Let it snow? I don't think so escrita por Alexandra Watson


Capítulo 3
Um perfil não mais desconhecido


Notas iniciais do capítulo

Voltei, amores. Enfim, acho que já posso postar mais frequentemente essa fic porque já acho que sou capaz de voltar a escrever, sendo que essa já está está praticamente pronta.
*Divirtam-se*



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Eu me sentei. Eu não podia conhecer ele. Eu me lembraria pelo menos de seu rosto ou de seu nome.

– Ron, com quantos anos nós nos conhecemos?

– Nós nos conhecemos aos onze, mas aos doze você mudou de escola e nós nunca mais nos vimos.

Aquilo podia fazer sentido, as datas se encaixavam. E ele parecia se encaixar num perfil desconhecido que ninguém se lembrava.

– Ron, qual era nossa relação naquela época?

– Como assim relação?

– Nós éramos o que? Amigos? Só colegas? Eu te coloquei na friendzone? O que?

– Bom, pra mim nós éramos melhores amigos, mas parece que pra você não era assim já que nem lembrava meu nome.

Eu o tinha achado. Meu melhor amigo. Levantei-me e corri para meu quarto. O barulho de outros pés que não os meus batendo no chão indicavam que ele estava me seguindo. Entrei em meu quarto e fui até minha estante. Tirei de lá uma caixa em que guardava coisas da minha infância. Coloquei-a em cima da cama e me sentei. Senti Ron se sentando ao meu lado e abri a caixa. Tirei de lá de dentro alguns caderninhos, algumas pulseiras e coisas variadas que eu guardara. Até que cheguei em uma caixinha menor onde tinha um colar. Era o meu bem mais precioso da infância porque havia ganhado de meu melhor amigo mas o problema é que, depois que sofri o acidente, eu não me lembrava dele. Ergui o colar e ele pegou da minha mão.

– Você guardou isso?

– É claro, Ron. Você foi o meu melhor amigo e, até o começo desse ano em que Harry entrou na escola, eu não tinha ninguém pra chamar de amigo, mas ninguém nunca foi como você.

– Mi, você não lembrava nem meu nome, como ...?

– Ron, aos doze anos, logo depois que eu sai da escola, eu sofri um acidente no qual eu bati a cabeça e perdi um pedaço de minha memória – levantei a franja e mostrei a ele minha cicatriz. – Eu esqueci de muitas coisas que aconteceram na infância e só consegui lembrar da maioria porque meus pais me ajudaram, mas, por ter mudado de escola, os antigos amigos ficaram pra traz e meus pais não sabiam me falar direito de você.

– Mas – ele pegou algumas fotos que tinham ali – tem várias fotos minhas aqui. Como eles não lembravam de mim?

– Acontece que eles só te conheciam assim de vista e eu tinha apresentado você como meu melhor amigo e ... Rony. Rony, é isso. Mas minha mãe não sabia falar direito de você porque passávamos a maioria do tempo na rua e eu não falava muito de você. Eu escrevia – peguei um dos cadernos e folheei. – Aqui, eu contava sobre o que nós fazíamos e tudo, mas nunca mencionei como você era ou seu nome, caso algum dia alguém achasse, por isso nem ela e nem eu sabíamos dizer quem você era e por isso você era um tipo de um perfil que faltava nas minhas memórias.

– Uau. Isso deve ter sido horrível.

– Foi. Quando eu sai do hospital, meus pais falavam sobre coisas que eu havia feito e quando eu perguntava sobre você, se você ao menos existia, eles não sabiam me dizer quem você era.

– Mas como você não me reconheceu assim que me viu?

– Ron, olhe para essas fotos e olhe pra você agora. Você era um magrelo desengonçado e com um cabelo comprido.

– É, isso é verdade – ele continuou a folhear meu caderno e, só depois de ele chegar em uma página cheia de coraçõezinhos que eu me lembrei de que aquilo costumava ser meu diário aos onze anos. Então ele começou a ler. – “Querido diário, hoje eu e Rony fomos passear no shopping, só nós dois e nós fomos ver um filme e ele segurou a minha mãe enquanto nós passeávamos. Acho que eu gosto dele, mas eu não sei se ele gosta de mim. Ele é super fofo comigo e tudo, mas será que ele gosta de mim?” – eu estava corando muito nessa hora. Ele olhou pra mim e eu abaixei meu olhar.

