A Lira da Verdade escrita por Anns Krasy


Capítulo 1
Capítulo 1 - Noah


Notas iniciais do capítulo

Primeiro Capítulo. Essa história ia sair antes, mas tive uns probleminhas e não pude posta antes. Espero que gostem. Rsrs. Apesar de dizer o nome dos personagens, os capítulos serão em 3 pessoa porque não sou muito familiarizada com a primeira pessoa.



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N

O

A

H

O Egito não é tão sem-graça como muitas pessoas acham.

[Sim, Sadie, algumas pessoas imaginam o Egito assim. Não, Sadie, o Egito não é sóum buraco de areia. Você mesma sabe muito bem disso].

Não é tão sem-graça quando se sabe o segredo por traz de quase tudo. Noah lembrava claramente de ter ficado pasmo quando soube sobre os magos, descendentes dos antigos faraós do Egito. Ele havia ficado do mesmo jeito quando soube que era um meio-sangue. Sim, ele era um semideus. Os magos sabiam disso? Não. Ele contaria isso? Não. Não se pudesse deixar esse fato escondido. Noah havia encontrado um novo lar, ele não precisava mais ficar em uma casa minúscula e empoeirada e ser perseguido por monstros. Ele poderia ficar no Primeiro Nomo ou em qualquer outro Nomo. Ele não sabia que podia usar magia, não era nem mesmo filho de Hécate. Tudo aconteceu quando ele saiu para aquela missão, por causa daquele amuleto, o Olho de Hórus. Tempo depois, ele soube finalmente sobre os magos.

Agora, ele havia acabado de comprar uma passagem para Nova York. Não ele, exatamente, e sim Amós. Noah não estava na época, mas soube que Apófis havia tentado acabar com o mundo e os sobrinhos dele, Sadie e Carter, o haviam impedido. É naqueles momentos que você anda na corda bamba, e não olha nem para baixo. Ou seja, você nem sabia que o mundo estava prestes a acabar, e mesmo assim seguiu uma vida patética até agora. Sem adrenalina, não tem riscos, certo? Então digamos que tanto magos quando semideuses tem muita adrenalina nas veias.

Bom, Amós havia comprado duas passagens. Então Noah refletiu que eles iriam juntos para o Brooklin. Ele não estava muito seguro sobre ir de avião, mas como Zeus era seu avô ele pensou que talvez fosse seguro. Ele nunca tinha sido muito próximo de Zeus, já tinha ido ao Olimpo algumas vezes, porém ele era mais chegado a Hermes, Poseidon, Hefesto, Deméter e Ares. Sim, por incrível que pareça, ele era chegado a Ares, o deus da guerra.

A viagem foi longa e cansativa. O que é irônico: você está sentado e mesmo assim quando chega ao destino está totalmente exausto. A Casa da Vida era um armazém velho se olhado de realce, mas se você se concentrasse, poderia ver uma bela mansão resplandecendo.

– Nada como o lar. – Disse Amós. Ele se virou para Noah com um sorriso no rosto.

– Sim.

Na verdade, Noah nunca tinha ido para O Vigésimo Primeiro Nomo. Ele estava encantado, na verdade, mas como o resto de suas expressões, ele evitava expressa-las. Elas muitas vezes o entregavam numa luta, o inimigo achava rastros de fraqueza, e isso era péssimo. Para os semideuses, muitas vezes é lutar ou ser morto, então as emoções não eram o tópico numero um que eles deveriam mostrar. Deveria ser sua arma.

– Bem vindo ao Grande Salão.

Dentro, era muito mais incrível. O teto era sustentado por pilares de pedra com vários hieróglifos, havia uma imensa lareira com uma TV de plasma e enormes sofás voltados para ela. Mais adentro havia uma porta de carvalho presa com vários cadeados, o que levantava suspeitas, sendo que qualquer um podia dizer HA-DI e abrir aquela porta, apesar de o Olho de Hórus gravado nela mostrar que precisaria de muita concentração, ou ser um mago muito elevado para abri-la. Mesmo com o HA-DI. Além de tudo isso ainda havia a enorme estatua de Tot no meio do salão, com suas vestes antigas e egípcias e sua cabeça de animal, que lembrava um pássaro de bico longo. Em sua tábua de escriba estava o ankh e um retângulo em torno de seu arco superior. Per Ankh, que significava Casa da Vida. Mas agora, a estátua parecia ter sido pintada com giz de cera.

– É muito legal.

