“Essa é a minha Helena! -” Melenau gritou. “- Ela não é linda?” E gargalhou com seus amigos. “Vamos, Helena. Mostre-se. Mostre o meu tesouro!” Novamente a gargalhada desnecessária dominou todo o ambiente.
        Ele pegou uma caneca de vinho e tombou completamente bêbado, o que me deixou desconfortável, já que éramos os anfitriões, e meu marido estava ali, vulnerável e bêbado. 
        “Vamos, Helena. Mostre-se, meu bem.” Ele veio até mim, e tentou deixar seu rosto o mais delicado possível, é claro que foi em vão. A única coisa que vi, foram músculos e ossos retorcidos em sua face.
        “Sim, meu marido. Como quiser.” Eu respondi. Eu não queria, e nem poderia desafiá-lo. Então me levantei, com um de meus sorrisos iluminados e reverenciei a todos que estavam em volta da mesa enquanto Menelau segurava minha mão como um prêmio. 
        Eu nunca fui convencida, ou exibida apesar de já ter ouvido muitas vezes que teria motivos o suficiente para isso, mas eu de fato era linda.
        Alguns diziam que Afrodite teria estado presente no dia em que fui concebida, e que com isso, teria me presenteado com a beleza eterna; outros que eu seria filha de Zeus, e uma deusa mortal: rica em beleza e desafortunada no amor.

        Sobre esse ultimo minha mãe, Leda, nunca se pronunciou, ou negou. Sempre se manteve firme, e nunca tocou nesse assunto. Mas de certo modo, diziam que eu era muito parecida com a forma mortal de Zeus, e que seria eternamente desafortunada no amor pelo ódio que minha madrasta, Hera, teria de mim. 
        “Mas ela não é linda? Um tesouro!” Ele pronunciou, e só pudemos ouvir os seus soluços.
        “Peço permissão para sair, meu marido. Preciso ver nossa filha Hermíone.” Eu disse, olhando para todos. Eu teria que deixar bem claro o que iria fazer, para que ninguém considerasse uma afronta ao meu soberano, e marido. 
        “Mas é claro, minha Helena. Vá”
        Não me demorei, e saí da grande sala rapidamente.

         Subi as escadas evitando tocar nas paredes que foram confidentes de jovens apaixonados, e que serviram de cama para os mesmos. 
        Estava acontecendo uma grande festa no andar de baixo, porém, as pessoas que estavam lá não gostavam de mim, e eu muito menos delas. 
        “Minha querida Hermíone.” Eu disse para a pequena anjinha que estava a dormir, para minha anjinha. 
        Eu não queria acordá-la, mas precisava ver o brilho dos olhos esverdeados da minha pequena menina. Aqueles incríveis olhos delicados e profundos é que me davam força para continuar acordando todos os dias, e suportar o meu marido.
        Menelau era um anjo diante das pessoas, e de seus servos. Mas era um grosso e insensível, quando a só comigo.
        Ele sabia enganar a todos, inclusive a mim. Porque se eu soubesse como ele era, não o teria escolhido como marido, e companheiro de uma vida. 
        Ele gostava de jogos, e de ganhar principalmente. E se alguém fosse melhor do que ele, essa pessoa deveria deixá-lo feliz, e perder para que o ego de meu marido fosse fortalecido. 
        Eu jogava e dançava conforme sua música, e isso já estava me cansando.