunda chance. Não precisava mais de um Davi lhe beijando, dizendo que ficariam together. Nem precisava mais de um Davi. O que precisava mesmo era se sentir confortável aonde quer que fosse. Não queria mais conflitos com ninguém.

Yeah, você tem toda razão.

Megan então andou em sua direção. Davi sentiu uma vontade de correr, mas continuou no mesmo lugar. Ela parou ao seu lado, também olhando o céu enevoado.

It’s weird o céu without any estrelas, não é? Sometimes, eu sinto saudade da minha viagem por isso. Tinha alguns lugares que você olhava pra cima e nem conseguia ver azul. – ela sorriu parecendo se lembrar da cena. – You know, por causa das estrelas.

– Eu entendi. – ele disse com um pequeno sorriso a observando. – Deve ser mesmo muito bonito.

Yes, it is. Acho que você iria gostar. Tem tanta coisa por aí. The world is so big.

– Bom, agora eu acho que vou precisar protelar essa viagem um pouquinho.

Megan se lembrou dos gêmeos de Davi. Nico e Pedro. Adoráveis. E filhos de Manuela também.

So, dois filhos, huh?

– Pois é, louco, não é? Nem eu acredito, às vezes.

– Eu acho engraçado. Sabe, when I come back to Califórnia. – ela percebeu Davi travar um pouco, mas continuou sem piedade. Estava na hora de ele amadurecer um pouco. Assumir seus atos. Afinal, ela fora a vítima na história. – Eu tinha certeza que você não ia tie the knot tão cedo.

Tie the knot?

– É, like, se amarrar a alguém?

– Ah, entendi... Sério?

– Yes, eu pensava que você ainda ia querer ficar sozinho e aproveitar, you know, sua juventude. Que eu veria fotos suas com diferentes mulheres. Drinking. Partying. Traveling.

Mas isso não parece comigo.

This parece como qualquer pessoa, Davi. Não que eu esteja falando nada, mas... Eu nunca vi você sendo... Louco. Pensei que você se cansaria e, sabe, daria uma de what the hell.

– Ah, e você queria que eu fosse um louco correndo pelas ruas por aí? – ele perguntou brincando. Estranhamente a conversa estava fluindo gostosa. Davi estava ligado no piloto automático.

No, not like that. Like... Tendo experiências novas.

Megan sentia um medo em relação a Davi porque ele vivia enjaulado na sua zona de conforto. E talvez chegasse um tempo que ele se arrependeria por não ter ousado quando teve tempo. E o tempo agora tinha passado. Ele tinha dois filhos pra criar.

– Bom, eu tive a experiência da paternidade e eu posso te dizer com toda certeza... Que é a mais louca de todas.

– Acordar every night. – ela complementou risonha.

– Trocar as fraudas. – ele continuou.

– Dar de mamar, oh wait, você não pode.

– O quê? Essa foi baixa, hein dona Megan. Atingiu meu orgulho paterno lá no fundo.

Os dois riram embebidos naquela naturalidade estranha.

– Você está mais magro, Davi.

– Obrigado. A notícia da minha forma redonda chegou até a américa do norte?

Yes, uma amiga minha me mandou uma foto sua comendo um pretzel num shopping. She said que você estava parecendo o dono dos comics dos Simpsons.

– Nossa como sua amiga é má.

– Taylor odeia todos os ex’s, então.

– Taylor?

– É, a Taylor Swift. – Megan disse esperando uma comoção.

– Não sei quem é.

Ela deu uma risadinha e pegou o celular da carteira dourada que prendia sobre o antebraço direito.

– O que foi? – perguntou curioso e confuso enquanto ela digitava no aparelho. – O que foi que eu disse?

– Como assim você não sabe quem é Taylor Swift? Em que mundo you’re living Davi Reis? – ela disse ainda risonha da falta de conhecimento pop do empresário tecnológico.

– Ah, calma. Vou tentar descobrir o que ela é.

Ok. You have three chances.

– Tá...

Ele ficou em silêncio, pensativo. Megan o observava mordendo o canto do lábio. Davi era realmente um caso a ser estudado por algum CNPQ mundial.

– Vamos lá. – ele disse finalmente, esfregando uma mão na outra. – Socialite?

No.

– O quê? Mas esse era o meu super trunfo.

– O seu o quê?

– Depois eu explico. – ele disse sorrindo. – Bom... Próximo.