Não se viam muito estatuas de deuses no acampamento meio-sangue, apesar de no chalé 1 ter a estatua enorme de Zeus. Noah não sabia como estava a situação no acampamento, mas ficou sabendo pela ajuda de um amigo que eles tinham lutado contra Gaia e alguns semideuses romanos e que, tanto o acampamento dos romanos quanto os dos gregos haviam se juntado e a Atena Paternos tinha sido restaurada por Annabeth. Noah conhecia Annabeth. Ele havia chegado ao acampamento com seus dez anos de idade, e a conheceu. E depois fugiu.

Mas isso não vinha ao caso agora.

Na piscina externa Amós o apresentou a Filipe, o enorme crocodilo branco. Havia um macaco sentado na varanda, grunhindo para o crocodilo e vestindo a camiseta roxa dos Lakers. Por um momento, Noah piscou atordoado, mas conseguiu se manter indiferente.

–Ah, esse é Khufu.

O babuíno se voltou para eles.

– Arg! Arg-uhh! – Grunhiu ele para Amós e fitou Noah. – Arg?

– Khufu, este é Noah. Ele ficara por aqui por um tempo. – Explicou Amós.

– Arg!

Amós sorriu.

– Ele está perguntando se você tem um time em especial. E se sabe jogar. – Disse Amós. Noah piscou, ainda tentando absorver que havia um babuíno morando naquela imensa casa. Bem, um crocodilo até era normal, já que eles davam sorte e que muitos templos antigamente tinham fossos cheios deles. Mais um babuíno?

– Huh... Eu torço pelos Yankees. E, sim, sei jogar. – Respondeu o moreno.

O babuíno grunhiu, levemente chateado, rosnou uma vez para o ar e então pulou. Amós disse que ele estava discutindo o fato de que Noah deveria torcer pelos Lakers, mas o rapaz simplesmente encolheu os ombros e deu um sorriso falhado. Ele realmente torcia pelos Yankees. Mas não seria nada mal jogar uma partida de basquete com o babuíno. Noah viu que ambos iriam se dar muito bem, apesar de terem times opostos.

– Tio Amós! – Disse uma voz infantil.

– Sim, pequena? – A garotinha ainda deveria estar no jardim de infância, mais ela estendeu um desenho em giz de cera de o que deveria ser um serporpardo com várias armas cravadas nele e os olhos em “X”. – Oh, belo desenho!

– Matar gatos-cobras! Carter matou um! Sadie também! – Sorriu ela, como se estivesse ansiosa para quando ela mesma fosse matar um. Noah observou tudo quieto em seu quanto, como sempre ficava. Poucas pessoas o notavam, e assim era melhor. Ele nunca quis ser o centro das atenções, era bem melhor observar do que interagir.

– Oh, eles mataram, Shelby? – Repetiu Amós. A menininha assentiu. – Você também os ajudará em breve.

– Como Jaz, Bes e Ba...tet?

– Sim. Como eles.

A garotinha correu em direção as escadas, deixando cair giz de cera por onde andava. Alguns deles tremeluziam: uma hora transformavam-se em adagas e depois voltava a ser giz. Noah percebeu que eles já ajudavam as crianças mais novas no manuseio de armas. Como o acampamento.

– Noah? Noah. – Amós deveria estar tentando chamar sua atenção há algum tempo. O garoto murmurou um “hm?” e se virou para o tocador de jazz. – Está na hora de apresentar você aos magos do Vigésimo Primeiro Nomo.

–O.K.

Era muitos nomes para dar conta, mas de um em um eles iam se esbarrando e Amós os apresentava. Julius, Jaz, a pequena Shelby, Cléo... A mansão era enorme. Amós decidiu que Noah ficaria com um quarto no terceiro andar, o ultimo do corredor. Ele falou que naquele andar só tinha mais dois magos: seus sobrinhos Carter e Sadie. Seu quarto era incrível, uma cama de casal com vários travesseiros e o habitual descanso de cabeça de pedra que os magos usavam para manter seu Ba longe de futuros problemas. Lá tinha uma mini cozinha e algumas comidas americanas, uma pequena varanda que dava para Manhattan e um carpete.

– É incrível...

– Que bom que gostou.

Amós sorriu.

