As semanas se passaram e tudo voltou ao normal na casa dos Russo. Faltavam apenas cinco dias para o Natal, e a família decidiu passar as próximas semanas na casa da mãe de Theresa, em Chicago, Illinois. Mesmo sendo castigada com fortes nevascas, ainda era um excelente lugar para as festas de fim de ano. Depois de muita insistência e muitas carinhas-de-cachorro-abandonado, Jerry permitiu que Alex levasse Harper junto. Agora, estavam todos no velho carro da família, em direção a Chicago.

"Jerry, querido, você levou o carro pra oficina semana passada, certo?” Theresa perguntou desconfiada.

“Erm, não exatamente, na verdade...”

“JERRY!”

“Fica calma, o carro está em perfeitas condições! Eu e Justin fizemos um check-up nele ontem.”

“Você e o Justin? Fala sério? Prefiro viajar em um tapete mágico com o Max no controle que nesse carro. Mãããe!” Alex debochou.

“Alex, eu sei que você odeia viagens em família, mas relaxa, ok? Quando chegarmos lá, você e Harper podem fazer o que quiserem, contanto que não sejam presas.” Theresa disse, num tom realmente sério – e com razão, considerando o ‘pequeno incidente’ na última viagem de férias.

“Tá, tá, que seja.” resmungou a jovem.

“Pai, quanto tempo falta pra chegarmos lá?” Justin perguntou impaciente. Ficar em um carro minúsculo com Harper ao seu lado, sem parar de falar e ‘acidentalmente’ caindo em seu colo ‘por causa da virada do carro’ era, definitivamente, o pior dos castigos.

“Pouco.”

“Pouco, quanto?”

“Pouco, pouco.”

“Pai!”

“Falta pouco, agora senta aí e fica quieto!”

“Jerry, você não se perdeu DE NOVO, né?” A Russo mais velha questionou o marido.

“Claro que não.”

“Jerry...”

“Ok, sim.”

“Já chega, vamos chegar na casa da vovó bem rápido agora!” Alex exclamou.

“Sério? E como, gênio?” O garoto perguntou, desviando do braço de Harper, na tentativa frustrada da garota de lhe abraçar.

“Com mágica!”

“Não, Alex, não, você não vai usar mágica!” O pai gritou, porém tarde demais. “Alex, abaixe essa varinha agora! Alex, Al-” Ele não teve tempo de completar, pois logo a família encontrou-se em frente á casa de Madalena. A mesma abriu a porta, após ouvir o barulho provocado pelo feitiço.

“Ei, chegaram rápido!” disse.  “Pensei que chegariam amanhã.”

“Bom, tivemos uma pequena mudança no cronograma,” Jerry respondeu, olhando para Alex. “e aqui estamos.”

“Certo, certo, entrem, já vai anoitecer e está nevando!” Madalena logo falou, apontando para o interior da casa. “Vou fazer o jantar.”

“Vamos, todos para dentro!” Theresa ordenou os adolescentes.

Todos entraram, com as respectivas malas, que, não me pergunte como, apareceram em suas mãos enquanto adentravam o lar. Após o jantar e se instalarem nos quartos da grande casa, cada um foi para seu quarto. Alex e Harper, que estavam dividindo o quarto, conversavam sobre coisas
aleatórias. Justin e Max jogavam videogame na sala e os adultos estavam na
cozinha, conversando.

-o-

Era Natal. Após o jantar e troca de presentes, estavam todos reunidos na sala. Harper e Madalena opinavam sobre a camisa dada a Jerry por Theresa. Justin observava Max com seu novo jogo, quando percebeu que Alex não estava lá. Pediu licença e caminhou pela casa. Ao passar pelo corredor, a viu na cama de seu quarto, observando uma foto. Não teve tempo de ver a imagem, pois seus passos em direção a ela fizeram barulho, por conta do carpete antigo. Ela se assustou e rapidamente escondeu a fotografia. Ele não se importou, e sentou ao seu lado, na beira da cama.

“Ei, por que você não tá lá na sala, com todo mundo?”

“Como se você se importasse!” ela debochou, dando um sorriso fraco.

Ele estranhou “Alex, tudo bem?”

“Olha, eu to bem, ok? Só estou cansada, quer por favor sair do meu quarto?”

“Alex, por favor, você consegue mentir melhor que isso!”

“Cai fora, Justin.”

“Não.”

“Justin, sai.”

“Não.”

“Sai.”

“NÃO!” ele disse, aumentando o tom. “Alex, eu não vou sair até você me dizer o q-” Ele jamais completou a frase, pois foi calado com os lábios de Alex pressionando os seus. E sem entender what the fuck estava acontecendo, simplesmente beijou-a de volta.

Os dois poderiam ter ficado ali por horas, minutos, ou quem sabe apenas alguns segundos, o que era o mais provável. Quando o maldito fôlego faltou, ambos romperam o beijo, e ficaram olhando um para o outro, em completo choque.

“Eu-“ Alex começou, mas sua voz morreu quando Max entrou no quarto.

“Ei, Justin, quer jogar contra mim? Papai acabou de perder, e bem feio... não acho que ele vá se recuperar!” Max disse num tom sério.

Justin riu com o drama do irmão mais novo. “Certo, vamos lá!” Respondeu, e saiu do quarto, embora sua mente ainda estivesse sem raciocinar muito bem.

Alex se jogou de costas na cama. Pegou a foto que escondera antes. Era uma foto antiga, dela e de Justin, no parque, quando tinham 7 e 9 anos, respectivamente. Ela tinha o olhar pousado em algum brinquedo aleatório, enquanto Justin a puxava pela cintura, tentando arrastá-la para o outro lado. Ela riu com a lembrança, mas o sorriso logo se desfez ao pensar no que acabara de fazer.

“Porra, o que eu acabei de fazer? Ele deve me odiar agora, com certeza. Mas foi tão bom... Merda!”

Ela fechou os olhos e, não pela primeira vez, desejou que sua vida fosse um pouco mais simples.