Depois de um tempo bastante grande, ele levantou meu queixo.

– Procede a informação?

– Qual informação?

– A de que você gosta de mim?

– Faz muito tempo desde que eu não vejo você e nem sei quem você é – olhei para ele. – Isso só fez eu sentir mais saudades de você e gostar ainda mais de você. Então sim, acho que eu ainda gosto de você.

– Ainda bem. Porque seria muito chato se eu gostasse de você e você não gostasse nem um pouquinho de mim.

– É sério isso?

– Como não, Mi? É vergonhoso admitir isso, mas você foi a primeira menina que eu gostei.

Aproximei nossos rostos e beijei-o. Ele passou a mão por minhas costas e me puxou para seu colo. Eu havia me esquecido da caixa ali em cima, a qual nós podíamos quebrar e tudo mas eu não me importei. Meu melhor amigo desconhecido/primeiro amor de adolescente estava ali comigo.

Quando as coisas estavam começando a ficarem boas, uma música começou a tocar.

– Droga – ele murmurou e se afastou um pouco de mim. – É minha mãe.

Enquanto ele falava com Molly sobre como nós estávamos bem e tudo eu me arrumava e guardava minha caixa. Ele desligou e olhou pra mim. Ele estava do outro lado da cama, então eu dei a volta e ergui a mão.

– Vamos. Eu tô com fome de novo.

Ele pegou minha mão e fomos até a sala de novo onde o filme estava em uma parte que eu tinha medo, então minha primeira reação ao chegar na sala e olhar pra TV foi me virar e abraçar Ron.

– Você pode me ajudar a chegar no sofá? Eu odeio essa parte.

Ele me levantou pelas pernas e me colocou sentada no sofá.

– Você quer trocar de filme?

– Uhum. A última vez que vi esse filme eu estava com Harry e ia dormir na casa de minha prima e dormir na mesma cama que ela. Eu não tenho minha prima hoje então é melhor nem assistir.

– Ok. Você quer o musical ou o desenho?

– Musical. Vamos pedir a pizza?

– Claro – ele pegou o telefone. – Qual é o endereço daqui?

– Fala que é na casa dos Granger que eles sabem onde é.

– Ok.

Ele foi para a cozinha e quando voltou estava com o dinheiro na mão já.

– Ué, por que você pegou esse dinheiro?

– O atendente disse que eles não estão fazendo entregas hoje e que precisaríamos buscar. Se você quiser ficar ai, eu vou.

– É claro que eu vou com você, Ron. Só deixa eu colocar um gorro, luvas, essas coisas pra não morrer lá fora.

– Tudo bem.

Fui em direção a meu quarto, mas ele me seguiu e me agarrou quando cheguei na porta.

– Ron ... eu tô com fome – nada. – Precisamos ir buscar a pizza.

– A gente podia ir só depois buscar essa pizza, não podia?

– Se nós formos agora buscar essa pizza, depois de comer eu sou toda sua, ok?

Eu não devia ter dito isso. Pelo menos não dessa forma porque ele deu um sorriso muito malicioso pro meu gosto.

– Ok, se for assim, vamos? – ele me deu um braço, como se fossemos dançar. Bati em seu braço antes de entrar no quarto.

– Deixa eu colocar meu gorro antes.

Entrei no quarto e peguei roupas secas para me trocar. Depois de pronta, sai do quarto e acompanhei Ron.

– Podemos ir? – ele perguntou.

– Claro. Do que você escolheu?

– Quatro queijos.

– Minha favorita.

– É, eu sei. Você só pedia essa pizza quando nós éramos menores.

– Sério? Ninguém me lembrou disso, eu tive que me lembrar sozinha.

– Mas e as coisas da escola? Fatos históricos, essas coisas?

– Eu não me lembro muito bem o que o médico disse, mas era alguma coisa do tipo que eu só esqueci coisas emocionais e pessoais, não as coisas escolares, que não provocaram grandes emoções.

– Interessante.

– Você acha?

– Acho. Não a parte de você ter esquecido as coisas e tals, mas o fato de você só ter esquecido as coisas que provocaram fortes emoções em você.

– É. Houveram algumas coisas pessoais que eu consegui lembrar depois de algum tempo, e isso me fez pensar se elas não foram insignificantes quase.

