American Girl escrita por Ste Costa


Capítulo 2
Eu espero que você sofra muito. I really do.


Notas iniciais do capítulo

Bom, eu resolvi escrever uma fanfiction desses dois basicamente por dois motivos:
1) Fui inventar de me apaixonar pelo casal, então já viu, né? Nós sofremos junto com a Meg.
2) Estou absolutamente revoltada com a falta de nexo que esses escritores tão tendo com a própria personalidade dos personagens. Megan é sim apaixonada por ele, mas a característica principal dela é sua personalidade forte, explosiva. E ela só correndo atrás dele levando patada. Davi que é pra ser o menino bonzinho é bonzinho com todo mundo, menos com ela, que é a pessoa que mais trata ele bem ??????????
Depois daquela cena da boate que ela foi pedir desculpa pra ele por ficar triste e revoltada como qualquer SER HUMANO quando descobre que o pai tá traindo sua mãe e o boy ainda sabia me revoltei e resolvi escrever minha história de Megavi. Espero que gostem!



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RIO DE JANEIRO, 30 de setembro de 2014

Terça-feira.

– O que você acha que vai acontecer, Davi? Sabe, depois de tudo... Isso. – ela perguntou enquanto fitava o teto, acomodada contra o seu corpo com o braço esquerdo dele servindo como travesseiro para sua cabeça.

– Eu não sei. Eu não sei de absolutamente nada... A não ser que eu quero ficar com você. – ele a olhou com carinho, fazendo-a desviar a atenção do teto para seu rosto com um sorriso. - Eu quero ficar com você todos os dias da minha vida.

– Ai, Davi, não fala assim. – ela retrucou risonha, se levantando e ficando sentada ao seu lado. Os braços finos cruzaram os joelhos dobrados. – A gente não sabe o dia de amanhã hein, vai que você cansa de mim.

– De você? Parece até que ainda não entendeu que eu sou só seu. Sempre fui. E sempre vou ser.

Ela sorriu deliciada, mas logo em seguida uma sensação abrupta de desconforto a preencheu mais uma vez sem convite. O que estavam fazendo era errado. Claramente errado. Talvez fosse o tipo de coisa que a outra fizesse sempre, na verdade, enquanto estavam juntos sempre fora o seu maior medo. Abrir a porta do quarto e encontrar Davi, ali, enroscado nela, que sorriria displicentemente jogando os cabelos para trás.

Sabia que as tentativas da adversária foram inúmeras, mas nunca chegaram aos finalmentes. E agora. Ela era a outra. Escondidos em sua casa pela terceira vez na semana, mas sem resolver o assunto de uma vez por todas.

Manuela Yanes olhou para Davi Reis que a observava esperando o próximo passo. Ele continuava igual, a barba por fazer, o cabelo bagunçado e os olhos amendoados que tanto lhe encantavam, porém tudo o que desejava era que ele estivesse livre de uma vez por todas da loirinha americana. Que pudesse ser como ele disse: só seu novamente. Infelizmente, aquilo parecia estar bem longe de acontecer.

– Manu, o que foi? – ele perguntou compreensivo sem fazer com que soasse repetitivo, afinal, toda vez que se encontravam surgia o mesmo desconforto, mas ele não se negaria em lhe ouvir. Nem uma, nem duas, nem mil vezes se fosse necessário.

– Eu não gosto disso. Não gosto de nós dois aqui como se estivéssemos se escondendo. Como dois bandidos. – disse séria, com uma pitada de raiva em sua voz. A raiva era decorrente da verdade. Realmente eram os bandidos na história. Ela deixara o papel de mocinha.

– Eu vou resolver isso o mais rápido possível, juro. Eu já te expliquei... Tem muita coisa acontecendo com a Megan ultimamente... Ela não aguentaria.

– Eu sei, eu sei! – acabou dizendo irritada. – Eu só odeio isso. Desculpa se eu estou sendo uma chata.

– Não, não... Claro que não. Você está certíssima, tenha certeza. Eu estou odiando isso tanto quanto você. Cada vez mais eu tento não ter nenhum contato íntimo... – ela dá uma olhada incomodada pra ele. – Ah Manu, você sabe que quando eu digo íntimo eu não me refiro a, sabe... Aquilo. Estou falando de beijo mesmo. Qualquer contato físico.

