O ensandecer das luzes escrita por Matheus Cavallini Amaral


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Bem espero que gostem, se possível enviem mensagens com dicas para eu melhorar, ou simplesmente opinando sobre a história.Agradeço desde já! Boa leitura.



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A densa escuridão dominava todo o continente, a lua brilhava com todo o seu esplendor de astro, juntos lua e noite parecendo entrelaçar-se como amantes em um caloroso encontro. Em Garrain, uma das maiores florestas do mundo, evitada por dizerem ser amaldiçoada, a noite tomava proporções imensas, inundando-a de tal modo que poucos eram os animais que se agitavam durante a noite, até mesmo o pequeno barulho desses animais parecia ser engolido e silenciado por uma noite tão intensa. Um homem jazia deitado recostado em uma árvore, levantou-se lentamente de um sono desconfortável e desatou a caminhar em busca da saída da floresta, trajava consigo vestes de couro simples, encoberta por uma cota de malha, do seu cinturão pendia uma espada, com o punho de couro envelhecido pelos anos de uso, esta que o deixava com ares de um grande guerreiro. Seguiu com sua caminhada mudando de direção diversas vezes, em busca de um atalho para deixar a floresta, depois de horas andando resolveu golpear as árvores, de modo que caso passasse por elas novamente apenas mudaria de direção, contudo a floresta mostrava-se sádica, suas árvores pareciam mudar de lugar, suas marcações começavam a desaparecer. Distante de onde o homem se encontrava uma frágil risada ecoou entre as poderosas árvores.

–Quem vem lá?! - urrou o mercenário na direção do riso.

Nada respondeu, os animais então cessaram, nenhum som mais era escutado, desde o bater rápido das asas de um morcego até o rastejar de uma cobra, em seguida a noite parecia incidir mais fortemente na floresta, invadindo-a eliminando a pouca luz que passava entre folhas das grandes árvores. Com sua espada em punho, o homem seguiu em direção de onde viera o riso.

Vozes então ecoaram na mente do guerreiro, amigos queridos, familiares, os quais há muito trabalhavam nos campos santos de Angrid, relutante o homem continuou avançando, não sabendo se sua mente havia quebrado , ou se de fato a floresta era amaldiçoada, sombras começaram a aparecer, sombras brancas sem rosto, cortavam rapidamente o caminho entre as árvores seguindo na mesma direção em que o homem estava indo, não emitiam nenhum som, porém um ar lúgubre atingia o caminho por onde passavam.

Seguidos mais alguns minutos da caminhada as sombras pararam atrás de uma grande árvore, logo em seguida estava a entrada para uma clareira, mas algo guardava essa entrada, um ser grande com olhos carmesim ficando ali, parados fitando o homem, sem emitir nenhum som, mas a sombra parecia exalar medo e desesperança, o homem então deu um passo em direção a entrada da clareira, os olhos do ser ficaram maiores e agora choravam sangue, os dentes brancos viravam presas e a criatura ria fracamente, mas sequer por um segundo tirava os olhos do homem, com o sinal as sombras brancas começaram a avançar lentamente, porque haveriam de ter pressa? A noite ali duraria para sempre.

Enfrentando a forte escuridão que ali estava, uma fraca luz azul começou a brilhar ao longe, de sua direção um som fraco, que dentro da floresta tomou um caráter disforme como um sussurro de um assassino durante a noite. Os olhos vermelhos agora fitavam a luz ao longe, um acaso do destino talvez, o homem então golpeou o ser com sua espada, com um estridente som, como um animal guinchando pouco antes de morrer, os olhos desapareceram e a escuridão que ali estava pareceu retroceder um pouco, dando lugar para que a frágil luz da lua atingisse o solo da floresta. Um corpo jazia onde deveria estar o ser de olhos vermelhos, era um homem, com longos e grisalhos cabelos, o rosto demarcado pela idade e pelo cansaço, trajava consigo uma grossa armadura de escamas, junto de uma espada bastarda presa em suas costas. Os olhos do mercenário começaram a lacrimejar diante da figura do pai, morto pelas mãos do próprio filho. Um terror abateu-se então em seu coração, uma dor imensurável, mais forte que o qualquer dano pela espada, mais triste que qualquer derrota, o pai morto nos braços do filho, olhando cegamente um lugar, os olhos vermelhos já não estavam la, somente os olhos vidrados de um morto. O corpo do velho desapareceu em meio a uma névoa branca e deixara o local como se nunca houvesse tido qualquer coisa naquele lugar, as lagrimas por fim vieram, e em silêncio o homem fez um sinal em delta no peito com as mãos e proferiu: "Que a luz ilumine o caminho daqueles que foram mandados aos escuros campos devastados".

