No capítulo anterior...

Antes que elas pudessem dizer alguma coisa, procurei Damon com os olhos e atravessei o refeitório atrás dele.

Um misto de culpa e ódio tomou conta de mim e tive vontade de chorar. Com o canto dos olhos vi que Bonnie estava chorando, pois nunca tínhamos brigado tão feio assim...

Mas ainda havia algo que me atormentava...

___

P.O.V Elena

– Elena, você tá bem? - Damon me perguntou com uma voz dócil

– Tô, tô sim! - Respondi me virando e limpando as lágrimas

Damon abriu a boca para perguntar alguma coisa, mas fui salva pelo gongo, o sinal tocou e saí correndo para a aula de ciências, não estava com clima pra responder nada.

Ciências seriam as duas últimas aulas, e eu finalmente ia poder ir pra casa. Mas na verdade, eu não queria voltar pra lá, a tia Judith ia me atolar de perguntas e encher o saco dizendo com que eu devia e não devia me relacionar.

Assim que cheguei em casa, corri pro quarto e abri um baú antigo cheio de livros, peguei um livro mas larguei assim que me lembrei de uma coisa. Tirei todos os livros de cima e no fundo do baú peguei uma caixa de cigarros lacrada que eu tinha comprado há alguns tempos antes. Não, eu não fumei. Eu pensei em fumar, mas não fumei, mas agora seria o momento, eu estava estressada. Fechei a porta e abri as janelas para que o quarto não ficasse cheio de fumaça.

Apressadamente peguei um cigarro da caixa e comecei a tragar. Quando ficou só um cotoco joguei dentro de uma cesta de lixo. Me preparei para pegar outro quando tia Judith entrou no quarto.

– Elena venha...

Droga, droga, droga!

Escondi o cigarro o mais rápido possível, mas acho que mesmo com as janelas abertas ela sentiu o cheiro.

– Elena! Isso é cheiro de cigarro? - Ela estava MUITO irritada

– Acho que vem da rua - Eu estava gaguejando e estava aparentemente nervosa.

Tia Judith chegou perto de mim, me cheirou e em seguida olhou para a cesta de lixo.

– ELENA! VOCÊ ESTAVA FUMANDO! - Ela estava gritando

– Elena! - Ela estava visivelmente tentando se acalmar - Eu sei que é difícil pra você, mas eu estou me esforçando pra manter essa casa unida, e você quer estragar tudo?

Uma raiva tomou conta de mim, quem ela achava que era?

– Dane-se! Você quer fazer comigo e com Margaret o mesmo que fez com você?! Estragar nossas vidas? Nos transformar numas velhas fracassadas que a maior paixão é viver enfurnada numa cozinha idiota? - Eu já estava gritando também - Quer saber? Eu não quero isso pra minha vida, eu quero VIVER! Não é á toa que ninguém nunca quis você!

No exato momento em que disse isso me senti culpada, ela podia ser tudo, mas se esforçava pela gente.

Tia Judith veio correndo em minha direção. Ela deu um tapa em meu rosto tão forte que acabei caindo no chão

– Você... Eu... VOCÊ NÃO TEM O DIREITO - Eu já havia pirado e estava gritando e chorando!

– Eu já tô cansada, Elena! TÔ CANSADA DAS SUAS INFANTILIDADES, ATITUDES DE MENINA MIMADA, CANSEI!

– EU TE ODEIO!

Peguei meu celular na cama e saí correndo para a rua, já de longe ouvi tia Judith gritar:

– Elena, volte aqui!

Mandei uma mensagem para o Damon:

Damon, cê pode me encontrar? Tô na frente de uma livraria perto da praça, preciso falar urgente com você!

Sentei num banco e meu celular vibrou

Já tô indo ai! Te amo!

Eu fiquei surpresa, durante esse tempo que a gente tava junto, ele nunca falou que me amava, durante todo esse tempo que eu voltei para cá, NINGUÉM falou que me amava, em muito tempo, ninguém falou que me amava...

Damon chegou a pé, o que eu estranhei, porque ele sempre andava com o seu Porsche

– Elena! O que aconteceu? - Ele sentou ao meu lado no banco

– Briguei com a minha tia...

– Seu rosto está vermelho...

– É... - E comecei a chorar, chorar não, me debulhar em lágrimas. Botei minha cabeça sobre seu ombro e ele me abraçou me envolvendo em seus braços.

Ficamos um bom tempo abraçados quando Damon se levantou e perguntou:

– Você tem para onde ir?

– Não...

– Vem, vamos pra minha casa

– Mas...

– Você não tem pra onde ir, fica lá só até você ajeitar as coisas com a sua tia...

– O.k então...

Fomos andando e quando chegamos no seu apartamento, entramos, era pequeno mas aconchegante

– Sabe, Damon, achei que sua casa fosse gigante... Você disse que era de uma família tradicional...

– Eu não quero nada que venha do dinheiro daquela família, aquele dinheiro não é meu, e também não sou apegado ao luxo. Vem! Vou te mostrar o quarto...

Assim que entramos percebi que ele não era apegado ao luxo mesmo, era um quarto de tamanho médio, uma cama de solteiro e nem televisão tinha, mas no entanto tinha uma estante gigante de livros

– Você gosta de ler, né?

– É o meu hobbie preferido...

Reparei nuns livros de capa preta sem nada escrito na lombada, apenas uma sigla: FS

– Damon, o que são aqueles livros? - Apontei para o nicho cheio de livros iguais aqueles

– Ah, são livros chatos de história, você com certeza não ia querer ler eles

Esqueci dos livros e elevei meus pensamentos a outra coisa:

– Damon, aqui só tem uma cama de solteiro, como a gente, é, eu... - Eu estava nervosa e tinha quase certeza de que estava gaguejando, não sei se tava pronta pra dormir na mesma cama que ele

Damon soltou uma risada irônica

– Onde você vai dormir? Não se preocupe, Elena, você vai dormir aí, deixa que eu durmo no sofá

– Eu não queria fazer você dormir no sofá...

– Não se preocupe, eu já disse que não sou apegado ao luxo