– Não que isso melhore muito as coisas. Quando ela te beija, argh. Chega me dá uns calafrios. – ela fez uma careta.

Davi riu e apertou a sua mão.

– Eu vou falar com ela ainda essa semana. Talvez seja até melhor, ela enfrentar tudo de uma só vez.

O rapaz então a puxou de volta ao seu corpo, aconchegando-a novamente a si. Radiante. Tinha novamente o que tanto desejara. Seu cérebro trabalhava arduamente como terminaria com Megan. Como diria que eles não estavam mais together, já que a garota se agarrava a ele com as surpreendentes forças que lhe restavam.

Os dois ali deitados pareciam até uma pintura. Obra de arte. E a imagem translúcida do casal deitado na cama se formava quase que perfeitamente na imaginação de Megan enquanto ela dobrava montes e montes de roupas. A quarta mala preenchida ainda permanecia aberta aos pés da cama, abarrotada de cosméticos e acessórios indispensáveis.

Megan Lily tem um namorado. Ou pelo menos achava que tinha. Namorados não se implicava no fato da presença de fidelidade? Bom, talvez ela estivesse wrong mais uma vez em sua avaliação porque o que estampava um tablóide inglês aberto em seu laptop claramente indicava o contrário.

Davi Reis, the brazilian who had enchanted the princess of the falling Marra Empire, is unfornately not so enchanted by her as it seens in the following photos. The hacker was seen with Manuela Yanes, his ex girlfriend and rival on the reality show Geração Brasil that as on air by the Parker TV on the begginging of 2014. Davi was already seen three times in her flat only this week! It seens like Megan is not just without the father, the fortune (ok, half fortune), but also without her man. Oooh, this must hurt!

* Davi Reis, o brasileiro que encantou a princesa do decadente império Marra, infelizmente não está tão encantado com ela como parece nas seguintes fotos. O hacker foi visto com Manuela Yanes, sua ex namorada e concorrente no reality Geração Brasil que foi ao ar pela Parker Tv no começo de 2014. Davi já foi visto três vezes em seu flat só essa semana! Parece que Megan não está só sem pai, sem fortuna (ok, meia fortuna), mas também sem ser homem. Oooh, isso deve doer!

– What a liar.– ela repetiu em inglês. O português lhe soava falso, como ele.

Era engraçado como todos se referiam a ela a vida toda como tendo a realidade perfeita, e ela sabia, que apesar do relacionamento conturbado de família, de resto não tinha do que reclamar. Ainda assim, dor era dor. Não importava a conta bancária que você tenha, as lágrimas que escorreriam pelo seu rosto não seriam mais doces. Seriam salgadas como a de qualquer outro. O que antes era difícil, hoje nem mais existia. Tudo desmoronara. Sua família não existia mais.

O desejo dela por todas aquelas semanas de depoimentos era que se God realmente existisse, esquecesse-se de puni-la, porque parecia que quando ele se lembrou mandara todas as dívidas ao mesmo tempo. Sozinha, via em Davi uma possibilidade de ficar firme. Era o que ele queria que ela fosse. Adulta. Madura. Correta.

E ali estava ele, o intocável Davi Reis, entrando sorrateiro no prédio de Manuela nas inúmeras fotos que preenchiam a página na internet. Quase tão santo que usava uma coroa de espinhos e as mãos furadas contra a madeira.

He thinks he can do wathever he wants ‘cause he is a good boy. Well, I’m not a good girl. I tried and... – ela se olhou no espelho. O rosto não estava nem maquiado, surpreendentemente. Nos últimos dias vinha se sentindo tão esmagada em afazeres e em um ócio doloroso que se esquecera de se aprontar. Esquecera quem era. – He never loved me. He wanted me to be someone else. He wanted me to be her. – ela gemeu voltando a chorar.

A solidão que a invadia, entretanto, não era uma sensação nova. Pelo tempo que pensava ainda estar numa relação com Davi esperava se sentir segura, mas na verdade, estranhamente, vinha se sentindo muito pior. Ele a abraçava, só que seus braços não diziam nada. Seus olhos tinham uma sensação cálida que lhe causava certo enjoo. Megan sabia o que expressavam. Pena.