Ouviu-se um barulho no andar de baixo, e vários grunhidos que mais parecia uma palestra na língua dos macacos e babuínos. Houve um chiado de gato e então o som de algo como um prato de quebrando. Uma voz irritada esbravejou algo como “Carter seu idiota!” e então começou uma leve discursão. Que de leve não tinha nada. Noah ergueu uma sobrancelha para Amós e o tocador de Jazz simplesmente deu de ombros e avisou que iria subir para arrumar as salas de aulas “praticas”. Ele avisou que Noah começaria com as aulas amanhã também, junto com todos os iniciados e explicou que simplesmente precisaria do kit de mágica. Noah jogou sua mochila na cama, deu uma boa olhada em Manhattan, no Empire State e então deu meia volta, rumo a conhecer os que eram ditos: os magos mais poderosos, os Kane.

Noah não estava preparado para o que estava vendo. Era muito mais interessante do que a sua versão imaginada. Era um par de irmãos nada parecidos: um garoto de cabelos cacheados e escuros, pele morena. Ele suava uma camisa e calças de linho, além de tênis. E estava sujo, como alguém que tivesse rolado na grama. E uma garota de cabelos loiros com mexas roxas e com uma personalidade totalmente rebelde. Noah teve de admitir mentalmente... Ela era linda. Tinha olhos azuis suaves, não como os de Thalia, de um azul elétrico e agitado. Ambas eram rebeldes, mas ele tinha a sensação que havia uma enorme diferença não apenas no parentesco-mitológico: Thalia era rebelde de forma impulsiva, quando pequena falava o que queria e quando queria. Sadie parecia ser o tipo de garota que mandaria você simplesmente calar a boca, falaria coisas sarcásticas ou simplesmente reviraria os olhos. Ela era mais suave.

E eles estavam discutindo algo critico: quem havia comido o pudim da geladeira. Bem, Noah achava que era algo critico, pois ele não gostaria que estivesse guardando sua sobremesa e depois aparecesse uma pessoa e a comesse. Era muito cruel. O moreno ficou observando os dois discutirem por longos minutos, até que um garotinho apareceu rodeado de pinguins e interrompeu os dois.

– Sadie, Carter, tia Bastet disse para vocês pararem de brigar. Ela está ficando irritada. – Resmungou o garoto, com a boca cheia de um saco de cheetos.

– Esses são os meus cheetos?! – Rosnou Sadie.

Isso está ficando cada vez mais divertido, pensou Noah. Ele estava debruçado sobre o corrimão da escada, observando a discussão sem se intrometer e tentando esconder o sorriso que ele tanto queria reprimir. Ele cobriu seu riso com a mão.

– Foi o babuíno! Khufu me deu! – Disse o garoto, dando de ombros.

– KHUFU! DEPOIS NÃO FIQUE IRRITADO QUANDO EU DER TUDO QUE TERMINE EM O PARA O FELIX COMER! – Gritou ela, já sem paciência.

Ouviu-se o babuíno tentando protestar em grunhidos de macaco e então Sadie pareceu resolve que já era a hora de se acalmar. Houve um “Tsk”, e então uma mulher apareceu, já com as mãos na cintura. Ela tinha cabelos negros e presos num rabo de cavalo, usava um macacão pintado como uma onça e olhos amarelos como os dos felinos.

– Felix, está na hora de ajudar Shelby com a tarefa da escola. E vocês, filhotes – Ela apontou para Carter e Sadie –, Parem de discutir. Acabaram de chegar depois de eliminar serporpardos e agora vão gastar o resto de suas energias brigando?

Felix obedeceu, ele correu para a biblioteca com um sorriso no rosto e o rosto sujo de pó de cheetos. Ele deveria ser bem próximo daquela garotinha. Noah não sabia se era seguro para ele aproximar-se dela com aqueles giz-de-cera-que-viram-facas. Não seria sensato, mas suspeitava mesmo assim de que talvez Shelby nem mesmo soubesse usa-las adequadamente. Afinal, eles eram descendentes de faraós, bons em magicas e feitiços, e não filhos de deuses gregos que já nascem com a capacidade de lutar e se defender por si só. Semideuses já nascem para um campo de batalha, e são habilidosos por natureza. Se não, eles não viveriam muito depois dos quatorze anos se ainda não tivessem encontrado o acampamento.

Quem era ela, a mulher-ginasta...? Espera um minuto, ela chamou o faraó e a irmã dele de filhotes?! – Noah franziu a testa. A mulher-ginastica pareceu um pouco mais feliz quando Sadie e Carter pediram desculpas entre si, mas ainda estavam emburrados. E então ela olhou diretamente para Noah com seus olhos de felino, como se tivesse notado que tinham uma plateia de uma só pessoa. Em um segundo ela estava parada lá, no outro ela estava agachada no corrimão da escada com uma adaga em uma de suas mãos e a outra Noah supôs que ela fosse ameaça-lo, deixando-a próxima de seu pescoço.