– Então só as coisas que você não lembrou é que tiveram algum efeito, por assim dizer, em você?

– É. Acho que foi por isso que eu não me lembrava de nada ao seu respeito. Eu fiquei muito triste quando sai da escola e nós nunca mais nos vimos.

Ele me abraçou e nós saímos em direção a esquina.

– Me desculpe, Mi. Também não gostei de você ter saído, mas minha mãe não quis me mudar de escola na época.

Fiquei em silêncio. Não ia começar a falar pra ele como haviam sido horríveis esses dois anos (eu havia feito quinze no começo do ano e foi a época em que Harry entrou) sem ele e sem nenhum amigo basicamente. Se começasse, ia começar a chorar. Foi uma época de muito bulling. Mas não aquele tipo de bulling entre amigos, que é mais uma zoação, bulling de verdade. As meninas, principalmente, sempre me chamaram de nerd, CDF, feia, antissocial, entre outras. Quando Harry entrou na escola, ele me dizia que era inveja delas e tudo, mas eu não me convencia disso, só que não ligava mais pra isso porque tinha Harry. Ron notou meu silêncio e me cutucou.

– O que foi?

– Nada.

– Vamos, eu conheço você. Tem alguma coisa que você pensou em contar, mas prefere não dizer.

– Parece que você me conhece mesmo – murmurei. – Quando nós chegarmos em casa eu te digo.

– Ok – ele pegou minha mão e fomos assim até chegar na pizzaria. Entramos e o atendente, um amigo meu de infância, que estava fazendo um bico durante as férias da faculdade, acenou para mim. Um fato sobre ele é que ele era gay e simplesmente uma das melhores pessoas que eu já conhecera.

– Então você está namorando senhorita Granger?

– Nem pense nisso, Peter. Se eu te disser quem ele é, você não vai acreditar.

– Sou todo ouvidos.

– Esse é o Ron, Peter.

– Ron?

– Rony. Lembra dele? Eu te falei dele quando eu era pequena mas ai eu sofri o acidente e sempre dizia que tinha um “perfil perdido” na minha vida. Então, é ele e ele voltou a estudar na minha escola.

– Então agora você já tem sua memória totalmente restaurada. O que vai fazer?

– O que venho fazendo sempre, vivendo, só que agora com ele também.

– Mas e o Harry?

– O que que tem o Harry?

– Ele não vai ficar com ciúmes?

– É claro que não. Eu amo os dois igualmente.

– Será? – ele me deu um sorriso malicioso. Sim, ele sabia da minha queda por Ron porque eu havia contado a ele quando menor. Ele era como um irmão mais velho pra mim.

– Para com isso, ok?

– Hermione, eu consigo ver em seus olhos, você gosta dele.

– Fala mais alto, acho que ainda não te escutaram lá no Everest.

– Tá, desculpa.

E ficamos conversando até que a pizza ficou pronta. Contei pra ele tudo, desde a notícia de que meus pais iriam viajar até o momento presente. Não omiti a parte de que havíamos nos beijado.

– Então vocês dois estão em casa sozinhos, você acabou de saber que ele era o menino pelo qual você tinha uma quedinha, vocês tem a casa pra vocês até amanhã de manhã e ele acabou de tirar seu BV. Olha, não é por nada não, mas eu acho que ...

– Você não acha nada, Peter. Até porque não tem nada pra achar. Tá aqui o dinheiro, tchau - dei um beijo em sua bochecha, corando, e ele riu enquanto eu me virava pra sair.

Chamei Ron, que estava sentado numa das mesas e nós saímos lá fora.

– Vamos rápido antes que a pizza esfrie.

– Então, quem era seu amigo? – ciúmes?

– Peter. Ele é meu amigo desde que eu me conheço por gente.

– E vocês são quanto próximo um do outro?

– Ronald, ele é gay. E tem um namorado, Thomas.

A cara de surpresa/alivio dele foi incrível.

– Ah, nesse caso, por que não nos apresentou?

– Porque você ficou sentado brincando com os palitos da mesa, só por isso.

– Faz sentido – chegamos em casa e, depois de entrarmos, tranquei a porta.

Ele pegou a pizza e foi em direção à sala, enquanto eu pegava guardanapos, copos e refrigerante. Me sentei ao lado dele, novamente no chão.