Essa reflexão a fez chutar a mala entreaberta fazendo vidros tilintarem uns contra os outros lá dentro. Decidiu não perder mais seu tempo, o quanto mais rápido terminasse de empacar suas coisas, mais rápido voltaria para casa. Sua verdadeira casa, aonde poderia beber e dançar como qualquer outro jovem sem ser tratada como uma capitalista fútil e maligna.

Jogou o resto das coisas na quinta mala, uma Gucci branca com spikes pretas formando um G gigante. Escutou o barulho da porta se abrindo e olhou para sua mãe que a observava boquiaberta e paralisada. Estava usando um vestido azul marinho colado e saltos pretos de bico fino. O esplendor que a acompanhava causou um estupor de emoções em Megan que ela controlara em seco. Sabia por que sua mãe estava ali, e sabia que ela iria tentar convencê-la a mudar de ideia, por isso mesmo devia parecer decidida. Inquebrável. Como se a notícia de Davi só tivesse causado um arranhão em seu coração de vidro, mas não uma rachadura monstruosa que quase o rachou.

– Megan, o que você está fazendo? – ela perguntou correndo para perto da filha, afastando a Gucci sobre a cama para longe da filha.

Megan a puxou de volta e a fechou movendo rapidamente o zíper. Esforçou-se em não olhar para o rosto de sua mãe, que permaneceu encarando-a esperando uma resposta. Suspirando, procurou encontrar as palavras certas. Please God, take care of Pamela Parker.

I’m going home, ok? I’m out of here. – ela se limitou a dizer. Apesar de muitas coisas passarem por sua cabeça, todas eram muito elaboradas, com muitos sentimentos obscuros. Aquela resposta era clara e objetiva. Ela não precisava falar demais, muito já estava subentendido.

But darling, aqui é sua casa também. – complementou a mãe. Era uma súplica, mas Megan preferiu ignorar aquele fato.

No mom, this is not our home. – Megan levantou os olhos castanhos para ela. O rosto estava mais magro após essas amarguradas semanas, porém Pamela ainda conseguia continuar encantadora. O cansaço estava escondido abaixo de sua pele reluzente, como se ela o trancasse a sete chaves para que o mundo não visse seus demônios. Megan não tinha tanta fibra, ou tombava, ou em vez de esconder, fingia não existir nenhum problema. – This is hell.

– Oh Megan, não fale assim. – ela ergueu a mão para acariciar o cabelo da filha, mas Megan se afastou. Toques lhe causavam uma sensação estranha no momento, de uma busca forçada por amparo, que nunca parecia chegar.

Can’t you see it? This country destroyed our family. Me, you, dad. We are just ashes here. This is not my home, mom. I have no friends here...

– Você tem sim...

No mom, I don’t any have friends. I have people that pretends that likes me, but they don’t. Or they love me because I’m rich, or they hate me because of that. I’m no one here. – Megan puxou a mala pondo-a em pé sobre seu tapete felpudo no chão do quarto. Sua mãe não concordava com ela, mas naquele momento, não era melhor discutir.

Look Megan, eu aposto que é só um mal entendido, huh? Davi nunca trairia você. Ele nunca faria isso.

And how are you so sure of it? We don’t know any of these people mom. He never really liked me. – ela piscou algumas vezes se ouvindo dizer aquela verdade. - We can only trust ourselves. It’s just me and you.

No baby, eu sei porque ele me prometeu. Ele me prometeu que cuidaria de você. – sua mãe voltou a erguer a mão para tocá-la e Megan não se desvencilhou. Deixou que ela fizesse carinho em suas bochechas rosadas que entravam em contraste com os olhos fundos e vermelhos. Por fim, a afastou delicadamente.

So he didn’t keep his word.

Pamela Parker não conseguiu controlar mais a aflição engasgada em sua garganta. As lágrimas irromperam em liberdade por seu rosto de coração enquanto via a filha tão machucada a sua frente. O tempo curava todos os males em sua opinião e ela torcia para que Megan pudesse acreditar nisso também. Ela então sentiu mãos lhe abraçarem em um toque profundo, lhe acalentando como uma criança perdida. Megan lutara para conseguir se sentir confortável em um abraço. Sua mãe era alguém que merecia aquele esforço.