Ao longe algo ria das palavras do homem, como se aquela última benção sequer valesse de algo, o som da risada ecoava fortemente na floresta, não se sabia de onde vinha, pois o som estava em todos os lugares, aproximando-se lentamente, em todas as direções, o som de metal raspando em couro fez-se retumbar, e junto ao riso avançaram contra o homem.

Uma enorme bola de fogo desceu dos céus, devastando todo o lugar ao redor do homem, deixando os férteis solos agora queimados, por uma chama tão intensa quanto o próprio sol, uma sombra pairou rapidamente, de onde havia vindo as chamas e sem demora foi embora.Essas chamas pareciam estar do lado do ser que ria, pois abria caminho para ele chegar cada vez mais rápido. Na fronteira da clareira recém formada algo apareceu, era enorme, usava uma armadura tão negra que a escuridão parecia parte dela, trajava uma espada bastarda capaz de destruir o mais fortes escudos em poucos senão apenas um golpe, a espada estava desembainhada e a torrente de fogo refletia nela, trazendo-a o aspecto de estar em chamas. O corpo era de um homem, extremamente alto e musculoso, e seu elmo era grosso deixando apenas os olhos para serem vistos, olhos vermelhos e negros, alternando entre essas cores.

–Quem é você?! - bradou o mercenário.

–Eu sou o teu medo, e o de todos os homens - respondeu - Como preferes morrer?

Com uma rápida prece, pedindo força à luz o mercenário preparou-se para lutar. "Não há para onde correr" ponderou ele. Ergueu então sua espada e avançou, lembrando-se do juramento prestado perante sua irmandade, lembrou-se também pelo que lutava. Vendo o avanço a criatura desatou a rir, e seu riso ecoou e se tornou tão alto que parecia que todo o mundo conseguia escutá-lo, golpeou então o mercenário com uma rápida estocada, o homem a defendeu com dificuldade, caindo no chão ao defender.

–Cansou-se tão depressa, mal tive tempo de me aquecer. - Ridicularizando o homem, contudo sua brincadeira estava certa, a defesa consumira toda a energia do mercenário de modo que este encontrava-se ofegante, o medo ficou mais forte em seu coração, como uma amante, entrelaçando-se a ele de modo que jamais conseguiria escapar. Com as mãos suando frio o homem ergueu-se apenas a tempo de defender mais um golpe e ser novamente derrubado. No momento em que caiu sabia que agora já não teria mais moral ou força para se levantar, seu corpo amolecera e sua energia se esvaía e aos poucos as sombras brancas o consumiam. A visão do sorriso de escárnio do homem incitou no mercenário um grande sentimento de ódio. Sua última lembrança enquanto as sombras consumiam seu corpo foi a grossa voz do ser duplicando-se e então recitar uma oração às trevas.

"Para a noite sacrifico este corpo, que as trevas o consumam junto ao fogo, que sua carne seja dilacerada em nome do escuro, que sua alma seja para sempre torturada nos campos devastados da própria morte!"


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Notas finais do capítulo

Se esta história for bem recebida, postarei mais capítulos até o momento postarei a cada quinze dias ou uma semana.Obrigado a todos que leram!



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