Ok, second chance.

– Hm... Atriz?

Bang! You’re wrong! De novo.

– Porra, tá difícil. – ele xingou passando as mãos nos cabelos. – Ok, última tentativa. Se não for... Não, calma, dá uma dica.

No, no... Aí vai ficar muito fácil.

– Não, vai Megan. Qualquer coisa.

Ok, let me think. Hm, certo, ela é loira.

– Isso não ajuda em nada.

– Ela é loira e já namorou Harry Styles. E o Taylor Lautner.

– Eu sei quem é esse último! É do filme dos vampiros, né?

Yes, você está ficando closer!

– Tá... Deixa eu ver... Ah tá! É aquela menina do Disney Channel? A cantora?

– Ela é cantora, but nunca foi da Disney não. E todo mundo que sai de lá canta, so...

– Ah, mas eu acertei o que ela era!

– Você tá falando da Miley Cyrus, right?

– A doidinha do cabelo curto?

– Yeah.

– Não é ela? – ele perguntou na defensiva.

No! Ah, desisto de você.

Silêncio. Megan não percebera, mas sua frase surtiu um efeito nele. A intenção não era aquela, mas Davi caiu em si que ela falava uma verdade. Ela desistira dele. Suas piadas não tinham mais um tom sedutor. Ela não tentava fisga-lo. Davi era um pai de família. Ela uma jovem rica e famosa, amiga de uma tal de Taylor Swift que namorava lobos sem camisa.

– Megan, eu queria falar com você... Sobre o nosso término. – ela não olhou em sua direção, mas não fez nenhuma objeção. – Me desculpe por ter sido tão insensível. Você é uma garota incrível, eu fui um imbecil.

– É, você foi. A real son of bitch.

– Olha, eu...

Say it Davi.

– O quê?

– Diga o que você foi. – ela olhou pra ele com um sorriso maldoso nos lábios. Ele deu um sorriso amarelo.

– Ok, ok... Eu fui um filho da puta.

– Um tremendo filho da puta. – ela falou em seu sotaque americanizado. Davi quis rir do som do xingamento na voz de Megan, mas continuou suas desculpas. Ensaiara aquele momento inúmeras vezes.

– Eu não estou esperando que você me perdoe nem nada... Mas, se essa noite valer com pontos positivos para o meu lado eu queria saber se nós não poderíamos, bem... Se...

Relax Davi, I’m cool. Eu não vou esquecer o que você me fez, é só que você está certo. Eu já estava thinking about this há algum tempo. Nós deveríamos até tentar conviver, afinal, nossos melhores amigos vão morar juntos, right?

– Como é?

My mom e Ernesto.

A notícia o pegou de surpresa.

– Eles vão mesmo morar juntos?

Well, mom conversou com ele hoje à tarde. And yes, eles ainda vão anunciar pra everybody depois. Na verdade, deve ser daqui a pouco.

Agora Davi entendia o jeito de Ernesto. O pulo que ele dera quando o viu chegando na festa, tendo que disfarçar em seguida para os outros convidados como se tivesse achado uma moeda no chão. Murmurara algo como: preciso te contar uma coisa depois; mas no seguimento do jantar, a situação não o permitiu.

– Então... Você quer ir comer alguma coisa?

Oh God, ainda bem que você perguntou. I’m starving! Oh, mas você sabe que você não pode, right? – ela disse enquanto eles deixavam o terraço. - Não deixem ele chegar perto do jantar! – gritou divertindo-se como se falasse para os convidados lá embaixo.

– Obrigado Megan, isso é realmente o que eu estou precisando. – ele brincou encabulado e ela lhe sorriu achando graça de sua própria piada. Davi se sentiu alegre. A atmosfera estava tão leve. Era bom jogar conversa fora. Rir. Era bom ter Megan por perto.


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Notas finais do capítulo

Obrigada pelos comentários e pelo carinho. Demorei mais que um dia para escrever esse aqui porque estou um pouco abarrotada de coisas pra fazer, mas consegui terminar.
Não tentem comparar minha visão do futuro dos fatos com o que pode acontecer na reta final da novela. Comecei a escrever antes do final e essa é a minha visão do que seria a continuidade da vida dos personagens.
Ainda mencionarei outros personagens e como estão suas vidas em outros capítulos. Tempo ao tempo.
Espero que gostem!



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