It’s ok, it’s ok. – Megan sussurrou em seu ouvido fazendo carinho em seu cabelo até a mãe parar de chorar o que durou alguns minutos.

So you’re not really going to talk to Davi? – ela perguntou quando finalmente conseguiu voltar a ter uma certa compostura.

Oh no, I will. But this time he is going to have to accept the real Megan, mom. And then he will see what he lost. – Megan disse com doçura. – He don’t know who he is trying to play with. I’m your daugther, remember?

I’m gonna miss you. – ela diz dando um sorriso sincero. Um sorriso sem pena. Um sorriso de amor. Verdadeiro amor.

When you’re ready, I'll be waiting for you. – Megan fala segurando o guidão da mala. - In our real home.

Davi Reis não acreditava como os dias conseguiam parecer tão mais claros, mas não podia negar a realidade do seu espírito. É o efeito Manuela. Pensava.

Desde que descobrira a razão para que a ex namorada tivesse mentido para ele a esperança de a ter novamente se aflorara em seu peito e a garota que já consumia vinte por cento dos seus devaneios diários passou a roubar toda a sua disposição.

O gosto dos seus lábios eram seu café da manhã mais sonhado e a possibilidade de acordar ao seu lado era inexplicável nos quesitos de felicidade. Ás vezes, até chegava a agradecer ao destino por ter desmascarado Jonas Marra, pois assim finalmente pôde ter Manuela de volta. Logo em seguida, porém, lembrava-se de Megan e Pamela que sofriam as consequências das ações do Marraman como dominós caindo um atrás do outro. Infelizmente, não podia controlar o sentimento de alegria. Era maior que ele.

Precisava resolver rapidamente o problema que era Megan, e o mais rápido possível. Aquela situação estava ficando desagradável demais. Ele não podia mais bancar o babá, tinham muitas coisas acontecendo em sua vida e por mais que Megan fosse uma garota que ele tivesse um apreço, algo lhe dizia que ela precisava enfrentar isso sem ele. Talvez estivesse sendo egoísta, mas não tinha paciência para reações adolescentes, e era essa forma como ela sempre conduzia suas ações.

Pegou o celular na esperança de poder ligar para ela, marcar algo e poderem conversar. Não revelaria que voltara com Manuela, seria doloroso demais. Só explicaria que talvez devessem dar um tempo até as coisas se acalmarem para ver como é que ficava. Que ela precisava de um tempo com a família. Esse tipo de coisa. Ela demoraria a entender, claro, mas era necessário.

Clicou no aparelho e viu a tela ignorá-lo. Descarregado. Bufou irritado e logo se pôs a procurar um carregador em meio a suas coisas, mas não conseguiu encontrar em lugar nenhum. Lembrou-se que devia ter deixado na casa da Manuela quando fora dormir lá mais cedo. Depois o buscaria, pois no momento precisava falar com a sua “namorada”.

O tempo que levou para chegar até a mansão Parker, antes Parker-Marra, fora uns cinquenta minutos. O caminho inteiro ele planejou um discurso para o esperando momento. Depois iria até Manuela para pegar seu carregador e provavelmente dormiria por lá, afinal, ela ficaria muito feliz em saber que ele finalmente estava livre.

Ao chegar, porém, estranhou um range rover sendo preenchido por seguranças com milhares de malas. Na verdade, a bagagem resultava em cinco, mas pra ele mais que uma já resultava em algo megalo. Deu uma risadinha ao perceber que Pamela Parker deveria viajar para resolver algum assunto urgente, só não imaginava que o estereótipo de mulheres e viagens fosse tão forte naquela família. Entretanto, como um clarão se deu conta que Pamela não terminara seus depoimentos à polícia e não poderia viajar ainda. O que estava acontecendo então? Alguém se hospedando?