– Então, você ainda não me disse o que estava pensando àquela hora – ele disse dando play no filme.

– Que hora? –me fiz de desentendida.

– Quando nós estávamos indo em direção a pizzaria.

Mordi um pedaço enorme de pizza e apontei pra minha boca. Ele fez uma cara de “você não pode mastigar esse pedaço pra sempre”. E era verdade. Quando terminei de mastigar, ele segurou meu braço antes que eu pudesse morder minha pizza novamente.

– Mi, eu estava falando sobre como fiquei triste quando você foi embora e você concordou.

– Foi porque eu também fiquei triste, Ron.

– É, mas depois você ficou num silêncio muito suspeito. Pode falar, eu sou seu melhor amigo.

– Tecnicamente, se você fosse meu melhor amigo, você estaria na friendzone, então ...

– Hermione Jean Granger, diga de uma vez por todas o que aflige o seu coraçãozinho.

– Tá bom. Tudo começou quando eu fui para a escola nova. A essa altura já havia acontecido o acidente e tudo mais. Era o primeiro dia de aula e ele foi basicamente como o de hoje, só que ao invés de ser você me chamando de sabe-tudo, eram uma meninas mexendo comigo.

– Mas você sabe que eu só fiz isso pra ...

– Eu sei, Ron. O que eu quis dizer foi que elas estavam sendo maldosas de verdade. Então foi ai que começou o verdadeiro bulling, porque elas eram, na verdade são, as patricinhas da escola e todos seguiam elas fielmente. Ai vieram os apelidinhos e tudo e até o começo desse ano, em que Harry entrou, eu era sozinha. Mas ai ele sempre melhorava meu astral e tudo.

Ele ficou em silêncio enquanto eu mordia minha pizza.

– E agora? Elas pararam?

– Na verdade não, mas elas diminuíram um pouco as zoações. Pelo menos perto de Harry, e como eu estou sempre perto de Harry ...

– Então quer dizer que você só não sofre bulling porque anda perto do Harry?

– É.

– Mi, eu ... me desculpe, eu não devia ter tocado nesse assunto, eu ...

– Ron, tá tudo bem, não é como se isso fosse sua culpa ou coisa do tipo. E eu até já me acostumei com isso.

– Mas Mi, isso não é uma coisa com a qual se acostume. E seus pais? Você não contou a eles?

– Contei, mas eles já foram falar diversas vezes com a diretora e ela já falou diversas vezes com a sala e coisas do tipo e por alguns dias eles pararam, mas depois eles voltavam.

Ele passou o braço por meu ombro e colocou o que havia restado de sua pizza de volta na caixa. Eu fiz mesmo com o restante da minha e deitei minha cabeça em seu ombro.

– Olha, seu amigo Harry tem razão, Mi. Elas só fizeram isso por inveja.

– Como você pode ter certeza, Ron? Você já viu elas? Elas sempre estão perfeitas com maquiagens e roupas curtas que fazem com que elas tenham aquela popularidade. Enquanto elas são super populares e vão a festas toda semana eu fico aqui, estudando. Como elas poderiam ter inveja de mim?

– Mi, pensa no que você acabou de dizer, elas estão sempre perfeitas de maquiagens enquanto você fica perfeita sem maquiagem. Elas usam essas roupas curtas, mesmo que de marcas, e só mostram o quanto são vulgares. Elas vão a essas festas e você fica aqui estudando, certo? Agora me diga, quem vai passar numa faculdade boa? Você ou elas?

– Tudo bem, eu vou pra uma faculdade mas elas também vão porque, eu não sei se você reparou, os pais de todas elas são milionários que sustentam a popularidade delas comprando coisas de marca, Ron. Elas aproveitam a vida, elas tem amigos, ela são felizes.

– Mas você tem ao Harry e agora você tem a mim, lembra?

– É, eu sei e agradeço por isso, Ron. Mas, sei lá, ainda deve ser muito legal sair pra uma festa ou outra de vez em quando.

– Então pra você ser feliz no momento você só quer ir a uma festa? É isso?

– Por enquanto sim.

– Ok, então – ele se levantou e foi em direção ao quarto de Maya. Ele voltou de lá com um notebook nas mãos. – A senha do wi fi por favor.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Até a próxima, amores.
Beijinhos.
— A



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