Alpha: O mundo antes de Divergente escrita por Regiane Belmonte


Capítulo 10
Capítulo 10




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Depois de um tempo forcei meus olhos a abrirem, eles demoraram um pouco para entrar em foco, mas logo me senti capaz de me sentar e encostar-se às paredes do vagão. Meus óculos estavam tortos no rosto, os ajeitei com o dedo indicador, olhei para onde Tori e George estavam, e lancei um sorriso na direção deles. Nós conseguimos, estamos bem e juntos.

– Boa CDF, isso não foi nada gracioso, mas você tem tempo para aperfeiçoar. – assustei ao ouvir aquela voz, quando procurei sua origem encontrei Cobra na porta do vagão encostado extremamente descontraído, seu sorriso era encantador e travesso, enigmático. Como alguém conseguia sorrir assim?

–Superei suas expectativas então? – perguntei rindo.

– Sim e espero que isso não vire rotina, não gosto de ser surpreendido. – Seu sorriso continuava lá enquanto ele brincada com alguma coisa azul nos dedos. Ele veio caminhando lentamente até onde eu estava e se sentou ao meu lado. – Acho que você vai gostar de ter isso pra passar pela iniciação, não sei exatamente porque, mas acho que você gosta dele. – ele me entregou o objeto em suas mãos e quando eu vi meu coração apertou, era o meu colar, ele estava arrebentado, a corrente de ouro era tão fina que não aguentou essa manobra bruta.

– Oh não, meu colar, ele arrebentou. – olhei desolada para Tori e George, minha única lembrança dos meus pais estava quebrada, eu não poderia usar ele novamente, aquilo não podia estar acontecendo.

– Hey, calma novata, não vai chorar néh? É só um colar, você agora faz parte da Audácia, não choramos sabia? – Cobra tentou me animar, mas não teve sucesso algum.

Olhei para o fio dourado inútil em meus dedos, desejando mais do que tudo que ele tivesse permanecido inteiro.

– Tah, tudo bem, não faz essa cara de quem vai chorar a qualquer momento. – Cobra estourou um fio em seu punho, era uma pulseira que dava várias voltas, parecia ser feita de couro. Descartando o fio dourado ele pegou o pingente de minhas mãos, passou a pulseira dele pela argola e deu um nó, unindo as pontas – Viu só? Nem tudo na Audácia significa destruição, às vezes você só precisa saber o que fazer com o que tem em mãos. – Ele passou o cordão improvisado pela minha cabeça e deixou o pingente de safira repousar em meu pescoço.

– Obrigado. – não sabia como agradecer, mas tinha certeza que o Cobra, não era um membro da Audácia comum.

– Pare de agir como uma Careta. – ele se levantou e disse como se aquilo o divertisse muito. – Levantem seus molengas, esta quase na hora.

– Quase na hora do que? – George perguntou. Quase me esqueci de que eles estavam aqui também. Cobra soltou outra risada debochada.

– Se o trem não parou pra vocês subirem, porque acham que ele vai parar para descerem? Provem que merecem estar aqui. – Nos levantamos e fomos perto da porta para olhar. Mesmo segurando nas paredes do vagão a impressão era de que ia despencar em queda livre a qualquer momento, seja onde quer que estejamos, estamos alto, muito alto, mas o trem esta diminuindo a velocidade, o que ajuda a reparar no alvo que se aproxima. Um prédio enorme se aproxima e a medida que os vagões vão passando por ele, pessoas saltam para cima do telhado.

– Vocês estão malucos? Devem ter uns três metros de distância entre o trem e o telhado do prédio, não podem querer mesmo que pulemos isso. – Tori parecia perto a ter um ataque. – É suicídio.

– Não é audaciosa o suficiente pra isso? Basta ficar no vagão e ser uma Sem Facção, não precisa pular, só pule se achar que deve, você nos escolheu lembra? – Ele olhou de relance para Tori. – Aposto que sua amiga aqui pula. – Cobra falou me indicando com a cabeça.

Coloquei meu pingente dentro da camiseta, não o perderia por nada, fui até a Tori, segurei em sua mão e disse o mais convicta que a situação me permitia ser.

– Nós vamos juntas, nós três vamos. Vamos pular ao mesmo tempo, vou segurar na sua mão e só vou se você for. – Tori estava com medo, mas fez que sim com a cabeça.

– É melhor se apressarem então, o telhado não é muito extenso, precisam ser rápidos, encontro vocês na próxima etapa. – assim que a primeira ponta do telhado apareceu, Cobra pulou e graciosamente efetuou um rolamento, levantando com perfeição e correndo.

– Na minha contagem. Um, - segurei a mão da Tori. – dois, - George pegou na minha mão. – três, - respiramos fundo e olhamos para frente. – e já.
Saímos correndo e saltamos do trem. A parte boa era que o chão não era completamente duro, a parte ruim era que pedras cobriam todo o espaço aonde caímos, devia ter sido algum tipo de paisagismo contemporâneo, prédios geralmente não tinham jardins em telhados. As pedras pioraram a dor da aterrissagem no trem, em vez de só doer, agora ardia. Eu estava suando tanto que sentia o suor escorrendo pela nuca em direção as costas, então me levantei e olhei em volta.

–Alguma coisa ainda pode piorar? – perguntei.

– Nunca duvide que sim. – Tori se levantava com dificuldade, George se apressou em se levantar para ajudar a irmã. – Você está bem?

– Acho que sim, só estou suando frio. – vi um grupo de vestes parado mais a frente. – Vamos, eles não estão longe. – comecei a andar em direção aquela massa de pessoas quando Tori falou desesperada.

– Naomi, você está sangrando.


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