Avistou então uma Megan que surgiu em meio aos seguranças falando ao celular, ela dava instruções para um deles. Com um movimento rápido enquanto caminhava inquieta ela o viu ao longe. As mãos nos bolsos da calça jeans, uma camisa cinza por dentro de um moletom azul. Ele lhe deu um sorriso daqueles compreensivos, mas ela estranhamente contra tudo o que sentira no último ano, quis que ele não o tivesse feito.

Davi estranhou o jeito de Megan. Ela havia parado, ainda com o telefone no ouvido, mas o encarava distante. Séria. Gélida. Coitada, tudo o que está passando. Pensou, começando a ir em sua direção.

I can’t believe this idiot is here. Who let he in? Quem deixou ele entrar? – ela perguntou aos seguranças, mas eles pareciam tão confusos quanto ela, afinal, antes a principal regra não era sempre deixar o senhor Reis por perto?

Megan falava algo com os seguranças e Davi sentiu olhares hostis nele, junto de uma atmosfera pesada. Ele foi se aproximando com mais cautela, até que dois daqueles homens grande simplesmente se puseram a sua frente bloqueando sua passagem.

– Olá, er – pigarreou. – Eu preciso falar com a Megan, será que vocês poderiam...

– A srta. Megan o proibiu de avançar Sr. Reis. Por favor, pedimos que se retire imediatamente.

– O quê? Mas eu realmente preciso falar com ela. Do que vocês estão falando? – Davi perguntou em um misto de irritação, e confuso. Mais uma vez Megan devia ter se irritado com algo e sua primeira ação era ser infantil. Ele olhou para ela, mas ela nem sequer estava virada em sua direção. – Qual é?! Megan! Megan, olha pra cá. O que é que tá acontecendo?

Megan sentia uma cólera que queimava suas têmporas, a boca estava seca e os dentes cerrados. Ela não havia planejado falar com ele logo agora, não. Ela queria fazer aquilo mais tarde, seguido de alguma punição bem severa, mas naquele instante com ele ali via que não se conteria. Precisava descarregar, e talvez aquele fosse o momento perfeito. Levantou o olhar para os seguranças que desviavam a atenção do Davi indignado para a patroa inconsolável. Ela fez um sinal de que o deixassem passar, mas os outros seguranças que estavam ao seu redor não deixaram sua posição. Um cerco ao redor da loira. Davi seguiu irritado no seu sentido.

– Megan, o que foi que houve? Que história é essa de me botar pra fora? – ele perguntou cruzando os braços, sério, com aquele típico tom de reprovação.

What? O que você vai dizer? Que você tem free pass porque é meu namorado? – ela perguntou revelando um teor ácido na voz, contrastando com o olhar frio que lhe encarava.

Aquela fora uma pergunta desconfortável que prejudicava um pouco seus planos de ter uma conversa de fim de relacionamento. Afinal, ele fora lá justamente para perder o posto de namorado

– Pra que é esse monte de malas? – ele perguntou mudando o assunto de foco. – A sua mãe não pode viajar.

– Mas eu posso.

– O quê? – ele perguntou surpreendido pela resposta. Como assim ela iria viajar? Ela não tinha lhe avisado nada. Claro, que como ela já tinha cumprido seu papel com a polícia podia viajar dando o aviso às autoridades, mas ainda assim aquilo era muito estranho. – Como assim você vai viajar?

– Ai Davi, desculpa, eu nem te avisei, não foi? – ela disse mudando subitamente de atitude. A Megan usual surgiu novamente, lhe deixando muito mais confortável com o costumeiro tom admirador. Ela se desvencilhou dos seguranças chegando perto dele. – I’m so sorry.

– Não tem problema Megan, eu só gostaria de você ter me avisado... Só isso. – ele a confortou.

– Como quando você me avisou disso. – Megan então puxou o celular estendendo-o na cara de Davi. Ali, uma foto meio embaçada, mas ainda identificável, exibia ele e Manuela entrando pelo portão do prédio da garota.

Davi abaixou a cabeça em um suspiro. Ele não tinha pensado nessa possibilidade. Ainda não se acostumara que virara uma espécie de celebridade e bobamente se achou imune aos poderes incômodos da fama. Percebeu que com o celular descarregado ficou impossibilitado de ser avisado por qualquer um. Imaginou um Ernesto desesperado lhe enviado centenas de mensagens no WhatsApp. Avaliava o que diria a seguir, mas foi surpreendido. Por um tapa.