E ela teria feito aquilo. Se Noah fosse lento. Ele interceptou, aranhando sua adaga com seu punhal e o bloqueando. Ambos sustentaram suas armas por um bom tempo, cada um forçando o outro até que um dos dois fraquejasse e fosse desarmado. A mulher-ginasta pareceu satisfeita, com um belo salto ela se esquivou do ataque com o punhal e pousou ao lado de Noah. Ela guardou as adagas, mais o rapaz ainda estava desconfiado.

– Você é bom. – Elogiou ela, com um sorriso no rosto. Então ela ronronou como se tivesse orgulhosa do bloqueio de Noah. Como se fosse um de seus filhotes e tivesse aprendido recentemente a usar razoavelmente um punhal.

– Você também. – Noah se permitiu dar um sorriso torto, mas ainda não guardou o punhal. Nunca se guarda uma arma para o oponente antes de tê-lo desarmado primeiro. Ele havia aprendido isso no jeito duro.

– Quem é você? – Disse uma voz que fez ambos se virarem. Noah ergueu uma sobrancelha. Os irmãos Kane olhavam fixamente para eles, Sadie estava de braços cruzados e Carter com a mão dentro de seu kit de magicas. Noah pensou que ele deveria ter uma ou duas coisas que um mago normal, como ele, não teria. E então soube exatamente o que ele estava segurando. Sua varinha.

– Vocês são Carter e Sadie Kane, certo?

Sadie continuou o observando com os olhos franzidos. Carter estava tenso, mas parecia mais sério do que com raiva.

– Sim. E você é?

– Noah.

O moreno sorriu.

– E o que o traz aqui? – Perguntou a mulher.

Por um momento Noah a observou. Havia uma aura poderosa em volta dela, sua essência estava misturada com o próprio Duat e com uma magia mais antiga e poderosa. Ela poderia ter desarmado e matado Noah com facilidade, imaginou ele. Somente agora ele havia notado que aquela mulher era uma deusa egípcia. Os olhos do garoto brilharam, e os da deusa também. Os dela brilharam por diversão, e finalmente ela havia percebido que Noah tinha descoberto quem ela era.

– Bastet. Você é Bastet. – Murmurou Noah, indiferente.

– Muito bem. Mas você não parece surpreso.

Ele deu de ombros.

– Amós disse que havia uma deusa egípcia aqui. Então digamos que o suspense já se extinguiu.

Bastet riu. Carter e Sadie pareciam um pouco surpresos. Aquele rapaz, Noah, falava com Bastet num tom casual, mas ao mesmo tempo formal e respeitoso. Como se ele estivesse tomando cautela com o que falasse, como se ele escolhesse as palavras que acharia melhor usar, e depois colocasse uma pitada de ironia, um pouco de atrevimento, e normalidade. A verdade? Noah já havia se encontrado com outros deuses. Já havia encontrado com seu pai. Já havia se encontrado com Hermes, com Atena. E com Hades. Já tinha ido ao Mundo Inferior e voltado. Já havia encontrado Perséfone e Deméter. Ele sabia como agir com os deuses, mas aqueles pareciam levar a ironia de um modo positivo. Aqueles deuses poderiam ser a forma mais “velha” do que os deuses gregos ou os romanos, mas alguns deles sabiam o que era ironia. Bastet era serena de um modo alerta, e essa característica havia continuado em sua forma grega, Ártemis.

– Você citou Amós. – Disse Carter. – Então você veio com ele.

Não era uma pergunta, mas Noah assentiu.

– E está aqui por que...?

Sadie fez um gesto com a mão, o incentivar a continuar falando.

– Digamos que ficarei por um tempo. Amós quer que eu aprenda com os Kane, os que derrotaram Apófis. E parece... Que não é só ele que quer isso.

Noah parecia agora distraído. Ele tinha total consciência de Bastet, Carter e Sadie o encarando. Ele sentia uma sensação que não havia sentido antes. Ele queria que tudo voltasse a ser como antes, treinar no acampamento meio-sangue... Não precisar decorar vários feitiços e simplesmente derrotar seus inimigos com uma lamina em punho. Era muito mais simples. Ele não era natural do Egito, como os magos. Sua natureza era uma luta de espadas, uma luta em que você arrisca sua vida e, no caso de Noah, uma luta solitária. Ele não tivera muitos amigos ou pessoas próximas, mas sempre tinha alguém para conversa no acampamento.

Ali? Ali ninguém o entendia.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Mereço review? e.e



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