Levou a mão a bochecha dolorida em um reflexo, boquiaberto, olhou para Megan que o fitava diferente. Ele esperava ver uma garota chorosa. Traída. Mas ali estava apenas ódio estampado em um rosto juvenil. Davi simplesmente esquecera todas as palavras do mundo. Ele nunca saberia como reagir aquilo.

– Davi Reis, I’m not perfect. I know that and I admit that I tried to be with you lot of times when you were with Manuela. But... But what you did to me it’s more than you could did to her. Because you were not just the most terrible boyfriend in the world, but the worst friend that I ever had.

* Davi Reis, eu não sou perfeita. Eu sei disso e admito que tentei ficar com você várias vezes enquanto você estava com a Manuela. Mas... Mas o que você fez comigo é muito mais do que você poderia causar a ela. Porque você não foi só o pior namorado do mundo, mas também o pior amigo que eu já tive.

Ele ouviu todo o inglês e naquele momento desejou para não entender aquela língua universal, mas, compreendera... Cada palavra.

You cheated on me when I most needed your help. You didn’t want to kiss me? To fuck me? So at least you could be my friend. You know what Davi? I don’t love you. I love another man, someone that I created in my head. Your problem is that you hate me. – ele abriu a boca, mas ela logo continuou o impedindo de continuar. – And you can say you don’t, oh but you do. You hate me Davi Reis. You hate all the parts of me that are different than you. I thought that you were some prince. Well you’re not. You pretend to be, you act like you are the nicest boy in the world, but you ‘re just another sinfull man. I don’t lie. I am what I am. Love me, hate me. I don’t care. You, oh no. You are so pure and good to the people, like a twenty one’s century Jesus. Let me tell you what, you’re not that. You’re an hypocrite. And that’s the worse kind of people in the world.

* Você me traiu quando eu mais precisava da sua ajuda. Você não queria me beijar? Não queria foder comigo? Então pelo menos poderia ser mer amigo. Você quer saber, Davi? Eu não te amo. Eu amo outro homem, alguém que eu criei na minha cabeça. Seu problema é que você me detesta porque eu não sou perfeita. - ele abriu a boca, mas ela logo continuou o impedindo de continuar. - E você pode dizer que não, oh mas eu sei que sim. Você me detesta, Davi Reis. Você detesta todas as partes de mim que são diferentes de você. Eu achava que você era uma espécie de princípe. Bom, você não é. Você finge ser, você age como o mais bonzinho garoto do mundo, mas você é so mais um pecador. Eu não minto. Eu sou o que eu sou. Me ame, me odeie. Eu não me importo. Você, ah não. Você é tão puro e bom para as pessoas, como uma versão de Jesus do século vinte e um. Deixe-me dizer uma coisa, você não é isso. Você é um hipócrita. E essas são as piores pessoas do mundo.

Ele respirava fundo tentando recobrar o controle da situação, mas não conseguia sequer o controle de si mesmo.

– You're living a lie. Manuela is not perfect, and when you find out, just like me... – ela entrou no carro e fez sinal para que o motorista também o fizesse. – Eu espero que você sofra muito. I really do.

O motor então ronronou e quando Davi saiu daquele transe quase imaginário o range rover já estava distante demais. E ele não conseguiu terminar com ela. Ela terminara com ele.


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Notas finais do capítulo

Sempre que tiver falas longas em inglês colocarei em seguida sua correspondente tradução. Queria me desculpar ao inconveniente de quem não sabe a língua de precisar traduzir bastante, mas infelizmente para ser condinzente a realidade em alguns capítulos Megan vai falar muito inglês, mas não se preocupem que no que passar de três linhas, ou for complicado, logo abaixo a tradução vai aparecer.
Obrigada pelos comentários e me avisem qualquer incômodo, ou até erro, já que eu também posso errar no inglês. Tudo de lindo pra você e agora acenda uma vela, ajoelhe e comece a orar pra o santo dos otps pra ver se ele escuta nosso chamado hahahah